O desejo sexual é poderoso. Muitos dizem que ele é simplesmente uma outra necessidade básica, como a fome e a sede, ou uma outra função biológica. Porém, Paulo diz algo diferente aos Coríntios: “Os alimentos são para o estômago, e o estômago para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém, o corpo não é para a impureza, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo” (1 Coríntios 6:13).
Paulo insiste que a analogia entre saciar nossa fome de alimentos e ceder aos nossos desejos sexuais não é válida para Deus. “Natural” nem sempre quer dizer “certo.”
Outras necessidades são básicas para nossa existência física, mas o sexo não o é. Morreremos se não tivermos água e comida, mas não morreremos se não tivermos sexo. Sexo nunca é uma emergência, e a imoralidade nunca é uma necessidade.
lascívia sexual é condenada no Antigo Testamento. O 10° mandamento proíbe a cobiça do cônjuge de outrem (Êxodo 20:17). Provérbios ad- vertenos detalhada e repetidament acercada imoralidade da lascívia, c zendo que é perverso quem cede lascívia e é sábio quem resiste à e (Provérbios 2:16-19; 5:1-23; 6:23-29),
Podemos aprender bastante sobre lascívia através dos exemplos (negai vos, à primeira vista) de Sansão Dalila, Davi e Batseba, e Oséias Gômer. A representação de
Israel como esposa infiel, pelo profeta também demostra a fealdade da lascívia e da imoralidade (Jeremias Ezequiel 16).
Porém, a chave de todo o ensinamento bíblico acerca da lascívia encontra-se no Sermão do Monte, proferido por Jesus: “Ouvistes o que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: Qualquer que olhar para uma
mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela” (Mateus 5:27-28).
Jesus começa citando o que os seus ouvintes já conheciam — o mandamento de não cometer adultério. Entretanto, imediatamente ele passa à raiz moral do mandamento. Pureza sexual é muito mais que a abstinência da imoralidade física. É uma retidão interior, não apenas do corpo, mas da mente.
Jesus não está sendo injusto. Ele não está condenando-nos pelas tentações que surgem independentemente da nossa vontade. Ele simplesmente está dizendo que não há desculpa para alimentarmos uma fantasia mentalmente se o ato físico desta constitui uma imoralidade segundo a lei do Antigo Testamento.
Freqüentemente erramos ao permitir que certas tentações cruzem o nosso caminho. Descuidadamente, nos vemos em situações convidativas ao pecado.
Se exercitássemos a sabedoria e a prudência, evitaríamos em larga escala a tentação que cruza o nosso caminho.
Contudo, às vezes, realmente não podemos evitar a tentação sexual. Precisamos dar-nos conta de que Cristo não ordena a tentação ou a incitação inicial ao pecado, mas sim a rendição mental à incitação pecaminosa. A lascívia não é algo que simplesmente acontece. É uma escolha, um ato de vontade a fim de ceder mentalmente à tentação sexual.
Martinho Lutero disse-o melhor: “Você não pode evitar que os passarinhos voem sobre a sua cabeça, mas pode evitar que eles façam um ninho nos seus cabelos.”
Os fariseus devem ter ficado pasmados com a complementação que Jesus deu ao mandamento do Antigo Testamento. Enquanto eles se orgulhavam da sua retidão exterior, Jesus atacou sua podridão interior. Porém, ele continua, e ainda fala mais severamente sobre a lascívia: “Se teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e .náo seja todo o teu corpo lançado no inferno” (Mateus 5:29-30).
Por interpretar erradamente esta e outras passagens, alguns cristãos sinceros dos primeiros anos da história da igreja castraram-se, tentando, assim, obter vitória sobre o pecado da lascívia. Mutilar o corpo é destruir o templo de Deus; não é esta, pois, a solução para a lascívia.
O que Jesus queria dizer, então? Ele se refere ao olho e a mão em Mateus 5 por razões específicas. O olho representa a porta através do qual os dados mentais são recebidos e os pensamentos desenvolvidos. A mão significa a ação ou o comportamento realizado de acordo com os pensamentos. A mão direita e o olho direito são mencionados porque são os membros mais usados pela maioria das pessoas. O fato é que, se até mesmo nossos membros mais valiosos são causa de pecado em nossas vidas, eles devem ser eliminados (“arranca-o e lança-o de ti”). Ao mencionar o inferno, ele está relembrando severamente que o pecado será punido por um Deus que é santo. Há implicações eternas para os nossos pensamentos e ações presentes.
Jesus está dizendo que qualquer que seja a verdadeira origem do pecado, ela deve ser radicalmente cortada. Mas os membros do nosso corpo são a verdadeira origem do pecado? A resposta clara das Escrituras é NÃO. O olho e a mão são apenas instrumentos através dos quais a tentação ataca e o pecado é cometido. O verdadeiro inimigo é a carne, a natureza pecaminosa que impele-nos à rebelarmo-nos contra Deus.
Quantos de nós são como os fariseus, que orgulhamo-nos da nossa pureza e olhamos de cima para baixo os sexualmente corrompidos quando nossas próprias mentes são esgotos através dos quais flui diariamente uma torrente de imundície? Geralmente, não é a integridade genuína que impede-nos de cometer certos pecados físicos, mas o medo, a vergonha e a falta de oportunidade (pelo que devemos estar sempre gratos!) (Rom. 7:4- 25; 8:1-14; Gal. 5:13-26).
O pecado sexual sempre começa na mente, embora nem sempre termine ali. Nem toda lascívia termina em adultério físico, mas todo adultério é fruto da lascívia. Jesus foi longe tentando ensinar os fariseus que é o interior do homem, não o exterior, que constitui seu verdadeiro estado diante de Deus (Mat. 15:1-20; 23:1-39).
Será que Jesus está dizendo que não existe diferença entre o adultério mental e o ato físico do adultério? Não. Ele está dizendo que ambos são pecados, pecados sexuais, e que ambos são uma forma de adultério.
Por outro lado, certamente Jesus não está querendo dizer: “Se você pecar na sua mente, pode ir adiante e fazer o mesmo com o seu corpo, porque não faz diferença.” Ao invés disso, ele está querendo dizer: “Se você pensa que é santo porque se absteve de um certo pecado físico, você está absolutamente errado. Você tem que dar conta para Deus tanto do seu corpo, como da sua mente.”
É precisamente isso que o apóstolo João expressou quando disse: “Todo aquele que odeia seu irmão é assassino” (1 João 3:15). Ele não está dizendo que não há diferença entre o assassinato mental (causado pelo ódio) e o real, mas ele está dizendo que o ódio é pecado — exatamente o tipo de pecado cometido num assassinato.
Certa manhã, eu falava a um grupo de cristãos de um campus universitário secular. O assunto era a batalha pela pureza sexual. Quando entrei no local, mal pude acreditar nas fotos e figuras que cobriam as paredes. Muitas não eram simplesmente sugestivas, mas obscenidades descaradas —pornografia issimulada de arte. Sabendo que muitos dos estudantes para os quais eu falaria passam um bom tempo naquele local todos os dias, decidi usá-lo como ilustração. Assim que o fiz, todas as cabeças naquela sala aquiesceram, reconhecendo.
A presença daquelas fotos empreendia uma luta contínua contra suas mentes. Alguns, com certeza, estavam vencendo a luta. Outros, sem dúvida, já a haviam perdido. Tenho diante de mim uma carta escrita por um daqueles jovens em resposta à minha palestra naquele dia: “A pureza sexual da mente é a coisa mais difícil para mim. Ser cristão exige um tremendo autocontrole, não é mesmo?”
O autocontrole é o fruto do Espírito que geralmente esquecemos (Gálatas 5:22-23). Escutamos muito acerca de amor, alegria e paz, mas nunca experimentaremos a pureza sexual se não aprendermos a ter autocontrole, que é uma questão mental.
A lascívia é o oposto do amor. Satanás não quer nada mais, nada menos do que fazer-nos ignorar a diferença entre estes dois. A raiz da lascívia é o egoísmo; ela usa outra pessoa para satisfazer a si mesma. O amor, ao contrário, sempre age pensando no bem da outra pessoa. “O amor sempre pode esperar para dar — a lascívia nunca pode esperar para ter.”
O pecado sexual nunca surge de
repente. É o resultado previsível de um longo processo natural no qual uma mente suscetível ao pecado se expõe à imoralidade.
Doug era um seminarista que estava se preparando para o ministério. Certa noite, ele teve uma discussão com sua esposa. Triste, saiu de casa, dirigiu até um restaurante próximo e tentou esfriar a cabeça tomando uma xícara de café. Logo, Doug estava totalmente mergulhado numa conversa com uma jovem. Algumas horas mais tarde, estava na cama com ela.
Doug procurou-me cheio de vergonha e angústia. “Como vou contar para minha esposa?” ele perguntava. “Foi tão de repente — ninguém me avisou. Por que Deus permitiu que isso acontecesse?”
Mike é um executivo bem sucedido, líder na igreja e um homem de família. Um dia, ele encontrou uma mulher atraente no elevador e pensou que ela estava flertando com ele. Antes de saber se isso era verdade ou não, Mike pediu à ela que viesse ao seu escritório e se despisse na frente dele. Felizmente, ela recusou. Mas Mike ficou chocado com o que havia feito (e com o que poderia ter feito se, ela tivesse aceitado o convite). “O que está acontecendo comigo?” ele perguntou. “Como pude fazer isso?”
Aparentemente, parece que Doug e Mike caíram no pecado sexual repentinamente, sem prévio aviso, mas não foi este o caso.
Doug havia trabalhado sem parar a fim de entrar no seminário. Sutilmente, ele passou a ressentir-se de Joan, sua esposa, pois passou a vê-la, bem como os filhos, como obstáculos para atingir a seu objetivo: formar-se a entrar para o ministério. Haviam-se passado dois anos sem que ele e Joan passassem um tempo somente um com o outro ou conversassem num outro nível, que não o superficial. A relação deles estava desgastada, mas faltava para ambos força ou energia para mudá-la. Quando Joan e as crianças estavam visitando os parentes, Doug aproveitava para descansar dos estudos, e saía para tomar ar fresco. Ele terminava vendo um filme pornográfico. Depois disso, todas as vezes que ele tinha relações sexuais com Joan, ele fingia que era a mulher do filme. Ele se sentia culpado, embora parecesse que não havia mal naquilo.
O que aconteceu com Mike, na verdade, começou muitos anos antes de ele pedir para aquela jovem despir-se em seu escritório. Ele tinha problemas com a lascívia. Pior que isso, ele se negava a reconhecê-lo ou a tratá-lo. Durante sua hora de almoço, Mike freqüentemente parava numa banca para comprar um jornal ou uma caixa de chicletes. Ele sempre andava por toda a banca e folheava revistas como a Playboy. Ele nunca pretendia fazê-lo (ele disse a si mesmo). Mas sempre fazia.
A mesma mente que queria servir a Cristo, deixava-se deliciar com fantasias lascivas. Uma vez na mente de Mike, programada pelas imagens imorais com que ele a alimentava, estas impulsionavam-no a agir imoralmente.
“Plante um pensamento e colherá uma ação; plante uma ação e colherá um hábito; plante um hábito e colherá um caráter; plante um caráter e colherá um destino.”
Somos o que pensamos. Os pensamentos de hoje formam o caráter de amanhã. A tentação pode chegar repentinamente, mas não o pecado. Nem a fibra moral e espiritual. Elas são o resultado de um processo — um processo do qual TEMOS O CONTROLE. A melhor maneira de se guardar das tentações sexuais de amanhã é cultivar uma mente pura hoje, uma mente saturada das coisas de Deus, não das do mundo.
Nossa moral sexual é a soma de uma série contínua de escolhas, decisões e ações, incluindo aqueles pequenos prazeres e minúsculas concessões. Como uma chapa fotográfica de metal, que acumula luz a fim de formar uma imagem, a nossa mente é o resultado cumulativo de tudo o que a expomos — seja de Deus ou do mundo.
Mulher ou homem, jovem ou velho, cristão ou não, todos nós encaramos uma batalha por pureza sexual. O inimigo é a lascívia, o preço é alto, a recompensa é a paz e o prazer da pureza.
E a batalha é na nossa mente.
Randy C. Alcorn
(Fonte: Fundamentalist Journal)
Respostas de 2
MUITO BOM.
Excelente! Muito bom mesmo! Especialmente a parte que diz: “Plante um pensamento e colherá uma ação; plante uma ação e colherá um hábito; plante um hábito e colherá um caráter; plante um caráter e colherá um destino.” Você realmente explicou muito bem, e me mostrou aquilo que eu estava procurando.