Por Asher Intrater
Existe uma visão profunda contida na oração de Yeshua em João 17.21-23 pela unidade com Deus e a unidade uns com os outros:
A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.
No versículo 21, a ênfase está mais na unidade com Deus do que na união uns com os outros. Nossa união é um resultado natural da unidade com Deus. Mas a unidade com Deus vem em primeiro lugar. O primeiro elemento a compor este quebra-cabeça é simplesmente: fé em Yeshua.
No versículo 22, há a dimensão adicional que advém de uma experiência conjunta da glória do Espírito Santo. O segundo elemento dessa unidade é receber o fogo, a dunamis e o carisma do Espírito Santo.
No versículo 23, podemos conhecer e experimentar o amor de Deus como nosso pai. Este terceiro elemento é o amor do Pai.
Pessoas Bonitas em um Mundo Bonito
À medida que essa unidade e união se desenvolverem, haverá pessoas em todo o mundo espiritualmente unidas. Esta é a eclésia global emergente: pessoas de todos os grupos étnicos se tornando um povo “escolhido” especial, um sacerdócio real (Êxodo 19.5-6, 1 Pedro 2.9).
Esta eclésia vem crescendo desde o início dos tempos. Em nossa geração, ela está alcançando uma plenitude maior do que nunca. Desejamos ver este quebra-cabeça divino da eclésia global se encaixar.
Qual é a estrutura relacional desse grupo de pessoas? É grande demais para ser “propriedade” de uma única pessoa ou ministério. É diverso demais para qualquer concílio ou sínodo. Até mesmo para cardeais. Até mesmo para apóstolos.
A estrutura deve ser mais relacional do que organizacional. Para dar ênfase aos relacionamentos, precisamos renunciar a todo orgulho, posição e promoção. Essas “bolsas” de ego devem ser deixadas de lado antes de nos unirmos.
Qual é a construção relacional que pode nos unir? Se devemos incluir a todos, precisamos voltar ao princípio para compreender o conceito. Deus disse a Adão e Eva para serem fecundos e se multiplicarem (Gênesis 1). Deus disse a Abraão para ser pai de muitas nações (Gênesis 17). Deus é o Pai de quem todos nós temos identidade (Efésios 3.14-15).
Qual é a estrutura relacional original para todos os seres humanos? Uma família. Uma família de todas as nações. Deus é nosso Pai. Yeshua é o Filho. A eclésia é um desenvolvimento da família original. Somos todos irmãos e irmãs. Cada pessoa é igual em amor e respeito. Este plano de uma família global em um jardim global nunca mudou.
Nota: Quando falamos de uma família global de fé, é importante lembrar que a comunidade de fé se expressa primeiramente em congregações locais em cada cidade e município, com relacionamentos reais de uma vida compartilhada, responsabilidade mútua, partilha do pão, discipulado e liderança pastoral. Assim como o corpo humano é composto de células e órgãos individuais, o corpo global do Messias é composto de comunidades locais de fé.
A Família Abraâmica da Fé
De certa forma, o início da família da fé foi Abraão. Infelizmente, houve uma dolorosa separação naquela primeira família. Houve muitas divisões desde então. Mas a raiz de todas as divisões na família da fé é a separação entre Agar e Sara.
Dessa divisão surgem as dificuldades no Oriente Médio hoje, assim como os conflitos entre o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. De Ismael e Isaque surgem os povos árabe e judeu. Se a ferida entre eles puder ser curada, então todas as demais divisões étnicas, nacionais e religiosas poderão ser curadas.
A reconciliação árabe-judaica é o quarto elemento do nosso quebra-cabeça. Isso só pode acontecer através do amor de Yeshua. Ele carregou nossos pecados no madeiro (Isaías 53) e nos ensina a amar nossos inimigos (Mateus 5.44). Isso é mais profundo do que uma reconciliação: é família, aliança e unidade.
Este avanço na aliança trará uma bênção a toda a Terra, conforme registrado em Isaías 19.20-25. Nesta profecia, uma estrada é construída entre o Egito, a Assíria e Israel. Uma bênção é liberada por toda a Terra. Esta visão tem sido chamada de estrada de Isaías 19 ou bênção de Isaías 19.
Nós, judeus messiânicos, desejamos preferir nossos irmãos e irmãs árabes. Em Gênesis 17.18, Abraão ora: Que Ismael viva diante de ti. Essa oração aconteceu pouco antes do nascimento de Isaque. Deus lembra a Abraão que a aliança messiânica passará por Isaque, não por Ismael. No entanto, o coração de Abraão estava repleto de amor por Ismael e Isaque.
Enquanto nós, judeus messiânicos, preferimos nossos irmãos árabes, a bênção de Deus nos é concedida. O mesmo se aplica a eles. O mesmo se aplica a todas as pessoas ou grupos étnicos. A submissão mútua traz bênçãos mútuas. A quinta chave para a família global é preferir uns aos outros em honra (Filipenses 2.3, Efésios 5.21).
David Demian (dos Vigilantes das Nações) e eu temos uma bela parceria nesta visão da família global. Nós nos respeitamos mutuamente. Nossa amizade é uma expressão do coração de Abraão por ambos, Ismael e Isaque. Esse tipo de respeito mútuo também é encontrado em outras irmandades e conferências aqui em Israel.
Nós, judeus messiânicos, buscamos preferir nossos irmãos árabes cristãos em amor. Respeitar os árabes não é negar nossa vocação como judeus. É confirmá-la. A partir desse relacionamento, a vontade de Deus se manifesta. Foi a vontade soberana de Deus que Ismael nascesse primeiro. Foi também a vontade soberana de Deus que Isaque fosse o herdeiro da aliança messiânica.
Restauração Dupla de Israel e da Igreja
As bênçãos espirituais são sempre recíprocas. Os crentes em Yeshua, de todas as origens étnicas, estão conectados à Oliveira da fé. Quando Israel recebe o chamado desta árvore, as nações podem ser enxertadas com ela (Romanos 11.17-21). Esta árvore brota das raízes judaicas históricas da fé. A história de Israel é a história comum de todos os crentes. As nações da eclésia global estão alinhadas à sua história comum. O sexto elemento da união familiar global são as raízes judaicas da fé.
Ezequiel 37 descreve uma visão impressionante da ressurreição dos mortos. Ossos secos são reunidos. O Espírito de Deus lhes dá vida. Eles se levantam como um exército poderoso. Essa visão da ressurreição também está acontecendo em nossos corações hoje. Deus está nos unindo, osso com osso, ligamento com ligamento. Seu Espírito está trazendo reavivamento. Devemos profetizar ao Espírito, dizendo: “Vem e sopra” (Ezequiel 37.9).
A visão de Ezequiel se refere ao povo de Israel? Ou à Eclésia internacional? Ou à ressurreição física dos mortos? Bem, sim, às três. A nação de Israel, a Igreja internacional e a ressurreição física dos mortos estão conectadas.
Depois que os ossos voltam à vida, Ezequiel tem outra visão na qual ele junta dois pedaços de madeira com as mãos (Ezequiel 37.16-23). Essa visão também tem mais de um nível de significado.
A primeira é a unificação dos antigos reinos de Israel e Judá, que foram divididos após o reinado de Salomão. No entanto, esta também é uma imagem da Eclésia internacional sendo unida à nação de Israel. A passagem se refere à nação, “os filhos de Israel”, e à Eclésia internacional, “toda a casa de Israel e seus companheiros” (Ezequiel 37.16).
O sétimo elemento para a família global é a união de Israel e da Igreja. Vamos resumir:
- Fé em Yeshua – João 17.21
- Poder do Espírito Santo – João 17.22
- O amor do Pai – João 17.23
- Reconciliação Árabe-Judaica – Isaías 19.20-25, Gênesis 17.18
- Preferir uns aos outros – Filipenses 2.3, Efésios 5.21
- Raízes Judaicas – Romanos 11.17-21
- União de Israel e da Igreja – Ezequiel 37
Todas as coisas no céu e na terra estão unidas sob a liderança de Yeshua (Efésios 1.10). A família global está se unindo (Efésios 3.15). Que alegria fazer parte deste experimento divino!