É possível compreender o motivo por que estamos aqui? Por que Deus nos fez assim? Nesta segunda história da série “Vendo o Projeto de Deus em Tudo”, o pequeno Marquinhos aprende que há uma razão importante para Deus nos ter planejado do jeito que nós somos. Leitura Bíblica: Hebreus 2.6-12
Deus Colocou um Quarto Vazio Dentro de Nós
Já fazia algumas semanas que Marquinhos vinha aguardando este dia. Era sexta-feira, seu nono aniversário, e sua avó viria para a festa.
Tão logo terminaram as aulas na escola, Marquinhos correu para casa e, realmente, lá estava a Vovó esperando por ele! Verdade seja dita, o garoto estava todo entusiasmado porque nos anos anteriores ela sempre lhe trouxera presentes muito especiais, do tipo que todo menino adora ganhar.
Como será que as avós sabem exatamente do que os meninos gostam? Será que agora também ela sabia o que ele secretamente desejava ganhar? Rapidamente, foi arrancando os papéis que embrulhavam o pacote que ela lhe entregou.
“Oh, vovozinha querida! Como é que você sabia o que eu queria?”, gritou ele com júbilo. Levantando a grande caixa, de tal modo que a sua mãe pudesse vê-la, ele leu as palavras na tampa: Faça você mesmo o seu Soldado Joãozinho.
Dentro da caixa havia dezenas de pequenas peças de plástico que se encaixavam nas suas posições. E havia também vários uniformes com diferentes insígnias de todos os postos, desde soldado raso até general. Que vovó maravilhosa! Correndo para ela, envolveu o seu pescoço com os braços e a beijou várias vezes. “Oh, muito, mas muito obrigado!”, dizia ele com entusiasmo.
Muitos dos amigos de Marquinhos já tinham o seu kit do Soldado Joãozinho. Como seria divertido agora poder montar o seu próprio Soldado Joãozinho. Sem perder tempo, sentou-se para dar início, seguindo cuidadosamente as instruções impressas.
Quando, no final do dia, seu pai chegou em casa do trabalho, Marquinhos estava encaixando a última peça no seu devido lugar. Agora precisava escolher um uniforme. Qual seria? Ele decidiu por um uniforme de gala com insígnias de capitão. Depois afastou-se para admirar a obra terminada, deu corda no brinquedo e ficou observando enquanto o vibrador fazia o Soldado Joãozinho andar em cima da mesa. Foi uma experiência emocionante, porque era a primeira vez que Marquinhos conseguira montar um brinquedo totalmente por conta própria.
Depois do jantar, conforme o costume, Papai pegou o livro para ler uma história durante as devoções familiares. “Nesta noite”, começou ele, “vou contar para vocês a história de um famoso escultor que viveu há muito tempo, na Grécia antiga.”
Esse homem era muito conhecido em todo o mundo porque muitas das suas belas obras de arte estavam em lugar de destaque dentro de palácios importantes. Porém ele mesmo era uma pessoa muito solitária. Estava ficando velho e desejava muito uma coisa, acima de qualquer outra: ter um filho! Ele queria um filho para lhe servir de companhia e a quem pudesse passar sua habilidade especial de escultor.
Bem, um dia seu desejo ficou tão forte que resolveu fazer um filho, ele mesmo! Ele faria uma escultura, a partir da melhor e mais valiosa pedra que possuía. Então ele teria com quem conversar – um filho exatamente como o de seus sonhos! Deixou de lado todos os outros trabalhos e, semana após semana, mês após mês, entregou-se diligentemente a produzir a sua obra, até que finalmente conseguiu produzir um filho exatamente como sempre imaginara em sua mente. Ele tinha certeza de que essa estátua lhe proporcionaria pelo menos uma medida de alegria e satisfação.
No entanto aconteceu algo muito estranho! Quanto mais ele ficava olhando para aquela estátua fria, mais doía o seu coração. Era certo que se parecia com o filho que tanto desejara e com o qual há muito sonhara. Era um belo trabalho de arte e de perícia. Sim, era tudo o que um grande escultor poderia esperar. Então por que ele não estava satisfeito? Ah, sim, se ao menos essa estátua pudesse falar com ele! Se pudesse lhe dar alguma espécie de resposta. Porém lá estava ela, tão fria, tão sem vida, tão indiferente. Como ele desejava o poder de passar vida para ela – de transmitir-lhe sua inteligência, sua habilidade artística.
Na verdade, muitos escultores em todo o mundo teriam ficado jubilosos se tivessem conseguido produzir uma estátua tão perfeita; para esse escultor, porém, significava um vazio maior ainda. Enquanto olhava para a sua obra de arte, ele soluçava: “Ah, se ao menos ele pudesse falar comigo, estou tão sozinho, tão solitário – sinto tanta falta de companhia!”. Mas a estátua não podia falar.
Durante aquela mesma noite, o velho escultor morreu; morreu – digamos – de um coração partido. No dia seguinte, encontraram-no com os seus braços ainda ao redor daquela estátua inerte que ele tanto queria que fosse um filho com vida.
Quando Papai terminou de contar a história, ele olhou para Marquinhos. “Que tal conversarmos um pouco sobre essa história, meu filho? De certo modo, você tem agido como aquele escultor. Ele fez uma estátua de pedra, e hoje você fez um Joãozinho Soldado. A pedra não podia conversar com ele, assim como o seu Joãozinho não pode conversar com você! Por quanto tempo você acha que vai ficar contente com o seu Joãozinho que não consegue lhe corresponder?”.
Naquele momento, Marquinhos ainda tinha a impressão de que sempre estaria muito feliz com o seu soldadinho de plástico; mesmo assim, ouviu atenciosamente enquanto seu pai continuava.
“Talvez em poucas semanas ou até dentro de um mês, você, também, se cansará de um soldado sem vida.” Papai percebeu que Marquinhos estava muito pensativo, então continuou: “Vamos pensar em por que Deus nos criou para sermos mais do que um soldadinho sem vida ou uma estátua de pedra.”
“O anseio por companhia que estava no velho escultor, e o seu desejo por um Joãozinho Soldado são semelhantes ao desejo do coração de Deus. Por isso, lá no início da criação, Deus fez Adão conforme a sua imagem e semelhança. Era o filho que ele queria para lhe fazer companhia. Embora já tivesse um Filho, o Senhor Jesus, Deus tinha um grande anseio para dividir a mesma amizade e convívio com muitos filhos. Assim, ao criar o homem para ser diferente e superior a todos os outros seres criados, Deus colocou dentro dele, de propósito, um quarto vazio. Nós chamamos esse quarto vazio, escondido no interior do homem, de espírito.
“O quarto vazio tem duas finalidades. Em primeiro lugar, Deus o projetou porque ele mesmo queria vir e morar ali. É um lugar que satisfaz perfeitamente o desejo de Deus de dividir seu amor e amizade conosco. Foi planejado e executado para corresponder exatamente ao seu anseio.
“Por outro lado, sem convite Deus não entra. É preciso convidá-lo e fazer com que ele se sinta bem-vindo. O quarto vazio faz com que o homem também sinta necessidade de ser preenchido. O problema é que tentamos enchê-lo de outras coisas. Só que nada mais que se possa colocar ali dá certo, porque foi projetado para ser morada de Deus. É esse quarto vazio que nos faz sentir falta o tempo todo de algo que não encontramos em prazeres, em coisas e nem mesmo em outras pessoas. Deus planejou isso também para que sentíssemos, em relação a ele, a mesma necessidade que ele sente de nós.”
“Oh, Papai!”, a voz de Marquinhos estava cheia de entusiasmo, “é verdade então que Deus me fez com um quarto vazio? E ele virá morar nesse quarto se eu o convidar para entrar?”.
“Sim, filho”, Papai respondeu um pouco pensativo. “É isso que acontece quando nos tornamos cristãos. Você se lembra daquele versículo que aprendemos há pouco tempo: ‘Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei…’? E em outro lugar Deus afirma: ‘A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus’.”
É por isso que ver o propósito de Deus é tão importante. Quando você entende para que existe o quarto vazio, é mais fácil saber o que fazer com ele!
Extraído do livro “Seeing God’s Purpose in Everything” (Vendo o Propósito de Deus em tudo), um livro de histórias selecionadas por DeVern Fromke, Master Press, Knoxville, Tn, EUA.