Por Wayne Jacobsen
Se existe algo que realmente suscita admiração, reverência e profundo temor no meu coração é o impressionante milagre de como o Verbo de Deus se tornou carne entre nós – primeiro no próprio Jesus, e agora em nós.
Eu moro na região de Los Angeles, na Califórnia, EUA, onde sempre ouvimos falar de estrelas e personagens importantes que vão aparecer em determinados locais. Por exemplo: “Celine Dion Apresenta-se Hoje em Ceasar´s Palace”. Isso me faz pensar nos lugares (vidas) onde tenho visto Jesus aparecer ultimamente. E não estou falando meramente de pessoas que já o confessaram como Senhor e Salvador, mas que foram transformadas significativamente por Deus e liberadas para conhecê-lo melhor, mesmo no meio das tragédias mais inimagináveis. São pessoas comuns, que jamais pensariam ou falariam de si mesmas como réplicas de Jesus, mas que estão servindo de canal para que o Verbo do Pai apareça em muitos lugares diferentes por todo este mundo tenebroso.
A religião não transforma as pessoas. Pelo contrário, traz uma enorme carga de obrigações e as ocupa com infindáveis atividades. Mesmo que as induza a fazer certas mudanças cosméticas e externas a fim de aplacar a Deus, não traz transformação lá na raiz mais fundamental das pessoas. Somente Deus pode fazer isso, e creio que ele o faz melhor à medida que simplesmente vivemos cada dia com nossos olhos focalizados nele, respondendo à sua graça à medida que as situações se desdobram ao nosso redor.
Nada ilustra isso melhor que uma das minhas histórias favoritas de Mike Yaconelli, extraída do seu livro Messy Spirituality (Espiritualidade Desordenada). É sobre Daryl, um voluntário relutante do grupo de jovens de uma igreja, que acabou sendo recrutado meio a contragosto para uma visita à enfermaria para idosos na sua cidade. Sem vontade de participar do culto, Daryl ficou bem no fundo, encostado na parede entre dois internos em cadeiras de rodas.
Assim que o culto terminou, Daryl quis fazer uma saída rápida do local, quando alguém agarrou em sua mão…
Surpreso, olhou para baixo e viu um senhor velhinho, muito frágil e visivelmente solitário, numa cadeira de rodas. O que Daryl podia fazer, senão ficar ali segurando aquela mão? A boca do homem ficava sempre aberta e o rosto emaciado era totalmente inexpressivo. Era duvidoso que pudesse ouvir ou enxergar.
Quando os companheiros do grupo começaram a se despedir para ir embora, Daryl percebeu que não queria mais deixar o velhinho. Ele sabia muito bem, por experiência própria, o que significava ser deixado sozinho. Um tanto surpreendido pelos sentimentos que invadiam seu coração, Daryl abaixou-se e sussurrou: “Ah… sinto muito… terei de ir agora, mas voltarei, prometo”. Sem qualquer aviso prévio, o velho apertou a mão de Daryl e, em seguida, a soltou.
Enquanto os olhos se enchiam de lágrimas, Daryl pegou suas coisas e começou a sair. Inexplicavelmente, ele ouviu sua própria voz dizendo ao homem: “Eu te amo”, e pensou: “De onde veio isso? O que está acontecendo comigo?”
Seis visitas depois, lá estava Daryl com o grupo novamente. O culto estava começando, mas Oliver ainda não fora trazido na sua cadeira de rodas. Daryl não se preocupou, a princípio, porque geralmente levava um certo tempo para as enfermeiras buscarem todos os internos para a sala principal. Mas depois de passar metade do culto, Daryl foi procurar a enfermeira chefe, que o levou ao quarto dele.
Oliver estava deitado em sua cama, seus olhos fechados, sua respiração irregular. Com quarenta anos, Daryl nunca vira uma pessoa morrendo, porém não havia dúvidas de que o velhinho estava partindo. Lentamente, foi caminhando para o lado da cama e tomou a mão de Oliver nas suas. Quando não houve reação alguma, lágrimas encheram seus olhos. Ele sabia que provavelmente não o veria outra vez com vida. Havia tanta coisa que queria dizer, mas as palavras não saíam. Depois de ficar com Oliver por quase uma hora, o dirigente do grupo o avisou gentilmente que estavam de saída.
Daryl ficou em pé e apertou a mão de Oliver pela última vez. “Sinto muito, Oliver, preciso ir. Eu te amo.” Quando ia soltando a mão, ele sentiu um aperto. Oliver havia correspondido! As lágrimas desciam incontroláveis agora e Daryl tropeçou em direção à porta, tentando se recompor.
Uma jovem senhora estava em pé à porta e Daryl quase a atropelou. “Desculpe-me”, ele disse. “Eu não a vi.”
“Tudo bem. Eu estava esperando para falar com você”, ela disse. “Sou neta do Oliver. Ele está morrendo, você sabe.”
“Sim, eu sei.”
“Eu queria conhecê-lo”, ela disse. “Quando os médicos disseram que o Vô estava morrendo, vim imediatamente. Sempre fomos muito íntimos. Disseram que ele não podia mais conversar, mas ele tem falado comigo. Não muito, mas dá para entender o que diz. Ontem à noite, ele acordou. Seus olhos estavam brilhantes e alertas. Olhou dentro dos meus olhos e disse: ‘Por favor, diga adeus a Jesus por mim’, e, em seguida, reclinou-se e fechou os olhos.
“Ele me pegou desprevenida, mas assim que me recuperei, sussurrei a ele: ‘Vovô, não preciso dizer adeus a Jesus; o senhor logo estará com ele e poderá saudá-lo pessoalmente’.
“Vovô fez um grande esforço para abrir seus olhos outra vez. Desta vez, seu rosto ficou iluminado com um sorriso maroto e ele disse com tanta clareza como estou falando com você agora: ‘Eu sei, mas Jesus vem me visitar todo mês e pode não saber que já parti’. Depois, fechou os olhos e não falou mais nada desde então.
“Contei para a enfermeira o que ele disse, e ela me falou que você tem vindo todo mês e que tem ficado com ele, segurando sua mão. Eu queria agradecer-lhe por ele e, bem, nunca pensei em Jesus como sendo gordinho e calvo como você, mas imagino que Jesus tenha ficado muito contente por alguém ter confundido você com ele. Tenho certeza que o Vovô também ficou muito feliz. Muito obrigada.”
Não posso imaginar nenhuma alegria maior do que ser confundido com Jesus na maneira em que amamos e cuidamos dos outros. Neste ano de 2005, oro para que Jesus apareça mais em mim e que você também seja confundido com Jesus em algum momento. Que o Verbo do Pai se manifeste em sua vida!