21 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Orar: Importância Máxima Para Deus e Para o Homem

Por Pedro Arruda

O Papel da Oração na Restauração do Homem

Ninguém duvida que Deus tem poder para fazer tudo que deseja sozinho. No entanto, a Bíblia revela que ele prefere agir de comum acordo com o homem. No princípio da criação, por exemplo, encarregou Adão de nomear os animais sem dar-lhe uma relação previamente preparada, como uma lista de chamada; tampouco fez qualquer reparação ao trabalho executado pelo homem , corrigindo ou acertando os nomes. “E o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles” (Gn 2.19). Em outras palavras, se o Senhor os tivesse nomeado diretamente, não o teria feito de maneira diferente.

Adão, revestido da glória de Deus e em plena comunhão com ele, fluía livremente em harmonia com a  vontade divina. Porém, o pecado que destituiu o homem da glória de Deus também causou o rompimento da comunhão entre ambos  e tirou a liberdade do homem de fluir na vontade de Deus. O que Deus quer fazer conosco é restituir-nos à condição original, reparando o prejuízo que o pecado trouxe. É isso que devemos ter em mente quando oramos, pois a oração não é um simples falar com Deus. Mais que um diálogo com Deus, é a permissão para  que sua vontade flua através de nossas palavras, atitudes e ações.

“E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito” (I Jo 5.14-15). O primeiro e mais importante resultado da oração é nos conformar à vontade de Deus de maneira que possamos agir como Adão ao nomear os animais: fluir na vontade de Deus e portar a sua glória. Quando Moisés desceu do monte, seu rosto brilhava e os hebreus contemplavam nele a glória do Senhor. Isso era perfeitamente compatível com o conhecimento que ele tinha da vontade de Deus, pois, muito além de conhecer os feitos do Senhor, ele conhecia também os seus caminhos. Tal era a intimidade, que  Moisés discutiu com Deus  a decisão deste de eliminar toda a nação, e dispôs-se antes a perecer junto com o povo do que se salvar sozinho. Com essa atitude, conteve a ira de Deus sobre os hebreus que o haviam substituído pelo bezerro de ouro em sua adoração.

Alinhando-se Com a Vontade de Deus

A atitude de um intercessor não pode ser contrária à vontade de Deus (que todos cheguem ao conhecimento da salvação), nem à sua graça e misericórdia. É com essa atitude que devemos orar e não com um arrogante espírito de juízo e condenação sobre as pessoas. O intercessor se qualifica como tal à medida que se coloca no lugar das pessoas por quem intercede. Assim procedeu Daniel, um homem justo que se colocou como pecador junto com as gerações passadas, dizendo: “Nós pecamos (…); a nós pertence o corar de vergonha” (ver Dn 9.5,8). Jesus, o intercessor por excelência, colocou-se no lugar do homem perdido a fim de exercer esse ministério.

Não podemos agir na presunção de que os pecados daqueles que não pertencem à nossa denominação não nos afetam, por mais estranhas e distantes que nos pareçam suas práticas. Se realmente queremos que Deus opere, precisamos ter a consciência de corpo, sabendo que os erros de outros nos  prejudicam tanto quanto os nossos  próprios. Não é por nos colocarmos  numa posição de juízes que vamos  obter a misericórdia que pedimos a Deus.

Quando os discípulos pediram que Jesus lhes mostrasse como orar, ele lhes  ensinou a pedir que a vontade de Deus se realizasse na terra assim como já é realizada no céu. Em outra ocasião, Jesus levou seus discípulos a se condoerem junto com ele pelas ovelhas perdidas e sem pastor e a orarem a partir da perspectiva desse sentimento: “A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt 9.37,38).

Semelhantemente, enquanto os mestres e profetas da igreja de Antioquia serviam ao Senhor, este os levou a enxergar a necessidade das pessoas em outras localidades, a qual seria suprida por Deus somente a partir da pregação da sua Palavra. Foi essa disposição que permitiu que o Espírito Santo apartasse e enviasse a Barnabé e a Saulo para a obra de expansão e estabelecimento da igreja em várias localidades.

Tanto os doze discípulos como Saulo e Barnabé foram sensibilizados para que tivessem o mesmo sentimento do Senhor, antes de serem enviados. E a oração foi fundamental para que Deus transferisse aos seus servos seu sentimento e sua vontade.

Uma vez que a oração está diretamente relacionada com a vontade de Deus e com o seu reino, devemos ser insistentes nesse assunto até o limite da importunação, a fim de que venha esse reino trazendo essa  vontade. Entretanto, quando o assunto é de nosso interesse pessoal, a ação correta para demonstrar uma atitude de confiança em Deus é falar o menos possível sobre o assunto, sabendo que, ao agradarmo-nos da vontade do Senhor, ele satisfará o desejo do nosso coração.

O Outro Lado do Profeta

Normalmente, um profeta é reconhecido como porta-voz de Deus, destacando-se como tal por aquilo que fala ao povo. Daí concebermos, como ícone, o homem solitário e rude que fica nervoso ou deprimido pela frustração de conhecer a vontade de Deus ao mesmo tempo que convive com a indiferença do povo  em  relação a ela.  No entanto, não podemos deixar de considerar que o profeta, antes de anunciar a palavra de Deus, deve conhecer seus segredos, pois, de acordo com o testemunho de Amós, o Senhor nada faz sem antes revelar seus segredos aos seus servos, os profetas. Não há como conhecer os segredos de Deus sem antes conhecer a ele mesmo. Esse conhecimento é decorrente do relacionamento estabelecido entre o profeta e Deus. Assim, embora seja um fato pouco percebido, não menos importantes do que as palavras que vêm de Deus para o profeta são aquelas que o profeta fala para Deus, já que o fato de ser um intercessor é algo  inerente ao  seu ofício, e é isso que abre o caminho para conhecer a  intimidade de Deus.

Como vimos anteriormente, o profeta Daniel, um dos intercessores preferidos de Deus (Ez 14.14,20), ao tomar conhecimento de que o período de cativeiro na Babilônia seria de setenta anos (Dn 9.2), não partiu para proclamar essa revelação ao povo. Pelo contrário, entrou imediatamente em oração intercessória  , clamando a misericórdia de Deus ao mesmo tempo em que pedia perdão pelo seu povo, incluindo-se nele. A mesma observação vale para o caso de Moisés que, prontamente, interpôs-se  com ousadia entre Deus e o povo para que este último  não fosse destruído.

Esses exemplos mostram com clareza a importância do aspecto intercessório do ministério profético, chegando até a superar o valor da proclamação aos homens, pois a oração move o coração de Deus a favor do povo, como também o do povo para com Deus. É como se pela oração Deus plantasse a sua vontade no coração do profeta e, depois, por meio do ministério profético, fizesse convergir o coração do povo para ela ; enquanto a vontade de Deus  traz misericórdia e perdão, o profeta conclama ao arrependimento.

Pedro Arruda reside em Barueri, SP, e é um dos coordenadores de uma comunhão de grupos espalhados por várias cidades e estados no Brasil.

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