Por Richard Owen Roberts
O avivamento é um assunto incrivelmente importante, e no cerne do tema está a manifesta presença de Deus. Um dos trechos da Escritura em que pude me deleitar, pelo qual fui imensamente encorajado, é encontrado no fim do Salmo 73, em que o salmista declara: “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus”.
Quando falamos sobre avivamento, é justamente a isso que estamos nos referindo: a proximidade de Deus. Essa é verdadeiramente a nossa maior fonte de bondade na terra e, obviamente na glória, sua proximidade também será o nosso maior bem. Por isso, muitas vezes, ao descrever o avivamento, dizemos que não há outro momento em que a terra mais se aproxima do céu do que em tempos de avivamento, quando Deus se faz presente.
Há uma grande quantidade de instruções dinâmicas sobre o tema de avivamento nas Escrituras, mas quero citar uma pequena parte do Salmo 80 (vv.1-3): “Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que estás entronizado sobre os querubins, resplandece. Perante Efraim, Benjamim e Manassés, desperta o teu poder, e vem salvar-nos. Reabilita-nos, ó Deus; faze resplandecer o teu rosto, para que sejamos salvos”.
Nos dois primeiros versículos, três questões terrivelmente trágicas são trazidas à tona. Primeiro, torna-se necessário que aqueles que intercedem implorem a Deus que dê atenção. Segundo, pede-se neste salmo que aquele que encheu o Santo dos Santos com uma presença tão incrível e gloriosa, a ponto de ter sido necessário colocar um pote de incenso para obscurecer sua glória, resplandeça. E, terceiro, o Deus de todo o poder está sendo instado a despertar seu poder para vir salvar seu povo.
Agora você obviamente não pedirá a alguém para ouvir quando você sabe que já está ouvindo. Você não pede que a glória brilhe quando de fato a glória é tão intensa que cega os olhos. Você não pede para despertar o poder quando o poder infinito já está em ação, aquecendo o coração do povo de Deus e subjugando até o coração irado do impenitente, levando-o à fé em Jesus Cristo.
Quando estamos falando sobre a necessidade de avivamento, estamos falando de um tempo como o salmista descreveu – um tempo em que parece que Deus não está ouvindo, quando de fato a glória de Deus está obscurecida, quando o poder de Deus também não está operando em plenitude e está fazendo uma falta absurda. E, é claro, a razão de Deus ter retirado sua presença manifesta e sua graça é porque tem havido pecados dos quais não houve arrependimento. Existe uma barreira muito clara e real que o pecado ergue entre Deus e seu povo.
Portanto, quando estamos falando sobre avivamento, estamos falando sobre arrependimento no coração. Estamos falando de arrependimento, não apenas dos frutos do pecado que aparecem na vida, mas das próprias raízes do pecado. E, é claro, as Escrituras especificam várias raízes do pecado, incluindo orgulho e obstinação, rebelião e incredulidade.
Isaías expressou a questão da maneira extremamente enfática, dizendo: “Assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos” (Is. 57.15). Quando o tema de avivamento é exposto no livro de Crônicas, na seção em que Salomão está em sua posição de liderança e está conversando com Deus após a dedicação do templo, o Senhor declara explicitamente: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar…” (2 Cr 7.14).
Em certo sentido, deveríamos parar aqui mesmo. A oração não vem primeiro, mesmo sendo, como sabemos, tão profundamente importante. O primeiro passo é humilhar a nós mesmos. O problema no Salmo 80, do qual citei apenas três versículos, é que a arrogância do povo e o pecado que se seguiu à sua arrogância cresceram até o ponto em que se criou uma barreira entre eles e Deus. Tanto é verdade que lemos nos versículos 4 e 5: “Ó Senhor Deus dos exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo? Tu os alimentaste com pão de lágrimas, e lhes deste a beber lágrimas em abundância”.
Portanto, a oração não vem primeiro. É de grande importância, a tal ponto que falar em avivamento sem o tipo de oração fervorosa que traz dores de parto é simplesmente tolice. Mas o povo de Deus deve primeiro humilhar-se e deixar de lado tudo e qualquer coisa que entristeceu nosso Pai no céu. Só então é que, de fato, poderemos derramar nosso coração em oração.
Como é assombroso lembrar que as orações podem ofender a Deus de tal maneira que ele envia lágrimas para beber em grande quantidade, no lugar das respostas desejadas.
Caro leitor, a essência do avivamento é a proximidade de Deus. Todos os pequeninos em nosso mundo, desde os recém-nascidos, os que engatinham, todas as crianças maiores e todos os jovens – na verdade, todos que estão no mundo, precisam do Senhor. Voltemos à oração agora no espírito de urgência apropriado a uma hora como esta.
– Richard Owen Roberts é o presidente e um dos diretores fundadores de Ministries International Awakening em Wheaton, Illinois, EUA.