Por: G. Roger Schoenhals
Eu me lembro de quando criança ter ouvido um sermão sobre o inferno. Aquiio me assustou tanto que eu quis me tornar cristão apenas para que eu pudesse escapar daquele lugar horrível. Isto foi há 30 anos atrás. Hoje as coisas mudaram. Um sermão sobre o inferno é tão raro quanto um búfalo selvagem assoviando “Dixie”. Ouvimos semões sobre o amor, discipulado, dons espirituais, desenvolvimento de ministérios sociais e morais, mas muito pouco sobre a ira de Deus.
Uma razão para isto é que em nossa reação aos excessos e distorções do passado, cai mos no outro extremo onde só nos sentimos à vontade com temas positivos como o amor e a realização espiritual. A marca da “boa vida” cristã tem pouco espaço para a santidade de Deus, a desventura do pecado, o julgamento eterno, a tristeza e o arrependimento.
Uma outra razão pode ser o nosso desejo de ganhar novos convertidos. Nós balançamos as “vantagens” da vida cristã como um pêndulo diante dos incrédulos mas hesitamos em falar-lhes a respeito do inferno.
Além disso existe a ênfase contemporânea sobre o determinismo: Você na verdade não pode evitar nem mudar o seu jeito de ser. B.F. Skinner fez muito para nos aliviar da culpa. Ele ensinou-nos que somos apenas animais sociais agindo sob condicionamento. Não existe essa coisa de pecado pessoal, responsabilidade, julgamento ou inferno.
Uma das influências mais fortes que nos desvia de uma visão séria do inferno é a filosofia do humanismo que diz que o homem é basicamente bom. No seu melhor estado, ele nunca deixaria um outro ser humano sofrer. E visto que Deus é melhor do que o homem, Ele certamente não permitiria que nenhuma de Suas criaturas sofresse eternamente no inferno.
Esta linha de raciocínio apresentou-se em um programa especial na TV sobre “nascer de novo.” Bill Moyers tratou sobre a questão do inferno com um cristão adolescente. “Eu conheço pessoas que são moralistas e boas e que não dizem ser nascidas de novo,” Moyers disse. “Como um Deus bom permitiria que elas fossem para o inferno?”
O jovem deu de ombros e respondeu: “É isto que a Bíblia diz.”
A Questão Básica
Na realidade, a resposta do adolescente é a questão básica na resposta sobre quem vai para o inferno. A autoridade dos cristãos sobre o assunto é a Bíblia, a Palavra Inspirada de Deus.
Fácil crendice, determinismo, humanismo, estas todas são periféricas. No centro de tudo está o desmoro¬namento da autoridade bíblica. Quanto menos autoridade atribuirmos às Escrituras menos autoridade terão os seus ensinamentos sobre o inferno.
Podemos fazer nossos joguinhos com a Bíblia, evitar e distorcer passagens que nos põem em conflito com o pensamento contemporâneo. Podemos tentar passar bor baixo, por cima ou evitar as referências que ofendam nossas sensibilidades humanas. Podemos ignorar, fingir, e até mesmo deixar de lado o que lemos nas Escrituras. Mas isto muda alguma coisa? A Palavra de'” Deus permanece para sempre (Mt 24:35).
O chamado da igreja não é julgar a Palavra; é crer nela e declará-la a uma geração tortuosa e perversa. Os cristãos precisam transmitir a Palavra inteira, inclusive as passagens sobre o inferno.
Jesus acreditava no inferno. Pegue uma Bíblia e dê uma olhada nas referências. (Veja, por exemplo, Mt 5:21,22,29,30; 16:18; 18:8,9; 23:15,33; Lc 12:4,5; 16:23.) Ele não fazia rodeios com as palavras. Leon Morris, um erudito equilibrado do Instituto Christianity Today, disse, em um artigo na revita Christianity Today (27 de maio 1991), que Cristo falava mais sobre o inferno do que sobre o céu.
Como é o Inferno?
O inferno foi preparado para o diabo e seus anjos (Mt 25:41). Ele não foi criado para o homem. E Deus jamais enviaria alguém para lá. Nós mandamos a nós mesmos. E uma escolha que fazemos quando recusamos aceitar a salvação gratuita de Deus.
O inferno é horrível. A maneira como usamos esta palavra nos dias de hoje dilui o nosso entendimento com relação às verdadeiras condições que existem lá. Mesmo as analogias das Escrituras (lago de fogo, abismo, ranger de dentes e assim por diante) cometem injustiça quanto à realidade de ser totalmente isolado de tudo o que é bom e verdadeiro.
O inferno é eterno (versículo 46). O ensino de uma punição temporária é uma perversão da verdade. Jesus declarou claramente que o inferno é final e para sempre.
Eu não estou fazendo um chamado para um retorno aos velhos dias quando pregadores como Jonathan Edwards segurava seus ouvintes em cima do lago de fogo do inferno. E não estou pedindo uma atenuação do nosso ensinamento e pregação sobre o amor de Deus. Estou falando sobre equilíbrio, estou apelando para que se faça uma apresentação do quadro completo.
O que acontece quando os cristãos levam à sério o ensino bíblico sobre o inferno? Há uma sobriedade no nosso pensamento e oração. Um senso de urgência nos domina. Proclamamos a salvação sincera e fervorosamente.
Quando reconhecemos a santa e justa natureza de Deus, temos uma preocupação maior com uma vida santa. Fugimos do mal e de tudo que ê impuro. Desejamos ser cheios com o Santo Espírito.
E mais importante, ganhamos um entendimento mais claro do amor de Deus. É somente quando vemos o horror do pecado e o quanto Deus o odeia, nos apaixonamos mais profundamente pelo puro Filho de Deus que levou sobre Si os pecados do mundo inteiro para que as pessoas pudessem ser salvos da culpa e libertos da justa ira de um Deus santo.
O amor de Deus é vazio sem o inferno. Vamos tirar o inferno para fora do armário, onde ficou trancado portanto tempo.
Uma reimpressão de “O que Aconteceu ao Inferno?” de G. Roger Schoenhals, da Alliance Life, de 31 de julho de 1991.
Usado com permissão.
Uma resposta
Ler uma palavra nos coloca em um posicionamento diante deste mundo e diante de Deus..