22 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Devocional: Esperando em Deus Pra Valer

Por Maurice Smith

“O que precisamos urgentemente nestes dias é de um grupo de cristãos que esteja preparado para confiar em Deus – agora – tão totalmente quanto será necessário no último dia. Para cada um de nós, certamente, está prestes a chegar o tempo em que não teremos outra saída senão Deus. Saúde, riqueza, amigos e segurança natural nos serão tomados, e nada teremos além de Deus. Para aquele que tem uma fé apenas aparente (pseudofé), esta é uma idéia apavorante, mas, para o que tem a fé verdadeira, é uma das idéias mais confortantes que o coração pode nutrir.” A. W. Tozer em Verdadeiras Profecias, Editora dos Clássicos, São Paulo, 2003.

Quanto a você, não sei, mas a minha tendência natural é ser impaciente. Odeio esperar. Não consigo compreender por que Deus ainda não liberou um genuíno despertamento espiritual no mundo, um rio fluindo de casa em casa, gerando igrejas nas quais a Presença de Deus se manifestasse, em que sinais e maravilhas fossem comuns e não-convertidos pudessem provar e ser tocados pelos poderes da era vindoura.

Onde está o problema? Será que Deus não percebe o empenho com que estamos trabalhando? Será que não compreende a urgência da hora? Será possível que o Todo-Poderoso tenha menos pressa do que eu?

É evidente que estou dizendo isso com ironia, mas essa atitude, de fato, pode ser encontrada nos mais diversos setores do povo de Deus hoje. Creio que o fracasso de muitos programas na igreja se deve à atitude bem-intencionada de pessoas que acham que atividade é o mesmo que ministério e que a obrigação da igreja é fazer algo para Deus. Um dos meus adesivos favoritos diz o seguinte: “Jesus está voltando! Corra e faça alguma coisa!” Ou, então, pense neste lema ministerial de um conhecido meu: “Deus está com pressa. Está esperando que comecemos a nos mexer!”

Ah, é mesmo? Acho que perdi esse recado divino. Mas o que não perdi foram os mais de trinta recados de Deus sobre a importância e a bênção de esperar nele (veja esta relação a seguir: Gn 49.18; Sl 25. 3, 5, 21; 27.14; 33.20; 37.34; 39.7; 40.1; 52.9; 69.6; 106.13; 130.5; Pv 20.22; Is 8.17; 25.9; 26.8; 30.18; 33.2; 40.31; 49.23; 51.5; 60.9; 64.4; Jr 14.22; Lm 3.25; Os 12.6; Hc 2.3; Sf 3.8).

Embora o espaço não permita um comentário individual sobre cada uma das passagens acima, quero despertar sua reflexão sobre o assunto, fazendo-lhe algumas perguntas.

1. Você está disposto a esperar pela libertação de Deus?

Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos. E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no Senhor. Sl 40.1-3.

Este é um dos meus salmos favoritos. Veja o que acontece aqui. Em resposta à espera do salmista, Deus fez cinco coisas: inclinou-se, ouviu, tirou, colocou e firmou! O resultado foi que muitos viram, temeram e confiaram. Você ou sua igreja estão precisando de uma libertação? Você gostaria que as pessoas olhassem para os tratamentos de Deus em sua vida e passassem a ver, temer e confiar? Você já ponderou a possibilidade de esperar em Deus?

Veja a seguir uma outra citação de A. W. Tozer, da mesma obra mencionada no início deste artigo:

Muitos de nós, cristãos, tornamo-nos extremamente habilidosos em organizar nossa vida de forma a admitir a verdade do Cristianismo sem ficarmos envergonhados com suas implicações. Dispomos as coisas de modo que possamos nos dar razoavelmente bem sem auxílio divino, ao mesmo tempo em que, ostensivamente, o buscamos. Confessamos confiança no Senhor, mas vigiamos atentamente para que nunca sejamos apanhados numa situação em que realmente tenhamos de depender dele. […] A pseudofé sempre arruma uma saída no caso de Deus falhar. A verdadeira fé conhece apenas um caminho e alegremente permite que seja desprovida de qualquer saída secundária ou substituto paliativo. Para a verdadeira fé, ou é Deus ou colapso total.

Aqueles que proclamam que Deus está com pressa se parecem mais com Saul, quando esperava pelo profeta atrasado, Samuel (1 Sm 13). Têm receio de que as pessoas acabem se dispersando porque Deus deixou de comparecer no momento apropriado do seu programa cuidadosamente arquitetado e agora estão apavorados, procurando por um “Plano B” para mascarar o “atraso” de Deus e manter sua própria posição. Nunca cogitaram seriamente a possibilidade de que Deus pudesse realmente permitir um fracasso total a fim de refinar sua fé e moldar seu caráter, e não estão dispostos a aceitar tamanha humilhação. Por isso, como Saul, passam para o “Plano B” com conseqüências desastrosas. Você quer realmente aprender a esperar em Deus por libertação? Então cancele o “Plano B” e veja o que Deus fará.

2. Está disposto a esperar pelo conselho de Deus?

Cedo, porém, se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu conselho; mas deixaram-se levar pela cobiça, no deserto, e tentaram a Deus na solidão. E ele satisfez-lhes o desejo, mas fez definhar as suas almas. Sl 106.13-15.

Não podemos viver no passado. Tentar viver dos avivamentos de ontem é como comer o maná de ontem. Mesmo assim, há grande benefício em aprender lições de moveres passados do Espírito de Deus. Uma dessas lições a serem aprendidas é que o Espírito de Deus é derramado não sobre aqueles que trabalham pra valer, mas sobre aqueles que esperam pra valer.

Como os israelitas, nossa tendência é esquecer o que Deus faz por aqueles que esperam pra valer; conseqüentemente, deixamos de “esperar o seu conselho”, escolhendo, no lugar disso, perseguir nossos próprios desejos (de volta para o “Plano B”).

Nesse ponto, Deus pode até resolver fazer a “pior coisa possível”: dar-nos o que tão desesperadamente cobiçávamos (a palavra no hebraico significa desejar, cobiçar ou almejar fortemente; portanto, ter veemente e ardente apetite por alguma coisa).

Ah, sim, e não podemos deixar de mencionar que Deus também pode nos enviar alguns de seus “juízos” a fim de ensinar-nos, ao mesmo tempo, a humildade e a importância de esperar por seu conselho. Você duvida? Acha que Deus nunca faria uma coisa dessas a um dos seus? Bem, eu tenho uma falência financeira pessoal, uma execução bancária e uma “manqueira” permanente para me lembrar todos os dias que ele, de fato, “corrige a quem ama”.

Você está disposto a esperar pelo conselho de Deus ou prefere que ele o coloque num curso prático intensivo para descobrir que o que anelamos tão ardentemente nem sempre é o que Deus deseja nos dar?

3. Está disposto a esperar pela visão que Deus lhe deu?

O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo. Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará. Hc 2.2,3.

Deus já lhe mostrou uma visão do alvo que tem para você, daquilo que quer fazer através de sua vida? Já acordou para o fato que essa visão pertencia a Deus, como anseio do seu coração, muito antes de ela ser transmitida para você? No sentido mais verdadeiro, ela nem mesmo pode ser chamada “sua visão”. É a visão dele. Deus só permitiu, graciosamente, que você também a enxergasse.

Você acredita que Deus tem um plano, incluindo um perfeito cronograma, para o cumprimento dessa visão divina? Está disposto a esperar, mesmo que pareça estar demorando muito mais que deveria?

Durante o Avivamento de Gales de 1904, Evan Roberts confidenciou que havia orado por um avivamento durante mais de 10 anos (desde a idade de 16 anos até os 26, quando o avivamento finalmente chegou). Esse é um tempo bem longo para se ficar orando e esperando!

Há alguns dias, durante meu período vespertino de oração, tive uma visão da qual eu mesmo fazia parte. Eu estava em pé diante de um grande painel de vidro, como se fosse uma vitrine de loja. Estava do lado de fora, com meu rosto prensado contra o vidro, tal qual uma criança na época do Natal diante de uma loja de brinquedos. No outro lado do vidro, eu via Atos 2.42-47 acontecendo outra vez através de um genuíno mover de Deus nas igrejas nos lares. Contudo, não havia meio de atravessar o vidro! Eu podia ver tudo acontecendo diante dos meus olhos – o Rio de Deus fluindo, a igreja nos lares florescendo – mas eu não sabia como chegar lá.

Você já sentiu algo semelhante a respeito de uma visão daquilo que Deus queria fazer em e através de sua vida? Então, seja bem-vindo ao mundo maravilhoso de “esperar pra valer” em Deus! “Se tardar, espera-o; porque, certamente, virá, não tardará.” Essa é a promessa de Deus. Está disposto a se empenhar em esperar por ela?

4. Está disposto a esperar por aquilo que Deus já decidiu realizar?

Esperai-me, pois, a mim, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque a minha resolução é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles fazer cair a minha maldição e todo o furor da minha ira; pois toda esta terra será devorada pelo fogo do meu zelo.
Então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor e o sirvam de comum acordo. Sf 3.8,9.

Este ponto é uma continuação do número 3, esperar na visão que pertence a Deus. Será que realmente apreciamos o fato de que Deus sabe o que está fazendo, especialmente quando nós não sabemos? Deus não depende de outros fatores nem fica confuso, como freqüentemente ocorre conosco. Ele planeja, forma um propósito e o cumpre (em contraste com a maioria das pessoas).

Quanto à nossa parte, eu gosto de dizer que há duas maneiras de se fazer a vontade de Deus. Podemos fazê-la voluntariamente ou podemos fazê-la involuntariamente. Mas, no fim, todos nós faremos a vontade de Deus. A “boa notícia” é que temos chance agora de escolher entre as duas.

E o que é a vontade de Deus? Que esperemos por ele (voluntária ou involuntariamente, a escolha é sua).

5. Está disposto a esperar que Deus o surpreenda?

Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de sorte que as nações tremessem da tua presença! Quando fizeste coisas terríveis, que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença. Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera. Is 64.1-4.

Essa é uma das grandes passagens sobre “avivamento” nas Escrituras. Quando R. B. Jones escreveu sobre o Avivamento em Gales de 1904, ele deu ao relato o título “Céus Fendidos” e observou na introdução que aquele avivamento fora uma das épocas em que Deus, de fato, respondera a esse clamor de Isaías.

Observe, porém, duas coisas que a história dos avivamentos confirma. Primeiro, os céus são fendidos para aqueles que esperam por Deus. Segundo, durante tais épocas, Deus sempre faz coisas que surpreendem as pessoas e que excedem a todas suas expectativas. Deus não fende os céus em favor dos que “trabalham pra valer”, mas em favor dos que “esperam pra valer”. Em que grupo você está?

6. Você compreende que Deus está esperando… que você espere nele?

Por isso, o Senhor espera, para ter misericórdia de vós, e se detém, para se compadecer de vós, porque o Senhor é Deus de justiça; bem-aventurados todos os que nele esperam. Is 30.18.

A palavra no hebraico significa esperar com ansiedade ou expectativa. O sentido desse versículo é: Deus está esperando que nós… esperemos nele.

Assim, voltamos à nossa pergunta inicial: “Deus está mesmo esperando por nós?” A resposta é “sim”, mas não o “sim” que provavelmente esperávamos. Deus, de fato, está esperando por seu povo, mas não para que se empenhe mais em trabalhar pra valer por ele. Pelo contrário, está esperando que nos empenhemos em esperar pra valer por ele. Pois é nesse tempo de esperar pra valer que ele nos revelará sua libertação, dará seu conselho, transformará nossos desejos nos desejos dele (obs: nós é que somos transformados, não ele!), nos preparará para o cumprimento das suas visões, revelará o que já decidiu realizar e nos surpreenderá com “coisas terríveis” que excedam, e muito, a nossas expectativas infantis. Ele realmente está esperando… que esperemos por ele.

Quanto a mim, estou decidido a esperar (ainda estou trabalhando naquela parte de esperar pacientemente). Não tenho mais interesse em pseudomovimentos, que nada mais são que fruto do melhor esforço, entusiasmo e engenhosidade que o homem consegue produzir. Eu sei, porque já estive lá. Já fiz tudo isso. Vesti a camiseta. Não funcionou. Agora estou atrás de outra coisa…

Você precisa entender. Tive uma visão. É a visão do Rio de Deus fluindo em poder espetacular através de milhares de igrejas nos lares em milhares de cidades e vilas, exatamente como aconteceu em Atos do segundo ao quarto capítulo, quando aproximadamente 25.000 pessoas foram alcançadas por Cristo. Se havia mais ou menos 25 pessoas em cada igreja caseira, isso significa que nasceram umas mil igrejas nas casas em questão de dias! É a visão desse tipo de mover que estou nutrindo na minha mente.

Como uma criança no Natal, apertei meu nariz contra a vitrine, contra o vidro do “se tardar, espera-o”, que nos separa do cumprimento da visão.

Às vezes, em frustração, tenho me voltado para o Pai e clamado: “Até quando?”

E a resposta vem: “Ainda não, filho… mas logo virá… espere por ela (a visão)”.

“Tudo bem, mas está ficando bem mais difícil do que imaginava”, eu choro.

“Eu sei, filho. Você vai ter de confiar em mim nessa questão… só um pouco mais e você se surpreenderá com o que farei… espere por mim.”

Maurice Smith é autor e implantador de igrejas nas casas nos Estados Unidos, onde dirige a Rede Parousia de Igrejas nas Casas (Parousia Network of House Churches). Outros artigos de sua autoria podem ser encontrados (em inglês) no seu site www.parousianetwork.org. Contatos: [email protected].

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Uma resposta

  1. Simplesmente extraordinário este estudo.Ele retrata muito bem a dificuldade que todos nós encontramos na difícil tarefa de esperar em Deus.
    Saudações cristãs!

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