3 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Promessa e Oração

Por: Arthur Petrie

Em seu livro sobre “Perfeição Cristã”, John Wesley diz que “Deus não faz nada senão em resposta à oração”. A Bíblia ensina que a oração deve ocupar um lugar importante no plano e no programa de Deus. No final de um capítulo cheio de promessas, Deus diz: “Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel” (Ez 36.37).

Embora seja um mistério, a oração é um dos meios que Deus designou para transformar suas promessas em realidade. O famoso comentarista bíblico, Matthew Henry, disse: “Precisamos converter as promessas de Deus em oração, e, com isso, elas serão transformadas em ação”.

F. B. Meyer também escreve: “Mesmo que a Bíblia seja abarrotada de promessas douradas, de capa a capa, elas permanecerão inoperantes enquanto não se tornarem orações. Não nos compete argumentar se isso é razoável ou não; é suficiente para nós realçar essa verdade e colocá-la em prática”. Ele também escreve: “As promessas de Deus foram dadas, não para desmotivar a oração, mas para incitá-la”. O ensinamento de que promessa e oração devem andar de mãos dadas e ser usadas em conjunto é “uma das leis primárias do mundo espiritual”.

Vou ilustrar esse princípio com alguns exemplos das Escrituras.

1 Reis 18

Esse capítulo mostra uma excelente ilustração da conexão entre promessa e oração. Deus disse claramente a Elias: “Vai, apresenta-te a Acabe, porque darei chuva sobre a terra” (v.1). Elias cumpriu a condição: apresentou-se a Acabe. Entretanto, ele fez algo além disso: ele orou! E como orou!

A promessa ainda ecoava no coração dele quando disse a Acabe: “Sobe, come e bebe, porque já se ouve ruído de abundante chuva” (v.41). Agora, observe o que aconteceu. “Subiu Acabe a comer e a beber; Elias, porém, subiu ao cimo do Carmelo” para orar!

Quantos hoje estão subindo para comer e beber, enquanto poucos se afastam para orar! E esses muitos devem o privilégio de comer e beber às orações daqueles poucos.

Quando Deus deu a ordem a Elias, não houve nenhuma menção de oração como pré-requisito. Elias poderia ter deixado Acabe, confiante de que Deus cumpriria sua promessa. Mas, não; Elias foi orar. Ele orou sete vezes para que chovesse. Mandou seu servo para olhar em direção ao mar para ver se havia sinais da chuva prometida e, enquanto caminhava para lá, Elias colocou o rosto entre os joelhos e orou: “Senhor, manda a chuva!”

O servo voltou e disse para Elias: “Não há nada”. Elias o mandou de volta sete vezes. Cada vez, enquanto o servo ia, Elias, com o rosto entre os joelhos, orava: “Ó Senhor, manda a chuva”.

Que cena! Elias orando pela chuva prometida como se dependesse de suas orações e não da promessa de Deus. E por quê? Porque aqui está uma das “leis primárias do mundo espiritual”. Deus deseja ser solicitado para cumprir suas promessas. Que forma maravilhosa de nos introduzir na intimidade da sala de oração do próprio Deus!

A conexão entre promessa e oração é ilustrada por uma cena anterior na vida de Elias. Em 1 Reis 17.1, vemos como Elias entrou ousadamente na presença de Acabe e disse: “Tão certo como vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra”. O povo havia se afastado de Deus, e, de acordo com a promessa escrita em Deuteronômio 11.17, quando isso acontecesse, os céus ficariam fechados para que não houvesse chuva. Foi a oração de Elias que transformou essa promessa em fato.

Para que essas duas cenas na vida de Elias não fossem esquecidas e para inculcar em nós a conexão entre promessa e oração, Tiago escreveu estas palavras comoventes: “Elias… orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos” (Tg 5.17,18).

Isaías 36, 37

Outra ilustração de promessa e oração pode ser encontrada na experiência do Rei Ezequias, registrada em Isaías 36 e 37. Os assírios haviam entrado na terra, gabando-se do que pretendiam fazer. Deus fizera uma promessa solene: “Quebrantarei a Assíria na minha terra e nas minhas montanhas a pisarei” (Is 14.25). Ezequias tinha o direito de apoiar-se naquela promessa quando os assírios invadiram a terra.

O comentarista bíblico, Matthew Henry, escreveu que “Isaías poderia ter falado com Ezequias para consultar as profecias já proferidas e extrair delas uma resposta adequada”. Porém, Deus lhe deu uma promessa ainda mais ampla do que faria com aquele povo: “Eis que meterei nele um espírito, e ele, ao ouvir certo rumor, voltará para a sua terra; e nela eu o farei cair morto à espada” (Is 37.7).

Ezequias recebeu essas promessas e as transformou numa oração, registrada em Isaías 37.14-20. Que oração tremenda ele fez! Foi essa oração que trouxe a realização das promessas. O próprio Deus foi quem disse: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Visto que me pediste acerca de Senaqueribe, rei da Assíria, esta é a palavra que o Senhor falou a respeito dele: […] Pelo caminho por onde vier, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor” (Is 37.21,22,34).

Portanto, Deus agiu em resposta à oração e não apenas de acordo com sua promessa. O assírio, de fato, voltou para sua própria terra, e ali caiu pela espada. O texto de Isaías relata da seguinte forma: “Retirou-se, pois, Senaqueribe, rei da Assíria, e se foi; voltou e ficou em Nínive. Sucedeu que, estando ele a adorar na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada” (Is 37.37,38).
Assim, a oração do rei Ezequias foi responsável pelo cumprimento da promessa de Deus.

Ezequiel 36

Este capítulo mostra, de maneira notável, a ligação entre promessa e oração. Aliás, é aqui que vemos esse princípio claramente afirmado.
Ezequiel 36 é um capítulo cheio de promessas das coisas boas que Deus faria por Israel – promessas firmes, com cumprimento garantido. No final da lista de promessas, Deus diz: “Eu, o Senhor, o disse e o farei” (Ez 36.36).

O capítulo poderia ter terminado aqui. Houve compromisso solene com o povo de cumprir tudo o que foi prometido. Entretanto, o capítulo não termina assim. Um grande princípio do mundo espiritual foi estabelecido: “Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel” (Ez 36.37). Em outras versões: “Uma vez mais cederei à súplica da nação de Israel e farei isto por ela” (NVI); “Ainda uma vez farei o que Israel pede” (A Mensagem); “Além disso, deixarei que a casa de Israel ore a mim para que eu faça isto por ela” (Bíblia Judaica); “Mais uma vez permitirei ser consultado pela casa de Israel para fazer-lhe isto” (Almeida Século 21).

Aí está, com mais clareza do que em qualquer outro lugar nas Escrituras. Deus ordenou que seu povo lhe solicitasse (orasse a ele) a fim de que suas promessas fossem realizadas.

Na próxima ilustração, veremos esse princípio com muita clareza.

Daniel 9

Daniel 9 talvez seja o capítulo mais comovente na Bíblia sobre esse assunto de promessa e oração. Daniel havia lido o capítulo 29 do profeta Jeremias, que contém esta promessa: “Assim diz o Senhor: Certamente que, passados setenta anos na Babilônia, vos visitarei e cumprirei sobre vós a minha boa palavra, tornando-vos a trazer a este lugar” (Jr 29.10). Daniel se refere a isso quando diz: “No primeiro ano de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos… eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9.1,2).

O tempo para o cumprimento da promessa estava chegando. O que Daniel fez? Chamou seus amigos hebreus e sugeriu uma celebração, já que o cativeiro certamente estava prestes a se findar? Ficou sentado, aguardando o decreto do rei, permitindo que o povo de Israel voltasse para sua terra? Não, de forma alguma.

Ele fez uma das orações mais comoventes e fervorosas na Bíblia. Veja uma pequena parte: “Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome” (Dn 9.19).
Você se admira que tal oração fez com que um anjo fosse enviado do céu para voar até Daniel e levar a resposta de Deus? A oração moveu o próprio Deus para responder-lhe.

É impossível ler essa oração sem ser tocado com o fervor dela. Daniel orou para que a promessa de Deus fosse cumprida, como se dependesse da sua oração.

E agora, observe isto: quando Deus deu a promessa do retorno dos judeus do cativeiro, ele ordenou que a oração fosse o meio para sua realização. Foi em conexão a essa promessa dada por Jeremias que Deus disse: “Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei” (Jr 29.12).

Daniel sabia disso e, por isso, orou como orou. “Então” se refere ao fim do cativeiro, conforme pode ser constatado ao ler Jeremias 29.10-12. Quando o tempo estabelecido se cumprisse, “então” eles deveriam “invocar” o Senhor e “orar” a ele.

Deus prometeu que responderia: “Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio” (Jr 29.14).

Sem dúvida, muitos outros sabiam dessa promessa e oraram. Oraram, e Deus respondeu. Se Jeremias 29.10-14 e Daniel 9.2-3 têm algo para nos ensinar, é certamente que promessa e oração precisam caminhar juntos e que Deus ordenou a oração como meio de cumprir seus propósitos na Terra. Matthew Henry fez esta observação: “Quando Deus está pronto para dar ao seu povo um bem esperado, ele derrama um espírito de oração”.

David Brainerd escreveu no seu diário, no dia 30 de junho de 1744: “Minha alma foi tomada por grande temor ao ler a Palavra de Deus, especialmente o capítulo 9 de Daniel. Vi como Deus chamou seus servos para orar e como os levou a lutar com ele quando pretendia conceder grande misericórdia e graça à sua igreja”.

Foi exatamente o que aconteceu com Daniel. Ele viu que o tempo do cumprimento da promessa estava chegando e batalhou em oração para que isso pudesse acontecer. E Deus respondeu, não só por fidelidade à sua promessa, mas por causa da oração de Daniel e para ensinar seu povo que orar pelo cumprimento das promessas de Deus é “uma das leis primárias do mundo espiritual”.

Apocalipse 22.20

De maneira muito marcante, o encerramento do último livro da Bíblia contém uma nova menção dessa “lei primária do mundo espiritual” – a conexão entre promessa e oração. As Escrituras terminam com uma promessa e uma oração. A promessa é: “Certamente venho sem demora”. E a oração é: “Amém. Vem, Senhor Jesus”.

J. A. Seiss escreve com júbilo: “É a promessa de todas as promessas, a coroa e consumação de todas as promessas, o cume de todas as esperanças cristãs, a soma final de toda a profecia e oração”.

Aqueles que oraram, transformando as promessas em ações de Deus, estavam com o coração alinhado com Deus. O coração do apóstolo João estava em tanta harmonia com Deus que, assim que ouviu a promessa de Jesus, ele imediatamente, com muito júbilo, a transformou numa oração. Lá do Céu, Deus está procurando na Terra corações que possam ser tocados por ele para orar em favor do cumprimento de suas promessas.

“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (2 Cr 16.9).

Nos corações que encontrar, o Espírito de Deus implantará a oração de Deus, pois “orar nada mais é do que expirar diante do Senhor aquilo que foi inicialmente soprado no nosso interior pelo Espírito dele”.

Que o Senhor, pela sua graça, nos ajude a estar entre aqueles que oram de acordo com suas promessas até que se tornem realidade!

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Respostas de 2

  1. Verdade que muitos filhos de Deus estão relaxados esperando a confirmação da sua promessa, esta página me revolucionou a não esperar com as mãos cruzadas. Obrigado por ter pensado em transmitir essa revelação, que Deus continue abençoando você.

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