22 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Detendo Deus

No capítulo sessenta e quatro (64) de Isaías temos uma definição de oração que ultrapassa todas as outras, pela sua ousa­dia, simplicidade e precisão psicológica.

Após dizer que “não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera”, o profeta confessa seus próprios pecados e os pe­cados do seu povo. Ele diz: “Todas as nossas justiças são como trapo de imundícia”. Então, segue-se a definição de oração de Isaías, no verso 7: “Já nin­guém há que invoque o teu nome, que se desperte, e te detenha”. É uma defi­nição um tanto ousada.

Literalmente, ele diz que orar significa despertar alguém do sono e deter Jeová. É claro que não é um toque carnal, como aquele dos gentios, que abraçam seus ídolos ou seguram-se neles a fim de ob­terem seus pedidos. Ainda temos aqui súplica de alguém que está em desespero – os braços, as mãos, até os dedos da alma tentando deter Deus; o homem apropriando-so pessoal e espiritualmente da divindade!

Não se admira que Paulo chame Isaías de intrépido! A alma humana é pobre e necessitada e ainda é capaz de deter o infinito e eterno Espírito.

“Fale com Ele, pois Ele escuta,
e Espírito com espírito se encontram.
Mais perto está Ele que a respiração
e mais próximo que as mãos e os pés”.

Isso é oração – estender-se, ter toda a sua alma em comunhão e união com Deus, assim como foi revelado por Cristo através do Espírito Santo. Jesus é a es­cada de Jacó, através da qual ele chega a Deus. Qualquer coisa que não seja isso não é realmente uma oração cristã. A oração não é somente “o maior exercício do intelecto humano”, mas é também o maior exercício tias emoções, da vontade, da memória, da imaginação e da consciência. Os poderes da alma hu­mana só encontram um campo de ação ético adequado na oração.

A pessoa que nunca ora é literalmente pagã. Aquele que ora é divino na pro­porção da sua vida de oração. Isto acon­tece em todas as religiões teístas, mas sobretudo no Cristianismo.

Detendo-o com nossos pensamentos

Em primeiro lugar, precisamos deter Deus com nossos pensamentos. O que os anjos gostariam de realizar, nós podemos efetuá-lo quando de joelhos. “Por isso”, diz Pedro, precisamos “cingir nosso en­tendimento” (1 Pedro 1:13) e, de joelhos, precisamos aprender a conhecer a Deus com todo nosso entendimento – não a natureza, que é a sua vestimenta; nem o homem apenas, embora feito à sua seme­lhança; nem os santos, que são apenas servos – mas conhecer o próprio Deus!

Através do exercício dos nossos inte­lectos, iluminados pelo seu Espírito, devemos esforçarnos para compreender Deus e os seus atributos, para adorá-lo pela nossa vida e pela providência diária. Isso é o que Davi diz, por exemplo, no Salmo 104: “Senhor, Deus meu, como tu és magnífico! Sobrevestido de glória e majestade . . . como de um manto”. Muitos capítulos do livro de Jó e muitos dos Salmos são quase que inteiramente compostos por esta adoração intelectual a Deus.

Nossa mente também detém Deus quando nos lembramos da sua bondade. As ações de graça são um exercício men­tal na presença da fonte de todas as bênçãos.

Nossa imaginação é despertada quan­do contemplamos as maravilhas da cria­ção, a plenitude do seu amor, a extensão da sua glória e a imensidão do seu poder.

Quando pensamos nestas coisas, read­quirimos a esquecida arte de meditar. “Como de banha e de gordura farta-se a minha alma, e, com júbilo nos lábios, a minha boca te louva, no meu leito, quan­do de ti me recordo, e em ti medito, durante a vigília da noite” (Salmo 63:5, 6). As almas fracas são restauradas e renovadas através do exercício da medi­tação. Como damos pouco tempo para este elemento durante a nossa oração!

Detendo-o com nossas emoções

A oração também inclui deter Deus com nossas emoções, nossas paixões e nossos sentimentos mais profundos. En­contramo-los todos nas orações de Davi – espanto, medo, dor, alegria, amor, ódio, inveja, paixão. Estas emoções, quando exercitadas da maneira certa, en­contram lugar na oração. Ali elas não precisam ser sufocadas.

A única cura para a hipocrisia é apo­derar-se da fonte de toda a sinceridade na oração intima. Isso é o que Davi queria dizer quando falou: “Derramai perante Ele o vosso coração” (Salmo 62:8). Paulo faz menção das suas lágri­mas mais de uma vez nas epístolas. É importante lermos estas passagens. Em suas “Devoções Pessoais”, o bispo Lancelot Andrews faz uma oração que diz respeito às lágrimas:

“Dá-nos lágrimas, ó Deus, dá-me tor­rentes de lágrimas. Dá-me a graça ae ter lágrimas. Rega meu coração desértico. Dá-me lágrimas como tu deste a Davi, a Jeremias, a Pedro, ou a Madalena … Dá- me lágrimas que tu possas guardar no teu vaso e anotar no teu livro . . .”

Detendo-o com a nossa vontade

Entretanto, a oração é mais que isso. É realmente o maior exercício do inte­lecto e o uso mais nobre das nossas emo­ções, porém é também o maior palco para o uso da vontade. Foi Deus quem nos deu este poder de mudar as coisas. Não é mera subjetividade e submissão, mas objetividade e ação. A vontade de Deus não é simplesmente uma almofada onde podemos descansar nossas almas cansadas, mas uma fonte de poder que nos dá força para o serviço.

A vontade de um cristão na oração po­de alcançar muito, já que ela é divina em sua origem e terrena em potencialidade. Quando Daniel orava, arcanjos moviam- se. A oração verdadeira move as forças divinas e retém as forças malignas de uma maneira que jamais vamos entender até chegarmos ao Reino da Luz.

A verdadeira oração alcançará tanto quanto ela nos custou. Se nos custou pouco, é pouco que ela irá alcançar. “Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando” (Mateus 26: 39). Getsêmani. Gábata. Gólgota. A manhã da Ressurreição.

O ministério da intercessão é um gran­de campo de batalha. Precisamos de toda a armadura de Deus, pois combate­mos contra todos os poderes das trevas. De joelhos, somos reis e sacerdotes no universo de Deus. Napoleão ou Alexan­dre nunca tiveram um império assim. Jorge Müller e Hudson Taylor foram em­baixadores plenipotenciários do seu Rei.

Samuel M. Zwemer

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Respostas de 2

  1. Profunda reflexão, sincera, verdadeira e edificante.
    Deus nos conceda a genuína disposição para orar. Pois tudo o que foi citado
    é bíblico e verdadeiro.

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