23 de novembro de 2024

Ler é sagrado!

Uma Vida de Jejum pela Volta do Rei

“Mas chegarão os dias em que o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão” Lucas 5:35

Não são poucas as pessoas que tem dúvidas ou controvérsias a cerca da prática do jejum. Apesar de ser uma disciplina milenar e de estar em toda a Bíblia, desde o Velho até o Novo Testamento, não é só nela que vemos o jejum. E mesmo tendo sido com os judeus e cristãos que muitos aprenderam a jejuar, sabemos que diversas religiões também praticam a abstinência.

Os monges budistas, por exemplo, jejuam como um método de purificação e de alcance para ioga. Já nas altas castas hindus, severos jejuns são observados como formas de sacrifícios e de ajuda para concentração. Assim como no calendário judeu, os mulçumanos também possuem uma data específica para um jejum coletivo: o Ramadã. No nono mês, eles comemoram o período em que o alcorão foi revelado a Maomé. Mas existem também jejuns históricos, que marcaram a história devido à sua intenção totalmente política, como o de Mahatma Gandhi que jejuou longos dias para fortalecer uma greve e se enfraquecer diante do seu inimigo.

Jejum na Bíblia
Nos casos bíblicos, vemos inúmeras situações que levam o povo ou um indivíduo a jejuar.
O jejum de Ester é um dos mais famosos da bíblia. Muitos já conhecem esta história: uma situação drástica está rondando o povo de Deus em Susã e a rainha Ester, uma judia escondida no reino, convoca os judeus que estão à beira da morte para um jejum coletivo.

Além desta história, as escrituras estão encharcada de outras, como a de Daniel, que depois de receber uma forte revelação de Deus, quase que involuntariamente permanece chorando e de jejum de comida agradável por três semanas. Moisés é outro exemplo, quando o profeta foi receber a lei no monte, passou quarenta dias e quarenta noites “sem comer pão, nem beber água”.

O povo de Israel, na época em que estava para sair da Babilônia e antes de voltar para Jerusalém, realiza um grande jejum convocado por Esdras. O objetivo é se humilhar diante de Deus e pedir uma viagem segura. O que dá certo. Já no Novo Testamento, após ouvir a voz de Jesus e de uma conversão drástica, Paulo passou três dias sem comer e sem enxergar. Outro jejum interessante é o da viúva e profetiza Ana. A bíblia diz que ela passou quase 84 anos viúva, não se afastava do templo e dia e noite cultuava à Deus com jejum e oração.

O motivo do jejum
Mas em resumo, independente de ser cristão ou não, existe um verdadeiro motivo comum à todos: a insatisfação. O jejum só é feito quando há insatisfação. Ninguém que está plenamente satisfeito se preocupa em sentir, propositalmente, a dor da fome e da fraqueza. Então esta é a base do jejum: o incômodo. Em outras palavras, jejuar é se colocar em uma posição fora do normal, uma posição de protesto, dizendo “Eu estou tão insatisfeito que eu perco a fome ou deixo de comer”.

E neste caso, podemos dizer que é o mais alto nível de insatisfação, porque se trata da ausência de comida. Você pode viver sem muitas coisas (sem falar, sem ouvir, até sem andar) mas não sem comer. Então a intenção do jejum é dizer “é isso ou a morte”. E é exatamente o que vemos com a Rainha Ester e o Povo de Israel, eles estavam entre a vida e a morte. Estavam totalmente insatisfeitos (para não dizer desesperados) e protestaram diante de Deus. Pediram. Se humilharam, arriscaram a vida.

Outros motivos
Existem basicamente dois outros motivos pelo qual alguém jejua. O primeiro é a insatisfação, o protesto, – o que falei anteriormente. Mas existe também a necessidade de libertação dos desejos da carne e da alma. E a intenção do jejum, neste caso, é que meu espírito domine minha alma. Então eu me abstenho intencionalmente de algumas práticas e da comida, principalmente, mostrando para minha carne que não é ela que manda. Isso se chama disciplina espiritual. Apesar de muitos não saberem lidar com isso, é algo muito interessante e tem seu lugar na vida cristã. Richard Foster fala que “O jejum sonda para ver onde está o nosso coração. Mais do que qualquer outra disciplina, o jejum revela as coisas que nos controlam”.

O verdadeiro Jejum
De certa forma nós vemos esses dois motivos presentes em todas as religiões. Mas o que difere o jejum cristão de todos os outros jejuns? O que caracteriza o verdadeiro jejum? Como disse, a base do jejum é o incômodo, é a tristeza por algo que está errado. Mas o verdadeiro jejum é aquele que sabe que as coisas estão erradas porque Jesus ainda não está aqui.

Deus tem um plano, ele já enviou seu filho para Terra, já fez muitas coisas, inclusive enviar o Espírito Santo. Mas ainda não é o fim. As coisas ainda não estão bem. Apesar de termos um mundo totalmente confortável – com internet wirelless, ar condicionado, carros cada vez mais velozes e ipods cada vez mais modernos – podemos dizer que tudo isso é uma ilusão. O objetivo final de Deus não é que nos satisfaçamos com as riquezas deste mundo. O objetivo de Jesus é que nos satisfaçamos com o Reino do Seu Pai. Um verdadeiro estilo de vida de jejum, não é de uma vida cega que jejua por jejuar, mas é como Daniel que reconhecia a Babilônia, enxergava as iguarias e não se contaminava. Daniel não quis achar satisfação na mesa do mundo.

Muitos de nós estamos tão satisfeitos com este mundo e com os falsos confortos que ele nos oferece que nem ao menos somos capazes de perceber que ainda continuamos famintos por Deus. Indo à igreja, mas famintos por Deus. Se estivermos nos divertindo com os brinquedos do mundo nunca vamos sentir a falta de Jesus. Jesus espera que seus discípulos e a sua noiva fiquem insatisfeitos com sua ausência. Espera que eles sintam sua falta.

Os Amigos do Noivo Jejuarão
“E disseram-lhe: Os discípulos de João jejuam com freqüência e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus estão sempre comendo e bebendo. Jesus lhes respondeu: Acaso podeis fazer jejuar os convidados para o casamento enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão os dias em que o noivo lhes será tirado; naqueles dias jejuarão” Lucas 5:33 à 35

Existiram dois momentos “quase” na história. O primeiro foi quando Jesus esteve na Terra. Aquele foi um momento incrível! Jesus, o filho de Deus, a expressão do Pai estava com os pés em Terra, estava andando no meio da humanidade. Mas o contraste é que a humanidade não estava preparada para recebê-lo. Muitos o rejeitaram e, inclusive, os discípulos que andavam com Ele não entendiam o que ele falava. A verdade é que este momento parecia um desperdício: Jesus (a Palavra de Deus) andava com amigos  sem visão, que soube pouco como aproveitá-lo. Esse foi um momento “quase”. Deus quase conseguiu ter seu plano de ter comunhão consumado.

O segundo momento “quase” são os dias de hoje. Agora o Espírito Santo foi enviado e a cada dia estamos sendo capacitados para entender, conhecer e estarmos mais semelhantes à Jesus. Agora conseguimos entender o que Ele falava, mas Ele não está mais andando entre nós. Agora que podemos ter comunhão com Ele, Ele não está mais fisicamente entre nós. Somos como namorados à distância. Quando ele estava em nosso meio não conseguíamos sentir muita coisa, mas agora que ele se foi conseguimos perceber o quanto que sua presença valia para nós.

O desejo do Pai é unir as duas coisas, Jesus fisicamente entre nós e nós preparados para amá-lo como ele merece. Esse é o casamento do cordeiro. O Pai não está satisfeito com os dias de hoje. Muitos cristãos acham que converter, conhecer a cruz e ter os dons do Espírito é tudo, mas para o Senhor este ainda não é o fim. O fim – ou melhor, o começo – da história é quando Jesus estiver fisicamente em nosso meio. Ouvimos tanto falar do reino invisível, das experiências espirituais, de Jesus morar dentro de nós que esquecemos que o Filho de Deus é um homem físico e que irá voltar fisicamente para a Terra.

Em Lucas 5: 33 à 35, Jesus está querendo dizer que você não deve rir quando é para chorar e nem chorar quando é para rir. Ele quis dizer “não confunda”, “minha primeira vinda é para prepará-los”. Jesus é o verdadeiro noivo, ele conquista para depois voltar. Não devemos parar na cruz, a cruz é o glorioso meio pelo qual Ele nos conquistou. E a sua conquista gera em nós o desejo pela sua volta.

Tornando-se o amigo que sente Saudades
O jejum fala do básico que é a comida. E Paulo condena aqueles que têm a comida como deuses (Fl 3:19). Aquilo que nos domina é nosso deus. O que tem nos dominado? Jesus veio à Terra para nos libertar do pecado, nos deixar livre para ele. Este é o primeiro passo, conhecer a jornada de Cristo na Terra para nos libertar para Ele. O segundo passo é quando, depois de libertos, somos como uma Noiva apaixonada, como Amigos que sentem tanta saudade que as coisas do mundo perdem o brilho. Não há como sentir saudades de Jesus, se antes você não estiver apaixonado por Ele e por sua Jornada. Primeiro precisamos ser conquistados pelo Noivo.

Quando Jesus fala para seus discípulos, em Lucas 5:34, ele se coloca como Noivo e nos coloca como Noiva. Uma verdadeira noiva perde a fome por amor. O melhor exemplo na Bíblia de uma verdadeira noiva está no fim de Cantares, no capítulo 7, versículo 14. E ela diz “Vem depressa!”. A coisa que mais uma noiva quer é estar com o seu noivo. Jesus não veio à Terra para nos conquistar para o mundo, Ele veio para nos conquistar para Ele. E ele deseja que sintamos a sua falta. Mas Jesus como um noivo fiel também responde à sua noiva. Você  sabe quais são as ultimas palavra de Jesus na Bíblia? Está em Apocalipse 20:22 e é como se ele respondesse ao clamor da sua noiva, ele diz: “Certamente venho logo”.

John Piper, autor do livro, Fome por Deus conta que ele namorava a distância e recebia cartas da sua atual esposa, elas normalmente chegavam na hora do almoço. Piper conta que o amor e a saudade eram tão grandes que ele, literalmente, perdia a fome e preferia  ler as cartas, do que sentar com os amigos para almoçar. Sua conclusão no livro, também é minha conclusão: o verdadeiro jejum é aquele que sente saudades de Jesus e que está consciente de que as coisas não estão bem porque Ele ainda não está aqui. (Sl 102:4/ 73:25)

“Nós desejamos a volta física de Jesus mais do que desejamos terminar a nossa carreira profissional? Ou concluir os planos familiares? Ou até a nossa próxima refeição?” John Piper

Quando Davi fez um voto, dizendo “Não darei descanso aos meus olhos”, ele estava vivendo um estilo de vida de jejum. Ele tinha visão e estava tão apaixonado pela visão, que desconsiderou seu próprio sono. Naquela época Deus estava sem lugar para morar e Davi, por ser amigo íntimo de Deus assumiu a sua causa. Ele se fez amigo de Deus a ponto de se unir ao sentimento do Senhor, sua vida alegava que se Deus não acha um lugar para ter descanso, ele também não iria descansar.

O jejum de Cristo
Em Mateus 26:27 à 29, na última ceia de Jesus está escrito:
“E, tomando um cálice, rendeu graças e o deu a eles, dizendo: Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da aliança derramado em favor de muitos para o perdão dos pecados. Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo convosco, no reino de meu Pai”.

Jesus fez uma promessa. Ele disse que não tomaria mais vinho até “aquele dia”. Jesus também está de jejum. Ele está ansioso, desejoso por beber o novo vinho conosco no Reino do Seu Pai. Depois que morreu e ressuscitou, Jesus ainda apareceu por 40 dias aos discípulos e comeu com eles. Mas não tomou vinho e nem tomará até “aquele dia”. Vinho fala de alegria e, de certa forma, Jesus não está alegre. Ele está ansioso e reservando sua alegria para o dia em que estaremos com ele.

Dana Candler, em uma de suas pregações sobre o “Lamento pelo Noivo” fala sobre como estava o coração dos discípulos, especialmente de João, quando viram Jesus subir aos céus. Eles eram amigos próximos de Jesus, andaram com ele todos os dias durante 3 anos, você acha que eles não choraram com saudades? Apesar da vinda do Consolador, é claro que o coração deles doía com saudades daquela pessoa tão atraente. E quantas vezes, depois de anos eles não sentiram a falta de Jesus. Este era o motivo deles falarem e ansiarem tanto pela Sua Vinda: a saudade.

Que o Espírito Santo possa, cada dia mais, aumentar a nossa Saudade por Jesus a ponto de clamarmos junto com ele: “Maranata! Ora Vem Senhor Jesus!”

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Respostas de 11

  1. Dizer que o testo é muito bom , claro que é bom, mas melhor ainda se conseguirmos desenvolver esta realidade dentro de nós, precisamos muito do jejum, precisamos conforme o texto, “quando o noivo se ausentar, dai jejuareis”, Ele esta ausente, precisamos do jejum hoje, como nunca precisamos em toda a nossa vida. Tenho uma e bençao pra contar, que a anos eu nao jejuava como nestes dias consegui jejuar, passei 25 dias sem almoçar, tomava café da manhãs as 7hs e depois a proxima refeiçao somente as 18hs…foi um periodo fantasticos, coloquei isso pros meninos que caminham comigo, nós 5 fizemos…agora nao queremos parar mais, iremos iniciar 10 dias entregando o café da manhã. Quais sao os frutos? Consagraççao, comunha e poder do espirito Santo e um novo coração de adorador!

    Abraçus amados

  2. Muito bom. Estamos, aqui em Cabo Frio-RJ, convocando a igreja a jejuar, motivo, que Ele volte, e receba sua recompensa.Vamos passar esta palavra para a igreja, aqui reunida. Abraços.

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