Por: David Wilkerson
A seguir alguns pontos principais, e trechos da mensagem pregada por David Wilkerson na igreja onde é pastor em Times Square, no centro de Manhattan, Nova York, no dia 16 de setembro de 2001.
1. Descrição da cena do desastre, e advertências dadas pelo Espírito Santo antes dos ataques:
Terça-feira, dia 11 de setembro, de 2001, as torres gêmeas do World Trade Center na cidade de Nova York foram destruídas. Cinco dias depois, enquanto preparava esta mensagem, olhei pela janela do meu escritório no 30º andar de um prédio. Nuvens enormes de fumaça ainda subiam das ruínas. Subiam dos escombros e flutuavam acima do Rio Hudson, passando acima da Estátua da Liberdade.
No domingo seguinte, logo antes de pregar na Igreja de Times Square, no centro de Manhattan, chorei ao ver a cena de destruição total. Supliquei a Deus por misericórdia: misericórdia pelas famílias de luto que perderam entes queridos. Misericórdia pelos voluntários ainda cavando no meio dos escombros, na esperança de encontrar sobreviventes, mas achando apenas cadáveres e membros decepados. Misericórdia por todos os policiais, bombeiros e voluntários que choravam abertamente ao contemplar estes horrores indescritíveis.
A Igreja de Times Square teve autorização para instalar uma tenda de assistência no local da tragédia. Obreiros e voluntários da nossa congregação trabalharam incansavelmente sem interrupção, ajudando a alimentar e encorajar os trabalhadores esgotados.
Seis semanas antes do desastre, o Espírito Santo advertiu nossa equipe pastoral que uma calamidade estava próxima. Tínhamos programado vários eventos importantes nas próximas semanas, incluindo uma Conferência de Missões e uma Convenção de Jovens. Mas o Espírito de Deus nos orientou a cancelar tudo, e a chamar nossa congregação para oração.
Resolvemos fazer reuniões de oração quatro noites por semana. Desde a primeira reunião, predominou uma quietude de profunda reverência sobre toda a congregação. Sentamos silenciosos na presença do Senhor, muitas vezes sem um barulho sequer, por até uma hora em seguida. Depois vinha choro suave e arrependimento de corações partidos. Numa dessas reuniões, tive de firmar meus joelhos com minhas mãos, para que não tremessem demais na assombrosa presença de Deus.
Durante esta visitação do Senhor, o Espírito Santo revelou que havia um motivo para as nossas lágrimas que saíam do coração. Sentíamos comovidos assim porque uma tragédia estava prestes a acontecer. Uma severa calamidade estava vindo sobre a nação. E mesmo sem saber o que era, nossos corações foram despertados para interceder a respeito disso.
Então, de repente, a calamidade chegou. E não atingiu somente esta cidade (Nova York), mas a capital, Washington. Um apresentador de rede de TV declarou: “Pense nisso, nossos dois símbolos de poder e prosperidade foram atingidos em uma hora!” Ele nem sabia que estava citando Apocalipse 18.10: “Ai! Ai da grande cidade, Babilônia, a cidade forte! Pois numa só hora veio o teu julgamento”.
2. Se você é cristão, sabe que Deus está dando uma mensagem aos Estados Unidos e ao mundo por meio deste desastre.
Enquanto um policial da nossa igreja ajudava no local do desastre, seus colegas lhe perguntavam insistentemente: “O que significa tudo isso? O que está acontecendo?” Ao mesmo tempo, o país inteiro está perguntando: “Onde está Deus em tudo isso?”
Estamos certos quando fazemos estas perguntas. Precisamos entender onde Deus está nesta calamidade. E para fazer isto, temos de confiar exclusivamente na sua Palavra. Já ouvimos centenas de opiniões de autoridades da mídia e de políticos. Mas toda sua retórica começa a ter o mesmo som vazio. Ninguém está realmente entendendo o significado desta destruição repentina.
Uma coisa posso lhe assegurar: Deus não foi surpreendido por este acontecimento. Ele conhece os pensamentos de todos os seres humanos, inclusive de todo governante, déspota ou terrorista. O Senhor monitora os movimentos de cada pessoa de toda a massa da humanidade. Ele sabe quando nos sentamos e quando nos levantamos. E posso lhe garantir: Deus tem tudo sob controle. Nada na face da terra acontece sem seu conhecimento, sua permissão, e às vezes até mesmo sua mão por trás.
Ministros e teólogos em toda parte estão dizendo: “Deus não teve nada a ver com estes desastres. Ele não permitiria coisas terríveis como esta.” Nada poderia estar mais longe da verdade. Este tipo de pensamento é responsável por levar o povo a perder rapidamente a mensagem que Deus quer nos dar através da tragédia.
A verdade é que precisamos ter uma palavra de Deus. Como muitos pastores, tenho chorado e lamentado por causa desta terrível calamidade.
Tenho buscado ao Senhor em oração, e na sua Palavra. E quero lhe dizer que tenho experimentado uma tristeza ainda mais profunda do que o luto por pessoas inocentes que morreram. É uma tristeza por ver que se perdermos a mensagem de Deus, se fecharmos nossos ouvidos àquilo que ele está proclamando em alto tom, então coisas muito piores estarão reservadas para nós.
3. Deus enviou vários alertas ao seu povo Israel no Velho Testamento
O profeta Isaías fala diretamente para esta situação em que vivemos. Na época em que profetizava, Deus havia tratado pacientemente com seu povo durante aproximadamente 250 anos. Havia enviado “leves tribulações” sobre Israel, chamando-os ao arrependimento. Estava tentando conquistá-los a deixar sua idolatria voluntariosa e atraí-los de volta à sua bênção e favor.
Mas a nação escolhida de Deus rejeitara sua chamada ao arrependimento. “Porém não deram ouvidos; antes, se tornaram obstinados, de dura cerviz…” (2 Rs 17.14). Estas pessoas zombavam dos profetas que as chamavam à humildade. E no lugar disso, “seguiram os ídolos, e se tornaram vãos, e seguiram as nações que estavam em derredor deles… desprezaram todos os mandamentos do Senhor, seu Deus… e venderam-se para fazer o que era mau perante o Senhor, para o provocarem à ira… Pelo que o Senhor muito se indignou contra Israel” (2 Rs 17.15-18).
O primeiro alerta vindo do Senhor para o despertamento de Israel veio numa invasão pela Assíria. Este arquiinimigo atacou duas tribos israelenses, Zebulom e Naftali. Afortunadamente, o ataque foi limitado a estes dois pontos, e o dano foi mínimo. Contudo Deus estava falando claramente ao seu povo. A nação escolhida de Deus perdeu o senso de segurança. Ainda assim deixaram de entender a mensagem que Deus transmitia.
Israel então recebeu um segundo alerta. Esse foi muito sério. Duas nações que as Escrituras chamam de “inimigas de Israel” – os sírios e os filisteus – juntaram forças para um súbito ataque. Segundo Isaías, este ataque veio “Pela frente…e por detrás” (Is 9.12). Isto significa que a invasão veio do leste e do oeste, cercando Israel. E o ataque repentino foi totalmente devastador.
4. Deus nunca deixa de avisar seu povo.
Agora chegamos ao coração da mensagem, e à pergunta que a maior parte dos americanos faz: onde Deus estava na hora da invasão súbita de sua terra escolhida? O que deve fazer o seu povo diante do desastre que lhe sobreveio?
Isaías diz que Deus foi fiel em falar ao povo: “O Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel” (Is 9.8). Deus falou claro. E enviou a mensagem para o país inteiro.
Amado, esse versículo nos diz algo muito importante nestes dias de devastação. Diz simplesmente: “Deus sempre envia a sua palavra.” Nunca na história o Senhor deixou seu povo sem pistas na hora da calamidade. Ele jamais nos abandonou ou forçou a descobrir as coisas por nós mesmos. Ele sempre fornece uma palavra para compreensão.
Agora mesmo o Senhor está levantando atalaias e profetas de Deus para falar por ele nestes dias. Esses homens estão sofrendo, chorando e se arrependendo ao buscar a face de Deus. E creio que estão ouvindo e compreendendo a mensagem do Senhor por trás dos acontecimentos. Ainda mais: não têm medo de proclamar avisos tenebrosos, pois sabem que os ouviram de Deus. Estão sendo compelidos a falar dos seus propósitos existentes por trás das nossas calamidades.
5. Deus usa povos e pessoas ímpias para corrigir seu povo.
A Bíblia deixa muito claro: Deus usou nações inimigas para corrigir o seu povo. O Senhor utilizou estes inimigos como instrumento de advertência a Israel, convocando o país ao arrependimento. “Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. Envio-a contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe dou ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas” (Is 10.5-6).
Deus deu ordem para que essa união dos inimigos de Israel corrigisse o seu povo. O Senhor estava tentando prevenir Israel: “Você ficou muito cheio de si e de orgulho. Agora devo lhe rebaixar. Vou permitir que você seja destruído pelos inimigos.”
A coalizão inimiga desferiu o ataque maciço. E subitamente, os israelitas viram horrorizados os seus prédios começando a cair. Incêndios irromperam pelas cidades, pondo abaixo construções majestosas. Em pouco tempo, Israel estava em chamas; e o povo de Deus começou a prantear: “Os tijolos caíram…cortaram-se as figueiras bravas” (Is 9.10).
6. Mas o povo não ouviu os avisos e voltou a confiar em si.
Após testemunharmos os recentes desastres de Nova York e Washington, começamos a imaginar as emoções dos antigos israelitas. E contudo, Israel se arrependeu depois deste terrível ataque? Será que houve uma conscientização nacional de que Deus estava lhes mandando um aviso? Será que os governantes ouviram Deus falando através da terrível calamidade? Não. A reação de Israel foi exatamente a oposta. O medo inicial do povo rapidamente deu lugar à uma inundação de orgulho nacional. “Todo o povo…em soberba e altivez de coração dizem…”(Is 9.9).
Em hebraico a palavra altivez neste versículo quer dizer sentimento de grandeza. Em outras palavras, uma vez tendo se abrandado o ataque, os israelitas recuperaram a confiança. Declaram: “Os tijolos caíram, mas com pedras lavradas tornaremos a edificar; cortaram-se as figueiras bravas, mas por cedros as substituiremos”(Is 9.10). Disseram em outras palavras: “Estas tragédias não vieram de nosso Senhor. São apenas o destino, desastres infelizes que não podem ser explicados. Somos uma grande nação. Somos um povo cheio de orgulho, que não se curva. E vamos mostrar ao mundo que voltaremos. Vamos reedificar tudo maior e melhor. Onde antes usamos tijolos, usaremos pedras. E onde antes fizemos uma construção barata, agora usaremos material melhor. Somos um país abençoado por Deus. E vamos sair desta tragédia mais forte do que nunca.”
Isso não soa muito familiar? O próprio Senhor usou um inimigo maligno para enviar advertência de correção ao povo. Ele queria despertá-los desta atitude de contemporizar com o mal, trazê-los de volta a si, derramar sobre eles as suas bênçãos, e cercá-los com a sua proteção. No entanto, durante todos os dias de horror e sofrimento, o povo de Deus nem uma vez sequer reconheceu a sua mão em meio a tudo. Ninguém perguntou: “O que Deus está dizendo através de tudo isto? Será que ele está tentando falar conosco?” Ninguém pensou por um instante, que um país tão grande e orgulhoso pudesse ser humilhado e castigado. Pelo contrário, as pessoas usaram a ocasião para desprezar qualquer tipo de pensamento assim. Recusaram-se a ouvir a advertência de Deus para eles.
Pergunto a você: o exemplo de Israel lhe atingiu, depois de tudo que testemunhamos nas últimas semanas? Por favor, não me entenda mal. Dou graças a Deus por todas as pessoas tementes a Deus que estão em posição de autoridade. E somos gratos pelo novo interesse por toda parte em esforços coletivos e nacionais de oração. É encorajador ver as pessoas ficando sóbrias, e começando a repensar seus estilos de vida.
Contudo, mesmo assim, corremos o risco de não compreendermos a mensagem de Deus para nós. Podemos achar que um momento de silêncio ou um hino pedindo a bênção de Deus, representem a busca por Deus, ou o arrependimento nacional.
Mas é só isso que vai sobrar de nossa recente tragédia? Será que as pessoas nos estádios irão se levantar em silêncio por um minuto, e depois começar seu carnaval, estourar uma cerveja depois da outra, e berrar que nem loucas pelo seu time?
Enquanto tudo isso é feito, continuamos permitindo o aborto, a imoralidade, e edificamos uma sociedade e uma cultura que nega a Deus. No fundo é uma hipocrisia total. Prestamos culto a Deus com os lábios, mas continuamos escorregando para a lama da imoralidade.
Temos duas opções como resposta à correção de Deus: podemos nos humilhar e arrepender, como Nínive fez. Ou, podemos servir a Deus com os lábios, mas depois nos voltarmos para a própria força, a fim de ficar acima da correção. Haverá um grito conjunto declarando: “Temos força para suportar qualquer tragédia, e a habilidade e a determinação para vencer qualquer problema. Somos na verdade uma grande nação.”
7. O que Deus vai fazer com os ímpios que usou contra seu povo?
Quanto à punição aos terroristas, Isaías se refere igualmente. Declara: “Havendo o Senhor acabado toda a sua obra no monte de Sião e em Jerusalém, então visitará o fruto do arrogante coração do rei da Assíria” (Is 10.12). Realmente, quando parou de usar os assírios como “vara da minha ira”, ele os destruiu. Igualmente, Deus destruirá qualquer terrorista que atacar e assassinar gente inocente. Não vai demorar para que achem seu destino eterno no inferno.
8. O que Deus sente em relação às vítimas e aqueles que estão sofrendo conseqüências dos ataques?
Atente ao que Deus falou através de Ezequiel: “Lançai de vós todas as vossas transgressões…e criai em vós um coração novo e um espírito novo. Por que razão morreríeis, ó casa de Israel? Pois não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Arrependei-vos e vivei” (Ez 18.31-32).
Para quem duvida que Deus sente a dor, eis uma prova positiva de sua grande compaixão. Ele também sente dor e tristeza pela morte. Ele nos diz nesta passagem: “Não tenho prazer em lhes ver sofrer e morrer. É por isso que agora estou pedindo: arrependam-se e vivam.”
Deus chora especialmente pelas calamidades que sobrevêm aos inocentes. Nestas últimas semanas, você pode ter certeza de que Jesus tem chorado pelas vítimas dos ataques terroristas. A Palavra diz que ele “guarda as lágrimas dos santos”.
Na verdade, creio que muitas das lágrimas derramadas pelos cristãos, são as lágrimas do próprio Deus, despertadas por seu Espírito em nós. Contudo, às vezes, a justiça e a retidão de Deus o levam a refrear a sua compaixão. E ele é forçado a fazer cumprir seus julgamentos de justiça como último recurso. O maior exemplo disso foi o sacrifício do seu Filho, Jesus. A justiça exigia que os pecados do mundo inteiro fossem lançados sobre um homem inocente, e que esse homem fosse condenado a morrer por todos. Diga-me, quem poderia ser mais inocente do que o próprio Filho de Deus? Mesmo assim, Cristo voluntariamente se deu como sacrifício, para oferecer libertação e salvação para toda a humanidade.
9. O que acontecerá se não ouvirmos os avisos de Deus?
Qual será o nosso destino se rejeitarmos o chamado de Deus para nos voltarmos inteiramente para ele? O que acontecerá se os abortos continuarem e os fetos forem usados para pesquisa… se continuarmos apagando o nome de nosso Salvador da história… se reconstruirmos tudo maior e melhor, só para nos enriquecermos mais… se dependermos de nossa força armada, em vez de depender de Deus para ter poder?
Isaías descreve o que sucede a todo país que rejeita Deus, e se vangloria de sua própria grandeza: “A impiedade lavra como um fogo… sobe ao alto em espessas nuvens de fumaça. Por causa da ira do Senhor dos Exércitos a terra será abrasada, e o povo será pasto do fogo: ninguém poupará ao seu irmão. Se cortar do lado direito, ainda terá fome… cada um comerá a carne de seu braço” (Is 9.18-20).
Incêndios devoradores subirão até os céus. Trevas cobrirão a terra. A economia será atingida por uma explosão aniquiladora. E haverá desunião na nação, nas comunidades, na vizinhança, nas famílias. As pessoas só cuidarão de si próprias, numa luta desesperada para sobreviver. E Deus lhe guarde de chegar perto delas.
10. Isto pode ser evitado?
Talvez você se pergunte, como eu: “Será que isso pode ser evitado?” Sim, certamente. Creio que ganharemos um adiamento temporário se tivermos líderes como Josias. Você se lembra de Josias, o rei que buscou o Senhor de todo o coração? Todos devemos orar para que nossos líderes em todos os níveis tenham o mesmo espírito que Josias possuía, de tremer diante da sua Palavra.
O Senhor disse o seguinte a Josias: “Trarei desastre sobre este lugar, e sobre os seus moradores… Porque me deixaram… para adorarem a outros deuses… Porém ao rei de Judá, que vos enviou para consultar o Senhor, direis: …Visto que o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os seus moradores, que seriam para assolação e para maldição… também eu te ouvi, diz o Senhor. Pelo que… os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar” (2 Rs 22.15-20).
Deus disse ao rei, basicamente: “Enquanto estiver no poder, tremendo diante da minha Palavra e dependendo de mim, você não verá os julgamentos que virão. Eles não acontecerão durante o seu reinado.”
Creio que teremos esta oportunidade para respondermos a Deus, mas que será muito breve. Todos devemos orar para que haja um verdadeiro arrependimento, para que o povo de Deus se volte para o Senhor. Este alerta não foi só para os Estados Unidos. É para todos nós, para o povo de Deus, que é o único que poderá realmente ouvir e entender a sua mensagem. As nossas preces mais intensas devem ser para os nossos próprios corações:
“Senhor, permita que eu trema não diante das tragédias, mas diante da tua Palavra. Quero ouvir a tua voz em meio a tudo isto. Motive-me a me voltar inteiramente para Ti.”
Esta mensagem pode ser encontrada em sua íntegra no site:
www.worldchallenge.org