Por: Rick Joyner
Quando Pedro fez sua grande confissão que Jesus era o Cristo, Filho do Deus vivo, o Senhor prometeu: “… sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
As portas do inferno são as entradas por onde os poderes das trevas obtêm acesso a este mundo. São pontos estratégicos, normalmente planejados como contrapontos aos propósitos importantes de Deus. Estamos chegando à época em que todos os portões do inferno estarão abertos por completo. É essencial que tenhamos capacidade de reconhecer e compreendê-los, e depois fechá-los, de acordo com a autoridade que nos foi dada.
As maiores iluminações que este mundo já recebeu vieram por intermédio da igreja. Desde a salvação, passando pelo surgimento da democracia e a erradicação da escravidão, praticamente todo grande avanço na condição de vida humana nos últimos dois mil anos pode ser diretamente relacionado à verdade e doutrina cristãs. Portas do céu, por onde graça e verdade divinas podem fluir para o mundo, serão abertas com maior intensidade agora neste final de tempos para continuar o avanço da verdade e da justiça. Serão abertas também para capacitar a igreja a fechar os portões do inferno, representados por algumas das questões mais significativas do nosso tempo, como por exemplo guerra, racismo, homicídio, miséria, doença, e a ilusão das drogas.
Quando analisamos historicamente o caminho que Deus usou para abrir portas do céu para este mundo, não nos surpreendemos ao encontrá-las na igreja. Entretanto, muito nos assusta constatar que a mesma igreja abriu caminho para que alguns dos portões mais devastadores do inferno lançassem seu veneno sobre a terra. Portanto, antes de podermos confrontar e fechar os portões do inferno que estão abertos no mundo, precisamos fechar os que se encontram no nosso meio. As portas do inferno não podem prevalecer se os confrontarmos, mas enquanto não o fizermos, continuarão desempenhando seu papel mortífero.
Se você não acredita que isso seja possível, veja o que Paulo escreve aos tessalonicenses sobre o homem do pecado: “…o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (2 Ts 2.4). O santuário de Deus não é mais um templo feito com mãos humanas – é a igreja! Assim, a igreja não tem sido apenas o veículo de Deus para tocar e abençoar este mundo, mas também a fonte de algumas das doutrinas e filosofias mais diabólicas que já surgiram. Além disso, será o lugar onde a manifestação máxima do mal se assentará, não somente afirmando vir de Deus, mas dizendo que é o próprio Deus. Como prelúdio desta manifestação final do homem do pecado, os grandes pecados do homem têm tomado seu lugar na igreja, um por um, disfarçados como verdades de Deus; e grande parte da igreja está sendo enganada por cada um deles. O Senhor Jesus nos advertiu de antemão que isto aconteceria na parábola do joio e do trigo, mostrando que cada vez que ele semeasse boa semente num campo, o inimigo viria e semearia sementes perversas no mesmo campo (Mt 13.24-30).
Desta forma, não nos deve admirar que haja tanta ambivalência no mundo em relação à igreja, já que somos tão grande fonte tanto de bênção como de maldição. Entretanto, Deus está para começar o processo de separação, e de manifestação do mal, para que este possa ser arrancado sem destruir o trigo. E o primeiro passo neste processo é identificar o joio.
Nossa responsabilidade na preparação para esta separação é permitir que o Senhor nos sonde e que exponha tudo que ele quiser na nossa vida. Temos de ter a humildade de reconhecer e confrontar claramente nossos pecados, a fim de ser livres deles. Quem tentar encobri-los será incluído com o joio, como Deus falou com o profeta Jeremias:
“Se tu voltares, então te trarei, e me servirás; se apartares o precioso do vil, serás o meu porta-voz” (Jr 15.19).
A Raiz da Árvore
O primeiro portão do inferno que foi aberto para este mundo foi através da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Foi por esta árvore que a morte entrou no mundo, e será justamente a morte o último inimigo de Deus a ser vencido. A morte é a raiz mestra desta árvore, e alimenta todas as outras ramificações das raízes do mal no mundo. Este portão do inferno é realmente a fonte de todos os outros portões. Quando esta árvore for arrancada da terra, a morte não mais terá acesso a este mundo, nem o “bem e o mal” com sua origem humanística.
Nossa batalha final será para arrancar esta árvore da terra, e então Satanás perderá seu acesso ao homem. Quando um indivíduo tem esta árvore arrancada do jardim da sua vida, o inimigo, o pecado e a morte, perdem seu acesso a ele. O mesmo é válido de uma congregação, cidade ou nação. As duas árvores no jardim representam o ponto máximo no conflito entre o reino das trevas e o reino de Deus.
Quando se arranca uma árvore, é importante que todas as ramificações das raízes sejam removidas também. Se ao menos uma pequena ramificação permanecer na terra, poderá brotar novamente, e tornar-se numa outra árvore. Através da história da igreja, muitas dessas raízes secundárias foram encontradas e arrancadas da terra. Porém, ainda há muitas que devem ser removidas antes que a raiz mestra da morte possa ser destruída.
Alguém poderia argumentar que a árvore boa só pode dar bom fruto (Mt 7.17). Isto é verdade, mas o “bem” da Árvore do Conhecimento é tão pernicioso quanto o “mal” dela. A origem do mal que tem contaminado a igreja é justamente esta falha de entender que o bem e o mal têm a mesma raiz, e o fruto deles resultará em morte, indiferentemente se aparece na sua forma “boa” ou “má”. A bondade humana é um veneno tão mortífero quanto a maldade humana, e mais perigosa porque é muito mais enganosa.
Como é que a igreja, plantada por Deus, pôde produzir tantos frutos bons e maus na história e até o presente momento? Principalmente, porque a igreja não é apenas uma planta. O apóstolo Paulo chamou a igreja de “lavoura de Deus” (1 Co 3.9). Esta lavoura ou plantação de Deus convive com muitas teologias, que foram semeadas no mesmo campo: algumas boas, outras más; algumas que dão vida, outras que produzem morte. E o joio plantado junto com o trigo é assustadoramente enganoso: como o próprio inimigo sabe usar as Escrituras, pode parecer muito bíblico. Por isto, não podemos discernir a verdade somente verificando se é bíblica ou não, mas observando seu fruto (Mt 7.16).
Portões do Inferno em Colônia: Mãe de Nero
Queremos agora examinar o caso específico de um portão do inferno que se estabeleceu numa localidade geográfica específica: a cidade de Colônia, na Alemanha. Esta cidade tem sido uma das mais influentes na história do mundo; e isto apesar de manter sua influência admiravelmente escondida e obscura – o que atende às preferências das forças das trevas. Algumas das teologias e filosofias mais notáveis e venenosas que o mundo já conheceu se originaram em Colônia. É possível que mais derramamento de sangue resultou da influência desta cidade do que de qualquer outra cidade no mundo.
A província de Colônia foi fundada na mesma época do nascimento de Cristo. Uma sobrinha do Imperador Augusto, Agripina, que se dizia ser descendente da deusa do amor, Afrodite, casou-se com Germânico, o conquistador de Gália, em Colônia. No ano 16 d.C., nasceu sua filha, Agripina, a Jovem, num centro de culto pagão, situado exatamente onde a Catedral de Colônia se encontra hoje. Agripina, a Jovem, seria a mãe do imperador Nero, um dos imperadores mais cruéis e dementes da história romana. Foi Nero quem primeiro jogou os cristãos às feras no Circo Maximus, e quem condenou Pedro e Paulo à morte em Roma. Assim, a primeira grande perseguição contra a igreja teve suas raízes em Colônia.
Durante mais de dois séculos, Colônia seria a capital da parte ocidental do Império Romano. Em 313, o Imperador Constantino, que estabeleceu o cristianismo como religião oficial do império, mandou destruir os ídolos e templos pagãos em Colônia, entre outros lugares. Entretanto, como acontecia em todo o império, nem tudo foi destruído, mas muitos edifícios ou materiais foram aproveitados para os templos cristãos. Era simbólico da grande mistura que estava ocorrendo no cristianismo, e das raízes do mal que estavam permanecendo dentro dele.
Portões do Inferno em Colônia: Cruzadas
Séculos depois, a cidade de Colônia seria um dos principais centros das Cruzadas para libertar Jerusalém e a terra santa do domínio dos muçulmanos. Como os muçulmanos estavam avançando cada vez mais na Europa, o papa criou a estratégia das Cruzadas para desviar sua atenção, obrigando-os a voltar para defender seu próprio território. Pedro de Amiens, ou Pedro o Eremita, foi um dos organizadores da Primeira Cruzada em 1096, e uma das principais bases que usou para recrutar participantes, foi Colônia.
As Cruzadas continuariam por quase dois séculos, e contaram com o apoio não só de reis e soberanos da Europa, ansiosos para deter o avanço do Islã, mas com centenas de milhares de camponeses, pobres e até mulheres e crianças, que desejavam ficar livres da servidão feudal, ou que foram contagiados pelo fanatismo religioso e pelas promessas de obter indulgência total dos seus pecados. Assim, no nome de Cristo, e levantando o símbolo da cruz, os cruzados não só usaram a espada e a lança para combater o islamismo, mas também cometeram atrocidades incríveis contra pessoas inocentes no caminho, principalmente contra os judeus, que eram considerados os grandes inimigos de Cristo. As Cruzadas mudaram profundamente o mundo da época, mas deixaram profundas feridas culturais entre cristãos e muçulmanos, e entre cristãos e judeus.
Como naquela época os judeus já eram grandes banqueiros, os cruzados os obrigaram a financiar sua missão. Primeiro hipotecaram suas terras aos banqueiros, e depois resolveram não pagar suas dívidas porque os judeus haviam matado Jesus na cruz. Depois, Godofredo de Bulhões, soberano da Baixa Lorena que incluía Colônia, ordenou que matassem todos os judeus na região como expiação pela morte de Jesus. Os judeus ofereceram dinheiro em resgate das suas vidas, o que também serviu para financiar as Cruzadas. Só que mesmo assim, alguns nobres começaram a matar judeus em Colônia e outras cidades da região, iniciando um período de quase 900 anos de perseguições e massacres de judeus. Podemos dizer que as sementes do Holocausto do século XX começaram naquela época, e daí em diante, numa das maiores perversões da mensagem do Salvador, a maioria dos ataques sangrentos contra o povo que trouxe Jesus ao mundo viriam através das próprias pessoas que diziam ser seus embaixadores. Durante os séculos a seguir, os judeus eram periodicamente assaltados, roubados, e às vezes massacrados em bairros inteiros, poupando somente aqueles que aceitassem ser batizados como cristãos. Houve alguns cristãos, é verdade, que se opunham a esta trágica intolerância, como Bernardo de Clairvaux, mas não tiveram muito sucesso em deter esta violência fanática.
Os ataques contra os judeus não foram limitados à ala católica do cristianismo. Com o surgimento do protestantismo no século XVI, foram promulgadas teologias que apoiaram esta perseguição, e que culminariam com as piores atrocidades de toda a história na Alemanha Nazista do século XX. Os judeus sobreviveram a todos estes ataques como povo, mas as feridas causadas pelos cristãos através dos séculos são muito profundas. Por isto, é mais fácil o judeu associar o cristianismo com sua destruição como povo, do que com a sua mensagem de salvação.
Depois de perder quase todo seu exército de 30.000 homens, mulheres e crianças num confronto com os turcos perto de Constantinopla, Pedro de Amiens se ajuntou com Godofredo de Bulhões e um outro exército organizado por este, e partiram para a Terra Santa. A sua palavra de ordem era: “Deus o quer! Deus o quer!” Em julho de 1099, a Cidade Santa de Jerusalém foi tomada e os cristãos entraram. Para os cristãos foi a realização de um grande sonho, e uma grande vitória, à custa de muito sofrimento e perda de vidas humanas.
Sabemos que uma grande derrota para os homens pode ser na verdade uma grande vitória para Deus. O maior exemplo disso foi a morte de Jesus na cruz. Mas o inverso também é verdadeiro. Nesta conquista de Jerusalém, o que parecia ser uma grande vitória para a causa de Cristo, na verdade permanece na história como uma das maiores vergonhas e infâmias para seus seguidores.
Até esta época o prefeito muçulmano de Jerusalém havia sido relativamente tolerante com todos os cidadãos da cidade, inclusive com cristãos e judeus, permitindo que estes tivessem seus lugares próprios de culto, e liberdade para ir e vir como quisessem. Quando estava claro que os cristãos da Cruzada iriam tomar a cidade, ele deixou que os cristãos de Jerusalém saíssem para se ajuntarem aos cruzados durante o sítio, esperando em troca um alto grau de cavalheirismo por parte de seus conquistadores. Ele estava terrivelmente enganado.
Depois que a cidade foi tomada, muitos muçulmanos se reuniram sob um estandarte cristão, onde se lhes prometera uma anistia. Os cruzados os cercaram e massacraram a todos. Os judeus da cidade correram para se refugiar na sinagoga. Presos lá dentro, os cruzados incendiaram o edifício, matando a todos num horrendo espetáculo. Tudo isto fazia parte de uma estratégia deliberada de erradicar todos os não cristãos, e fazer de Jerusalém uma cidade puramente cristã. Os cruzados triunfantes, alguns cobertos pelo sangue das suas vítimas, se reuniram no Santo Sepulcro, e chorando de alegria, ofereceram ações de graças por sua grande “vitória”. Mais de 50.000 sarracenos muçulmanos foram mortos nesta terrível carnificina.
A cidade de Jerusalém permaneceria nas mãos dos cristãos por 87 anos, quando foi tomada novamente pelos muçulmanos. Apesar de várias outras Cruzadas organizadas para retomar a cidade, nunca mais o conseguiram.
Hoje, em retrospectiva, é fácil condenar os métodos e objetivos dos cruzados. Mas também não podemos negar que houve muitas almas nobres e corajosas entre eles, e muitos que sinceramente desejavam recobrar a honra do nome do Senhor em Jerusalém. Porém, apesar da nobreza da nossa motivação, quando usamos métodos que são contrários ao fruto do Espírito Santo, o mal resultará. Do começo ao fim, as Cruzadas liberaram algumas das forças, filosofias e teologias mais perversas sobre o mundo, impedindo milhões de pessoas de entrar no Reino de Deus por causa das enormes barreiras que estes eventos criaram entre os povos. As fortalezas do mal que nasceram destas tragédias precisam ser enfrentadas para que o evangelho possa ser liberado em algumas das regiões mais estratégicas do mundo.
Portões do Inferno em Colônia: Karl Marx
Mas a história dos portões do inferno em Colônia não terminou ainda. Em 1164, o arcebispo de Dassel levou os supostos ossos dos três magos a Colônia, e alguns anos depois, foi feito um caixão de ouro para contê-los (caixão este que existe até hoje em Colônia). Devido ao número cada vez maior de romeiros que afluiu para a cidade para adorar no santuário, resolveu-se construir uma catedral maior. Em 15 de agosto de 1248, lançou-se os fundamentos da catedral de Colônia, como lugar de honra do túmulo dos três magos.
Durante 300 anos prosseguiu a construção da catedral, e depois de repente foi interrompida. De acordo com uma lenda registrada nos anais de história da cidade, o construtor da catedral precisou fazer um pacto com o diabo para completar seu projeto. Neste pacto, colocou-se como condição que se construísse um aqueduto da cidade de Trier à cidade de Colônia, para que a água pudesse fluir do trono de Satanás em Trier para Colônia, antes que este permitisse a conclusão da catedral.
As obras da catedral foram paralisadas entre 1560 e 1842. Karl Marx, o fundador de socialismo e do sistema ateísta mais poderoso do mundo, nasceu em Trier no ano de 1818, e mudou-se para Colônia em 1842, ou seja, no mesmo ano em que as obras da catedral foram reiniciadas. A catedral foi completada em 1880. Não foi uma mera coincidência – o pacto com o diabo fora honrado. As águas do trono de Satanás vieram através de publicações: primeiro num jornal editado por Marx, e depois nos manifestos comunistas lançados no salão Gurzenich, ambos em Colônia. Outros líderes poderosos do movimento comunista também começaram em Colônia. O rio de destruição que procederia deste movimento ofuscaria todos os outros espíritos de morte que originaram em Colônia, resultando na morte estimada de mais de 100 milhões de pessoas, somente no século XX.
Deus fecha os portões do inferno abrindo uma porta do céu no mesmo lugar. Apesar de ser o local onde nasceu a mãe do primeiro perseguidor da igreja, de ter sido uma das bases das Cruzadas, da perseguição cristã dos judeus, e finalmente do comunismo, a cidade de Colônia também foi o local onde William Tyndale, o famoso reformador inglês, mandou imprimir as primeiras Bíblias na linguagem do povo. Foi considerado o berço do sionismo, o movimento de restabelecimento da nação de Israel. Moses Hess editou o mesmo jornal em Colônia que fora o veículo de Karl Marx, para divulgar a visão do sionismo, e depois dele outros líderes do movimento fizeram da cidade de Colônia sua base de operações. E como mais um sinal de que Deus vai reverter as obras das trevas nesta cidade, em 1982, na inauguração da Congregação Cristã de Colônia (esta denominação não é ligada à Congregação Cristã do Brasil), o único salão que acharam para alugar foi um prédio antigo chamado Salão Gurzenich. Sem saber, o pastor Terry Jones começou a igreja pregando no mesmo púlpito onde Marx iniciou sua divulgação do comunismo. Depois de muitas lutas, esta congregação agora está crescendo, e conta com mais de 900 pessoas de 27 nacionalidades diferentes. Seu amor especial é por Israel e pelos judeus. Assim, no local que serviu como trono de Satanás por tantos séculos, Deus quer manifestar sua graça mais forte e mais abundante. Colônia ainda é uma cidade de grande destino.
Uma resposta
Muito interessante de de grande valia para os intercessores