Por: Francis Frangipane
Pergunte para ele. Vamos, pergunte ao Senhor, diante desta época em que vivemos, o que é prático aos olhos dele. Posso arriscar que você não ouvirá uma resposta tipo: “Meu filho, faça um investimento num fundo previdenciário”, ou: “Não esqueça de dormir oito horas por noite”.
Não. Até onde conheço o Senhor — e ele sempre é muito prático — ele dirá algo como: “Tanto a justiça como a maldade estão chegando à plena maturidade na terra, e o sistema do mundo como você o conhece logo desaparecerá. Por isto, pare de preocupar-se com as coisas deste século. Prepare-se para viver continuamente na minha presença, e abandone-se a mim e à minha vontade. Eu o guiarei pelos dias que virão.”
Você pode dizer: “Bem, isto é prático? E se Jesus não voltar por mais uns 50 anos?” Geralmente fazemos esta pergunta com uma motivação insincera. O problema com a maioria dos cristãos é que não queremos fazer a vontade de Deus; queremos fazer nossa vontade no nome de Jesus. Não buscamos a Deus para descobrir o que ele está fazendo; buscamo-lo para abençoar o que nós estamos fazendo.
Se as pessoas soubessem que Jesus não vai voltar por 50 anos, ou se conseguissem que ele marcasse uma data exata, então uma semana antes dele voltar começariam a orar, a amar todo o mundo, e a acertar a situação com quem tivessem prejudicado ou magoado.
Penso que, pelo menos em parte, foi isto que levou os fariseus a perguntarem a Jesus quando o Reino de Deus viria. Entretanto, Jesus lhes deu uma resposta que nós também precisamos compreender. Ele disse: “O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17.20,21).
Eles queriam saber quando o reino viria; Jesus lhes disse onde se revelaria primeiro. As pessoas sempre querem saber quando o Senhor voltará, não porque anseiam pela sua volta, mas para que possam continuar sua vida egocêntrica, e depois na semana anterior à sua volta, acertar tudo com Deus e com o próximo. Mas Deus não revela quando Jesus voltará porque quer que estejamos revestidos de prontidão, vivendo cada dia com visão e com paixão.
Oh, como nosso egoísmo nos prende, nos engana, e nos seduz com suas justificativas próprias! Jesus não quer a última semana da nossa vida; ele procura tudo que nós somos todos os dias! Ele não quer voluntários nas férias, ou guerreiros de fim de semana. O Deus vivo procura um povo em quem possa habitar, um povo que será seu reino na terra.
Ouça o que o autor de Hebreus escreveu enquanto o Espírito Santo revelava o desdobramento das obras de Deus na terra: “A voz do qual abalou então a terra; mas agora tem ele prometido, dizendo: Ainda uma vez hei de abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra — Ainda uma vez — significa a remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que permaneçam as coisas inabaláveis. Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor; pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.26-29).
Dois processos estão se desdobrando simultaneamente. Por um lado, o mundo está sendo abalado por guerras, rumores de guerra, fome, anarquia, terrorismo e ameaças de mais terrorismo. Pelo mundo inteiro, empresas gigantes estão sofrendo escândalos e falências; as economias das nações estão perdendo confiança ao mesmo tempo que temor e indecisão se apoderam do coração do homem. Entretanto, ao mesmo tempo que tudo isso está acontecendo no mundo, Deus está restaurando, aperfeiçoando e preparando o seu reino!
Lembre-se, os fariseus queriam saber quando o reino viria, mas Jesus disse que o reino, na sua fase inicial, não viria com sinais. Em outras palavras, não teremos um sinal nos dizendo que precisamos nos levantar cedo para orar. Não haverá um presságio para nos alertar que devíamos desligar a televisão e buscar a Deus. O reino dos céus está surgindo e desabrochando passo por passo dentro de nós enquanto obedecemos a Deus. Sim, a coisa mais prática que podemos fazer é obedecer plenamente a Deus em tudo que nos chamou para fazer!
Veja só, são dias proféticos, dias em que as Escrituras estão se cumprindo diante de nossos olhos. O mundo como nós o conhecemos está mudando rapidamente, e provavelmente vai ficar num estado pior e cada vez mais crítico antes da volta de Jesus. Em outras palavras, quando sua casa está pegando fogo, você não precisa de um curso de decoração. De modo semelhante, quando Deus está abalando tudo que pode ser abalado, devemos perseverar para avançar no seu reino, e andar na plenitude inabalável da sua presença.
Estas duas dimensões, o abalo das nações, e o descortinar do Reino de Deus, estarão à nossa volta continuamente até o dia da sua vinda. Com efeito, ouça outra coisa que o Senhor revelou sobre isto, desta vez através de Daniel. Ele estava falando do último sistema do mundo que haverá na terra, e da fase introdutória do Reino de Deus.
“Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre” (Dn 2.44).
Capte esta idéia: Enquanto o mundo está todo concentrado no seu esforço de resolver seus problemas insolúveis, o Deus dos céus simultaneamente está estabelecendo seu reino! Não a sua “igreja”, mas o seu reino. Não vem de fora de nós, mas dentro de nós — no nosso caráter, nosso amor, e nossa fé. É o evangelho deste reino que será proclamado em todo o mundo como testemunho, “e então virá o fim” (Mt 24.14).
Entre na Arca!
Jesus disse que os últimos dias seriam como os dias de Noé. Quer ver algo prático? Olhe para Noé. Para o mundo, Noé era tudo menos prático. Primeiro, estava construindo um barco em cima de uma montanha. Segundo, as pessoas estavam levando vidas muito normais, o quadro econômico estava melhorando, todos estavam comprando e vendendo. Nos fins de semana, sempre se via alguém casando e se dando em casamento. Não havia motivo para se acreditar em juízo iminente, certamente não num dilúvio, ainda mais porque até então nunca chovera!
Mas construir um barco em cima de uma montanha é uma ação muito prática se o mundo está para ser destruído por água. A vontade de Deus sempre é prática. Entretanto, ainda que o mundo considerasse Noé a pessoa menos prática da terra, no fim ele provou que fazer a vontade de Deus é literalmente a única maneira de se viver.
É verdade que Noé recebeu instrução de reunir casais de animais e alimentos para mantê-los, que significa que não podemos dispensar tudo que há no mundo e ficar na arca sozinhos. Mas, por outro lado, o fato de Noé ter conseguido ou não pegar um casal de gambás teria importado muito menos do que se ele mesmo entrasse na arca ou não.
Veja, a prioridade era construir a arca e advertir o povo. Foi Deus quem enviou os animais a Noé. E quando buscamos o reino, e determinamos que viveremos na arca da presença de Deus, as coisas adicionais de que precisamos para atravessar a vida nos serão dadas pelo próprio Deus.
O barco que Noé construiu era chamado “arca”. A arca não era meramente um barco, era um símbolo da promessa de Deus a Noé, e da obediência de Noé a Deus. Este ponto é muito importante. Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que FAZ a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7.21). Ele não disse: “aquele que tenta fazer”, mas “aquele que faz”. Um pouco depois, ele disse: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as PÕE EM PRÁTICA, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha” (v. 24).
A primeira coisa que você precisa fazer, então, é realmente ouvir as palavras de Jesus no profundo do seu espírito. Mas é a aplicação das suas palavras que é prática. Obediência é a vontade de Deus para nós, é o que entrar na arca significava para Noé — e isto nos preservará durante os tempos de abalos que virão sobre a terra.
Sem dúvida, há muitos bons pregadores e mestres que podem ensinar os princípios básicos para se viver no mundo natural — com muito mais capacidade do que eu. Há psicólogos cristãos, economistas cristãos, até aeróbica cristã; cada um capaz de ajudá-lo a vencer na sua habilidade específica. Tudo que você precisa pode ser encontrado em algum livro de auto-ajuda. Encontre as respostas que puder, mas coloque seu foco no alto, na vontade de Deus. Realmente, o conhecimento mais prático que podemos encontrar é o conhecimento da vontade de Deus. Pois ele, ele próprio, é nossa arca de segurança nestes dias vindouros.
Francis Frangipane é ministro do River of Life Ministries. Seus livros e artigos têm edificado milhões de pessoas mundialmente. Para outras mensagens do mesmo autor em inglês acesse o site www.inchristsimage.org.