Por: W. C. Moore
(Jeremias 29.13)
“O reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto” (Mt 11.12). “Não te deixarei ir, se me não abençoares” (Gn 32.26).
Por que estas fortes afirmações estão na Bíblia, uma no Velho Testamento, e outra no Novo Testamento? Por que esta necessidade de desespero? Por que esta ênfase em resolução? Por que este apelo a viver de todo o coração?
Deus não é um Pai amoroso àqueles que chegaram a ele com arrependimento e confissão, abandonando o pecado, e aceitando sua maravilhosa salvação pela fé em Jesus, seu Filho, por meio do seu sangue derramado? Então por que esta urgência, esta absoluta necessidade de um rosto “determinado”, um “firme propósito” (Lc 9.51), para se chegar a algum lugar em Deus? Deve haver uma razão para tudo isto. Deus é infinitamente sábio, tudo que faz é pleno de sabedoria e amor.
Um fato se destaca com clareza no horizonte do infinito amor de Deus pela raça humana: Nossa salvação foi comprada por um enorme preço – a agonia e morte do Filho de Deus. É uma salvação extraordinariamente preciosa, e Deus deseja que seja prezada como uma expressão incalculável e suprema do seu amor, antes de conferir este dom tremendo a alguém. Uma decisão que afete todo o propósito e toda a disposição da vida da pessoa precisa ser tomada, e isto nos leva a um outro fato tremendamente importante na maravilhosa sabedoria do plano de Deus.
“Escolhei Hoje”
Deus deu ao homem o poder de escolha. Fez com que fosse totalmente impossível que qualquer ser humano permanecesse “em cima do muro”. Ou você é bom ou é mau, salvo ou perdido – não há meio termo, posição intermediária, terreno neutro, para qualquer pessoa na face da terra. “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6.24). Sua vida, seu testemunho, ou vão contribuir para levar as pessoas à salvação, ou ajudará para que sejam condenadas. Jesus diz claramente: “Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mt 12.30). “Escolhei hoje a quem sirvais” (Js 24.15).
“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e AS PRATICA, será comparado a um homem prudente” (Mt 7.24). “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb 2.3). Se deixarmos de escolher a salvação de Deus por Jesus Cristo, estaremos perdidos e caminharemos para o inferno, para o “fogo inextinguível” (Mc 9.43). “Onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” (Mc 9.44).
Deixar de escolher a Deus significa que já escolhemos o diabo e o pecado. Cada pessoa que atinge a idade de responsabilidade precisa tomar uma decisão clara e definida se vai aproveitar os prazeres do pecado por um tempo, ou se vai sofrer aflições com o povo de Deus neste “presente século mau”. Esta última escolha se faz quando se ama mais a Deus do que a si mesmo e ao mundo, e porque se busca uma pátria celestial, e se considera um estranho e peregrino na terra (Hb 11.13,25).
Deus não mudou. Ele é sempre o mesmo (Ml 3.6; Hb 13.8). Foi escrito a respeito de Ezequias, que “Deus o desamparou, para prová-lo, e fazê-lo conhecer tudo o que lhe estava no coração” (2 Cr 32.31). Estamos servindo ao Senhor porque ele nos abençoa? Este é o motivo principal do nosso serviço a ele? Seguimos a Jesus porque comemos “dos pães e nos fartamos” (Jo 6.26)? Estamos seguindo-o pelos pães e peixes, ou seguimo-lo no sol e nas trevas, nos elogios e na difamação, no meio da alegria e da tristeza – só porque o amamos tanto?
Aproveite Toda Sua Fome Por Deus
“Porque a todo o que tem se lhe dará” (Mt 25.29), Jesus disse. Cultive os mais inexpressivos anseios por Deus que você tiver, e receberá anseios maiores. Se Deus “o desamparar, para prová-lo”, como fez com Ezequias – busque-o da mesma maneira. Não corra a amigos para receber consolo, mas busque ao Senhor! Amigos podem ajudar, de fato, mas busque primeiro o reino de Deus e a sua justiça. Busque a Deus, creia nele, honra a ele, e ele o honrará (1 Sm 2.30).
A Bênção do Senhor
É uma grande bênção quando temos fome pelas coisas de Deus, e devemos ser muito gratos por estes anseios dentro da nossa alma para buscar ao Senhor. Os próprios desejos de agradar a Deus vêm dele, e devemos perseverar com intensidade para conhecê-lo melhor. Oh, que nunca venhamos entristecer o Espírito Santo por negligenciar estes anseios interiores por Deus!
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos” (Mt 5.6). “Pois dessedentou a alma sequiosa e fartou de bens a alma faminta” (Sl 107.9).
“Se alguém quer vir após mim”, Jesus disse, “a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lc 9.23). A vida cristã é uma caminhada, dia após dia continuando em comunhão com o precioso Senhor. Não é uma questão de embarcar no Trem do Evangelho e de se jogar numa cadeira e ser transportado com todo o luxo para o céu. Não! A vida cristã envolve negar a si mesmo dia após dia, abandonando nossos caminhos para que possamos andar nos caminhos dele – por amarmos a ele sobre todas as coisas.
Não Ameis as Coisas do Mundo
Você escolhe o mundo ou escolhe a Deus? Não pode ter os dois. Ninguém pode servir a dois senhores. Não se enreda com as atrações do mundo.
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele” (1 Jo 2.15).
“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).
“Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
O Problema do Recém-Convertido
“Não posso entregar, este pequeno mundo que conheço, os prazeres inocentes da juventude, as coisas que prezo tanto. O coração do meu Pai é bondoso, ele não se importará se este cantinho do meu mundo ainda me encanta e me segura nos seus laços. Estas coisas pertencem à minha juventude, e são por direito dela, minhas roupas, meus passatempos, meus amigos, aqueles que são brilhantes e joviais.
“É verdade que amo ao Senhor, e quero fazer sua vontade; mas, oh, se eu pudesse tirar proveito do mundo, e ainda ser um cristão ao mesmo tempo! Entretanto, lá fora da cidade, foi lá que meu Salvador morreu. Foi o mundo que o expulsou, e contemplou enquanto o crucificaram. Não, mundo, viro-lhe minhas costas! Suas mãos são manchadas de sangue, o sangue de Jesus! Posso fazer parte daqueles que o pregaram na cruz? E onde o nome dele não é louvado, pode haver um lugar para mim?
“Não, mundo, viro minhas costas. Ainda que tenha aparência bela e bondosa, aquela sua mão de amigo estendida para mim está manchada com o sangue de Jesus. Se eu me abaixar para participar nos seus propósitos, ainda que no menor deles, sem perceber sua influência há de roubar a presença de Cristo do meu coração. Tenho saudade do sorriso do meu Salvador quando ando pelos caminhos do mundo; suas risadas abafam a voz do Espírito, e poluem as fontes do louvor.”
W. C. Moore foi o fundador do Arauto da Sua Vinda, junto com sua esposa, Sarah F. Moore, em 1941. Ambos já estão com o Senhor.