21 de novembro de 2024

Ler é sagrado!

Série “Preparando a Família” – Parte V – A Importância da Família Numa Nação Modelo

Por: Pedro Arruda

A Escolha de Israel

Uma vez que todas as nações estavam em rebeldia, seguindo o domínio do príncipe deste mundo, Deus constituiu Israel com o propósito de estabelecer uma nação modelo, não rebelde, que seguisse os seus estatutos. A partir dessa perspectiva, compreendemos que a escolha de Israel não implicava privilégio particular, mas lhe conferia a missão de revelar Deus às demais nações para que elas também pudessem ser incluídas nessa mesma escolha.

Ao libertar Israel do Egito, Deus pretendia que fosse diferente de todas as demais nações, especialmente do próprio Egito, e daquelas que estavam, até então, estabelecidas na Terra Prometida. Ao contrário, porém, Israel, muitas vezes, desejou imitar e se conformar justamente a essas nações. Ao invés de servir de modelo e luz para as nações que estavam sob o domínio de Satanás, Israel quis seguir o exemplo delas, ou seja, aderir à rebelião.

Neste mundo, sob o domínio de Satanás, em muitos momentos houve a predominância de determinadas nações que se tornaram potências e sujeitaram várias outras, utilizando poder militar e econômico. Através da História, vemos uma sucessão desses impérios, como no período mais antigo, quando se destacaram o Egito, a Assíria, a Babilônia, a Pérsia, a Grécia e, por fim, a Roma. No passado mais recente, podemos destacar a Inglaterra e os Estados Unidos. Contudo, biblicamente, essa posição pertence por direito a Israel que, no final de toda a história, será cabeça e não cauda para as nações. Israel exercerá essa função com base no poder espiritual e moral, pois lhe caberá ensinar a lei do Senhor às nações para que estas andem no caminho da obediência e não mais da rebeldia.

A palavra do Senhor não passará sem que cumpra integralmente o que ele planejou. Isso significa que haverá de chegar o momento histórico da liderança mundial de Israel, o que ocorrerá sob a liderança do Messias, o nosso Cristo que voltará para reinar.

A Finalidade da Lei

Os dez mandamentos que Deus deu a Israel podem ser comparados à constituição, a lei maior de uma nação. Por meio de Moisés, ele deu também o detalhamento dessa constituição (leis complementares), cuidando de todos os aspectos da vida social, equipando Israel com um sistema legal minucioso que refletia a vontade divina. Se Israel o praticasse, se tornaria singular entre todas as nações; não haveria oprimidos entre eles, o que garantiria, por sua vez, que as outras nações não o oprimiriam. Seria um exemplo de obediência em meio à rebelião.

Podemos comparar a revelação da lei a Israel com um equipamento que recebeu para cumprir sua missão, semelhante à armadura de um soldado para a guerra. No entanto, Israel tratou esse equipamento como se fosse uma obrigação, apenas um fardo que tinha de carregar. Com isso, produziram-se no povo duas atitudes: por um lado, a de livrar-se do fardo para ser como as pessoas comuns, esquecendo que estava em meio a uma guerra, e que essa proteção era essencial à sobrevivência; ou, por outro, a de orgulhar-se de uma armadura especial que o distinguia dos demais. Tanto a primeira, quanto a segunda retardaram, sucessivamente, o objetivo de Deus.

Família: Equipamento Essencial Para Cumprir a Missão Divina

Deus forneceu inúmeros equipamentos para Israel desempenhar sua missão, dentre os quais a lei, os estatutos, os profetas e os sacerdotes. Contudo, o primeiro foi a família, exatamente como já havia feito com Adão e com Noé. Entendemos isso observando o chamado de Abraão, um caldeu comum e idólatra que foi transformado por Deus no pai da fé. A partir de sua família, foi formada uma nação para abençoar todas as famílias da terra. Deus fez isso passo a passo, ensinando Abraão a ser um verdadeiro marido, começando por deixar pai e mãe para ficar só com Sara e cuidar dela. Por fim, deu-lhe sobrenaturalmente um filho, fazendo-o entender que este pertencia ao Senhor. Deus não dá uma missão solitária a Abraão, pois, ao constituir-lhe uma família, estabelece o fundamento e o modelo da nação de Israel, na expectativa, por sua vez, de fazer dela o modelo a todas as outras nações.

Isaque, o filho de Abraão, gera Jacó, que se torna o pai de 12 filhos que constituirão as 12 tribos da nação dos hebreus. Eles crescem e se multiplicam no Egito e, embora sendo escravos naquele país, os egípcios os veem como ameaças e pretendem aniquilá-los atacando cada família, ordenando as parteiras que matem os meninos durante o parto. Sob essas condições, Moisés nasce e é milagrosamente preservado para se tornar o libertador do povo.

Como vemos no livro do Êxodo, na noite em que os hebreus vão deixar o Egito, eles são organizados por família em torno da ceia do cordeiro pascal. As famílias também são a base para organizar o acampamento, a marcha pelo deserto e as funções de liderança, tanto do governo quanto das ordens levíticas e sacerdotais. Todas as leis de proteção social se baseavam na família, desde a remissão da propriedade da viúva até o ano do jubileu. Mais adiante, no livro de Josué, o critério de família é usado para fazer a distribuição da terra que iriam conquistar.

Todos compreendiam que não havia ações isoladas, pois o que um homem fazia sempre se resvalava em sua família. Esse princípio ficou gravado de forma trágica e indelével na ocasião do juízo sobre toda a família de Acã, por ele ter retido prata e uma capa babilônica em Jericó, transgredindo ordens explícitas do Senhor. Por isso, não foi novidade quando Josué conclamou o povo a tomar posição, ao mesmo tempo em que, de pronto, já anunciou a própria decisão em favor de toda a família: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor!”

Posteriormente, em outro período da vida dos hebreus, na restauração do exílio, os livros de Esdras e Neemias mostram que, mesmo em condições adversas, as normas familiares deviam ser observadas. Quando do retorno da Babilônia, o regresso e a reinstalação na terra foram organizados por família. Nessa ocasião, muitos que não haviam observado esses critérios e tomado mulheres gentias por esposas tiveram de despedi-las. Como não poderia deixar de ser, foi por meio das famílias que organizaram a reconstrução, especialmente dos muros de Jerusalém. Pertencer a determinada família dava identidade nacional à pessoa. Foi assim que Deus elegeu uma família, a de Davi, para cumprir, por meio dela, a promessa de encarnação conforme relatado nos livros de Samuel, Reis e Crônicas.

Igreja: Mesma Missão, Mesmo Equipamento

Embora Israel ainda não tenha cumprido plenamente o seu papel de nação obediente ao Senhor em contraste com as nações rebeldes, a revelação da vontade de Deus que lhe foi feita continua sendo válida e pode ser aplicada também à Igreja, já que ela foi enxertada na oliveira já existente. Dessa forma, tendo recebido um chamado em nada estranho ao que foi dado anteriormente a Israel, ela pode desfrutar dos equipamentos já concedidos por Deus, acrescentado de outros como o ministério do Espírito Santo. Jesus não veio para quebrar a lei, mas cumpri-la, e isso igualmente se aplica à Igreja, cuidando para que a vontade de Deus que lhe foi revelada não seja vista como obrigação, à semelhança dos judeus, mas como capacitação à vocação que nos foi dada.

Assim sendo, proceder como Deus deseja com relação à família não pode ser considerado um jugo, mas o primeiro equipamento necessário ao desempenho da nossa missão. Quando abrimos mão da família, perdemos uma arma preciosa dada pelo Senhor com propósito específico. Precisamos da família hoje tanto quanto Adão, Noé e Abraão (nosso pai na fé), e tantos outros que foram antes de nós, precisaram dela para cumprir a missão que Deus lhes designou. Quanto mais crucial foi o momento histórico no cumprimento do plano de Deus, mais importante foi o papel da família. O que podemos dizer, então, da volta de Cristo, que será precedida pela restauração do coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais, conforme anunciado pelo profeta (Ml 4.5,6)?

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MILAGRE NA FRONTEIRA

Quem se lembra dos testemunhos fantásticos do “Contrabandista de Deus”, o irmão André, que passava pelas fronteiras dos países da Cortina de Ferro, nas décadas de 1960 e 1970, com o Fusca carregado de Bíblias? Ele pedia que o Deus que abre os olhos dos cegos fechasse os olhos dos guardas, mesmo colocando algumas Bíblias à plena vista, no banco do passageiro. Pois esses milagres ainda acontecem!

Osni Ferreira, brasileiro de Americana, SP, é missionário no Oriente Médio e testemunhou o que Deus fez há poucos dias ali:

Quando cheguei à fronteira com meu carro cheio de literatura cristã, confesso que estava tenso. Estava ouvindo um CD evangélico e abaixei o som para não chamar muita atenção. A fronteira é dividida em três partes, sendo a primeira onde apresentamos os documentos pessoais e do carro, a segunda, onde carro e malas são revistados e, por último, a entrega do comprovante de liberação para passagem. O primeiro processo foi tranquilo, pois era a verificação dos documentos.

Quando entrei na fila para fiscalização do carro, percebi que eles estavam verificando tudo. Todas as portas dos carros eram abertas, e tudo, fiscalizado de forma muito detalhada. Quando vi como eles estavam fiscalizando os outros carros, comecei a transpirar e senti um friozinho no estômago. Pensei comigo: “Como vou explicar toda essa literatura no meu carro?”

Quando tinha apenas um carro na minha frente, o CD que estava ouvindo começou a tocar uma música da Heloisa Rosa que diz: “Não se turbe o vosso coração; crede em Deus e também em mim…” Comecei a orar dizendo: “Deus, eu não posso deixar meu coração amedrontado, o Senhor está comigo”.

Quando parei em frente ao policial com meu carro para fiscalizar, ele olhou para mim e disse: “Pode ir”. Não acreditei no que estava ouvindo e fiquei parado ali. O policial olhou para mim novamente e disse: “Pode ir”.

Comecei a andar com o carro, meio sem entender. Nem uma única porta do meu carro foi aberta, nada fiscalizado. Como poderia isso acontecer, sendo que todos os outros carros estavam sendo fiscalizados de forma muito detalhada? Entreguei o comprovante de passagem liberada para o último policial e passei a fronteira sem ter nada fiscalizado no meu carro.

Quando saí da área da fronteira, foi impossível conter as lágrimas. Tive um choro compulsivo de alívio e louvor ao mesmo tempo. Voltei o CD na música da Heloisa Rosa e a ouvi novamente, mas agora em volume alto. Glorifiquei ao Pai por mais essa vitória e milagre maravilhoso!

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