Por: James A. Stewart
“O dia de Pentecostes foi um dia modelo. Todos os dias desta dispensação deveriam ser iguais ou superiores a ele. Mas a Igreja caiu para o estado em que estava antes de a bênção ser concedida, e agora é necessário que peçamos a Cristo que comece tudo de novo… Precisamos de um batismo no Espírito tanto quanto os apóstolos na época da ressurreição de Cristo; precisamos que as insondáveis riquezas de Cristo nos sejam reveladas mais abundantemente do que o foram a Isaías no templo” (George Bowen).
Dr. Scofield nos conta de uma experiência que o tocou profundamente. Ele ouviu um pregador irlandês falar sobre o leproso Naamã. O pregador e a mensagem estavam sem vida. Ao sair da igreja, um outro irmão cochichou para o dr. Scofield: “Este querido irmão precisa dar mais um mergulho no Rio Jordão”.
O afamado expositor da Bíblia relata: “Pedi licença e me retirei para ir ao campo na escuridão da noite. Olhei para as estrelas e pedi a Deus com lágrimas nos olhos: ‘Oh Deus, eu sou o homem que precisa de um novo mergulho no Jordão’!” Deus encontrou-se com o dr. Scofield lá. Que Deus nos ajude a buscar semelhante renovação na presença dele!
Cristo é a Fonte da Vida
“Se alguém tem sede”, nosso Senhor disse, “venha a mim, e beba” (Jo 7.37). É só quando um cristão está tão sedento, a ponto de desistir de tudo que impede o enchimento do Espírito, que ele é realmente cheio. Disse um cristão a outro: “Eu daria tudo para ter a experiência que você tem com o Senhor”. “Foi o que me custou”, replicou o segundo.
Douglas Brown conta como foi severamente tratado pelo Senhor quando era um bem-sucedido pastor em Londres. Deus o estava preparando para ser um instrumento para avivamento nas igrejas do Reino Unido, para trazer milhares de pessoas a Cristo. Ele queria o melhor de Deus, mas definitivamente não estava disposto a pagar o preço. Queria que Deus o usasse nos termos de Douglas Brown. Após quatro meses de batalha, prostrou-se derrotado e vazio aos pés da cruz. Quando conta essa experiência, ele diz: “Deus é muito paciente. Ele levou quatro meses para me ensinar a dizer três palavras: ‘Qualquer coisa, Senhor’”.
Posso falar de coração para coração com você agora? Você não gostaria de se ajoelhar em reverência ante o Trono da Graça e pedir a Deus para ajudá-lo a entrar na vida abundante? Lembre-se, a plenitude do Espírito é uma parte integral do plano de salvação: o Senhor Jesus morreu não apenas para que você fosse salvo, mas para que pudesse ser cheio do Espírito. Eu gostaria de chamar sua atenção para quatro fatos fundamentais sobre a plenitude.
1. O Que Deus Pede, Preciso Entregar
O primeiro fato é que quando Deus pede alguma coisa, preciso entregá-la. É necessário passar por uma experiência clara de consagração. J. H. McConkey diz: “Quer sejam necessários longos anos para chegar a essa crise de rendição, quer seja alcançada em um salto único, todo filho consagrado a Deus sabe que o ato de rendição foi o passo supremo que o trouxe à plenitude de um caminhar mais íntimo com Deus. Sua experiência pode ter sido complicada, confusa, difícil de entender; mas que esse ato de rendição foi a culminação de tudo, e que a plenitude do Espírito foi o resultado desse ato – a graça de Deus em resposta a esse ato – todos vão testificar”. É a nossa vida inteira que Deus pede. Não pode haver reservas.
Deus está pedindo agora sua completa rendição: do coração, da vontade, do intelecto. Ele vai lhe mostrar agora, se você for sincero e honesto, tudo o que ele reivindica na sua vida. É totalmente impossível você receber essa bênção se há qualquer resquício de insinceridade ou rebeldia em seu coração e mente. Não pode haver reservas em sua mente. Não é para você apenas entregar a Deus algumas coisas em sua vida de acordo com seu próprio critério; Deus requer sua vida inteira.
Ele não só pede uma rendição completa do passado e do presente, mas de tudo que se refere ao seu futuro até que você seja chamado para a glória. Muitos estão em perigo de achar que já se renderam quando, na verdade, não foram até o fim nesse assunto. Talvez tenham tomado uma decisão rápida em uma conferência sem nunca ter ficado a sós com Deus para que ele lhes mostrasse o que estava envolvido nesse grande passo.
Pode levar dias ou semanas nos estágios preliminares, sozinho com Deus no lugar secreto, até que você consiga entender o que ele requer pessoalmente em sua vida. Isso demora, às vezes, porque não estamos afinados com Deus. Lembre-se, Deus lida com cada um de nós como indivíduos. As pessoas que estão buscando a Deus sempre me perguntam que preço precisam pagar para serem cheios do Espírito Santo. Nenhum pregador pode dar uma fórmula de maneira profissional a quem quer que seja. Não existe uma resposta pronta para essa pergunta.
Eu aprendi durante um período de trinta anos que apenas nosso amoroso Pai pode nos revelar o verdadeiro preço da consagração. Eu não posso dizer a você o preço que você deve pagar. Eu só sei o preço que Deus cobrou de mim – tudo! A batalha decisiva quase sempre envolve uma questão aparentemente banal, embora na visão de Deus nada seja banal. Desse problema que Deus considera vital na sua vida pode depender o resultado da batalha inteira. Lembre-se que a rendição a Deus na experiência da consagração é um estágio mais avançado e, conseqüentemente, mais difícil que a rendição na conversão. É mais fácil abrir mão do que achamos que é moralmente errado do que aquilo que pode ser certo em si mesmo, mas que não é a vontade de Deus para nós.
O ato de render-se precisa ser incorporado a uma vida de submissão. Consagração é apenas o limiar da vida cheia do Espírito. O ato leva a uma atitude, e a atitude diária leva a uma vida mais rica e completa em Cristo, à medida que nossa capacidade vai aumentando.
2. O Que Eu Entrego, Deus Aceita
O segundo fato importante é que aquilo que eu entrego, Deus aceita. Uma fé firme nesse fato é extremamente importante. Eu já apresentei definitivamente meu corpo como um sacrifício vivo ao Espírito Santo de acordo com a exortação em Romanos 12.1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”.
Agora olhe para cima e diga: “O que eu entrego, Deus aceita! Obrigado, Senhor Jesus, por esse fato!”. Uma vez que a percepção desse fato da aceitação de Deus seja firmada na mente e no coração, a alma sedenta começará a sentir progresso em sua jornada.
Já que Deus aceita tudo o que lhe entrego, preciso ter muito cuidado para analisar o custo antes de entregar qualquer coisa para a sua aceitação. Não podemos brincar com um Deus santo. Ele sempre considera seu tudo aquilo que o convidamos solenemente a aceitar e passa a usá-lo de acordo com sua boa vontade.
Se quisermos tomar de volta e apropriar para nosso uso o que foi entregue a Deus, seremos culpados de fraude. No instante em que nos retiramos do altar de Deus, nesse momento nos tornamos apóstatas. Deus não apenas aceita a completa rendição de nossas vidas, mas também de tudo o que possuímos.
3. O Que Deus Aceita, Ele Enche
O terceiro fato importante é que quando Deus aceita a entrega de alguém, ele o enche. Muitos cristãos são severamente tentados por Satanás nesse ponto, porque sua experiência não parece ser tão carregada de emoções quanto a dos outros. É aqui que o cristão precisa aprender a descansar puramente na promessa da Palavra de Deus: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva” (Jo 7.37-38).
Tão certo como ele aceita o que lhe entrego, ele o enche também! Não há uma experiência padronizada do que é ser cheio com o Espírito, assim como não há padrão de conversão. É verdade que existem fatos fundamentais comuns a todos, assim como há no novo nascimento, mas nossas experiências emocionais não são iguais.
O que eu entreguei, Deus aceitou, e o que ele aceitou, ele encheu com um propósito. Somos cheios para fazer a vontade de Deus, não importa o que nos custe. Deus só nos enche para que tenhamos poder para fazer o que nos ordenou a fazer.
A um é dado o poder de eloqüência eficaz, a outro o ministério da intercessão e a outro o poder de sofrer com paciência. Ele designa os membros no corpo “como lhe apraz” e, então, dá a cada um a capacidade de cumprir sua função individual (1 Co 12.18). Como se pode ver em 1 Coríntios 12, alguns desses dons são para serviço longe dos holofotes. Mesmo assim, a pessoa menos importante recebe o mesmo poder para executar sua função para a glória de Deus que a pessoa mais proeminente.
4. O Que Deus Enche, Ele Usa
O quarto fato importante é que quando Deus enche alguém, ele o usa. Deus certamente levará você ao serviço assim que estiver cheio da vida do Espírito. Uma coisa é trabalhar para Deus, outra é Deus trabalhar através de nós. Sua atitude de entrega absoluta dá a Deus a chance de operar a perfeita vontade dele através de você. No momento em que você foi salvo, Deus tinha um plano perfeito para sua vida (Ef 2.10). A tragédia dos nossos tempos é que poucos cristãos vivem no centro da doce, amável vontade de Deus. Eles planejam suas próprias vidas.
Concluindo, deixe-me dizer que não há um enchimento único que não precise ser renovado diariamente. Não podemos continuar vivendo e trabalhando como se Deus nos tivesse dado um capital espiritual inesgotável, do qual podemos fazer ilimitadas retiradas. Precisamos depender de Cristo momento por momento, para que tenhamos a constante manifestação e plenitude do Espírito.
“Estou convencido de que alcançarei o maior nível de felicidade presente”, disse Murray McCheyne, “se eu mantiver a consciência sempre lavada no sangue de Cristo, se sempre me encher com o Espírito Santo o tempo todo e se me tornar o mais parecido com Jesus em mente, vontade e coração que é possível para um redimido pecador neste mundo.”
Oremos com D. L. Moody:
Nosso Pai Celestial, vimos aqui para esperar em ti pelo dom de teu Espírito Santo que nos capacita a servir. Oh Deus, dá-nos o Espírito! Esvazia-nos de nós mesmos e do nosso egoísmo. Oh Deus, humilha-nos no pó diante de ti, para que sejamos cheios do Espírito Santo e para que tenhamos poder com Deus e com os homens! Oh, Deus de Elias, oramos para que a porção dobrada de teu Espírito venha sobre nós hoje, que sejamos ungidos para o trabalho que nos deste para fazer; sabemos que temos pouco tempo para ficarmos aqui!
Oh Deus, ajuda-nos a dar fruto enquanto vivemos! Que não mais fiquemos labutando dia após dia, mês após mês, sem ver fruto algum. Oh Jesus, Mestre, tu subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro. Estás à destra de Deus e tens poder.
Oh, dá-nos poder, uma nova unção. Oramos para que o faças hoje. Oramos para que sopres sobre nós com o sopro dos céus. Permite que experimentemos o Espírito Santo habitando em nós e capacitando-nos para o serviço. Pedimos tudo isso no Nome e para o bem de teu amado Filho. Amém!
Extraído do capítulo “Four Fundamental Facts” (Quatro Fatos Fundamentais) do livro “Heaven’s Throne Gift” (O Dom do Trono Celestial), por James A. Stewart. Copyright 2001 por Revival Literature, P. O. Box 6068, Asheville NC 28816, EUA.