Desperdice Sua Vida!

Falar em desperdício talvez não seja muito agradável diante de tanto desperdício que vemos ao nosso redor. Possivelmente, o Brasil lidere o ranking mundial do desperdício. Temos desperdício na construção de estradas, nos grandes centros de abastecimento de alimentos, nas merendas escolares, nas casas quando se joga comida fora, desperdício de talentos humanos… enfim, enxergamos muitas coisas como estas ao nosso redor e no noticiário.

Em Mateus 26, temos a história da mulher que ungiu Jesus quando estava em Betânia. Esta história é marcada por vários acontecimentos importantes. Gostaria de chamar sua atenção para uma das observações que Jesus faz: “Percebendo isso, Jesus lhes disse: Por que vocês estão perturbando essa mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo” (Mt 26.20 NVI). O unguento era de grande valor, e aquela mulher não perdeu a oportunidade que teve para derramar todo o unguento sobre a cabeça do Senhor.

Para derramar aquele unguento, precisou quebrar o gargalo do vaso, que era caro e continha em torno de 500 ml. Aquela mulher estava pegando sua economia, o que certamente lhe custou muito, e não foi à toa que os discípulos a criticaram (v. 8).

Aquele vaso nunca mais seria usado, não teria como reutilizá-lo. O unguento derramado não traria nenhum lucro financeiro para aquela mulher. Ela viu naquele momento a oportunidade de oferecer a Jesus o melhor que possuía, possivelmente seu bem mais precioso. A crítica dos discípulos foi marcada pela palavra desperdício.

Jesus, porém, via por outro ângulo. Ele estava sendo ungido, seus passos em direção à morte na cruz estavam sendo confirmados, e logo chamou a atenção de seus discípulos que ainda não entendiam a respeito de derramar tudo sobre ele:“Quando derramou este perfume sobre o meu corpo, ela o fez a fim de me preparar para o meu sepultamento” (Mt 26.12 NVI). Há um desafio, um convite do Senhor para nós: desperdiçar e derramar toda a nossa vida para ele.

Hoje, nenhum de nós terá mais a oportunidade de ajuntar dinheiro para presentear Jesus dessa forma. Quando Jesus voltar, não terá necessidade de nenhum tipo de unção que possa vir de nossa parte.

Quando Jesus veio para esta terra, abriu mão de tudo que tinha, desperdiçou toda a sua glória, a majestade, a honra e o poder para se tornar um ser humano. E em Filipenses 2.5-11, o apóstolo Paulo mostra a trajetória do esvaziar-se, que aqui chamo desperdício. O desperdício de Jesus foi em favor da glória de Deus: ele se ofereceu a Deus em nosso favor e se ofereceu a nós para nos religar a Deus.

Se a nossa vida limitar-se somente aos cuidados deste mundo, certamente será um desperdício que não fará diferença alguma para a humanidade e não trará benefício algum para a glória de Deus. Por outro lado, quando alguém coloca sua vida, família, profissão e projetos pessoais ao pé da cruz e os submete a Cristo, aos olhos humanos é um desperdício.

Quando uma pessoa abre mão de sua carreira, independentemente de sua idade, é um desperdício, é uma vida sendo derramada como oferta viva diante de Deus. No ato de derramar, está havendo um sacrifício; não terá volta, não tem como recolher um bálsamo derramado, uma vida desperdiçada.

O sacrifício de Jesus custou-lhe sua divindade; por isso ele se tornou humano e o primeiro entre os mortos. Nossa oferta diante de Deus terá o resultado inverso: custará nossa humanidade, e no fim nos tornaremos divinos por meio da ressurreição! Que proposta maravilhosa! Quanto lucro há nesta atitude! Quanto impacto sobrenatural e quanto desconforto no mundo natural uma vida desperdiçada para Deus causa na sociedade.

Um empregado que serve como ao Senhor, um pai que exerce sua paternidade como ao Senhor, um patrão que dirige seus negócios como ao Senhor e assim poderíamos citar diversas formas de não sermos guiados pelos padrões deste mundo.

Quando Jesus nasceu, recebeu mirra como presente, um tipo de unção para viver uma vida de morte, uma vida crucificada, pois a mirra era usada em mortos. Neste momento, vemos Jesus sendo ungido para passar pela cruz, mas os discípulos não faziam ideia dessas coisas apesar de estar acontecendo ali, bem diante de seus olhos.

A vida passa rapidamente, e quando nos damos conta, passaram-se cinco, dez, quinze anos de nossa vida e temos de avaliar o que fizemos. Aquela mulher talvez não soubesse o que estava para acontecer, mas não perdeu a oportunidade de derramar tudo o que tinha de precioso aos pés de Jesus.

Com certeza, o que você e eu temos de mais precioso que poderíamos oferecer a Jesus hoje é a nossa vida. Gostaria de chamar sua atenção para uma oferta de desperdício. O melhor tempo do seu dia, o melhor tempo de sua história, os anos mais importantes que alguém possa ter para realizações de sua carreira, uma vez colocados aos pés de Jesus, seriam um desperdício.

Quando você e eu deixamos de realizar tarefas que nos trariam resultados pessoais, em termos de ganhos financeiros para nosso prazer e glória, renunciamos a um descanso que consideramos justos (não sou contra descanso) ou até mesmo abrimos mão de uma carreira para seguir a Jesus,  muitos poderiam considerar isso um desperdício. Não estou dizendo para largar seu emprego ou deixar de trabalhar. Podemos fazer essas coisas e servir a Deus, desperdiçando o melhor de nossa vida. Hoje, temos irmãos bivocacionados, servindo a Deus por meio de seu trabalho, desperdiçando o melhor de seu tempo e de sua vida para Deus.

O apóstolo Paulo nos diz que temos um tesouro em vaso de barro (2 Co 4.7). Nós somos o vaso de barro. E ele ainda nos diz que somos o bom perfume de Cristo(2 Co 2.15). Existe um tesouro em nós que precisa ser visto, um perfume que não é para o Senhor, mas para aqueles que nos rodeiam. Quando desperdiçarmos nossa vida aos pés de Cristo, pessoas ao nosso redor serão atraídas por este perfume e conduzidas a este tesouro.