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Servo de Todos

Sabine Ball (1925–2009), conforme relato feito a Donna F. McClellan

Houve um tempo em que acreditava que a grandeza de uma pessoa dependia de sua segurança financeira, proeminência e realização pessoal. Assim, batalhei para “atingir o topo” e, apesar de ter alcançado, em certa medida, o que constitui sucesso aos olhos do mundo, foi uma busca sem alegria.

Depois que conheci Jesus, ele começou a me mostrar um novo caminho, completamente inverso ao conceito humano de grandeza. Jesus disse que não veio para ser servido, mas para servir. “Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt 23.11-12).

Há muitas maneiras de servir, e a que Deus escolheu para mim começou com o ministério de evangelização Gospel Outreach (algo como “Assistência pelo Evangelho). Assim parti, há seis anos, sendo a mais velha de 22 jovens homens e mulheres que abriram a “Casa do Pastor” na periferia do Brooklyn, NY. Nossas portas permaneciam abertas para os necessitados e, assim, muitos vieram a conhecer Jesus como seu Senhor e Salvador.

Tínhamos de encontrar o próprio sustento e pegávamos empregos onde era possível, em toda parte na cidade. Eu era líder de um grupo de mulheres que Deus havia chamado para servir como empregadas domésticas. Meu antigo orgulho foi sendo substituído pelo amor divino à medida que ele me ensinava a ser diligente e a caminhar aquela milha extra enquanto ele renovava minhas forças físicas. As tarefas domésticas, que antes me pareciam absolutamente tediosas e exaustivas, se tornaram oportunidades bem-vindas para fazer amizade com os mais ricos, muitas vezes negligenciados espiritualmente, e ministrar o evangelho a eles.

Aquela etapa provou ser apenas o começo do plano de Deus para mim. Depois de um tempo, fui a Miami para visitar meus dois filhos, com a intenção de passar ali os meses de inverno. Deus havia me sensibilizado imensamente em relação ao povo judeu (eu nasci na Alemanha e fui criada sob o regime de Hitler) e eu ansiava levar o amor de Cristo àqueles que tinham sido afetados pelo holocausto de ódio. Depois de me registrar numa agência de prestação de serviços domésticos em South Miami Beach, recebi uma chamada de uma viúva judia de 80 anos, cujo único requisito era que a governanta falasse alemão, como ela. Como eu poderia duvidar de que aquele sinal viera claramente do Senhor?

Não foi amor à primeira vista por parte dela. De modo algum ela queria uma estranha por perto, e reclamava que era seu filho que insistia que ela precisava de ajuda. Pouco a pouco, porém, fui ganhando sua confiança e amizade à medida que Jesus me enchia de amor e compaixão por aquela preciosa alma tão amada por ele. Repetidamente ouvia as histórias sobre seu pai, que era médico e conselheiro das pessoas de sua cidade, sua mãe, que sofria de asma, seus anos de escola, suas amizades e sua saída da cidade natal em fuga para Paris e, mais tarde, para os Estados Unidos. Ela se esquecia de que repetia as mesmas histórias o tempo todo, mas o Senhor me ensinou a ser uma ouvinte paciente.

Certa noite eu a convidei, junto com duas de suas amigas, também viúvas judias, para um culto em Coral Gables, em uma Igreja Luterana cheia da presença do Espírito Santo. O pastor, o Reverendo Harry Fullilove, pregou sobre Romanos 11, e enquanto ele falava sobre o endurecimento do coração do povo do Senhor, eu me agarrava, apreensiva, ao meu assento, temendo que no final elas não quisessem nem mesmo voltar para casa comigo.

Para meu espanto, todas elas amaram o pastor e ficaram impressionadas com o amor de todo o povo por elas. Uma delas disse: “Agora sim, compreendo claramente!”, e outra disse: “Percebem como é raro o que vocês têm nesta comunidade? Estou profundamente impactada!”. Desde então elas mal podiam esperar para voltar todas as semanas, pois o Senhor as aproximava cada vez mais dele.

Como trabalhava apenas até as 13 horas todos os dias, eu também precisava de algum lugar para dormir que fosse próximo ao trabalho, e confiei que o Senhor me levaria a encontrar um lugar. Coloquei no jornal um anúncio oferecendo-me para trabalhar como cozinheira e pernoitar no local e fui chamada para uma entrevista em uma casa elegante, onde um mordomo de aparência austera abriu a porta. Fiquei assustada, pois nunca havia trabalhado como cozinheira gourmet em uma casa como aquela, embora já houvesse preparado centenas de refeições para outras pessoas. A Sra. K., dona da casa me examinou da cabeça aos pés e disse que ela era perfeccionista. Fui conduzida através de uma cozinha impecável até um minúsculo cômodo escuro, que seria meu quarto de dormir.

Meus pensamentos me levaram de volta ao tempo em que eu possuía empregados e vivia na alta sociedade de Miami. Contudo, eu abrira mão daquela vida em troca de uma longa, persistente e dolorosa busca pela verdade, que me levou até a longínqua Índia e só terminou quando encontrei Jesus, que é “o caminho, a verdade, a vida”. E agora, ali estava eu, de volta a uma casa que representava meus antigos objetivos na vida.

A Sra. K. era totalmente reservada, não demonstrando interesse algum em mim ou em minha vida e não me permitindo saber da dela. Ela me dava listas intermináveis de deveres nos mínimos detalhes, nunca confiando em mim para decidir por conta própria. Mesmo quando eu fazia além do que ela pedia, parecia que nunca era o suficiente. Comecei a questionar Deus. Teria eu cometido um erro ao entrar em uma casa tão espiritualmente morta?

Ele me respondeu por meio de sua Palavra: “Quanto a vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor, na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens, certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do Senhor, quer seja servo, quer livre” (Ef 6.5-8).

O Sr. e a Sra. K. partiram para a Europa, e os pais do Sr. K. se instalaram na casa para ajudar a cuidar dos dois filhos. Durante a primeira noite deles na casa, notei que uma presença calorosa havia entrado com eles, fazendo com que a casa se tornasse um lar para todos nós. Certa noite, depois de limpar o chão da cozinha, voltei para a sala de estar e a mãe do Sr. K. me convidou para me sentar. Havia um brilho em seus olhos; seu olhar parecia me atravessar. Ela começou a me fazer perguntas, e quando eu lhe disse que era uma cristã, ela pareceu entender o que isso significava.

“Estou buscando, Sabine, e quero saber a verdade. Preciso descobrir!”, confidenciou ela. Uma semente já havia sido plantada em seu coração por uma vizinha já falecida. Aquela vizinha também era judia e tinha aceitado Jesus como seu Messias. Ao ver o propósito de Deus ao me conduzir àquele lar, meu coração saltou de alegria. O pai do Sr. K. não queria que falássemos de “religião”, então enquanto ele estava presente, ficávamos em silêncio.

Por fim, certo dia Deus me fez chegar em casa mais cedo do que de costume, e a mãe do Sr. K. e eu nos encontramos sozinhas na sala de estar. Ela me disse que se pudesse receber ao menos alguns sinais da presença de Deus, ficaria exultante. Mais tarde, quando eu estava na cozinha, ela entrou, com a cabeça entre as mãos por causa da dor, caminhando em direção ao armário de remédios.

“Estou com uma dor de cabeça terrível, daquelas que duram dias”, disse ela; então ouvi a voz de Deus dizer: “Ore por ela”. Mas outra voz soou em minha mente: “E se não der certo?”. Mas eu obedeci ao Senhor e disse a ela que ele queria que eu orasse por ela. Nós duas entramos no meu quarto e nos sentamos na cama.

De repente, toda a fisionomia dela mudou. Seus olhos fortes e penetrantes se tornaram como os de uma criança pequena, desorientados, rendidos, e toda a sua autoconfiança se foi. Eu sabia que ela esperava um milagre. Quando pedi a Jesus que a curasse, percebi nitidamente que a presença dele encheu a sala. E quando finalmente seus olhos se abriram, ela se encheu de êxtase.

“Sabine, ele me curou! A dor desapareceu completamente! É um milagre! Sinto-me tão exultante por dentro. Algo me tocou!”. Choramos de alegria, agradecendo e louvando a Deus.

Em seguida, ela fez uma oração, entregando a vida a Jesus. A alegria é incomparável quando um dos filhos dele volta para casa!

Agora, Deus está me orientando a voltar à Alemanha. É enorme a minha expectativa de ver os lares e corações em que ele anseia por entrar. Verdadeiramente, servir a ele é a maior aventura de minha vida.

“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1 Co 9.19).

 Esse artigo foi publicado originalmente na edição de agosto de 1981 do Arauto da Sua Vinda, versão original em inglês.

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