“Durante minha vida de pecado”, escreveu Francisco de Assis, “nada me enojava mais do que ver as vítimas da lepra.” Na Europa daquela época havia multidões de leprosos. Por onde se andasse, encontrava-se com estes infelizes, cuja carne em putrefação, úlceras purulentas, e odor horrendo causavam mesmo profunda repugnância. O jovem almofadinha tinha tanto horror deles que se avistasse um a distância de até dois ou três quilômetros, virava seu cavalo e saía a galope, segurando o nariz. E mandava outra pessoa levar-lhe uma esmola.
Um dia, depois de já estar à busca de um novo sentido para sua vida, estava cavalgando por uma estrada quando numa curva deu de frente com um leproso. Esporear seu cavalo para passar mais rápido foi seu impulso imediato. Porém ao passar por ele, parecia que estava vendo Cristo no rosto contorcido do rejeitado. De repente, parou, desmontou do cavalo, abraçou e beijou o leproso. Sentiu então uma enorme alegria invadir todo seu ser. Era Deus mudando o amargo em doçura, fazendo com que o que fora doloroso e repugnante agora se tornasse fácil e agradável.
Ainda não contente com a primeira vitória, o jovem foi logo em seguida a um leprosário mais próximo. Entrando neste “ultimo refúgio de toda miséria humana”, ele reuniu os internos e suplicou seu perdão por haver tantas vezes os desprezado. Ainda permanecendo ali algum tempo, distribuiu dinheiro, e beijou a cada um.
Logo após esta experiência, nas suas próprias palavras, “abandonou definitivamente o mundo” e passou a assumir o chamado com que marcaria o mundo para sempre.