Por: Harold Walker
Diante do exposto no artigo anterior, como devemos proceder? Há muita coisa que depende só da intervenção de Deus. Ele virá de repente; não podemos produzir isso. Não podemos fabricar o fogo do ourives nem o sabão do lavandeiro. Não podemos nos purificar. Podemos querer, mas não podemos fazê-lo acontecer. Só podemos esperar nele, pois ele é a solução. Então, será que não há nada que possamos fazer?
Há algumas coisas que Deus nos deu para serem feitas agora que podem servir de instrumentos nas mãos dele para apressar o processo. O mensageiro virá de repente para aqueles que o esperam, que anseiam por ele. Não precisamos ficar de braços cruzados, saudosos, só querendo ou pedindo – podemos agir de outras formas também.
Um exemplo disso foi Cornélio. Ele não era judeu, do povo de Deus, mas o anjo apareceu, de repente, e lhe disse: “As suas orações e as suas esmolas subiram até a minha presença e me incomodaram, por isso quero salvar você e todos os seus parentes” (At 10.1-6 – paráfrase minha). Não é só oração que toca o Senhor; ofertas financeiras também mexem com ele! Deus pode ser tocado por nós! Você acredita nisso? Sua vida pode ser uma oração ambulante! Você pode agir de tal forma que Deus olhe para você e diga: “Lá vem aquele cara – já sei o que ele quer!” Não é maravilhoso isso?
Não se trata só de uma oração avulsa. É uma oração encarnada, porque a pessoa vive esse assunto, pensa nisso o tempo todo. Ela ora por determinado período, mas, durante todo o tempo em que está trabalhando, estudando ou conversando, só pensa naquilo. O tempo todo, um fogo está crescendo dentro dela. Por fora, está envolvida em outras atividades, mas por dentro a pressão cresce.
Aí, quando vai orar, diz: “Deus, eu oro aqui uma hora, mas o resto do dia estou incomodado. Então, toda vez que olhas para mim, lembra-te que não estou falando só neste momento, não é só algo para amanhã ou depois – são anos que estou na tua presença por essa causa. Tudo o que faço, não só a oração, mas todas as outras coisas também são tentativas de bater até que abras, de pedir até que o Senhor responda e de buscar até achar”.
Não existe apenas uma maneira de buscar este “ir além”. Pretendemos descrever aqui dez maneiras ou estratégias, mas certamente há muitas outras formas. Vamos tratar delas bem resumidamente, apenas para atiçar sua curiosidade. Queremos que você verifique onde a sua vida se encaixa nisso. Ouvi recentemente o testemunho de uma irmã que disse que “se encontrou” em oração. Isso é maravilhoso, é tremendo quando você acha o caminho para a mina, mas sei que outras pessoas se encontrarão em coisas diferentes que têm a mesma validade. Então preste muita atenção, pois a Igreja é composta de pessoas de muitos tipos diferentes, e para cada um Deus tem uma combinação especial que precisa ser descoberta.
1. ORAÇÃO
A primeira maneira de buscar a Deus é por meio da oração. Esse é um assunto vasto, e não temos espaço para tratar dele aqui. Basta entender que a Igreja é chamada para ser casa de oração, um lugar onde a oração é tão constante e natural para as pessoas quanto a respiração.
Deus quer levar-nos a um novo lugar na oração. Tenho comparado a oração ao processo de furar um poço. Grande parte do tempo que gastamos em oração é como se estivéssemos retirando terra e pedras, o que não é muito agradável. O ambiente fica cheio de poeira, e podemos até engasgar às vezes. Porém, o propósito de se furar um poço não é simplesmente tirar terra e pedra, e sim achar água. E, se for um poço artesiano, a esperança é encontrar tanta água que não haverá necessidade de corda, balde ou bomba, pois a água jorra como fonte por causa da própria pressão.
Sabe o que é essa água que procuramos na oração? É a oração do próprio Deus, a oração do Espírito Santo, o clamor de Deus em favor da Noiva de Cristo. É a oração de Jesus à destra de Deus. Quando acharmos esse tipo de oração, passaremos a orar de forma diferente e contagiante.
Você deseja ir além na oração? Quer orar mais do que está orando? Quer orar de forma mais profunda? Quer orar mais intensamente? Como alcançará isso? Orando! Por nós mesmos, não podemos ir além do que já alcançamos. Mas persevere na oração. Diga a Deus: “É bom orar, mas não estou satisfeito. Quero ir além, quero a oração do Espírito Santo, quero a oração que nasce em ti”.
Havia um irmão em Monte Mor que orava da seguinte forma: “Senhor, dá-nos a oração que ainda não foi formulada, dá-nos a oração do Espírito, a oração que sai do coração de Deus”. Há orações na Bíblia, orações de mais de 2 mil anos atrás, como a oração de Daniel (Dn 9), a oração de Jesus (Jo 17), as orações de Neemias (Ne 1 e 9), as orações dos Salmos – orações que nunca perdem a validade. Vieram do coração de Deus. São as palavras de Deus. É o homem orando, mas, ao mesmo tempo, é Deus falando. Isso é maravilhoso!
Nós podemos receber essa oração, e Deus quer que a tenhamos. Para isso, precisamos ir além na oração. Ir além na oração é cada um orar mais, é ter mais pessoas orando, é fazer orações mais profundas, mais íntimas, mais inspiradas por Deus.
2. PALAVRA
A segunda forma de buscar a Deus, de ir além, é por meio da Palavra. É ler a Bíblia como um esfomeado que não comeu nada por uma semana; quando sente aquele cheirinho de pão assando, não consegue nem tirar o tempo para agradecer em oração de tanta fome que sente. Algumas pessoas, depois de receberem o batismo no Espírito Santo, passam a ler a Bíblia toda hora, em qualquer momento de folga, de dia ou de noite. Minha mãe, com mais de 90 anos, continuava decorando passagens bíblicas apesar de já conhecer a Bíblia muito bem.
Nunca podemos parar de ter sede e fome das Escrituras. Deus se revela por sua Palavra. Se você não ler a Bíblia, nunca irá além. Você não pode dizer que já leu tudo, que já conhece. Você precisa ler como se estivesse lendo pela primeira vez. Foi quando Daniel leu a Palavra e descobriu, na profecia de Jeremias, que o cativeiro duraria 70 anos, que ele foi movido para fazer uma oração (Dn 9) cujo efeito já dura mais de 2 mil anos. Foi a leitura da Palavra que gerou sua oração.
A pregação da Palavra em nossos dias está muito fraca. Cada vez que leio o livro de Watchman Nee, O Ministério da Palavra de Deus, fico envergonhado. Ele diz que o genuíno ministério da Palavra deve fazer as pessoas se esquecerem do pregador, entrarem em contato com Deus e saírem transformadas. Quando é que isso acontece? Raramente, quase nunca.
Tenho vergonha de ministrar a Palavra do jeito que fazemos. Deus quer levar-nos além nessa área também. Ele quer que as palavras cortem as pessoas no mais íntimo de seu ser. Quer que as pessoas se encontrem com ele, que o pregador desapareça, que sua própria presença chegue pela Palavra para mudar radicalmente a vida dos ouvintes.
Ore para isso! Ore para que um novo ministério da Palavra apareça na face da Terra como o de João Batista. Que quando as pessoas perguntarem ao pregador: “O que você é?”, ele responda: “Não sou nada, sou apenas uma voz… Prestem atenção ao que estou dizendo, e não em mim, porque a Palavra é de Deus”. Ore para Deus levantar esse tipo de ministério. A Igreja e o mundo precisam dele!
3. MISSÕES
O terceiro método de Deus para ir além é fazer missões. Nesse contexto, não estamos usando o termo apenas no sentido de missões transculturais ou internacionais. Com certeza, inclui isso, mas abrange muito mais. Não precisa ir para outro país; você pode ir ao bairro carente de sua própria cidade, à casa do vizinho ou à outra região como o Nordeste. Fazer missões é ir ao encontro do necessitado e do pobre – tanto no sentido espiritual quanto natural.
Recentemente, ouvi o depoimento de uma irmãzinha que está fazendo estágio no curso de fonoaudiologia da Unicamp. Ela chorou ao contar um pouco do drama das pessoas que vão ali procurar ajuda. Nós precisamos olhar nos olhos dos carentes, dos necessitados. Deus está nos pobres. Ele disse: “Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25.40).
Na mesma ocasião, outra irmã contou que, certo dia, estava orando, chorando, sentindo um vazio e reclamando com Deus. Pouco depois, precisou levar alguém ao hospital. Quando chegou lá e viu as condições do hospital, totalmente abandonado, sem material, a insensibilidade dos médicos e o povo pobre e necessitado, a flecha de Deus atingiu-lhe o coração e a fez chorar de compaixão. Disse que, por vários dias, sua oração ficou mais forte e eficaz, só por ter visto as necessidades.
Não podemos ficar fechados, orando dentro de quartinhos isolados, sem contato com os necessitados. Deus tem peso pelo mundo, e nós, também, precisamos ter essa dor. Por isso, os irmãos que foram recentemente para o Haiti em uma missão de curto prazo tiveram um grande privilégio. Eles viram de perto a situação terrível do povo lá. Precisamos abrir nosso coração e entender que, quando a igreja faz missões, o benefício não é só para os necessitados. Fazemos missões porque precisamos ser atingidos pela dor de Deus, precisamos chorar as lágrimas dele, precisamos ficar apaixonados pelo mundo perdido.
Não há outro caminho; a igreja precisa ser missionária, precisa ter obras sociais, precisa ir ao encontro dos necessitados, olhar em seus olhos, sentir seu drama. De outra forma, nunca seremos intercessores como Deus quer que sejamos. Missões não é apenas uma atividade da igreja para abençoar o mundo. Missões são orações encarnadas, orações poderosas. O contato com missões faz aumentar a unção e a intensidade das orações.
4. UNIDADE
A quarta maneira de ir além é buscar a unidade da Igreja. Conhecemos vários líderes brasileiros que estão tendo experiências maravilhosas nessa área. Estão encontrando-se regularmente com cristãos católicos e outros irmãos das mais diversas procedências. Nós temos preconceitos contra essas pessoas. Achamos que elas não são de Deus. Mas, quando nos encontramos com elas e passamos algum tempo juntos, começamos a sentir a graça divina chegando a nós por intermédio de cada uma. Aí nossa mente teológica entra em parafuso, dizendo “Como pode?” E Deus responde, dizendo: “Eu aceito você com todas as suas imperfeições e erros doutrinários. Por que não posso aceitá-los também e usá-los para minha glória?”
Por que a unidade faz parte dessa busca de ir além? Porque, se realmente quisermos ir além, teremos de entender que existem coisas que Deus não nos dará diretamente do céu, porque já as deu para uma parte de seu Corpo na Terra. Agora, ele quer que nos humilhemos para receber deles! Se o nosso preconceito não permitir que recebamos desses irmãos, simplesmente ficaremos sem os dons, as percepções e as contribuições que eles têm! Deus diz: “Se você não descer do pedestal e procurar a graça que concedi àqueles irmãos, você vai ficar sem a parte deles”.
A unidade é algo que vem do coração de Deus. Ele vai costurar a sua Igreja para uni-la na face da Terra de tal forma que pessoas com quem não concordamos sejam usadas por Deus para nos abençoar, e que nós sejamos usados para abençoá-las. A Igreja será edificada, e os erros que nós temos e os que eles têm serão todos tratados por Deus. Precisamos aprender a aceitar as pessoas e não os seus erros. Devemos aceitá-los, porque Deus nos aceita apesar de tanta coisa errada que ainda temos. Deus terá de tratar os erros deles assim como está tratando os nossos. Assim como esperamos que, daqui a um ano, muitos erros que temos hoje sejam eliminados por conta do avanço em nossa caminhada cristã, devemos crer que o mesmo acontecerá com eles.
Para ir além, precisamos uns dos outros. Unidade é muito importante. Quando oramos para ir além, para Deus operar em nossa igreja local, temos de entender que estamos pedindo não apenas para nossa congregação ou comunidade, mas também para toda a igreja em nossa cidade. Talvez, nossas orações surtam efeito em outra congregação que nem aprovamos, e sejamos obrigados a ir lá para pedir que nos abençoem! Ele é soberano e age conforme sua própria determinação. Isso é bom para nos manter humildes, porque seria muito fácil cair no erro de dizer: “Nós oramos, Deus nos visitou e somos o máximo”. Nós não somos nada, Deus é tudo e, se não tivermos visão de unidade, certamente ficaremos para trás.
Precisamos ter visão de unidade. Feche os olhos, ore e pense em Deus. Depois, saia e abra os olhos para seus irmãos e receba o que Deus lhes deu. É muito importante não só orar, mas vigiar também.
5. ISRAEL
A quinta forma de ir além chama-se Israel. Não vamos nos estender muito aqui sobre isso, porque temos vários artigos publicados, inclusive do Asher Intrater, que sempre fala sobre esse assunto. Não seremos a Noiva perfeita de Cristo sem Israel. Eles precisam de nós, e nós precisamos deles.
Por muitos anos, isso era apenas uma verdade teológica para nós. Ultimamente, por meio de relacionamentos sendo construídos com Asher e outros judeus messiânicos, Deus está nos dando rostos e assuntos concretos. Deus está formando uma ligação entre nós, algo bem palpável, uma parceria. Eles querem que os representemos no Brasil e que os ajudemos a convocar milhares de brasileiros para amar Israel e orar por eles. Não é só teoria, agora é prática. Deus não quer que judeu seja um termo virtual para nós. Ele quer que judeu tenha rosto, nome, significado real. Então, nós, como igreja brasileira, vamos abençoar os judeus, e os judeus, por meio de ministérios como Revive Israel (do Asher) que já estão nos abençoando, vão nos abençoar muito mais.
“Ora se o tropeço deles é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.12)
“Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo, qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?” (Rm 11.15)
Portanto, faz parte de ir além entender que Israel e os judeus vão trazer-nos aspectos e revelações que ainda não temos. Nós precisamos deles e devemos orar por eles. O véu que está sobre nossos olhos, impedindo-nos de ver Jesus claramente, levando-nos a achar que estamos bem quando não estamos, precisa ser tirado. Então, à medida que isso acontecer, seremos cheios da vida de Cristo. Consequentemente, isso vai gerar ciúme neles, e o véu cairá de seus olhos também. Essa é a Palavra de Deus. Não haverá Noiva perfeita, não veremos a obra de Deus consumada sem o judeu, sem Israel.
6. LIDERANÇA FRACA
Outra forma de ir além é por meio do surgimento de uma liderança fraca em nossas igrejas, uma liderança que não sabe o que fazer, uma liderança que fica mais tempo com o rosto em terra diante de Deus do que em reuniões administrativas. Os homens mais fortes da Bíblia foram Moisés no Antigo Testamento e Paulo no Novo; ambos eram homens fraquíssimos. Paulo disse: “Quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.10b) e: “Quando fui ter convosco… não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria… estive convosco em fraqueza, e em temor e em grande tremor” (1 Co 2.1,3). Deus usa as coisas fracas, as que não são para confundir as que são (1 Co 1.27-29).
Em diversas passagens, encontramos Moisés prostrado de rosto no chão diante de Deus. Parece que ele vivia com o rosto sujo de terra! Ele não sabia o que fazer. Os homens mais fortes da Bíblia eram homens fracos. Mas observe bem que tipo de fraqueza era essa. Não eram fracos covardes, que largavam suas posições de liderança ou abandonavam o povo de Deus. Sua fraqueza consistia em não serem autossuficientes, autoconfiantes. Sentiam, a todo o momento, a necessidade de Deus e de sua intervenção.
Certa vez, um líder cristão me disse: “O problema que me fez cair em pecado foi que eu me achava forte demais. Eu precisaria ter me sentido fraco para não ter caído em fraqueza”. Deus precisa levantar uma liderança que não foge à responsabilidade, que ocupa sua posição à frente da batalha, que não permite que heresia ou falsos obreiros contaminem a igreja, mas que também não domina nem manipula a igreja com a própria força. Uma liderança que permite que o Espírito Santo aja. Que fica com o rosto em terra, diante de Deus.
Ore para isso! Ore por uma nova safra de líderes na face da Terra. A necessidade prioritária da Igreja não é de mais pessoas que tenham programa de televisão, que tenham títulos na frente do nome, que tenham poder, que saibam o que fazer. Infelizmente, o povo, de modo geral, gosta de líderes fortes, porque o líder forte não precisa ouvir de Deus; ele já sabe o que fazer. As pessoas gostam de terceirizar sua responsabilidade, de ter alguém a quem recorrer, dizendo: “Fale para nós o que devemos fazer”.
Ninguém gosta de liderança fraca, de pessoas que respondem “Não sei!” à pergunta “O que devemos fazer?” Quando o povo estava numa situação insustentável, com o mar na frente e faraó atrás, perguntaram a Moisés: “O que faremos?” E qual foi a resposta dele? “Não sei! Vou me lançar de rosto em terra até que Deus me fale!”
A liderança fraca precisa orar, clamar e depender de outros, porque sabe de sua própria insuficiência. Precisamos de Deus e dos outros irmãos. Você não sente anseio em seu coração pelo surgimento desse tipo de liderança fraca? Uma liderança que dependa de Deus? O problema do líder forte é que a alma domina, e não o espírito. Você não está cansado de ver o homem dominar pela própria força? Chega de liderança forte, não queremos mais isso!
Na inauguração do templo de Salomão, quando os sacerdotes tentaram entrar para ministrar, não conseguiram, porque a glória de Deus encheu a casa. Não estou falando da ausência de liderança, porque isso é anarquia. Estou falando de líderes que sabem que não são de nada, que precisam de Deus e dos outros, pois é nessa base que o Espírito Santo pode voltar a controlar a Igreja. A ordem de Deus é que os sacerdotes carreguem a arca. Deus precisa de líderes, precisa de pessoas que carreguem a arca nos ombros. O alvo não é a ausência de líderes, mas de ter líderes com o rosto no pó. É disso que Deus gosta. Se você não quer chamá-los de líderes fracos, chame-os de líderes com o rosto empoeirado.
Quando Deus chamou Moisés, como ele reagiu? “Chame outro, estou velho, estou com 80 anos, não sei falar direito, não tenho inteligência…” Mas Deus insistiu: “É você que eu quero, não aceito não como resposta”. É esse tipo de liderança que veremos surgir na Igreja nesses últimos dias. Líderes que não permitam que a alma domine, que só permitam o Espírito Santo mandar. Líderes que saibam que sua própria unção só vai até certo ponto. Dali para frente, não vai e, portanto, eles também não irão; recusam-se a confiar em si mesmos. Quando acaba a unção, eles param de ministrar. Param porque sabem que agora é outro que deve dar sequência. Quando tivermos uma liderança assim, a Igreja será, de fato, a comunidade do Espírito Santo. Será aquilo que Deus quer.
7. RESTAURAÇÃO DOS CAÍDOS
Nunca iremos além se não aprendermos como levantar os caídos. Estou cansado de ver o diabo alvejar pastores e líderes. Um irmão cai em pecado, adoece, envolve-se em escândalo ou tem uma crise nervosa, e não acontece nada. Ninguém o levanta, não há força ou unção para isso. Somos alvos de Satanás e, quando alguém cai, em vez de ajudarmos o caído, ajudamos o inimigo, acusando, atacando, criticando, maldizendo. Se quisermos ir além, precisaremos aprender a levantar os nossos colegas que estão desviados, amargurados, deprimidos ou doentes.
Esse problema é gritante quando acontece na liderança, mas é grave também quando acontece com as pessoas em geral. Quantas pessoas você conhece que estão afastadas, amarguradas, machucadas? Isso não é a vontade de Deus. Podemos receber a unção de Deus para trazer reconciliação. Ore por isso, peça a Deus por isso.
O exército de Davi, que no início tinha 400 homens e depois chegou a 600, era composto de homens amargurados e endividados – só marginais. E, com esse exército, ele sobreviveu a todas as adversidades e chegou ao trono de Israel. Quantas pessoas, só na sua cidade, já foram fonte de bênção para muitos e hoje não são mais? Ore pela restauração desses irmãos, cite o nome deles e diga: “Deus, eu não aceito que continuem dessa forma. A igreja precisa deles, restaura-os e traga-os de volta”.
Queremos ir além no ministério, não apenas para evangelizar os perdidos, mas também para curar os que estão caídos em nosso meio. A Igreja precisa aprender a fazer isso.
8. A IGREJA COMO FAMÍLIA
Há uma diferença muito grande entre um grupo caseiro, uma célula e uma igreja que realmente experimenta relacionamentos de família. Precisamos urgentemente da restauração de relacionamentos saudáveis entre pais e mães e seus filhos naturais e espirituais. Muita coisa já está acontecendo em vários lugares, mas ainda falta muito.
O espírito de adoção precisa começar a descer sobre a Igreja. Oremos para que as pessoas deixem de receber apenas mamadeiras jogadas do púlpito, mas que encontrem pessoas para estarem próximas, na intimidade do lar, que saibam como ajudar na hora certa, da maneira certa. Que a igreja seja como o exército de Israel, organizado por famílias. Que cada um saiba quem é seu pai e quem é sua mãe, onde é sua casa. Que não haja órfãos, que não haja indivíduos solitários, pessoas sofrendo sozinhas, mas que todo o povo de Deus se encaixe em sua própria família espiritual.
Isso precisa começar a acontecer também entre os líderes. Paulo fala em “entranháveis afetos de misericórdia”. Quando algo afeta meu irmão, isso me afeta também. Dessa maneira, o diabo não conseguirá atacar um sem atacar todos, e teremos mais força. Haverá um muro ao redor da cidade, sem brecha para o inimigo entrar. Eu anseio por isso.
É tão fácil falar, mas tão difícil de fazer acontecer na prática. Que Deus transforme o nosso coração e nos dê esses entranháveis afetos, para que haja cura de relacionamentos, libertação de amargura. Que haja suprimento para todos, e que experimentemos de fato o que é a comunhão do Espírito Santo.
Se alguém perguntar a você: “Quem são seus amigos espirituais, quais são as pessoas que cuidam de você, que protegem sua retaguarda, que têm coragem de enfiar o dedo na sua cara e falar: ‘Pare com isso, você está errado’?”, você saberia responder? Onde estão essas pessoas? Você sabe quem são? Você lhes deu liberdade? Porque, se isso acontecer, a Igreja começará realmente a ir além, começaremos a ter a força de Deus, e o diabo não terá mais livre trânsito entre nós.
9. HONRANDO OS PAIS
(este ponto foi escrito por Angelo Bazzo)
“Honra teu pai e tua mãe, para que tenhas vida longa na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Ex 20.12). “Honra teu pai e tua mãe; este é o primeiro mandamento com promessa” (Ef 6.2).
Quando lemos essas passagens, vemos nelas a preocupação de Deus com o estabelecimento de uma cultura de honra para que se prolongue a vida de cada geração. Basicamente, somos ensinados a honrar no presente aqueles que estiveram aqui antes de nós, pois isso se torna uma chave para alcançarmos o futuro.
Entretanto, hoje existe uma grande separação entre as gerações. Você já parou para observar quantas pessoas, em nossa geração, estão tentando fazer algo novo, mas só conseguem repetir o velho?
Esse abismo entre o passado e o presente, ou, na verdade, entre a História e a nossa vida, é a causa de estarmos, muitas vezes, andando em círculos. Um dos motivos de não alcançarmos o novo de Deus e avançarmos para a maturidade é o esquecimento do passado. Apesar de Paulo ter dito em Filipenses: “esqueço-me do que ficou para trás e prossigo para o alvo”, isso não significa que devamos esquecer nossa história.
Veja, por exemplo, o princípio que Deus ensinou à nação de Israel depois da passagem pelo rio Jordão, em Josué 4.4-7. Josué ordenou que pedras fossem retiradas do meio do Jordão para formar um memorial permanente. E qual era o objetivo? Fazer o passado ser lembrado no presente. Quando a nova geração perguntasse a respeito do significado das pedras, eles receberiam um ensinamento sobre a passagem pelo Jordão. Vemos aqui que Deus não apenas ordenou que os pais fossem honrados, mas proporcionou meios para que isso fosse feito. O meio era o “memorial”, as pedras retiradas do rio.
Da mesma forma, o Senhor Jesus estabeleceu a ceia para que nossa memória em relação à sua morte fosse constantemente reanimada (1 Co 11.24,25). Uma das chaves de vida e poder na igreja de Atos foi exatamente a importância que deu a essa ordem (At 2.46).
Quando falamos sobre ir além, não estamos afirmando algo do tipo: “Abandone o passado em prol do futuro”. Antes, nosso coração está em construir um futuro hoje, baseado no que Deus já fez ontem. Assim como no evento do Jordão com Josué, existem “pedras memoriais” na história da Igreja.
A geração da Reforma Protestante (Lutero, Calvino) e dos grandes pregadores (Wesley, Whitefield) foram pedras de fidelidade às Escrituras e ao Evangelho. Por isso, quando falamos de ir além, não significa que devemos abandonar, por exemplo, a doutrina que afirma que a Bíblia tem a mesma autoridade como se estivéssemos hoje ouvindo Deus bradando do Monte Sinai.
Tampouco vamos abandonar a experiência pentecostal, como se isso fosse algo simplesmente emocional, e precisássemos partir para algo “mais profundo” em detrimento do mover carismático. Digo isso porque muitos daqueles que buscam a restauração da Igreja costumam “questionar fundamentos”, o que, às vezes, realmente se faz necessário. Mas não podemos cair no erro filosófico que C. S. Lewis chama de “cortar o galho em que estamos sentados”.
Muitos desejam que Deus libere algo novo e poderoso sobre a Igreja, mas não conseguem honrar tudo o que já foi restaurado. Devemos lembrar que já há um caminho aberto; basta que o trilhemos. Para que possamos ir além, devemos honrar a geração da Reforma que nos legou a Bíblia, que nos mostra para onde devemos ir. Da mesma forma, precisamos honrar a geração pentecostal/carismática que nos concedeu o poder, para sabermos como ir além. Honrar significa continuar crendo no que eles criam, aprendendo com seus erros, ampliando seus pensamentos, indo além.
É impossível ir além sem crer que “a Bíblia é a Palavra de Deus, suficiente, inspirada, inerrante”, que “a graça é suficiente para salvar, dando assim toda a glória para Deus na obra da salvação”, que “a pregação é o meio de Deus, pela graça, para nos salvar”, que “Deus, e não o homem, é o centro do plano divino”, que “todos os cristãos são sacerdotes, não existindo divisão entre clérigos e leigos”, que o “batismo no Espírito é nossa herança”, que “basta pedir, e ele nos dará seu Espírito”, que “todos podem profetizar”, que “por meio de imposição de mãos, Deus cura”.
Por isso, diante do chamado do Senhor para ir além, é essencial caminhar sem negar as pegadas daqueles que vieram antes de nós. Que possamos “subir nos ombros dos gigantes que nos precederam”, honrar os pais da Reforma e os pais do Movimento Pentecostal (dentre outros) para entender que caminhar para o futuro não é negar, mas honrar o passado.
10. SANTIFICAÇÃO PESSOAL
“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).
Apesar de a ênfase nesses dias ser mais sobre o coletivo do que o individual, não podemos ir para o outro extremo e esquecer a importância da vida pessoal com Deus. A igreja gloriosa não será formada por ações em massa, feitas por atacado, e sim pela obra personalizada do Espírito Santo dentro de cada um dos milhões de cristãos que a compõem. De nada adiantará ter reuniões com milhares de pessoas cantando com vozes angelicais se não houver vida cristã autêntica em cada indivíduo. Jamais iremos além como Igreja se cada santo não estiver indo além em sua santificação pessoal.
Santificação envolve muito mais do que só ficar livre de pecados. Santificação significa que Deus tem posse completa de todo o nosso ser. Não abrange apenas deixar de fazer coisas erradas, mas também o lado positivo de fazer as “obras preparadas para nós antes da fundação do mundo”. Santificação é ser, de fato, um holocausto vivo e, dessa forma, experimentar na prática a “boa, santa e agradável vontade de Deus”. Mas também não para aí: além das áreas de fazer ou deixar de fazer coisas, envolve as motivações e atitudes profundas do coração.
Davi matou Golias com pedras lisas (1 Sm 17.40). Salomão construiu o templo com pedras talhadas perfeitamente, milimetricamente, de tal forma que não se ouvia o barulho de qualquer ferramenta de metal quando eram colocadas em seus devidos lugares (1 Rs 6.7). Hoje, temos sérios problemas na liderança e em todas as áreas da vida da igreja porque temos muitas “quinas” e “pontas” afiadas. Temos dons e ministérios, mas, com o fluir delas, sai muito veneno misturado. Nossas amarguras e frustrações pessoais acabam contaminando nossa mensagem e machucando as pessoas.
Porém, não precisamos desanimar: o Espírito Santo trabalha incansavelmente para nos “talhar”, “lixar” e “polir”. Se reconhecermos isso e aceitarmos suas repreensões e seus agentes especiais (nossos familiares, amigos, irmãos e colegas no ministério, e mais as circunstâncias adversas), poderemos cooperar com ele e apressar essa obra difícil, porém maravilhosa. À medida que essa obra santificadora se processar em nosso interior, todas as farpas naturais do temperamento serão retiradas, e nos tornaremos maduros, quebrantados, humildes e amorosos. Mesmo quando precisarmos repreender alguém ou entregar uma mensagem dura, não sairá junto nenhum elemento de raiva ou impaciência humana, e Deus será representado adequadamente.
Moisés era o homem mais manso na face da Terra, mas, por causa de uma “farpa”, ele não pôde entrar na Terra Prometida. Ele perdeu a paciência em apenas uma ocasião, mas foi o suficiente para desqualificá-lo.
Ao mesmo tempo em que buscamos, com todo o coração, avançar como Igreja para experiências cada vez mais profundas em Deus, não nos esqueçamos de afinar os ouvidos para ouvir o que o Espírito está dizendo a cada um de nós em nosso tempo a sós com o Senhor. Vamos submeter-nos voluntariamente ao senhorio de Cristo e permitir que ele nos transforme em pedras totalmente lisas, apropriadas para nosso querido “Davi” (o Cabeça da Igreja) arremessar contra “Golias” (o sistema de Satanás nesse mundo). Dessa forma, ele introduzirá o seu Reino sobre toda a Terra!
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HOJE SÃO 8 DE AGOSTO E ESTAVA ORANDO DIZENDO A DEUS DA MINHA NECESSIDADE EM CONHECE-LO MAIS INTIMAMENTE, QUANDO TERMINEI MINHA DEVOCIONAL, SENTI DE LIGAR MEU NOTBOOK E ME VEIO O DESEJO DE ACESSAR O SITE DA REVISTA IMPACTO POIS HAVIA BASTANTE TEMPO QUE NÃO O ACESSAVA E ME DEPAREI COM ESTE ARTIGO MARAVILHO! FUI RICAMENTE ABENÇOADA! QUERO MAIS DE DEUS. QUERO IR ALEM A UM NIVEL MAIS PROFUNDO DE INTIMIDADE COM NOSSO AMADO SENHOR!
Gostei muito deste artigo.
Agradeço imensamente aos autores.
Neste artigo pude perceber o quanto tenho estado adormecido para os tópicos destacados. Clamo ao Senhor para que me ajude a despertar e buscar viver naquilo para o qual tenho sido chamado.
Muito bom o trabalho da revista