Por Barbara Nooitgedagt
Corrie Tem Boom nasceu em Harleem, Holanda, no ano de 1892. Aos cinco anos, em 1897, teve sua experiência de salvação com Jesus. Em 1942, dois anos após o exército alemão ter invadido a Holanda, começou o “Esconderijo Secreto de Deus”, um refúgio em sua própria casa para ocultar os judeus da perseguição alemã. Em 1944, foi levada prisioneira, juntamente com a irmã Betsie, ao campo de concentração para mulheres em Rawensbruck. Alguns meses antes, perdera o pai, e, no final do mesmo ano, a irmã Betsie. A partir de 1949, começou a viajar para o Senhor. Corrie morreu em 1963, no dia do seu 91.° aniversário (15 de abril). Ficou mundialmente conhecida pela publicação do livro “Refúgio Secreto”, posteriormente sucesso também no cinema.
“Olha Nollie! Um animal horrível está ali no canto da janela. Posso vê-lo muito bem, mesmo às escuras.” Claro que não havia nenhum animal horrível, mas a menininha de 4 anos facilmente podia imaginá-lo! Felizmente para Corrie, a sua irmã Nollie (que tinha 6 anos) dormia com ela na mesma cama.
“Posso agarrar-me ao seu pijama, Nollie? Assim não tenho medo”, disse Corrie.
Mas quando Nollie queria se virar, não podia, pois a mãozinha da Corrie ainda agarrava fortemente o seu pijama. É muito difícil dormir quando isto acontece. Por isso, na noite seguinte, Nollie disse à sua irmãzinha:
“É difícil dormir quando você segura meu pijama. Era melhor você se agarrar na sua boneca de noite. Isso também dá resultado.” E Nollie tinha razão, pois isso funcionava mesmo!
Quando Corrie acordou na manhã seguinte, a casa já estava toda em atividade. Betsie, a outra irmã de Corrie, ajudou-a a vestir-se. A mãe cantava no andar de baixo, e o Willem (o seu irmão mais velho) perguntava pelas meias lavadas. Para o café da manhã, a mãe preparava o chá enquanto a tia Ana cortava o pão; o pai já havia escolhido o Salmo da Bíblia que queria ler mais tarde para a família.
A pequena Corrie não conseguia compreender por que é que ela tinha tanto medo. O seu irmão e suas irmãs iam para a escola enquanto Corrie ajudava a tia Ana em casa. Tia Ana tinha vindo viver com eles porque a sua mãe estava muitas vezes doente e, então, não podia cuidar da família como gostaria. Tia Ana descascava as batatas e Corrie punha-as na água. Quando tia Ana preparava alguma coisa saborosa, Corrie podia depois lamber a tigela. Claro, enquanto trabalhavam, falavam muito, e tia Ana contava histórias sobre os “bons velhos tempos”.
“Quando você era uma nenezinha, costumava chorar muito; então, eu a embrulhava no meu avental e carregava-a às costas. Isso a acalmava logo.”
“Nesse tempo eu era muito pequenininha, não era, tia?”
“Sim, era. Agora não posso mais carregá-la às costas; você é muito grande!”
“Conte mais sobre os bons velhos tempos, por favor, tia.”
Tia Ana não era a única que contava histórias bonitas. A mãe também as contava. As histórias que Corrie mais gostava eram as da Bíblia. A mãe contava-lhes sobre o pastor que tinha 100 ovelhas e cuidava muito bem delas. Aquelas ovelhas sentiam-se realmente seguras com o pastor. Nunca tinham medo, porque sabiam que ele as protegia.
Mas um dia, uma das ovelhinhas afastou-se. Ela estava com tanto medo, tão sozinha no escuro! Sabem o que o pastor fez quando descobriu que uma das ovelhinhas tinha desaparecido? Foi à procura dessa ovelhinha e não descansou até que a encontrou. Enquanto a carregava às costas, de volta para casa, o pastor estava muito contente!
O Senhor Jesus disse: “Eu sou o bom pastor”. Ele quer tomar conta de você como o pastor tomou conta da ovelha. Ele disse: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Ele morreu na cruz e ressuscitou por você. Ele tomou o castigo que você merecia pelas coisas erradas que tem feito. E, por causa disso, Deus pode perdoar todos os seus pecados.
A Bíblia diz: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho…” (Isaías 56.3). O Senhor Jesus, o Bom Pastor, ama a cada um individualmente. Se você se voltar para ele e lhe pedir que a salve, ele perdoará o seu pecado e fará de você uma filha dele, uma ovelha sua.
Como Corrie gostava daquela história! A mãe tinha que lhe contar várias vezes.
Quando tinha cinco anos de idade, Corrie pediu ao Senhor Jesus para perdoar os seus pecados e entrar na sua vida. Ela sabia que Jesus era o seu Amigo, e que ele estaria sempre com ela, até mesmo no escuro. Ela agora já não tinha medo à noite, na cama. Ela já não precisava se agarrar ao pijama da Nollie, nem tampouco à sua boneca. Em vez disso, enquanto não dormia, ela começava a falar com o Senhor Jesus. Contava-lhe tudo. Você não pode ver o Senhor Jesus, mas ele pode ver você e escutar tudo o que lhe conta, não importa se fala baixinho ou não.
Certa vez quando Corrie voltava para casa com a mãe e Nollie, o seu rosto estava branco como cera. “Foi terrível”, pensava ela. “Foi mesmo horrível”. Quando chegaram em casa, ela correu escada acima para o seu quarto e ajoelhou-se junto à cama. Estava se sentindo mal. As lágrimas rolavam-lhe pela face.
O que tinha acontecido? Junto com a mãe e Nollie, Corrie tinha ido visitar, naquela tarde, uma família muito pobre. Elas viviam num cortiço, numa casa muito velha, onde só tinham um cômodo. Nesse mesmo cômodo, tinham que dormir, comer, cozinhar, lavar, tudo.
Mas não foi isso que deixou Corrie doente. Não, foi algo muito pior. O pequeno bebê, que nascera naquela casa, tinha morrido. Quando Corrie, a mãe e a irmã entraram no cômodo, viram o pequeno bebê morto, deitado no berço. As meninas tocaram levemente no bebê morto, mas quando Corrie sentiu que o bebê estava frio, ficou tão chocada que correu para a sua mãe e escondeu-se no seu colo. De repente, Corrie compreendeu o que significava a morte, e também que um dia todos morreriam – o pai, a mãe, a Betsie, o Willem, a Nollie, as tias. Imaginava se todos eles morressem e ela ficasse sozinha.
“Corrie, o jantar está pronto! Desça logo!”, gritou a Nollie.
Devagar, Corrie desceu a escada. Ela sentou-se à mesa com os outros. Estava sem apetite.
“Corrie, querida, coma só um pouco; você ainda não comeu nada.”
Corrie começou a mastigar devagar o seu sanduíche. Olhou para a família e pensou: “Imagine só se…”
Penso que a mãe percebeu por que Corrie estava tão pálida, mas Corrie não se atrevia a dizer uma só palavra. Talvez você já tenha experimentado alguma coisa assim como Corrie – alguma coisa o está preocupando, mas você não consegue compartilhar com alguém o que sente.
Quando acabou a refeição, o pai pegou sua Bíblia. Ele começou a ler o Salmo 46. No versículo 2 diz: “Portanto não temeremos, ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares…” Nesse momento, Corrie percebeu que, não importa o que aconteça, Deus está sempre com os seus filhos.
Bem baixinho, de forma que só o Senhor Jesus podia ouvir, ela começou a orar: “Jesus, eu sei que o Senhor está sempre aqui. Mas, por favor, deixe a minha família ficar ainda muito tempo comigo. Eles vão estar no céu o tempo suficiente; eu não posso ficar sem eles.”
Naquela noite, quando Corrie foi dormir, o pai foi à sua cama para a cobrir. Ele fazia isso todas as noites. Agora que ela estava sozinha com o pai, atreveu-se a contar-lhe do que tinha medo.
“Papai, tenho tanto medo que todos vocês morram e eu fique sozinha!”
O pai segurou suavemente o rosto de Corrie e disse-lhe:
“Corrie, quando você toma um trem para algum lugar, quando é que eu lhe dou o dinheiro para a passagem? Dou-lhe duas semanas antes?”
“Claro que não. O senhor me dá na hora de sair.”
“E o nosso Pai Celestial faz exatamente o mesmo conosco. Se eu, ou a mãe, os as tias tivermos que morrer, então nessa ocasião, Deus lhe dará forças para enfrentar a saudade e a tristeza. Mas visto que isso ainda não aconteceu, você não precisa se preocupar agora.”
Corrie estava tranqüilizada. Jamais, mesmo quando já era adulta, ela se esqueceu do que o pai lhe dissera naquela noite.
Talvez você tenha medo de que algo horrível aconteça, embora creia no Senhor Jesus. Pode ter medo de que alguém que você ama morra, ou que sua casa seja assaltada, ou que alguém lhe faça mal no caminho para a escola. Não tenha vergonha de ter medo. Fale com o Senhor Jesus e ele vai ajudá-lo. Ele vai lhe dar forças para enfrentar até as maiores dificuldades que possa imaginar. Mas enquanto estas coisas terríveis não lhe acontecerem, você não precisa ter medo delas.
Extraído de “Corrie Ten Boom” (pp. 3-4)
Texto de Barbara Nooitgedagt
Tradução de Madalena Cavaco e Adaptação de Esther Duarte Costa
Copyright © 1992 European Child Evangelism Fellowship
Publicado no Brasil pela
ALIANÇA PRÓ EVANGELIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
Setembro de 1993
A História Original pode ser adquirida através de:
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