Devocional: A Intercessão de Jesus é Mais Poderosa Que os Nossos Fracassos
Por: Francis Frangipane
Conhecer a Cristo é conhecer seu coração com relação à sua igreja. Na noite anterior à sua morte, a noite mais sombria da sua vida, nosso Mestre apresentou ao Pai seu pedido mais elevado. Orou para que seus discípulos fossem “aperfeiçoados na unidade” (Jo 17.23). Entretanto, a única unidade que os discípulos conheciam naquela noite era o medo comum e o fato de que em breve todos haviam de abandonar seu Senhor.
Jesus disse àqueles futuros líderes da igreja de Jerusalém que seriam conhecidos pelo seu infatigável amor ágape. Mas naquela noite os três amigos mais íntimos de Cristo não puderam permanecer acordados com ele nem mesmo durante uma hora enquanto agonizava sozinho em oração.
Apesar da imaturidade, das ambições e das falhas dos seus discípulos, Jesus orou sem titubear para que eles se tornassem a habitação humana da Trindade — uma promessa que soava quase blasfematória a mentes que só conheciam o Velho Testamento (Jo 14.16—17.23)!
Entretanto, a confiança da oração de Cristo tinha pouco a ver com o caráter dos seus discípulos e muito a ver com seu próprio poder de transformar os corações. Estes homens medíocres, estes líderes vacilantes da igreja, não seriam capazes de atingir alvos tão sublimes com suas próprias forças, mas somente através do derramar do Espírito Santo e da vida intercessória de Cristo. Fariam as suas obras porque ele estava indo “… para o Pai” (João 14.12b) onde viveria para sempre para interceder por eles!
Como foi naquela ocasião, assim é hoje: A intercessão de Cristo e a obra renovadora do Espírito Santo permanecem como a força e a esperança da igreja! A condição superficial e imatura da igreja nunca impediu Cristo de orar pela sua perfeição. Seria tão impossível ele deixar de orar assim quanto o seria para ele deixar de ser o Redentor da humanidade. E assim como Jesus não pode cessar de orar pelo seu povo imperfeito, esta deve ser a nossa posição de intercessão também.
Jesus, Nossa Única Virtude!
Como líderes e intercessores, comprometemos nossos corações para obedecer a Deus, mas falhamos com freqüência. Realmente, procuramos conhecer sua Palavra: mas a compreendemos de modo muito incompleto. Comprometemo-nos em segui-la, mas quantas e quantas vezes nos encontramos perdidos! O Cristianismo nunca foi um meio de suprimir atitudes e desejos ímpios; o objetivo de Deus não é alterar comportamento, mas modificar relacionamento. Na verdade, fora de um relacionamento momento por momento com Jesus Cristo, não conseguimos realizar nada.
A questão da igreja ser totalmente dependente de Cristo é absoluta e irrevogavelmente central para o plano de Deus. O poder que deve emanar da igreja não é inerente a ela: deve fluir por meio de nós por causa do nosso relacionamento com Jesus Cristo através do Espírito Santo. A nossa espiritualidade não é medida em termos de conquistas humanas, mas na proporção da nossa dependência de quem Jesus se tornou para nós.
Virtude e justiça verdadeiras não são evidenciadas nas nossas realizações, mas no nos so abandono a Cristo. Por isto nossas falhas podem na verdade se tornar até mais valiosas que nossos sucessos, pois quando nos esticamos para alcançar, e depois caímos, somos quebrados, e no quebrantamento nos colocamos mais desesperadamente debaixo das misericórdias de Deus.
Quebrantamento cria abertura para Deus, e é aí que a Presença real do Eterno penetra na alma do fracassado seguidor de Cristo. Quase todos já ficaram arrasados em uma ocasião ou outra por causa das falhas de um líder. Entretanto, se aquele líder se arrepender genuinamente, descobrirá que um desvelamento muito maior da presença viva de Deus o aguarda.
Querido amigo, cada líder que Jesus deu à igreja do primeiro século falhou de uma maneira ou de outra. Deus não lhes deu as costas por isto. Pelo contrário, usou sua nova descoberta de uma mais profunda fraqueza pessoal para aperfeiçoar neles a sua força (2 Co 12).
Veja o caso de Pedro; gabou-se que embora outros pudessem falhar ele nunca negaria ao seu Senhor. Apesar disso, Jesus avisou seu discípulo “convencido” de que naquela mesma noite ele o negaria três vezes (Jo 13.36-38). Na verdade todos os discípulos de Cristo o abandonaram. Qual foi a reação do Senhor? Disciplinou Pedro? Não. Embora existam ocasiões em que Cristo precisa nos confrontar e nos repreender, Jesus orou por Pedro para que, mesmo falhando, sua fé não desfalecesse e que pudesse fortalecer seus irmãos (Lc 22.32).
De maneira incrível, sabendo que seus discípulos sofreriam terrivelmente por causa de suas próprias falhas, Jesus ainda mais os confortou dizendo: “Não se turbe o vosso coração…” (Jo 14.1). Ele está a ponto de ser abandonado pelos discípulos, entretanto é Jesus quem os conforta, procurando aliviar seus corações antes mesmo deles fugirem.
Amados, não conhecemos a Cristo de verdade até que tenhamos tropeçado e depois descoberto que ele ainda é nosso amigo, atraído para ainda mais perto de nós através do nosso arrependimento e quebrantamento. Se nos voltarmos e confiarmos novamente nele, descobriremos que o mesmo Senhor que exige de nós corações obedientes continua sendo o nosso Redentor e Intercessor mesmo quando falhamos para com ele. Ele nos lembra que “a quem pouco é perdoado pouco ama” (Lc 7.47).
Duas Coisas Imutáveis
Há duas coisas que são maiores e mais duradouras do que as falhas da igreja: “a imutabilidade do seu propósito (de Deus)…” e a intercessão sacerdotal “…imutável” de Cristo (Hb 6.17; 7.24). Foi pago o preço, não somente para nos agraciar com a verdadeira vida de Cristo, mas para expiar as nossas faltas até que atinjamos a semelhança de Cristo.
Não abandone as pessoas quando falham. Os maiores líderes da igreja serão pessoas que conheceram o fracasso. Todos os avivamentos que já ocorreram sempre começaram com pessoas que haviam anteriormente falhado com Deus de alguma forma significativa. Não estou desculpando o pecado. Não estou dizendo: “Vamos pecar para que a graça seja abundante”. Estou dizendo que Deus ainda pode usar pecadores. Jesus ainda é um amigo de pecadores.
Assim como Cristo não abandonou os líderes que caíram, nem nós o devemos fazer. Assim como ele vive para orar por nós com todas nossas falhas, também devemos orar pelos outros apesar de suas falhas. Quando estamos de acordo com Cristo em oração, um derramamento de poder redentor liga o céu à terra.
Muitas pessoas na igreja se desiludiram e foram machucadas por líderes; semelhantemente muitos líderes são esmagados pelas pessoas sob o seu cuidado. Já é tempo de cessar estes ferimentos mútuos e de se começar a fazer oração intercessória. Já é hora de possuir o coração de Cristo, que ainda está orando para que sua igreja imperfeita, tanto líderes como congregações, “todos sejam um”.
Uma resposta
Só mesmo na dependência Dele podemos ser um. Somos por demais atrapalhados, imaturos e muitas vezes nos estranhamos. Nessas ocasiões, nosso homem interior ,ousa querer mostrar que tem razão. Tristemente tem sido assim. Que Jesus nos ajude a vivenciar o Amor e o Perdão para que possamos ser resposta a Sua oração.