DEUS QUER DE NÓS UMA
NOVA MANEIRA DE PENSAR
Ezequiel Netto
A PREGAÇÃO DO
EVANGELHO
Uma das passagens mais intrigantes dos evangelhos é Mc
16:15-20. Alguns teólogos, por não conseguirem explicá-la, alegam que não
consta nos principais manuscritos da Bíblia (o que é uma grande mentira):
E disse-lhes: Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será
salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que
crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas
serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e
porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes
ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo
partido, pregaram por todas as partes,
cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se
seguiram. Amém.
Este trecho fala que Deus confirma com sinais e maravilhas a
pregação do evangelho. No modelo bíblico, a pregação e os milagres andam sempre
juntos. É como se Deus dissesse ao ouvinte: pode acreditar em tudo o que meu
servo está te dizendo em meu nome! E por que isto não acontece em nossos dias?
No artigo sobre a águia eu disse que o desejo de voar está
impresso no DNA de todo ser humano. E a sede pelo sobrenatural também está no
DNA de todo cristão – não podemos jamais sufocar este desejo. A vida vai muito
além do que percebemos com os sentidos naturais. A falta de conexão com o Reino
de Deus nos angustia. O homem possui um espírito justamente por este motivo –
se comunicar com o mundo espiritual.
Nada satisfaz mais o coração do cristão do que ver as assim
chamadas “impossibilidades” dobrarem seus joelhos ao nome de Jesus. Qualquer
coisa menor do que isso é anormal e insatisfatória. Para sermos cristãos
eficazes precisamos ir muito além da vida cristã que conhecemos. Precisamos
redefinir o cristianismo “normal” para que este se alinhe com a idéia de Deus
do que é normal, e não com a definição que aceitamos e com a qual nos
acostumamos. Nossa teologia deve ser baseada na Palavra de Deus e não em nossas
experiências (ou na falta delas). Talvez pelo fato de a fé católica estar
baseada nos milagres dos santos, os evangélicos precisaram criar uma teologia
que sufocasse esta crença, alegando que não são mais necessários em nossos
dias. Afinal, já temos a Bíblia!
Como médico veterinário, consigo perceber a alegria de viver
que tem todo vira-lata de rua. Mas quando capturado, este mesmo cão fica com um
olhar envergonhado e de humilhação no canil da prefeitura. Conosco acontece
exatamente o mesmo – nascemos para a liberdade e não para viver nos canis das
religiões, esperando que alguém nos adote e domestique. Para a liberdade fomos
chamados, e não para viver dentro das quatro paredes da religião. Podemos até
nos moldar ao simbolismo e aos discursos infindáveis e sem vida, mas não foi
isto que Deus preparou para seus filhos.
Certo vendedor ambulante de aspirador de pó apresentava seu
produto da seguinte forma: “este aspirador é muito poderoso. Quando usá-lo,
devemos ter o cuidado de tirar do ambiente todas as crianças e animais
domésticos, pois ele suga tudo o que vê pela frente!” A dona de casa ficou
interessada e pediu uma demonstração. O comerciante, sem nenhum constrangimento,
alegou que não poderia demonstrar o poder do aparelho. Ela deveria simplesmente
acreditar nele, comprar o aspirador e ler as instruções no manual para fazê-lo
funcionar. Este é não é o evangelho que pregamos? Falamos do poder de Deus mas
não temos condições de demonstrá-lo.
A VONTADE DE DEUS
Tenho quase certeza que quando Jesus ensinava aos discípulos
sobre como orar (Mt 6:9-10), quando disse “venha teu reino, seja feita tua
vontade…”, Pedro o interrompeu com a pergunta: “Mestre, mas como achar a vontade
de Deus?” Todo cristão acredita fazer a vontade de Deus mas esta não é uma
pergunta fácil de responder.
Jesus, com sua simplicidade característica, respondeu:
“Assim na terra como nos céus”. Ou seja, saber qual a vontade de Deus é muito
simples. Tudo o que faz parte dos céus, deve fazer parte da terra; o que não é
permitido nos céus, também não deve ser permitido na terra. O que Deus mais
deseja é que a realidade dos céus invada este mundo destruído pela rebeldia,
transformando-o, trazendo-o sob sua autoridade. Isto é ao mesmo tempo básico e
revigorante.
Tudo o que tem liberdade de ação nos céus (alegria, paz,
saúde, sabedoria e todas as boas promessas que lemos na Bíblia) deveria ser
livre para operar aqui neste planeta, em nossas casas, na igreja, em nossos
negócios, nas escolas. O que não tem liberdade de ação lá (pecado, tristeza,
doenças, enfermidades, escravidão espiritual) não deveria estar livre para agir
aqui.
Trazer a vontade de Deus para esta Terra e destruir as obras
do diabo (I Jo 3:8) é a missão de cada crente. Isso não é teologia – é um modo
fantástico de viver. Quando esta é a nossa realidade, as coisas que nos
incomodam parecem que se acertam por si mesmas: vidas são libertas, corpos são
fortalecidos e curados, a escuridão se afasta da mente das pessoas, o domínio
do inimigo é quebrado, os negócios tornam-se saudáveis, os relacionamentos são
restaurados, as igrejas crescem e as cidades sentem os efeitos de terem o Reino
de Deus florescendo nelas. Este não é um tipo de vida inventado; é o tipo de
vida para o qual fomos feitos.
Uma das passagens mais conhecidas das Escrituras é quando
Jesus dormia no barco, em plena tempestade. Os discípulos estavam desesperados,
e acordaram Jesus, perguntando se ele não se importava com a tormenta. Jesus os
repreendeu e acalmou a tempestade. Aprendemos com esta história que, mesmo
passando por tempestades na vida, na hora H, Jesus acalma a tempestade. Não
devemos nos desesperar, pois no momento certo Jesus assume o comando e muda o
quadro. Contudo, não foi este ensinamento que Jesus quis dar ao repreender os
discípulos. Para Jesus, os discípulos tinham poder suficiente para repreender a
tormenta e só agiu pois eles não estavam fazendo nada. Hoje também acontece
isso conosco – deixamos uma situação chegar ao limite máximo sem a menor
necessidade, aguardando o agir de Deus quando já não suportamos mais.
Certo dia, percebi uma opressão muito forte, como uma nuvem
negra do diabo para atacar alguns jovens da igreja. Junto com a Val, minha
esposa, oramos e fomos dormir. Quando já era 2 da manhã, acordei com a sensação
que estávamos orando de forma errada, acuados pelo diabo. Segundo Mt 16:18, a
igreja é quem ataca e o inferno tenta se defender. Hoje tentamos nos proteger a
qualquer custo dos ataques do maligno. Oramos do jeito certo e toda maldade foi
desfeita em nome de Jesus. Um pouco mais de ousadia só nos fará bem.
A RENOVAÇÃO DE NOSSAS MENTES
A pregação do evangelho deve sempre ser associada à
manifestação do poder de Deus. Os milagres e a vida sobrenatural oferecem uma
prova imediata e irrefutável do que Deus deseja que aconteça na Terra.
As pessoas entendem melhor sobre Deus quando mostramos a sua
realidade. Não devemos crer nas coisas certas a cerca de Deus, mas ser pessoas
que colocam a vontade de Deus à vista expressando-a e fazendo com que os demais
compreendam quem de fato Deus é – curas, libertação e restauração fazem muito
mais do que resolver um problema imediato; elas dão às pessoas uma demonstração
concreta de quem Deus é. Quem contestará diante de uma manifestação
sobrenatural?
E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação de vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm
12:2).
Quando fazemos a vontade de Deus, trazemos a realidade do
Reino para destruir os trabalhos do diabo. Iniciamos um conflito entre a
realidade terrena e a celestial, e nos tornamos a ponte e o ponto de conexão
que torna possível através da oração e da obediência radical, declararmos o
domínio de Deus.
Não estamos cansados de ouvir falar de um evangelho de
poder, mas nunca vê-lo em ação? Não está cansado de tentar a Grande Comissão
sem oferecer provas de que o reino funciona? Dizemos às pessoas quão fantástico
nosso produto é, mas raramente o demonstramos ou o provamos. Representamos um
rei que cura todas as doenças, livra a pessoa dos tormentos e das dificuldades
da vida. No entanto, não temos como provar isso. A pessoa apenas vai ter que
acreditar.
Estava num encontro com mais de 150 cristãos buscando
conhecer a Deus e sua vontade. Uma pessoa passou mal e foi levada imediatamente
ao posto de saúde para ser medicada. No dia seguinte, outra pessoa também
passou mal, sendo que agradecemos a Jesus por levar todas as nossas
enfermidades sobre si; repreendemos a dor de cabeça e a saúde da irmã foi
restabelecida na mesma hora. A que grupo você pertence? Muitos alegam que não
têm o dom de operar milagres, nem o de curar uma simples tontura, quanto mais
um câncer ou AIDS. Então eu pergunto: alguma vez você já orou e repreendeu a
AIDS em alguma pessoa? Se nunca fez isso, como pode saber se tem esta
capacidade ou não? Para mim, curar alguém é a coisa mais fácil do mundo. Isto
porque não sou eu e nem você quem cura – é Deus! Se dependesse de mim, até para
espirro seria dificílimo, mas pra Deus, tudo é possível.
O único jeito de fazer a vontade de Deus é renovando nossas
mentes, pensando de modo diferente. Temos que ver as coisas pela perspectiva de
Deus. Já disseram muitas vezes que a batalha está na mente, e é a mais pura
verdade. Deus fez nossas mentes para ser a guardiã do sobrenatural. Uma mente
renovada reflete a realidade do outro mundo da mesma forma que Jesus
resplandeceu com o brilho do céu. A renovação da mente não muda apenas nossos
pensamentos, sendo que a origem deles passa a ser uma realidade diferente – dos
céus em direção à terra! Por este motivo que o diabo ataca as nossa mente,
tentando inutilizá-la.
O aspecto intelectual da mente é muito importante, mas foi
tão exacerbado que eliminou o verdadeiro estilo de vida de fé. A fé sincera é
bombardeada por um modo de pensar de dúvidas e ceticismo. A teologia e a
avaliação acadêmica substituíram a experiência sobrenatural por uma fé
religiosa. Precisamos ser mais católicos e menos evangélicos. A Bíblia fala que
a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus. Naquela época o povo ouvia a palavra do
mesmo jeito que se ouve hoje? Claro que não. O mesmo apóstolo Paulo que disse
isso em Romanos, disse também aos Coríntios que sua pregação do evangelho
consistia na manifestação do poder de Deus. A pregação acadêmica, baseada na
hermenêutica e homilética, não produz fé alguma. Muitas vezes, durante um
sermão, eu me pergunto: onde este irmão quer chegar com este discurso vazio?
Deus, tenha misericórdia de nós!
A mente é de fundamental importância para nosso caminhar com
Cristo e por isso Paulo nos admoesta a “sermos transformados pela renovação de
nossas mentes”. A mente não renovada tem pouco uso para Deus. Como uma nota
discordante do piano, não deve ser tocada para não depreciar a música.
Pessoas que não estão em sintonia com a mente de Cristo
raramente são usadas, não importando o quão disponíveis estejam. São
autonomeadas em sua missão e estão trabalhando totalmente fora da comissão
planejada por Deus. Não é pela inteligência, mas pela sintonia que temos com a
mente de Cristo.
Deus destinou nossas mentes para ser uma das mais poderosas
e sobrenaturais ferramentas do universo, mas precisa ser santificada e entregue
ao Espírito Santo para que possamos realizar seus desígnios, suas idéias
criativas e planos em nossa vida diária.
MAS COMO RENOVAR NOSSA MENTE?
Arrependei-vos porque está próximo o
reino dos céus (Mt 4:17)
A renovação da mente tem inicio com o arrependimento.
Arrepender-se significa deixar nosso ponto de vista e voltar-se para a
perspectiva que Deus tem da realidade. Nesta perspectiva existe um renovo, uma
reforma que afeta nosso intelecto, nossas emoções, e todas as partes de nossas
vidas. Sem arrependimento, permanecemos em nossa maneira carnal de pensar.
A maioria dos cristãos não tem nenhuma atração pelo pecado.
Pelo fato de viverem sem a manifestação do poder do evangelho, andar apenas
pela ótica natural, perdem o sentido de propósito e voltam-se para o pecado.
Muitas pessoas cometem o erro e dizem não saber por que fizeram isso – mas é
verdade, não nascemos para viver no pecado. Isto não nos faz bem.
Ter uma mente renovada não se trata de ir ou não para o céu
na eternidade, mas de quanto do céu desejamos para nossa vida neste momento.
Nossa alma almeja por ver estas coisas. Temos dentro de nós um desejo
inesgotável de ver o Reino irromper para dentro desta esfera – não apenas
olhar, mas participar, nos tornar o ponto de conexão, o caminho para a
manifestação do poder de Deus. Aleluia! Pois é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento (Rm 2:4).
Jesus, por si mesmo, não tinha habilidade nenhuma para curar
enfermos, expulsar demônios ou ressuscitar os mortos (Jo 5:19). Não fez
milagres por que era Deus, pois havia colocado sua divindade de lado. Fez
milagres como homem em correto relacionamento com Deus porque estava
demonstrando um modelo para nós, um caminho a ser seguido. Esta é a natureza do
nosso chamamento – requer muito mais do que somos capazes de fazer. Quando
fazemos apenas aquilo que somos capazes, não estamos envolvidos no chamado.
Jesus vivia em constante conflito interior, pois a lógica do
Reino de Deus vai contra a lógica da carne. E esta é uma boa oportunidade para
nos perguntar:
Também estamos vivendo em
conflito com este mundo? Trazemos a realidade ou a doutrina dos céus para
nossos vizinhos e amigos, ou apenas um discurso vazio? Está na hora de
entrarmos na dimensão da mente renovada, para experimentarmos a completa
expressão da vontade de Deus na terra.
Uma mente renovada faz com que o Reino de Deus seja
manifestado “assim na terra como nos céus”. Esta é a vida cristã normal.
Este artigo foi quase 100% tirado do livro “O poder sobrenatural de uma mente transformada”, de Bill
Johnson, apenas com alguns comentários meus.
Recomendo também: quando o céu invade a Terra, e Face a face
com Deus, do mesmo autor.
Uma resposta
Amei o conteúdo desse artigo, esclareceu muitas coisas sobre mente renovada, e o verdadeiro significado do trecho da passagem da oração do “Pai Nosso Venha o teu e seja feita a sua vontade”! Deus continue usando sua vida para abençoar outras, em nome de jesus. Amém