21 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Vida de Impacto: Ivan Baker

Por Danny Baker / Telmo Weber

Ivan Baker 
28/08/1922 – 30/12/2005

Nem todos vão conhecer o nome Ivan Baker. Na atual geração evangélica no Brasil, muitos nem mesmo reconhecerão o nome discipulado ou o mover de Deus associado a ele. O fato, porém, é que a igreja do Senhor aqui e pelo mundo afora foi tremendamente impactada por esse mover de Deus na Argentina, que começou por volta de 1967 e tem contribuído substancialmente, até hoje, para o processo de reforma da igreja e restauração de partes importantes da nossa herança que haviam sido perdidas durante os séculos passados. (Para uma abordagem mais completa desta parte da história da Igreja no século XX, veja A História Que Não Foi Contada, por John Walker e outros, Worship Produções, capítulo 8.)

Ivan Baker, um dos líderes que Deus usou nesse mover, faleceu no penúltimo dia do ano de 2005. Sem dúvida alguma, viveu “uma vida de impacto”, não só na sua igreja ou cidade, mas aonde quer que fosse, inclusive aqui no Brasil.

A seguir, embora de forma muito limitada e resumida, alguns fatos e aspectos importantes sobre sua vida.

Dados biográficos

Nascimento: 28/08/1922, em Villa Maria, Córdoba, Argentina, filho de missionários ingleses.

Conversão: aos 15 anos de idade.

Chamado do Senhor: com aproximadamente 25 anos de idade. Depois de mudar-se para Buenos Aires, participou de uma reunião numa congregação dos Irmãos Livres e, enquanto ouvia o sermão sentado no último banco, Deus lhe perguntou: “Ivan, em que estás pensando?”. Envergonhado, respondeu honestamente que estava pensando que podia pregar melhor do que a pessoa lá na frente. Deus, então, lhe disse: “Não, Ivan, tenho para ti um púlpito maior”. Ele se sentiu orgulhoso de que fosse assim.

Mas a sua surpresa maior aconteceu no dia seguinte enquanto viajava para o trabalho num ônibus. Ali ouviu uma vez mais a voz de Deus que agora lhe dizia: “Ivan, este é o teu púlpito”. Foi assim que Ivan recebeu o chamado do Senhor para ganhar almas perdidas em todo o lugar para onde fosse, onde quer que se encontrassem os pecadores.

Esse chamado Ivan cumpriu até a sua última semana de vida, de acordo com seu filho, Danny Baker. Não havia funcionário de estação, garçom, policial que não ouvisse dele a palavra do Senhor. Ele não precisava de tempo para a obra. O seu ir e vir cotidiano era o instrumento que lhe permitia entregar a palavra.

Casamento: em 1955, com Eslava (Glória), filha de imigrantes da Bulgária. Tiveram três filhos: Mônica, Alex e Danny.

Contribuição no Ministério

Ivan Baker foi um evangelista durante toda sua vida. Nunca perdeu seu fervor nem sua “prática” de levar a palavra da vida diretamente aos perdidos. Nunca passou essa responsabilidade a outros “subordinados”. No entanto, não era um evangelista que se preocupava somente com a conversão. Com 42 anos, sentiu-se incomodado com a diferença entre o cristianismo da igreja que pastoreava e o da igreja primitiva. Começou a buscar a Deus com coração aberto e a reaprender tudo. Foi a partir daí que descobriu o batismo no Espírito Santo e a palavra discípulo. Viu que a salvação é o princípio de um grande caminho de transformação.

Não conseguindo, a princípio, passar o que aprendera para a sua igreja, Ivan começou a colocá-lo em prática em sua própria casa. Convidando vizinhos para tomar café, no primeiro ano já havia ganhado 70 para Cristo e estava discipulando-os de acordo com a nova luz que recebera. Finalmente, apresentou algumas pessoas deste novo grupo à sua igreja. Ao ver a maturidade e crescimento desses recém-convertidos, os antigos crentes se humilharam e se dispuseram a aprender.

Foi assim que começou uma parte da revolução que abalou Buenos Aires e muitos outros lugares. Enquanto outros líderes se destacaram em aspectos teológicos ou como articuladores do que Deus estava fazendo, Ivan Baker contribuiu com a parte prática, demonstrando como conduzir os novos convertidos a uma vida fundamentada no caráter de Jesus.

Testemunho de Telmo Weber (pastor de Porto Alegre)

Como muitos outros irmãos brasileiros, também eu tive o privilégio de andar com o hermano Baker por algumas vezes e ser, como sempre, impactado pelo amor, graça e poder de Deus que emanavam deste bendito servo. Duas coisas que observava nele e que mais me edificavam em sua imitação de Cristo eram: seu amor e compaixão pelas vidas perdidas e seu cuidado amoroso com os novos convertidos.

Ele personificava o “Ide, fazei discípulos… ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado”. Esse era seu texto chave, o motor de sua vida. Seu único desejo era obedecer a essa grande ordem de Jesus que, aliás, contém tudo o que ele mandou.

Numa dessas vezes, saí com ele para “aprender a evangelizar”(as aspas são de propósito, pois até então nunca havia eu visto e praticado um evangelismo tão impactante). Fomos, ele e sua esposa Gloria, minha esposa Eloísa e eu e alguns irmãos, durante a noite, por uma avenida cheia de movimento. Estávamos de férias na praia de Tramandaí. Seu espírito estava inquieto e cheio de vontade (“ganas”, como ele dizia) para testemunhar do grande amor de Deus pelos perdidos. Ajudava-o, quando necessário, para traduzir alguma palavra do espanhol.

Num determinado momento, virou-se para um grupo de jovens que estava numa roda de samba e pediu licença para dar um recado. Prontamente, o líder do grupo gritou: “Ei, turma, o gringo aqui quer dizer uma palavra”.

Todos ficaram em silêncio e aí o irmão Baker levantou a voz e a mão mostrando os cinco dedos e dizendo. Meu recado tem apenas cinco palavras: “Não… se… esqueçam… de… Deus”. O silêncio continuava e, de imediato, o irmão Baker começou a falar do grande propósito de Deus para cada vida e como cada um ali podia experimentar o que Deus queria que eles tivessem: uma nova vida em Cristo.

No mês de abril do ano passado, o irmão Baker esteve pela última vez em Porto Alegre, quando tive o grande privilégio de hospedá-lo. Veio por motivo de um casamento de um ex-discípulo seu com uma gauchinha e, de pronto, manifestou desejo de trazer uma palavra à congregação de Porto Alegre, que ele tanto amava.

Devido à aceleração de sua doença, o Mal de Parkinson, o irmão Baker não estava em boas condições para ministrar a Palavra. Mas este sempre foi até o fim seu grande afã: proclamar, proclamar e proclamar o Evangelho do Reino. No culto de domingo à noite, demos-lhe a palavra, tendo eu como intérprete; ele estava sentado ao meu lado.

O que vimos a seguir foi a mais impactante pregação muda a que já assistimos. Por que muda? Porque o servo do Senhor, já combalido pelos seus mais de 80 anos de vida, simplesmente não conseguia se expressar devidamente. Porém, conseguiu dar o recado mais importante: Jesus Cristo, segundo o Apocalipse 12, é o grande Vencedor contra o diabo, e nós, a igreja, também vencemos graças a Jesus e ao testemunho que damos.

Podemos dizer que, por vários momentos, a igreja ficou em suspense enquanto o irmão Baker, premido pelas limitações da fala, tentava se expressar. Podemos até mesmo afirmar que a pregação visual foi mais forte que a falada. Por quê? Porque estávamos assistindo ali, diante de nossos olhos, aos derradeiros dias de um servo de Deus que realmente “combateu o bom combate, completou a carreira, guardou a fé. Já agora a coroa da justiça lhe está guardada” (2 Tm 4.7).

Agradecemos a Danny Baker, filho de Ivan, pela gentileza das informações e das fotos disponibilizadas para esta matéria.

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Respostas de 13

  1. Vi esse homem no dia 11 de dezembro de 2005. Alguns dias antes de sua morte. Estava num encontro da igreja e estávamos levantando cinco presbíteros. Ao abordá-lo, ele me puxou, abraçou-me, e me deu um beijo no rosto. Sou um dos tantos milhões que, indiretamente, foi alcançado pelo ministério dele. Agradeço a Deus por me permitir compartilhar ainda uns minutos de sua companhia antes da sua chamada ao lar.

  2. Não tive a oportunidade de conhecê-lo. Lendo um pouco de sua história, fico confrontado com o evangelho simples e puro. Nesse instante, fico comovido interiormente com a mensagem não só que pregou, mas que ele foi.

  3. Sou um dos frutos da perseverança do Ivan, não o conheci, porém ao ver a sua história, me causa um impacto. Admiro muito a imitação que ele tinha por Cristo e o quanto ele praticava o que muitos só pregam.

  4. Conheci Ivan Baker lendo o livro “o discípulo” depois da leitura desse livro fiquei muito confrontado com a revelação que Ivan teve de Jesus e a forma com cooperou com o propósito de Deus. minha vida nunca mais foi a mesma depois que ouvi e li sobre Ivan Baker.

  5. Não o conheci mas sou impactado pela visão do propósito de Deus, sou discípulo em Ilheus-Ba, admiro Mário Fagundes e Marcos Moraes os quias se tornaram discípulos fieis de Ivan.

  6. Nunca conheci alguém que expressasse Jesus de forma tão simples e clara, como Ivan. Sua vida santa,atraía e inspirava. As crianças ficavam “magnetizadas” por sua presença. Tive o privilégio de recebe-lo na casa de meu pai e vê-lo viver esse evangelho em todo tempo. Em tudo que fazia. De fato, Ivan foi um dos homens “dos quais o mundo não era digno”.

  7. Também sou um fruto de seu ministério, glória a Deus.
    Feliz também com o privilégio de me encontrar com Danny Baker, fui tremendamente edificado. Glória a Deus por seus Vasos de honra!!!
    Henrique de Deus

  8. Um Homem de fé Visão e muita coragem, atitude para transmitir aos homens o Reino de Deus e o Seu Amor! Agradeço Ao Senhor pela vida deste valente valoroso e corajoso Irmão Baker. Pela sua vida e busca de Deus. Sua vida foi transmitir o que amava, o que buscava e o que acreditava (A ele quis Deus dar a conhecer entre os gentios a Gloriosa riqueza deste Mistério que é Cristo em vocês – A esperança da Gloria Colossenses) 1:27.

  9. Ainda lendo esta biografia e sendo inspirado pelo Senhor! certamente as pisadas de cristo na vida deste irmão continuam a impactar a minha e a vida de muitos.

  10. Tive o grande privilégio de conhecê-lo quando estudei na EMM em Bauru. Ele se sentou a mesa conosco na cozinha da escola, explicou-nos o Evangelho do Reino. Investiu tempo nos ouvindo e instruindo de maneira informal. Nunca mais me esqueci dele e de suas palavras.

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