Por Luiz Montanini
É maravilhoso ver jovens e adolescentes engajando-se na importante tarefa de tradução das Escrituras para milhões de sem-bíblias desta Terra. Mas também é frustrante constatar que milhares de povos esperarão, na melhor das hipóteses, pelo menos vinte anos para ter em mãos uma pequena porção da Bíblia, e outros tantos ficarão ainda na fila por um bom tempo.
A tarefa de evangelização mundial nos moldes atuais – que inclui a tradução dos textos bíblicos – é sobremaneira inglória e de pouco resultado. Só um exemplo: apenas para que um cristão ganhe a simpatia de um muçulmano e seja convidado para entrar em sua casa são precisos, no mínimo, três anos. E isto com muita sorte e com um testemunho irrepreensível, uma vez que o atual padrão do cristianismo ocidental sequer chega aos pés do estilo de vida sadio e do caráter ilibado da maioria dos muçulmanos.
Para um evangelho descrito como o poder de Deus, o fato é que, para vergonha nossa, temos estado aquém – muito longe mesmo – de viver o que temos lido.
Enfim, precisamos, desesperadamente, de um milagre. E só Deus –especializado no assunto – é capaz de nos tirar desse opróbrio. Necessitamos, urgentemente, de uma intervenção sobrenatural na Igreja que desencadeie uma Babel ao revés, produzida por um avivamento de proporções mundiais, que novamente transtorne o mundo (At 17.6).
A história da torre de Babel é conhecida (Gn 11.1-11). Em síntese, uma trupe em busca da fama quis edificar para si uma cidade e uma torre que chegasse aos céus. E Deus, admitindo o poder e perigo da unidade, mesmo em base enganosa, frustrou-lhe o intento. O grupo saiu confuso e dividido mundo afora, línguas embaralhadas. Desde então, Babel – que significa porta dos deuses – tornou-se sinônimo de confusão até mesmo em seu significado: acabou confundida por associação verbal com a palavra hebraica balal, esta sim a verdadeira palavra que significa confusão.
O que seria, então, essa Babel ao revés? Que Deus levará o mundo a adotar uma só língua, como o inglês, por exemplo, como alguns defendem? Talvez não. Embora Deus possa e esteja usando o inglês de forma maravilhosa na propagação mundial do evangelho, espera-se que algo mais aconteça para que o sobrenatural seja evidenciado, autenticando a assinatura do Pai nesse negócio.
O que Deus pode estar fazendo nisso tudo talvez seja apenas colocar muitas coisas em seus devidos lugares, antes de enviar o esperado avivamento mundial.
Uma dessas coisas refere-se à glória. Esta sempre será de Deus, e ele não a dividirá com ninguém. Por isso é necessário o revés em Babel, o tombo em Babilônia, para que a cidade seja mesmo construída – não uma cidade de homens, mas de Deus, com verdadeiros fundamentos em Cristo. Para que o nome do homem-deus caia por terra e o do Deus-homem, Jesus, seja exaltado.
Aí, sim, sobre bases corretas, que tornam célebre o Nome de Jesus, a igreja será edificada sem restrições. E o poder de Deus cairá sobre a nação santa. Haverá novo e maravilhoso Pentecostes.
E nesse dia todos falarão uma língua universal? Não, certamente.
Afinal, seria por acaso que línguas de fogo apareceram e pousaram sobre os discípulos? Por que surgiram línguas naquele momento importante?
Também teria sido por acaso que inúmeros estrangeiros – de 16 nações citadas e de línguas diferentes – ouviram os discípulos falar das grandezas de Deus em suas próprias línguas (At 2.5-12)?
Isso seria um milagre apenas desfrutado pela igreja primitiva? Também não, certamente. Eu mesmo conheço alguém que certa vez pregou em francês sem saber nada da língua. E o francês que o ouvia entendeu tudo perfeitamente e sem sotaque. No entusiasmo da conversa, o rapaz nem se dera conta de que pregava em francês. Quando percebeu, sua língua enrolou e ele não conseguiu falar mais nada. Mas o francês já havia entendido a mensagem.
Certamente podemos esperar que nestes últimos dias Deus fará uma Babel ao revés para desfazer o que o homem introduziu no início de sua história. Sabemos, também, que as nações e povos não alcançados ouvirão um evangelho de poder fluindo da boca de milhões de crentes que serão dispersos pelo mundo. Exatamente como isso acontecerá não sabemos, mas que precisamos de uma intervenção sobrenatural de Deus é indiscutível, pois do contrário não conseguiremos completar a tarefa.
Quem sabe, será exatamente assim: milhões se convertendo ao ouvir, milagrosa e inexplicavelmente, homens e mulheres cheios do Espírito Santo falarem das grandezas de Deus em suas próprias línguas, mesmo sem tê-las jamais estudado. E suas palavras sendo comprovadas por meio de sinais que as seguirão.
Enquanto isso, não devemos ficar de braços cruzados, esperando por essa intervenção. Devemos orar para que Deus continue a levantar muito mais tradutores das Escrituras, e continuar trabalhando intensamente para alcançar estes povos que não têm acesso algum às palavras da vida. E mesmo quando Deus agir sobrenaturalmente, os convertidos precisarão crescer discipulados a Cristo e fundamentados na Palavra escrita.