Por: Pedro Arruda
Se há um momento na vida favorável à conversão, esse momento é a juventude. Quanto mais novo for, maiores são as possibilidades de conversão. Este também é o momento mais favorável para a decisão de servir a Deus de maneira mais contundente. As conversões e os avivamentos experimentados neste período da vida tendem a ser mais decisivos e radicais.
Os estudiosos também têm uma explicação para este fenômeno. Segundo Jean Piaget, epistemólogo suíço (1894-1982), a partir dos onze anos de idade, aproximadamente, a pessoa passa por uma mutação de fase, na evolução de seu raciocínio. As associações, que até então somente eram possíveis de serem elaboradas entre objetos concretos, também passam a se realizar entre idéias, possibilitando assim a elaboração de hipóteses.
É a fase dos grandes ideais ou início das teorias. Seu início é marcado pelo egocentrismo (não confundir com egoísmo), que consiste na supervalorização de seu próprio pensamento. Isso explica por que o adolescente abraça com tanto entusiasmo as idéias e como se gera com facilidade nele, através do seu forte desejo altruísta de beneficiar os outros, um sentimento messiânico de salvar a humanidade.
A mudança que a pessoa experimenta ao fazer esta descoberta torna-se, para ela, uma possibilidade de também mudar o mundo à sua volta. Se, ao fazer estas constatações, ela sofre mudança, logo acredita que as outras pessoas também podem mudar. Esta passa a ser-lhe uma hipótese viável. Ora, a mensagem cristã é imensamente adequada e desafiadora para esta fase preciosa pela qual o jovem está passando. Há nele uma verdadeira abertura às mudanças e, se conhecer neste momento o evangelho, é muito provável que irá abraçar decisivamente a causa do reino de Deus.
Não é por acaso, portanto, que podemos esperar resultados significativos quando esta força potencial é acompanhada e reforçada pela experiência de outros mais maduros, o que se confirma nas biografias de líderes cristãos e na história dos avivamentos. Esta constatação estatística é atual e pode ser verificada com facilidade. Basta fazer um levantamento entre as pessoas com as quais você congrega e apurará que a grande maioria delas tomou as decisões mais significativas para Cristo em sua juventude, senão antes.
Líderes Destacados
É imensa a quantidade de cristãos proeminentes que se converteram ainda jovens, tais como: Watchman Nee – 17 anos (O Testemunho de Watchman Nee – Ed. Árvore da Vida, 1985); Helen Ewan – 14 anos e Carlos Studd – 23 anos (Revista Impacto – edições 12 e 18, respectivamente). Dentre as 20 biografias apresentadas no Livro “Heróis da Fé”, de Orlando Boyer (CPAD, 2001 – 21ª edição), em 18 delas consegue-se identificar em qual fase da vida se deu a experiência marcante com Deus. Excluindo-se os não identificáveis João Bunyan e o Pastor Hsi, a distribuição por faixa etária é a seguinte:
• 33,3% – durante a infância: (Jerônimo Savoranola, Martinho Lutero, Jonathan Edwards, John Wesley, João Paton e Jonathan Goforth).
• 55,6% – entre 15 e 20 anos, inclusive: (George Whitefield, David Brainerd, William Carey, Christmas Evans, Ana Judson – esposa de Adoniram Judson, George Müller, David Livingstone, Hudson Taylor, Charles Spurgeon e Dwight Lyman Moody).
• 11,1% – entre 24 e 29 anos: (Henrique Martyn e Charles Finney).
Daí notarmos a importância que deve ser dada ao evangelismo com os jovens, pois passada esta fase, menor é a probabilidade de conversão e da dedicação da vida a Cristo.
Avivamentos
A título de amostragem, extraímos da Revista Impacto nº 12 textos que relatam o início de alguns avivamentos, nos quais podemos constatar como os jovens se fazem presente no centro desses acontecimentos.
Ilhas Hébridas – 1952
“…o inferno parecia estar em guerra contra o pregador… De repente, Duncan Campbell parou no meio da sua pregação e pediu que Donald Smith orasse… Ele orou por uma meia hora com oração agonizante em favor das pessoas daquela ilha… Então os céus se rasgaram e o Espírito de Deus foi derramado sobre o povo como no dia de Pentecostes… Muitos ficavam em estado de êxtase. Outros foram prostrados diante do Senhor, caídos sobre os bancos. Outros ainda recebiam visões”.
“Donald Smith era um jovem de 17 anos. Possuía uma profunda vida de oração e transbordamento no Espírito. Um rapaz quieto, humilde, com jeito acanhado. Um aluno comum, alto, magro, sem particularidades que o destacassem. Ele passava horas todos os dias em comunhão com Deus, que o usou para produzir profunda convicção de pecado nas pessoas. Logo que se converteu, ficou tão cheio do Espírito Santo que, quando entrou na sala, a professora estremeceu com tanta convicção de pecados, que deixou os papéis caírem no chão. Foi preciso sair da sala”.
Estados Unidos da América
“Em 1734, o avivamento irrompeu na sua congregação (de Jonathan Edwards) de Northampton, Massachusetts. Começou entre os jovens, que estavam se distanciando cada vez mais da igreja, mas agora queriam reunir-se com Edwards…”
Argentina
“… E àquela hora, procedendo das profundezas do coração de um jovem polonês, um intenso clamor, produzido pelo próprio Deus, subiu ao céu. Deus o ouviu e a sua resposta chegou… O rapaz, um jovem com menos de 20 anos, se achou na própria presença de Deus, presença santa, majestosa e terrível… Dentro de poucos momentos, todos os alunos estavam acordados. Começaram a se arrepender, clamando perdão a Deus….”
República Democrática do Congo (Zaire)
“Depois que a maioria das pessoas tinha saído do salão, após o término do culto no domingo de manhã, um jovem professor da escola voltou e sentou-se no banco da frente… Uma menina paralítica estava sentada no primeiro banco ao lado das mulheres… Logo que o professor começou a falar, a menina Biboko se derramou em prantos. Ela cobria seu rosto com as mãos, mas as lágrimas jorravam através de seus dedos. “Que posso fazer? Que farei?”, repetindo isto mais de cem vezes. Nesse ínterim, toda a congregação havia voltado. Biboko estava derramando seu coração em lágrimas e o jovem professor Yoane estava confessando seus pecados…”
Índia
“Em janeiro de 1905, Pandita Ramabai falou com as jovens de Mukti a respeito da necessidade de um avivamento e pediu voluntários para se reunirem com ela diariamente para orar nesse sentido… No dia 29 de junho, às 3h00 da madrugada, o Espírito foi derramado sobre uma das voluntárias… De uma hora para outra todas as jovens estavam reunidas, chorando, orando e confessando seus pecados a Deus…”
Pedro Arruda reside em Barueri – SP e é um dos coordenadores de uma comunhão de grupos espalhados por várias cidades e estados no Brasil.