Por Pedro Arruda
Série “Preparando a Família para a Volta de Jesus” – Parte 2
O livro de Gênesis pode ser visto como uma maquete do plano de Deus para a humanidade. Começa com a revelação de que, no princípio, Deus criou os Céus e a Terra. Se entendermos Céus como todo o Universo, incluindo as criaturas celestiais, podemos avaliar a importância que Deus dá à Terra ao distingui-la do universo espacial, no qual, proporcionalmente, ela não representa mais do que uma partícula minúscula numa réstia de luz solar que penetra a fresta de uma janela.
Deus ainda gasta seis dias para preparar a Terra como habitação do homem que seria criado e escolhe nela um local especial como morada chamado de Éden (lugar de delícias). Tudo o que veio antes da criação do homem era apenas preparação para ele. Assim como uma família prepara a casa, o quarto e todo o enxoval para receber o filho que vai nascer, assim Deus fez ao criar o Universo, a Terra e o Éden para colocar ali o homem – único ser criado à sua imagem e semelhança.
Deus tinha a expectativa de que o homem subjugasse toda a Terra, transformando-a num Éden universal para a morada de todos os descendentes de Adão. Para isso, deu-lhe uma companheira idônea, extraída dele mesmo, para habilitá-lo a cumprir a missão de “multiplicar-se, encher a terra e sujeitá-la”. Portanto, homem e mulher dariam início a uma família que, por intermédio de sucessivas gerações, proliferaria a ponto de ocupar toda a Terra. Submissos à vontade de Deus, revestidos de sua glória, transformariam a vontade divina em governo e sujeitariam todo o planeta. Era assim que o Éden se tornaria universal.
Por isso, foi dito, numa ocasião em que ainda não havia filhos, que o homem deixaria pai e mãe e se uniria à sua mulher (Gn 2.24) por meio da sucessão de famílias que seriam constituídas, a exemplo da primeira formada por Deus. Aqui, notamos um importante princípio, reiterado por Jesus na conversa que teve com os fariseus e com seus discípulos acerca do divórcio: casamento não é uma questão de felicidade do homem, mas de serviço a Deus (Mt 19.1-12). Ora, servir a Deus não é outra coisa senão obedecer à vontade dele, que, por sua vez, é boa, agradável e perfeita. Somente dessa forma é que o casamento pode produzir felicidade para os cônjuges.
É um equívoco buscar a felicidade em outra pessoa, como também o é imaginar que podemos oferecê-la de nós mesmos a alguém, pois nada, absolutamente nada, pode superar a vontade de Deus em produzir felicidade. Substituir Deus com o intuito de encontrar a felicidade em outra fonte é a essência da idolatria, ainda que não seja reconhecida assim pela maioria.
A finalidade de Deus no casamento entre Adão e Eva continua sendo a mesma para os casamentos atuais: a de cumprir seu propósito de transformar a Terra num paraíso universal. Logo, cada casal deve se constituir num Éden familiar com a intenção de expandi-lo e fazê-lo prevalecer sobre toda a Terra. Essa deve ser a compreensão de quem vai contrair o matrimônio. Devemos entender Éden como sinônimo de Paraíso, ou seja, o lugar de governo absoluto da vontade de Deus, por ser boa, agradável e perfeita para nós. Pelo menos na igreja, precisamos ter essa consciência, pois tal senso de família possibilitará a existência de uma igreja coerente com a vontade divina e preparada para a volta de Jesus.
Sabemos que a imensa maioria de casais não procede dessa forma, pois são motivados pela atração física, interesse financeiro ou o potencial de ascensão social. Poderíamos imaginar, portanto, que Deus não foi o responsável pela união. Assim, se estiverem em meio a dificuldades, a solução seria separar-se para tentar um novo casamento na base certa.
No entanto, temos de considerar que Deus colocou, em cada um de nós, as potencialidades necessárias para cumprimos a missão para a qual fomos designados nesta vida. Consequentemente, há, também, em cada um, a atração e os critérios de escolha da pessoa do sexo oposto. Logo, é perfeitamente cabível afirmar que somos levados a escolher nosso cônjuge com base nas potencialidades que recebemos de Deus – mesmo não conhecendo a Deus e ao seu propósito quanto ao casamento. E, ainda que assim não fosse, sabemos que ele aprova o casamento e odeia o divórcio.
Portanto, jamais podemos conceber que o divórcio seja o remédio para desfazer um casamento com o intuito de acertar no próximo. Isso é apenas uma tentativa de encontrar uma nobre justificativa para a manifestação do egoísmo.
Quem conheceu o Senhor na condição de casado deve crer, sim, que seu casamento foi aprovado por Deus independentemente do tipo de cerimônia em que foi celebrado ou do entendimento ou falta de entendimento na época. Uma vez que se tomou consciência da verdadeira finalidade do casamento, deve ser feito todo esforço para cumprir o propósito para o qual existe, fazendo do casamento um ministério para glorificar a Deus, não seguindo o caminho do divórcio, odiado por ele.
Há algo muito peculiar no diálogo de Jesus com os fariseus acerca do divórcio. Estes tinham apenas conhecimento intelectual da lei de Moisés e procuravam interpretá-la da maneira que lhes parecesse o mais favorável possível. Não imaginavam que estivessem conversando com alguém que esteve lá quando tudo começou e sabia apontar com toda propriedade a razão do matrimônio. Jesus respondeu-lhes com conhecimento de causa baseado no princípio (princípio nos dois sentidos, tanto como início no que se referia aos detalhes do primeiro casamento, quanto como fundamento, que serve para todos os casamentos).
Ao invés de fazer uma interpretação do texto de Moisés, ele apresentou a razão do divórcio, assim como fizera com o casamento. Ao mesmo tempo, esclareceu a questão e os denunciou: “Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres”. Portanto, o divórcio não tem origem em Deus, mas nos homens. Não faz parte da maquete do Gênesis.
Quando vemos a situação familiar de um modo geral, mesmo entre os cristãos, parece prevalecer a mentalidade dos arguidores de Jesus. Assim como os fariseus, muitos querem colocar em dúvida o matrimônio e indagar Jesus para testá-lo. Dessa forma, a cena descrita no evangelho continua.
Tudo o que Deus criou, incluindo o casamento, foi para o homem, e todo o propósito de Deus se desenrola em torno do homem para glorificar Jesus e realizar-se nele. Como o tema família permeia a Bíblia, do começo ao fim, é de se considerar sua extrema importância para Deus na condução da história do homem. Portanto, é óbvio que o inimigo lançará toda oposição a fim de boicotar o propósito divino. Não podemos nos enganar, pois a Igreja haverá de ser gloriosa, sem mancha e sem ruga, como uma noiva para apresentar-se a Jesus; porém, em meio a um mundo tenebroso. Quanto mais imaculada for a Igreja, mais nefasto será o mundo. A condição da família estará no centro dessa disputa.
Como a volta de Jesus está cada vez mais próxima, é imprescindível que estejamos posicionados em conformidade com a vontade de Deus.
Uma resposta
PARABÉNS! AMEI O ARTIGO, ESTÁ REPLETO DE VERDADES. O CRISTÃO PRECISA MESMO COMPREENDER OS MISTÉRIOSDE DEUS, NA SUA VIDA E DA FAMÍLIA QUE SÃO REVELADOS ATRAVÉS DA PALAVRA.