3 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

O Que é Avivamento?

Por: Richard Lovelace

Jonathan Edwards, o teólogo puritano que é considerado por alguns como a mente mais brilhante surgida nos Estados Unidos, foi também o maior teólogo de avivamento. Quando falamos sobre avivamento na igreja contemporânea, os escritos de Edwards nos fornecem os melhores padrões disponíveis para avaliar o que é genuíno, o que é espúrio, e o que é mistura aguardando a purificação.

Logo no começo da sua carreira pastoral, Edwards teve que enfrentar as implicações da sua congregação passar por um avivamento. Apesar de ser uma igreja solidamente ortodoxa que já passara por diversas colheitas de conversões sob o ministério do avô de Edwards, Solomon Stoddard, nesta década de 1730, a sua ortodoxia era meramente “teórica”, como diriam os puritanos. Os paroquianos conheciam seu catecismo, e podiam citar de cor os elementos da fé cristã, mas poucos se importavam profundamente com Cristo.

Eram absortos e fascinados pelos negócios e pela vida cotidiana, e davam pouca atenção para Deus. Em 1734, Edwards pregou “Uma Luz Divina e Sobrenatural”, propondo uma nova maneira de definir esta situação da igreja. Cristãos nominais que já passaram por sucessivas etapas de doutrinação ou É ensinamento são capazes de falar convincentemente mesmo quando estão totalmente sem contato com a realidade sobrenatural. Conseguem jogar com peças  teológicas como se fossem marcadores no mapa de um território que nunca visitaram. O verdadeiro cristianismo requer encontros com a verdade, mas esta verdade precisa ser iluminada pela presença do Espírito Santo. Somente isto produzirá “um verdadeiro senso da excelência divina das coisas reveladas na palavra de Deus”.

Um dos efeitos deste encontro seria o prazer experimentado na presença de Deus. O convertido “não apenas acredita racionalmente que Deus é glorioso, mas tem um senso da gloriosidade de Deus no seu coração… há um senso da beleza da santidade de Deus.” O cristianismo bíblico, portanto, é ortodoxia iluminada pelo Espírito que transforma o coração e reorienta a vida inteira para focalizar em Deus e buscar a sua vontade.

Esta descrição acima na verdade foi da própria experiência pessoal de Edwards, como se pode ver em “Personal Narrative” (Narrativa Pessoal). Quando primeiro viu as Escrituras sob a iluminação do Espírito Santo, sua vida começou a mudar:

Minha mente foi grandemente estimulada a passar o tempo lendo e meditando sobre Cristo, sobre a beleza e excelência da sua pessoa, e sobre o belíssimo caminho de salvação por graça total nele… Saí andando sozinho, num lugar solitário no pasto, para contemplar… Entrou, então, na minha mente um senso tão doce da gloriosa majestade e graça de Deus, a ponto que não saberia como exprimir… Parecia veras duas coisas em santa conjunção: majestade e mansidão ligadas uma à outra; era uma majestade doce, meiga, e santa; e também era uma mansidão majestosa; uma doçura temível; uma mansidão elevada, grandiosa, e santa.

Como parte desta nova preocupação, gerada pelo Espírito, no jovem Edwards, havia um interesse fervoroso em avivamento e na extensão do reino de Cristo. Ele pode não ter suspeitado que sua própria congregação seria um dos principais focos do avivamento pelo qual orava. Ele era um intelectual introvertido, que havia devorado os escritos de John Locke com 14 anos, e que agora não conseguia participar das conversas banais necessárias nas visitas pastorais. Passava 14 horas por dia no seu escritório. No domingo de manhã, a pregação era feita através da leitura do manuscrito que escrevera durante a semana, olhando intermitentemente não para o povo, mas para a corda do sino. Com certeza, era a última pessoa que saberia “Como Promover e Conduzir um Avivamento”, para usar a expressão de R. A. Torrey.

Mas em 1734, o avivamento irrompeu na sua congregação de Northampton, Massachusetts. Começou entre os jovens, que antes estavam se distanciando cada vez mais da igreja, mas agora queriam reunir-se com Edwards para discutir seus sermões. A maioria dos pastores hoje já se dariam por satisfeitos, considerando isto um avivamento em si; mas como muitas vezes acontece, o despertamento alcançou os adultos. Edwards disse depois que as coisas espirituais tornaram-se tão urgentemente reais a eles que sua dependência das coisas do mundo foi quebrada:

Uma grande e sincera preocupação sobre as coisas de Deus, e do mundo eterno, tornou-se universal em todas as partes da cidade… Todos os demais assuntos, além de coisas espirituais e eternas, foram descartados… Um assunto que não fosse sobre as coisas religiosas praticamente não seria tolerado em qualquer tipo de grupo. As mentes das pessoas eram maravilhosamente desligadas do mundo, pois este passou a ser tratado entre nós como algo de muito pouca conseqüência. Pareciam cumprir suas obrigações seculares mais como parte do seu dever, do que por uma disposição que tinham para fazê-las; o perigo agora estava no outro lado, de negligenciar demais as tarefas seculares, e passar tempo demais no exercício imediato da religião.

Intensa convicção de pecados era quase universal entre aqueles que corresponderam ao avivamento de Northampton. Pecados mais profundos como orgulho e inveja eram os focos principais. Alguns ficaram preocupados por ainda não sentirem convicção de pecados.

Embora o treinamento catequético que os membros tinham era mais que suficiente para saber como sair das masmorras de desespero causado pela convicção do Espírito Santo, a maioria teve que procurar a Edwards no seu escritório para ser guiada ao Mestre. Ele, que muitas vezes não sabia como visitar seus membros, agora era visitado por eles!

Dois outros aspectos do avivamento de Northampton devem ser notados. Primeiro, a adoração na congregação foi vivificada. Os paroquianos não estavam mais jogando em cima de mapas teológicos, estavam em contato com o território da realidade divina:

Nossas assembléias públicas ficaram mais bonitas; a congregação estava viva no serviço a Deus, cada um genuinamente concentrado na adoração coletiva, cada ouvinte ansioso para beber cada palavra do pregador, à medida que saía da sua boca; a congregação em geral ficava em lágrimas de poucos em poucos minutos, durante a pregação da palavra; alguns choravam de tristeza e angústia, outros com alegria e amor, e ainda outros com compaixão e preocupação pelas almas dos seus próximos.

Segundo, o.evangelismo pessoal aumentou numa escala sem precedentes entre os puritanos. Evangelismo por parte de leigos cresceu a um novo patamar. Compartilhar o evangelho, que antes era direcionado principalmente do clero para o leigo, agora fluía em canais novos – de esposas para maridos, e até de crianças para pais: “A cidade parecia estar cheia da presença de Deus; nunca ficou tão cheia de amor, nem de alegria, nem de angústia, como estava naqueles dias… Era um tempo de alegria nas famílias por causa da salvação que lhes era trazida; pais se regozijavam por seus filhos como se tivessem acabado de nascer, e maridos por suas esposas.”

Ondas de Avivamento

Edwards não considerava o avivamento de Northampton como algo diferente do alvo de Deus em relação à igreja como um todo. Nos seus sermões de 1739 sobre a História da Redenção, ele propõe que a história sagrada alterna entre períodos de declínio espiritual, tão implacáveis quanto a gravidade do pecado, e eras de graça, nas quais o Espírito Santo é derramado sobre o povo de Deus, capacitando-o para os combates espirituais que tomarão território da carne, do mundo e do diabo. Esta força espiritual foi manifesta na geração que conquistou Canaã, no Pentecoste e na evangelização subseqüente do Império Romano, e na Reforma Protestante. Edwards projetou uma alternação futura de declínios e despertamentos que levariam finalmente à glória milenar da igreja.

O fluxo e refluxo de guerra espiritual explica a típica curva senoidal na história dos avivamentos. Se fizermos um gráfico da história militar da Segunda Guerra Mundial, veremos que terreno era conquistado, depois perdido, e depois reconquistado e ampliado. A invasão da Normandia corresponde a um grande despertamento espiritual, que eleva a igreja a um novo nível de pureza e influência. A história do reino de Deus começa como um ponto de luz sobre um planeta caído, e depois aumenta, contrai, e aumenta novamente, liberando território até toda a terra ficar cheia de luz, cheia da glória de Deus, como as águas cobrem o mar.

Assim o modelo de Edwards de avivamento e declínio, baseado no fluxo e refluxo da guerra espiritual, indicava que um despertamento poderia ser mais semelhante a um combate de rua do que a um amanhecer de primavera. Um mover de avivamento pode ser diluído, desfigurado, ou até invadido pelas forças contrárias do pecado e de Satanás.

Edwards viu isso acontecer pela primeira vez em 1735 quando um dos seus paroquianos ouviu uma voz persistente ordenando-lhe a cortar sua própria garganta, à qual no fim ele acabou obedecendo. Edwards comentou que durante o auge do avivamento “Satanás parecia estar excepcionalmente refreado” pela libertação de pessoas aflitas por depressão e tentações; mas que depois desse suicídio, “ele começou a se soltar mais, e esbravejava de uma forma pavorosa”.

Edwards aparentemente cria que injetar elementos espúrios para descaracterizar o avivamento claramente era a estratégia principal dos demônios. Ele certamente concordaria com J. Edwin Orr que em todo despertamento, o primeiro a acordar é o Diabo.

Edwards logo presenciou mais disto, no período explosivo de avivamento na Nova Inglaterra de 1739 a 1742. As grandes campanhas evangelísticas em que George Whitefield pregava eram poderosamente eficazes para trazer conversões, mas foram desfiguradas por ele ter sugerido impensadamente que seus oponentes não eram verdadeiros cristãos. Outro pregador, Gilbert Tennant, falou sobre “O Perigo de um Obreiro Não Convertido”, e rachou a Igreja Presbiteriana durante 17 anos, e ainda outro (James Davenport) orou de púlpito, para que pastores locais, citados por nome, fossem convertidos, trazendo caos a igrejas em Boston. (Posteriormente, Tennant curou a brecha na sua igreja, admitindo que o Presbitério de Filadélfia provavelmente só estava dormindo, e não morto. Davenport também confessou que não sabia que espírito o moveu a orar daquela forma.)

Elementos Primordiais e Aspectos Secundários de Avivamento

De repente, então, surgiu uma tempestade de críticas, que freqüentemente focavam verdadeiros problemas existentes no avivamento. A primeira resposta de Edwards foi puramente defensiva. “Marcas Distintas de uma Obra do Espírito de Deus” (1741) começa afirmando que há muitos elementos num avivamento que não são marcas definitivas do Espírito, nem sinais da operação da carne ou do diabo, mas são simplesmente indiferentes – uma espécie de pacote acidental que envolve o verdadeiro cerne do despertamento espiritual.

Não prova nada o fato do avivamento ser fruto de reuniões prolongadas, ou produzir estranhos efeitos corporais. Uma forte preocupação com religião ou visões imaginativas também não prova nada nem a favor, nem contra. Se fenômenos de avivamento parecem se espalhar por contágio ou imitação, outra vez não dá para concluir nada. Imprudência e irregularidade, enganos satânicos, e até a apostasia subseqüente de alguns convertidos não contestam a genuína atividade do Espírito num avivamento.

De forma mais positiva, Edwards encontrou cinco marcas bíblicas de um avivamento autêntico: exalta Jesus; ataca as forças das trevas; exalta as Escrituras Sagradas; promove a sã doutrina; e traz amor a Deus e ao próximo.

Edwards estava convencido de que poderia haver muita imaturidade mesmo num avivamento autêntico. “Na primavera, inúmeras flores e novos frutos aparecem com vigor, prometendo florescer, e depois caem e dão em nada… Da mesma forma, uma chuva faz brotar os cogumelos, que aparecem de repente, assim como dá crescimento às plantas úteis…. (Na primavera, quando os pássaros cantam, as rãs e os sapos também coaxam.)”

Orgulho Espiritual – Arma de Satanás para Contaminar o Avivamento

Nos seus escritos posteriores, Edwards deixa cada vez mais a defesa do avivamento e começa a criticar seus defeitos. Em “Pensamentos sobre o Avivamento na Nova Inglaterra” (1742), depois de começar com uma forte descrição do poder do avivamento, ele oferece uma crítica profunda da religiosidade carnal. Sua preocupação é que os líderes do avivamento tenham começado a confundir suas próprias intuições, impulsos e palpites com a direção de Deus. Acima de tudo, ele lamenta a prevalência do orgulho espiritual, “a porta principal por onde o diabo entra nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da religião… e também a chave principal que ele usa para controlar pessoas religiosas… para contaminar e impedir uma obra de Deus.” O orgulho é um impedimento tão sério porque desvia os cristãos do arrependimento e os torna críticos:

O orgulho espiritual torna a pessoa muito suscetível a suspeitar dos outros, enquanto que um cristão humilde se preocupa mais consigo mesmo, e assim suspeita mais do seu coração do que qualquer outra coisa no mundo… O cristão verdadeiramente humilde tem tanto para fazer em casa, que não tem muita possibilidade de se ocupar com o coração dos outros… Terá sempre a tendência de considerar os outros melhores do que a si mesmo, e espera que ninguém tenha maior amor e gratidão a Deus do que ele.

Cristãos com orgulho espiritual, por outro lado, são rápidos para censurar os outros e logo se separam deles também, se suas crenças ou comportamentos não atingem seu padrão. Sua carnalidade espiritual geralmente irrita profundamente os que estão por perto com sua autoconfiança, ousadia humana e inflexibilidade dogmática, que ou discute continuamente, ou nem mesmo aceita diálogo. O orgulho espiritual “muitas vezes predispõe a pessoa a assumir uma forma singular de falar”. Sempre “é extremamente sensível à oposição e às injúrias recebidas de outrem”. Alisa muito a si mesmo, enquanto negligencia aos outros.

No início da década de 1740, Edwards ansiava por líderes de avivamento que não fossem pomposos ou contenciosos, que fossem apenas cristãos humildes:

Cristãos que são apenas co-vermes uns dos outros, deviam no mínimo tratar os outros com a mesma humildade e mansidão com que Cristo… os trata. O cristão verdadeiramente humilde se reveste de mansidão, brandura, modéstia, bondade de espírito e comportamento… A pura humildade cristã não possui nenhum elemento de aspereza, desprezo, fúria, ou amargura na sua natureza; torna a pessoa como uma criança… ou como um cordeiro, destituída de qualquer amargura, ira, raiva, ou gritaria.

As Características de um Verdadeiro Avivamento

Na sua obra “Tratado sobre Afeições Religiosas” (1744), Edwards mostra sua preocupação de que a pura espiritualidade cristã estivesse sendo submersa por falsificações. “É pela mistura da religião falsificada junto com a verdadeira, quando não discernida e não distinguida, que o diabo tem sua maior vantagem contra a causa e o reino de Cristo.”

Como em “Marcas Distintas”, Edwards começa fazendo uma lista de “sinais insuficientes” que nem desacreditam nem validam um avivamento: intensas emoções religiosas, efeitos involuntários no corpo, propensão para falar mais, formas humanamente orientadas para amar, um temor servil de Deus, intensa religiosidade, louvor a Deus que de fato é focado em si mesmo, certeza de salvação (ou falta dela), e até a preocupação em agradar outras pessoas consagradas.

Se estes não são sinais de renovação espiritual, então o que é? Edwards responde que o coração (o centro mais interior da personalidade) precisa ser tocado pelo Espírito Santo. Este toque de cura gera afeições (motivações motrizes que informam e dirigem a mente e a vontade), que procedem de amor pelo próprio Deus, não apenas de gratidão pelas suas dádivas. Estas afeições são respostas à própria beleza de Deus, não apenas ao seu poder ou grandeza.

Não são sentimentos que anulam a mente, mas que a iluminam e transformam. Dão mais segurança e certeza à fé, mas também geram humildade. Transformam nossa natureza, produzindo um espírito manso e bondoso, e uma grande sensibilidade em relação ao pecado. Não promovem emotividade centrada em si mesmo, mas antes uma vigorosa consciência social que cuida tanto do corpo como da alma das pessoas. Levam inevitavelmente à prática de caridade cristã.

Quando o “Tratado sobre Afeições” foi publicado em 1746, Edwards já estava desanimado com o avivamento. Em 1742, ele havia advertido sobre a estratégia do diabo de semear joio no meio do trigo a fim de desacreditar a lavoura inteira:

Podemos observar que é uma tática comum do diabo levar um avivamento de religião a extremos; quando percebe que não dá mais para segurar as pessoas e mantê-las quietas, então os instiga a excessos e extravagâncias… Embora tente com a máxima diligência levantar inimigos declarados de religião para fazer oposição, ao mesmo tempo sabe que numa época de avivamento, sua maior força será através dos amigos do movimento; e seu esforço maior será no sentido de enganar e desviá-los do verdadeiro alvo. Uma pessoa genuinamente zelosa pode fazer mais para impedir a obra, do que cem oponentes fortes e declarados.

Em 1747, Edwards auxiliou um projeto da Igreja Presbiteriana da Escócia, pedindo campanhas trimestrais de oração intensa em favor de despertamento espiritual, numa obra intitulada “Uma Tentativa Humilde de Promover Concordância Explícita em Oração Unida pelo Avanço do Reino de Cristo”. Nesta época, ele sentiu que os erros dos líderes do avivamento haviam temporariamente desencarrilhado o movimento. Entretanto, ainda estava confiante de que oração unida em favor do tipo de despertamento espiritual que descreveu nos seus escritos poderia prevalecer. Argumentou que quando a igreja está no seu pior e mais fraco estado, pode estar mais próxima ao avivamento, por ser atraída a Deus em dependência maior:

O limite extremo de fraqueza da igreja freqüentemente tem sido a oportunidade de Deus para ampliar seu poder, misericórdia e fidelidade para com ela. O interesse e preocupação de pessoas consagradas há muito tempo está em torno da decadência geral, e no avanço do erro e da maldade; parece que agora a doença chegou a uma crise total… Quando a igreja, neste estado tão baixo, e oprimida por seus inimigos, começa a clamar a Deus, ele rapidamente correrá ao seu socorro, como pássaros voam ao ouvir seus filhotes.

O Que Edwards Pensaria Sobre as Visitações Atuais?

Se Edwards estivesse vivo hoje, o que ele diria sobre a “Bênção de Toronto”, o “Avivamento de Pensacola”, o ministério de Rodney Howard Browne, Benny Hinn, e tantos outros ministérios e igrejas que apresentam fenômenos sobrenaturais nos dias atuais?

Edwards, Wesley, e outros avivalistas também testemunharam pessoas desmaiando ou caindo quando tocadas pelo Espírito Santo. A preocupação de Edwards nestes casos era verificar se a experiência incluía verdadeira iluminação e transformação do coração, com frutos duradouros na fé cristã e na vida, e não apenas efeitos passageiros no corpo.

Alguns componentes das experiências em Toronto e em outros lugares o fariam parar para pensar. É verdade que durante os avivamentos no sertão dos EUA, os convertidos eram tomados por um comportamento contagioso, repuxando voluntariamente e latindo como cachorros. Peter Cartwright encorajava os fenômenos como um auxílio à humildade, mas outros sentiam que o avivamento estava sendo desfigurado por estes elementos.

Um historiador comenta: “Aqueles que se opunham às manifestações logo reconheciam que a atitude do pregador tinha grande influência sobre a natureza das reuniões. Uma ordem clara da parte dele logo no início da primeira manifestação exagerada geralmente era suficiente para acalmar os que eram afetados, e evitar o contágio. Um pastor batista que estava pregando lá quando alguém começou a sacudir e repuxar, parou a sua preleção, e num tom alto e solene disse: ‘No nome do Senhor, ordeno que todo espírito imundo saia deste lugar’. Na mesma hora, a pessoa ficou quieta.”

Alguns líderes nestes movimentos atuais estão tentando diminuir a importância destes fenômenos. Mas outros defendem as imitações de animais como auxílios à humildade, e que não poderiam ser demoníacas por causa da atmosfera santa nas reuniões. Mas Edwards e os outros líderes de avivamento sabiam que em despertamentos estavam sempre num cabo-de-guerra com o Diabo. Os puritanos diziam: “Quando o sol brilha sobre o brejo, sobe uma névoa”. Às vezes a conversão produz exorcismo na vida da pessoa, e os agentes deslocados podem não sair caladinhos.

Incapazes de vencer o avivamento, podem tentar se ajuntar a ele, como a moça em Filipos que fazia propaganda grátis dos apóstolos, mas foi prontamente exorcizada por Paulo (Atos 16.16).

Um avivamento que começa a reproduzir risos compulsivos, bebedice espiritual, piando como aves ou rugindo como leões, considerando-os como aspectos que se espera do despertamento espiritual pode estar se abrindo para entrar no jogo do inimigo. É do interesse do diabo fazer os cristãos parecerem esquisitos. Ele não precisa possuí-los para realizar isso; ele o consegue por sugestionamento. O alvo da sua estratégia é criar uma igreja tão estranha nas suas práticas que os não convertidos nem cheguem perto dela. O alvo do avivamento é conformidade à imagem de Cristo, não imitação de animais.

De qualquer forma, Edwards acharia muitos aspectos do cristianismo evangélico moderno mais estranhos ainda do que as manifestações de Toronto, cheio de fraquezas teológicas, conformidade cultural, e os efeitos desfiguradores de orgulho espiritual; casas estéreis e desconfortáveis onde há pouco para nutrir a vida espiritual. Ele ficaria contente com a tendência de crítica profética que aponta estas necessidades, mas não ficaria desanimado. Sua própria atitude final em relação ao Grande Despertamento da sua época foi, por um lado, sujeitá-lo ao mais rigoroso exame crítico, e por outro, solicitar oração extraordinária para seu avanço. Estas são as estratégias que precisamos seguir hoje.
Os dois artigos acima foram extraídos da revista Christianity Today de 11/09/1995 e escritos por Richard F. Lovelace, professor de história da igreja no Seminário Teológico Gordon-Conwell em South Hamilton, Massachusetts, e autor do livro “Dynamics of Spiritual Life”.

AVIVAMENTO E ORAÇÃO NAS PALAVRAS DE LUTERO

Oração, que é aquele ato interior do coração, indiscutivelmente sempre será um dos pontos em que uma reforma verdadeira e vital começará.

Lutero disse: “Quando orar, sejam poucas as suas palavras, mas muitos os seus pensamento e sentimentos. Quanto menos falar, melhor será sua oração. Poucas palavras e muitos pensamentos é a essência da oração cristã; muitas palavras e poucos pensamentos é característica da oração pagã. Oração exterior é como um zumbido que vem dos lábios que impressiona os olhos e ouvidos dos homens; mas oração em espírito e verdade procede de desejos interiores, dos movimentos e suspiros que saem das profundezas do coração. Esta é a oração dos filhos de Deus, que andam no seu temor.”

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Uma resposta

  1. Como é bom reler, lembrar o que DEUS fez no passado e despertar-nos a realidade do REINO e Sua JUSTIÇA no tempo que se chama hoje. Vale conferir, pensar, chorar por estas verdades. Venha Teu REINO!

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