“…subiu Pedro ao eirado, por volta da hora sexta, a fim de orar. Estando com fome, quis comer; mas, enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase; então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas, contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do céu. E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais comi coisa alguma comum e imunda. Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum. Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao céu. Enquanto Pedro estava perplexo sobre qual seria o significado da visão, eis que os homens enviados da parte de Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta; e, chamando, indagavam se estava ali hospedado Simão, por sobrenome Pedro. Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito: Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os enviei.” (At 9.10-20)
No livro de Atos dos Apóstolos, encontramos Pedro numa situação que hoje chamamos de uma verdadeira “saia justa”. Ele reconhece a voz do Senhor mandando que coma animais impuros proibidos pela lei. Penso que a confusão se instala em sua mente e decide pela objetividade do texto: “Não, Senhor!”. Na verdade, essa visão denuncia o preconceito que Pedro desenvolvera em relação aos gentios, pois em seguida ele é enviado a anunciar o evangelho a Cornélio, o centurião romano, e a toda a sua família, em Cesareia.
Lá chegando, o apóstolo faz uma apresentação cuidadosa. Em primeiro lugar, Pedro lembra seus ouvintes da condição deles: são gentios com os quais ele não pode se misturar, pois, como judeu, faz parte de um povo especial e escolhido por Deus. Ao mesmo tempo, ele se isenta dessa infração, pois estava obedecendo à direção do Espírito Santo.
Feita essa introdução, inicia seu anúncio do evangelho que é interrompido pelo derramamento do Espírito Santo sobre os ouvintes, que manifestam os mesmos dons espirituais conhecidos entre os judeus. Com isso se completa a revelação de Pedro, que introduz estes gentios no Corpo de Cristo por meio do batismo. Essa atitude lhe exigirá muitas explicações de seus patrícios.
Desde que o movimento da Reforma tomou contornos mais definitivos, a falta de unidade obrigou que cristãos estivessem de lados diferentes em muitas questões. Não conseguindo manter-se unidos, cada parte se assumiu como a verdadeira igreja e, por conseqüência, negava a validade da outra parte. No transcorrer do tempo, houve em cada lado a preocupação de marcar posição acentuando essa diferença. Muitas doutrinas foram enfatizadas ou desprezadas em função da posição da parte considerada contrária.
Entrementes, no ano de 1967, portanto 450 anos depois da Reforma Protestante, alguns irmãos reviveram uma experiência que guarda muita semelhança com a de Pedro e Cornélio. Na Universidade de Duquesne, irmãos protestantes oraram por irmãos católicos e estes receberam o batismo no Espírito Santo, tal e qual os protestantes já vinham experimentando desde o começo do século 20. Assim como em Cesareia quando Deus demonstrou que não fazia acepção de pessoas entre judeus e gentios, fez o mesmo entre os protestantes e católicos. Desta forma Deus invalidou o argumento que uma parte tinha para negar a validade da outra e autenticou ambas com o Santo Espírito e seus dons.
Depois da experiência de Cesareia, o concilio em Jerusalém se posicionou da seguinte forma: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”! Então, judeus e gentios se reconheceram como membros de um mesmo corpo. Não seria esta mesma mensagem que o Espírito Santo quis transmitir à Igreja atual ao usar protestantes para introduzir a mesma bênção aos católicos?
Respostas de 6
O batismo no Espírito Santo,terá que ser acompanhada pela implantação da doutrina dos apóstolos,sem reservas e sem exceção,caso contrário fazer parte do mesmo Corpo será extremamente questionável.
Concordo plenamente
texto muito propício para nossos dias. Precisamos de uma igreja mais aberta assim como o evangelho é abertura ao outro. Se jesus é nosso mestre e somos bons discípulos, devemos ser como ele. E ele foi um quebrador de barreiras entre os homens em todas as seus âmbitos: comia e bebia com desprezados, recebia as mulheres ditas prostitutas, etc. O Reino de Deus não comporta uma igreja esteriotipada, cheia de estrelismos e princesinha do papai. O evangelho combina com uma igreja,com um povo sem fronteiras.
amém
Nossa , um belo texto !! vou compartilhar e conversar com a igreja sobre isso !!!
Valeu Pedro Arruda !! você é benção !!!
Muito bom Pedro! Que as barreiras caiam por terra e mostre a integridade do Corpo de Cristo! Afinal, todos somos UM, apesar das diferenças!
O texto acima é excelente,nos precisamos reavaliar as nossas posturas, e por causa dessa divisões fica difícil evangelizar.