21 de novembro de 2024

Ler é sagrado!

Extremos Opostos na Questão do Divórcio: O Que Jesus Faria?

A proporção de casais que terminarão a vida sem passar por uma experiência de divórcio e novo casamento, mantendo seus votos assumidos diante de Deus e dos homens, já está bem abaixo de 50% na sociedade em geral. Na igreja, não é muito diferente.

O que a igreja tem a dizer, ou melhor, a mostrar sobre essa situação? O que fazer com casais que já estavam num segundo ou terceiro casamento quando tiveram um encontro com Jesus? O que fazer com casais que se separam depois de conhecerem Jesus? Como encarar líderes que se separam e casam novamente?

Existem muitas posições e opiniões a respeito disso na igreja hoje – mais do que em algumas épocas passadas em que o número de divórcios não era tão grande. Como em qualquer assunto complexo, existem dois extremos e várias interpretações intermediárias de ambos os lados do ponto ideal de equilíbrio. Em linhas gerais, porém, podemos reunir as posições reconhecidamente opostas em duas grandes classes: os liberais, que interpretam as Escrituras com mais flexibilidade, aceitando divórcio e novo casamento para os cristãos sem muitas restrições; e os conservadores ou fundamentalistas, que se apegam com bastante rigidez às ordens determinadas pela Palavra, geralmente restringindo não só a permissão de novo casamento para quem é cristão como também a aceitação na igreja de quem já está num segundo casamento (caso não o desfaça).

Para ilustrar as duas formas opostas de se tratar essa questão (e muitas outras na vida cristã), vamos descrever algumas situações concretas, baseadas em casos reais, mas com alterações de nomes e detalhes, para preservar a identidade das pessoas. Na verdade, são histórias genéricas, representativas de centenas de outras semelhantes em toda parte da igreja hoje.

A Redação

 

Lado Liberal

Como se Nada Houvesse Acontecido

O pastor de uma das maiores igrejas da cidade tinha um ministério bem conhecido de cura divina e milagres. Como costuma acontecer nesses casos, pessoas vinham de todas as partes da cidade e das regiões circunvizinhas para serem curadas. O ministério estava expandindo-se para outras cidades através de obreiros treinados pelo pastor. Novas igrejas estavam surgindo; milagres estavam acontecendo.

De repente, uma notícia inesperada: o pastor estava se divorciando da esposa para casar-se com a secretária. Seria o fim do ministério?

Evidentemente, nenhum acontecimento como esse passa sem grandes repercussões, principalmente quando a pessoa envolvida é um proeminente líder religioso. Comentários maliciosos na mídia, ataques e isolamento por parte de colegas no ministério, membros da igreja se debandando. Nada disso surpreendeu – embora a reação dos cristãos e de outros líderes na cidade deixasse muito a desejar!

Surpreendente, sim, foi o fato de que a igreja, em sua grande maioria, aceitou que o pastor continuasse com eles, como se nada houvesse acontecido. Anos depois, o ministério dele continua firme e forte: igrejas crescendo, milagres acontecendo.

Ministério em Alta – Família em Baixa

Era um culto de adoração, domingo à noite, numa igreja que estava numa excelente fase de crescimento e expansão. Depois do período de louvor, o pastor chamou sua esposa à frente e, juntos, anunciaram à congregação estupefata que estavam se divorciando depois de vinte anos de vida matrimonial.

Embora fosse uma decisão sofrida, tomada após um longo período de tentativas e aconselhamento com profissionais qualificados, o pastor afirmou que a separação era amigável e não envolvia infidelidade da parte de nenhum dos dois.

A causa, segundo eles, era o fato de que estavam caminhando em direções opostas. O pastor assumiu cem por cento da culpa, afirmando que estava arrependido por ter tomado uma série de decisões erradas e por ter falhado em cuidar melhor do casamento.

A igreja não ficaria desamparada, porém. O pastor avisou que continuaria à frente do ministério, enquanto sua agora ex-esposa, que passaria a se dedicar mais ao seu próprio ministério de televisão e viagens, voltaria com freqüência para pregar.

Alguns membros da igreja estavam muito chocados e, ainda durante o culto, saíram do auditório para telefonar para amigos e parentes. Outros, embora abalados, testemunharam que não deixariam de fazer parte da igreja. “Superaremos a crise”, disse um que participa da congregação há dez anos. “Todo o mundo passa por essas coisas, e a igreja não ficará enfraquecida.”

Lado Fundamentalista

Os Proscritos

Paulo olha para a sua filha de 8 anos, observando enquanto ela rega alguns vasos dentro do apartamento, tomando o cuidado de colocar a medida exata de água no vaso para não derramá-la. É uma linda menina, bem comportada e muito alegre, que gosta de estudar e vai bem na escola. É o fruto do seu casamento com Teresa, a moça que ele conhecera e por quem se apaixonara anos atrás.

Eles se conheceram na igreja que freqüentavam. Ambos já maduros em idade – perto dos trinta –, com plenas condições de tomar decisões sérias. Ele havia sido cristão desde a juventude, quando se convertera e fora discipulado. Ela conheceu o Evangelho já bem mais tarde, sendo agora obrigada a viver uma vida discreta devido ao seu passado – e ao divórcio que carregava no seu histórico.

Casara-se muito jovem, sem experiência, e o casamento não durou nem um ano. Felizmente não tivera filhos. Quando conheceu Jesus Cristo, percebeu que a sua condição de divorciada lhe trazia algumas restrições e, por isso, procurava se manter à distância de um possível novo casamento. Cuidado inútil: quando Paulo apareceu na sua vida, os dois logo se apaixonaram. Casaram-se e passaram a viver parcialmente felizes como família.

Sim, parcialmente porque a igreja que fora o lar de Paulo desde sua juventude agora não o aceita mais por ter se casado com uma divorciada. Não adianta argumentar que o primeiro casamento e o divórcio da Teresa foram experiências tristes de um passado distante, quando não tinha conhecimento do Senhor, e que houve circunstâncias importantes naquele primeiro fracasso que precisam ser analisadas.

Hoje, formam um casal modelo: são fiéis um ao outro, se respeitam e estão educando a filha nos caminhos do Senhor. Nada disso, porém, os tira da circunstância de fazerem parte da grande legião de proscritos – aqueles que estão proibidos de pertencer a uma igreja. É claro que existem igrejas que os aceitariam, que não fariam tais exigências; mesmo assim, Paulo sonha com o dia em que a sua filha possa ser acolhida e participar das atividades daquela igreja que um dia o isolou e que ele ainda ama.

“Vocês seriam um problema para nós”

Francisco nasceu numa família cristã e participava regularmente da Escola Dominical e dos programas da igreja durante os anos de infância e adolescência. Enquanto estava na faculdade, apaixonou-se por Sara, a mulher dos seus sonhos, e casou-se com ela. Seis anos depois, envolveu-se num caso extraconjugal, trazendo ruína ao casamento e à própria vida. Espiritualmente, afastou-se de Deus e, fisicamente, de sua família. Rapidamente, ficou sem Deus, sem igreja e sem esperança.

Débora também foi criada numa família cristã. Fazia parte de uma igreja que enfatizava o estudo da Palavra e santidade de vida e sempre procurou viver dentro desses princípios. Casou-se com um moço de família abastada da sua cidade, mas descobriu que era um tirano abusivo, movido pelo egoísmo. Os votos dele para amar, honrar e cuidar não significaram nada e, depois de um tempo, passou a atormentar Débora e os filhos durante explosões de violência e intimidação, quando ficava alcoolizado.

Isso continuou por alguns anos, mas, finalmente, a falta de qualquer perspectiva de mudança da parte dele convenceu Débora de que o divórcio seria a única saída segura. Só que a partir do divórcio, seus problemas passaram a vir da igreja. Ela se sentia cada vez mais envergonhada quando participava das reuniões. Os olhares e expressões das pessoas, os comentários feitos por trás, as pregações aparentemente dirigidas para ela foram se somando na sua consciência e fazendo com que se sentisse inferior e indigna.

No fim, acabou se afastando da igreja, e foi então que conheceu Francisco. Por causa da dor que ambos traziam da experiência anterior e da dificuldade para confiar novamente, foram bastante cautelosos nesse novo relacionamento. Mas, com o tempo, ficou claro que havia um futuro para eles e para seus filhos, e se casaram.

A primeira prioridade depois do casamento foi achar o caminho de volta para uma vida de comunhão com Deus e com a igreja. Como estavam em outra cidade, ninguém sabia a respeito do seu passado. Durante seis meses, participaram de uma congregação, integrando-se em classes de estudo bíblico e nos cultos de adoração, enquanto esperavam o momento oportuno para revelar sua história.

Durante um período de estudo e comunhão com um dos pastores da igreja, resolveram contar suas histórias de divórcio e afastamento de Deus.

“Devido ao tipo de divórcio que tiveram”, o pastor lhes disse quando terminaram, “preciso lhes dizer que esse seu novo casamento seria um problema para nós. Sinto muito, mas não podemos receber vocês na nossa igreja. Sua experiência e seu passado poderiam contagiar outras pessoas.”

Com isso, ele se levantou e se retirou da vida de Francisco e Débora.

“Odeio esse Jesus que separou meus pais”

Um casal, que tinha um filho de uns oito anos, se converteu e começou a freqüentar a igreja. Embora ainda jovem, o marido já vinha de um casamento fracassado e era divorciado da primeira esposa. Quando começaram a participar das atividades da igreja, depois de tomar conhecimento desses fatos, a liderança os orientou a se separarem, já que estavam vivendo “em estado de pecado”.

Obedientes e cientes de que, se não seguissem a orientação recebida, seriam considerados “rebeldes”, resolveram de fato se separar. Quem não se sentiu bem com a nova situação foi o filho. O menino se revoltou e chegou a gritar: “Odeio esse Jesus que separou os meus pais”.

Preocupados com a reação do menino, alguns irmãos da igreja e os próprios pais separados buscaram orientação da liderança. Foram consolados com a afirmação convicta dos líderes de que o Espírito Santo encontraria uma maneira de fazer com que a criança aceitasse a nova situação.

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