John Greenfield
Uma das marcas de um genuíno batismo com o Espírito Santo é a exaltação de Cristo. “Ele me glorificará”, disse Jesus, em referência ao prometido Paracleto (Jo 16.14). Um resultado da experiência do Pentecostes, nos dias apostólicos, foi a determinação de “nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado” (At 2.23; 3.15; 4.10; 1 Co 2.2; etc.).
Foi exatamente isso o que aconteceu três séculos atrás em Herrnhut, Alemanha (durante o grande avivamento dos Morávios). Eles foram cheios do Espírito Santo e se tornaram testemunhas de Cristo, do Cristo Crucificado. Um de seus expoentes, John Cennick, ressaltou esse aspecto na estrofe:
Cristo é nosso Mestre, Senhor e Deus,
A plenitude dos três em um;
Sua vida, morte, justiça e sangue,
São nosso único fundamento da fé,
Sua divindade e sua morte serão
Nosso tema por toda a eternidade.
O batismo com o Espírito Santo renovou a Igreja dos Morávios e a levou a não olhar para nenhum outro homem, apenas para Jesus. Sua visão espiritual tornou-se tão aguçada que eles conseguiam ver “aquele que é invisível” (Hb 11.27). A forma mais frequente em que ele aparecia à igreja era aquela em que foi “como um cordeiro que é levado ao matadouro, ferido por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas maldades” (Is 53.5-7).
Uma paixão
Na presença divina do Senhor, vendo-o ensanguentado e prestes a morrer, os morávios foram impactados pela consciência de seus próprios pecados e da tão abundante graça de Jesus. As controvérsias e desavenças foram silenciadas; suas paixões e orgulho, crucificados, enquanto aqueles irmãos contemplavam a agonia do seu Deus nos momentos finais antes de expirar. Com o Apóstolo, aprenderam a morrer diariamente para o mundo, para a carne e para o diabo, e a viver para aquele que morreu por eles. A partir de então, sua única paixão foi contemplar o Rei em sua beleza e proclamar o “Cordeiro morto” como o “chefe entre dez mil” e “totalmente encantador” (Ct 5.10,16 BKJF). E foi exatamente o que cantaram:
Então direi aos pecadores ao meu redor:
Que Salvador amável encontrei;
Apontarei para o sangue expiatório
E direi: “Eis o caminho para Deus”.
Suas orações, suas litanias, seus hinos, suas conversas e seus sermões tinham somente um tema: as feridas, o sangue e a morte de Jesus. Seu grande líder, conde Zinzendorf, demonstrou isso claramente em seu famoso hino:
Justiça e sangue de Jesus,
Vestes gloriosas, minha luz!
Assim, bem-vestido, não preciso temer.
Quando em sua presença eu me apresentar.
O puro e imaculado Cordeiro de Deus,
Que deu sua vida e seu sangue gratuitamente
Para expiar meus incontáveis pecados,
Aceito como meu Senhor e Salvador.
Nele confio eternamente,
Pois minha dívida impagável e culpa.
Ele pagou; assim sendo,
Não preciso temer o dia do juízo.
Portanto, o sangue e a morte do meu Salvador,
Constituem a materialidade da minha fé.
E permanecerão assim quando eu for chamado,
Minha única esperança e confiança!
Honra e glória ao nome teu,
Filho unigênito de Deus!
Tua piedade, que é sem par,
Sempre nos venha sustentar.
Quantos milhares foram levados a Jesus por este hino, somente a eternidade poderá revelar.
Tanto os sermões morávios quanto seus hinos eram repletos de Cristo e de sua expiação. Em uma das cartas do conde Zinzendorf encontramos a seguinte declaração:
Nosso método para proclamar a salvação é este: apresentar a cada coração o Cordeiro amoroso que morreu por nós, o qual, embora fosse o Filho de Deus, ofereceu a si mesmo por nossos pecados – apresentá-lo como seu Deus, como o Mediador entre Deus e o homem, apresentar seu trono de graça, seu exemplo, apresentá-lo como seu irmão, seu pregador da lei, seu consolador, seu confessor, seu Salvador; em suma, seu absolutamente tudo – fazendo tudo isso por meio da pregação do seu sangue e proclamando como nos amou até à morte, e morte de cruz.
Jamais nos desviamos, seja no discurso ou na argumentação, nem mesmo por quinze minutos, do amoroso Cordeiro; não mencionamos qualquer virtude que não seja dele, proveniente dele e por conta dele; não pregamos outro mandamento exceto a fé nele; não indicamos nenhuma justificação além da sua expiação por nós e nenhuma outra santificação, a não ser o privilégio de não mais pecar; não apresentamos nenhuma outra felicidade senão estar perto dele, pensar nele e fazer o que lhe agrada; para nós, não existe sacrifício maior do que ficar sem ele e suas bênçãos, calamidade maior do que desagradá-lo; enfim, não há nenhuma outra vida senão viver nele.
– Extraído de Power From On High, de John Greenfield, evangelista morávio.
Em 1912, J.Stuart Holden foi convidado a falar em uma convenção cristã nos Estados Unidos; ele reservou então, um bilhete de primeira classe no Titanic para sua viagem de Londres a Nova York. No entanto, sua esposa adoeceu repentinamente e, com muito pesar, ele precisou cancelar a viagem para ficar em casa e cuidar dela. Alguns dias depois, quando soube do destino do Titanic, ele ficou extremamente grato por sua vida ter sido poupada. Para comemorar esse livramento tão especial, ele colocou seu bilhete em uma moldura de papelão e acrescentou as palavras do Salmo 103.4 – “É ele quem resgata da cova a tua vida”.