Por Asher Intrater
Os dias santos bíblicos ocorrem durante dois períodos principais: o primeiro é durante a primavera; já o segundo, durante o outono. O período da primavera tem três dias santos:
- Pesach (Páscoa)
- Omer (Primícias)
- Shavuot (Sete Semanas [Festa da Colheita]).
O período do outono também tem três dias santos:
- Teru’ah (Festa das Trombetas)
- Kippur (Dia do Perdão)
- Sukkot (Tabernáculos).
Os dias santos nas Escrituras têm três níveis reveladores principais, cujo significado é:
- Agrícola (provisão natural de Deus como criador);
- Israelita (libertação nacional do Egito e sacerdócio aarônico);
- Messiânico (significado espiritual universal ligado ao evangelho de Yeshua).
O primeiro nível de significado (agrícola) é comum a todas as culturas. Há um momento de ação de graças para um ser divino (ou à “Natureza” como um deus) durante a primavera, quando começa a temporada do plantio agrícola. Há um segundo momento de ação de graças no final da estação, quando a colheita é finalmente realizada.
Esse nível natural de revelação começou com Adão e continuou até a época de Abraão (período de aproximadamente 2.000 anos). A revelação israelita começou com Abraão e continuou até a crucificação de Yeshua (período de aproximadamente 2.000 anos). A revelação messiânica ou do evangelho começou com a crucificação e continua até hoje (novamente, mais um período de cerca de 2.000 anos).
Uma fonte rabínica se refere a esses três períodos como:
- De Adão a Abraão – 2.000 anos para os gentios (no sentido noético da palavra, não no sentido de Lucas 21 ou Romanos 11).
- Abraão até a destruição do 2º Templo – 2.000 anos para a Torá (Lei de Moisés)
- Da destruição do Segundo Templo até o presente – 2.000 anos para o Messias!
[O significado rabínico aqui é o momento em que o Messias será revelado, mas obviamente os deixa com uma pergunta em aberto].
No nível de revelação do evangelho, o grupo de dias santos na primavera representa a primeira vinda de Yeshua. O Pessach simboliza a crucificação de Yeshua para o perdão de nossos pecados. As Primícias representam Yeshua sendo ressuscitado dos mortos. O Shavuot foi a época do derramamento do Espírito Santo.
Esses três grandes eventos do evangelho não apenas cumpriram o significado das festas da primavera, mas também ocorreram no mesmo dia em que as festas estavam sendo celebradas. Em outras palavras, houve uma coordenação perfeita não apenas do significado espiritual da Torá e do Evangelho, mas também das datas em que as festas da Torá e os eventos do evangelho ocorreram. Isso não é coincidência, mas providência divina.
Não apenas as datas da Torá e do Evangelho foram planejadas pela providência divina, mas tanto a Torá quanto o Evangelho são, por sua vez, coordenadas conforme as estações agrícolas e climáticas. Jerusalém é quente no verão e fria à noite durante o inverno. O único mês “intermediário” na primavera é o Nisan e no outono, é o Tishrei. Nesses dois meses, as noites em Jerusalém são particularmente agradáveis.
O calendário bíblico é lunar, não solar. O primeiro dia do mês é sempre lua nova. Os dias 7 e 21 do mês sempre possuem meia-lua, já o dia 15 do mês é sempre lua cheia. Em outras palavras, há apenas duas datas por ano com clima perfeito e lua cheia: o dia 15 de Nisan, que é a Páscoa, e o dia 15 de Tishrei, que é Tabernáculos.
O Evangelho está alinhado no tempo com as festas da Torá, que, por sua vez, estão alinhadas com a estação agrícola. Ou, ao contrário, a estação agrícola foi planejada para acomodar as festas da Torá, que, por sua vez, foram planejadas para acomodar os eventos do Evangelho. Por que existe essa coordenação perfeita? Porque o mesmo Deus que criou o universo também nos deu a lei moral e o sacerdócio. O mesmo Deus que nos deu a lei também nos deu o Messias.
Temos apenas um Deus. Portanto, a criação natural, a Torá e o Evangelho andam juntos. Não há contradição. Antes de Deus criar o mundo, o sacerdócio do Templo e a mensagem do Evangelho já estavam planejados. A criação foi projetada com a Torá e o Evangelho em mente (pelo menos na mente de Deus).
Hebreus 4.3 “… Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo…”
Na soberania de Deus, esses três elementos – a natureza, a Torá e o Evangelho – foram todos planejados juntos antes da fundação do mundo e, portanto, são perfeitamente unificados em significado. O único Deus fez uma única Criação, nos deu uma única lei e nos enviou um único Messias (assim, a natureza pode ser entendida como uma parábola que explica o significado da mensagem bíblica – Mt 13 e Sl 19).
A estação agrícola anual e o calendário anual do templo são símbolos da história do plano de redenção. Assim como os dias santos da primavera representam a primeira vinda de Yeshua, os dias santos do outono representam a segunda vinda de Yeshua. Portanto, o significado dos dias santos da primavera já foi cumprido, enquanto o significado dos dias santos do outono ainda NÃO foi cumprido.
O que representam as festas de outono? O primeiro dia santo, a Festa das Trombetas, refere-se aos sete Shofares (Trombetas) descritos no livro de Apocalipse. Essas trombetas descrevem a tribulação do fim dos tempos e o período da colheita.
O Dia da Expiação é o grande e terrível dia do Senhor (conforme mencionado pelo profeta Joel), que é próprio dia da Segunda Vinda de Yeshua, que também é o maior dia no calendário do sacerdócio.
Nota 1: O Dia da Expiação foi parcialmente cumprido quando Yeshua trouxe seu sangue diante do altar no céu após a ressurreição. No entanto, como Dan Juster observou, o Dia da Expiação se refere a uma redenção nacional, enquanto a Páscoa se refere à salvação pessoal ou familiar. Zacarias 12-13 descreve um tempo de arrependimento nacional, no qual a nação de Israel chorará como por um filho único e olhará para aquele a quem traspassaram.
Nota 2: Há um “último” toque de trombeta no final do Dia da Expiação, no início do ano do Jubileu (Lv 25.10). Essa é a última trombeta mencionada em Mateus 24, I Coríntios 15 e I Tessalonicenses 4. A última trombeta não ocorre na Festa das Trombetas, mas ao pôr do sol do Dia da Expiação. A Festa das Trombetas se refere às Sete Trombetas do Apocalipse.
A Festa dos Tabernáculos será cumprida na grande celebração do início do Governo Milenar, ou Reino Messiânico, na Terra. Na Festa dos Tabernáculos, os sacerdotes do Templo sacrificavam 70 touros, representando a salvação de todas as nações da Terra. Naquela Festa dos Tabernáculos, todas as nações virão a Jerusalém para adorar o Rei (Zc 14.16).
Podemos resumir os Dias Sagrados bíblicos e seu cumprimento do evangelho da seguinte forma:
Primavera: Primeira vinda
- Pesach – Crucificação
- Omer – Ressurreição
- Shavuot – Espírito Santo
Outono: Segunda vinda
- Festa das Trombetas – Tribulação
- Dia do Perdão – Segunda vinda
- Tabernáculos – Milênio
O plano de Deus é simples, bem planejado, natural, lógico e, é claro, tudo é levado à perfeita unidade entre o céu e a terra no final dos tempos por meio do Messias Yeshua (Ef 1.10).