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A Plena Suficiência de Cristo 

F.B. Meyer (1847-1929)

Quando o discípulo a quem Jesus amava caiu a seus pés como morto (Ap 1.17); quando a igreja em Esmirna precisou de encorajamento para permanecer fiel até a morte (Ap 2.8); quando almas com sede de Deus clamaram pela água viva (Ap 21.6); quando o caminho até a Árvore da Vida precisou ser aberto através dos portões da cidade (Ap 22.13), Jesus mencionou as majestosas palavras, na íntegra ou em parte: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim”.

Uma questão urgente nesses dias é avaliar se cada um de nós tem cultivado adequadamente um relacionamento pessoal com Cristo. Nós ouvimos falar sobre ele, lemos sobre ele, conversamos sobre ele, mas até que ponto realmente o conhecemos? Será que ele não diria a alguns de nós, com certa tristeza, como disse a Filipe: “Há tanto tempo estou convosco e ainda não me conheces?” (Jo 14.9). Por outro lado, Paulo disse: “Considero todas as coisas como perda, comparadas com a superioridade do conhecimento de Cristo Jesus… para conhecer Cristo” (Fp 3.8-10).

O suprimento da nossa necessidade 

Podemos, por vezes, nos perguntar se conheceríamos Jesus se não fossem as inevitáveis necessidades que esta vida humana impõe sobre nós. Podemos ir mais longe e dizer que, muitas vezes, Deus nos permite passar por situações de impotência e severos fracassos para que sua graça tenha mais oportunidade de agir em nossa vida. Somente quando chegamos a um ponto extremamente crítico é que começamos a perceber o que Jesus pode ser e fazer por nós.

Somente quando Senaqueribe voltou-se contra Jerusalém, totalmente equipado para escalar e capturar uma cidade fortificada, foi que Isaías e Ezequias descobriram que Deus estava preparado para ser um “lugar de rios largos e de correntes” (Is 33.21), e que havia um rio – o rio da proteção divina, cujas correntes alegram a cidade de Deus. Claro que não havia um rio literal, mas Deus supriu aquela ausência e se tornou, ele mesmo, tudo o que um rio poderia ter sido para a cidade. Deus foi, portanto, o suprimento daquilo de que precisavam!

Foi somente quando Esdras parou junto ao rio Aava, no retorno dos judeus para sua própria terra, que ele acordou para o perigo que seria atravessar o grande deserto, habitado por tribos de ladrões. E, em resposta à oração do povo, Deus prometeu acompanhar e proteger os viajantes. O próprio Jeová tornou-se o suprimento para atender a necessidade do povo! Eles não teriam percebido o que Deus poderia ser em seu favor se estivessem acompanhados de uma escolta de soldados.

As irmãs de Betânia jamais teriam conhecido a majestosa glória do Mestre – como a ressurreição e a vida –, se Lázaro não tivesse sito acometido pela mortal doença que o levou para a sepultura. Na imensa aflição e tristeza das duas irmãs, Jesus tornou-se o suprimento para elas, como a Ressurreição e a Vida. Nos anos que se seguiram, elas não se arrependeram de ter passado por tamanha tristeza, pois foram grandemente enriquecidas por aquela inesperada revelação.

O próprio Paulo jamais teria descoberto o que Jesus poderia ser para ele se não tivesse sido atormentado por aquele espinho na carne. Havia um aspecto da graça do Salvador que Paulo não teria conhecido se aquela enfermidade nunca lhe tivesse acontecido. Ele pôde perceber que seus sofrimentos lhe proporcionaram uma nova perspectiva, uma nova base para o socorro salvador de Deus. Ele estava, dessa forma, disposto a sofrer para que o poder de Cristo pudesse compensá-lo em sua deficiência; pois, quando ele estava fraco, a força do Filho de Deus era mais do que suficiente.

Em momentos de solidão 

A solidão é uma oportunidade para Jesus se manifestar. O apóstolo do amor estava sozinho na ilha de Patmos, mas ao mesmo tempo ele estava “no Espírito”, e o Espírito lhe revelou o Senhor. Houve uma comunhão que começou com o que parecia ser uma revelação grandiosa demais para ser experimentada por um ser de carne e osso. “Caí a seus pés como se estivesse morto” (Ap 1.17). Então Cristo pôs a mão direita sobre João, levantou-o e revelou-lhe o mistério da vida eterna.

Os místicos da antiguidade iam ao deserto com o objetivo de alcançar essa visão. Mas em momentos tranquilos e solitários, como quando caminhamos na orla da praia, ou quando subimos uma colina, ou quando nos fechamos em nosso quarto, Jesus virá e se manifestará, de uma maneira que não faz ao mundo.

Para isso, algumas coisas deverão se dissipar; você deve dar um tempo para que as influências do mundo deixem de ofuscar seus olhos. Além disso, o espírito deve voltar sua atenção totalmente para o invisível, deve haver incansável meditação e oração em amor e uma atmosfera de amor cristão. Se fracassarmos em algum item, será impossível vermos ou sentirmos a presença de Jesus.

Tomás de Kempis diz: “Feche a porta atrás de si e chame a Jesus, teu Amor. Quando Jesus está perto, toda a bondade está perto e nada parece difícil. Mas quando ele não está perto, todas as coisas são difíceis. Se Jesus disser uma palavra, há grande consolo. Estar sem Jesus é um terrível inferno, mas estar com Jesus é um doce Paraíso”.

É preciso lembrar que comunhão como essa é repleta de inspiração. A revelação dada a João foi instantaneamente seguida pela ordem de escrever. A alma iluminada pela comunhão com Cristo se torna como que um querubim que vai e vem de acordo com a direção do Senhor – usando uma ilustração da antiguidade. Da mesma maneira, pessoas santas, revigoradas e renovadas pela comunhão com Jesus durante os momentos em que esperam nele, recebem direção e instrução para as tarefas que devem realizar, e sairão para ministrar conforme forem orientadas.

Quando, então, estiver solitário, assim como João esteve na ilha de Patmos, e você parece ouvir hinos e orações dos quais só consegue participar em espírito, dirija-se ao próprio Senhor e peça-lhe que lhe faça companhia. Essa solidão lhe permite ter intimidade. Se não tiver essa experiência, você não poderá descobrir o que Jesus pode ser e fazer quando ele se aproximar dizendo: “Não temas”. Ele não o deixará órfão, ele vai se aproximar. Embora o amigo e o familiar mais próximo possam abandoná-lo, embora você esteja passando sozinho por um vale sombrio, o Bom Pastor o acompanhará, armado com um cajado para ajudá-lo a sair das ciladas e com um bastão para defendê-lo dos inimigos.

Em momentos de sofrimento 

Momentos de sofrimento também fornecem oportunidades para Jesus se tornar conhecido. Como a igreja de Esmirna, sobre a qual caíam os primeiros lampejos das provas ardentes (Ap 2.8-11), o filho de Deus é sempre chamado para tomar o caminho da Cruz. Com todo o seu sofrimento, injustiça, humilhação, amargura, essa via já foi trilhada por milhões e tem sido chamada de “estrada do Rei”. Um santo do passado afirmou: “Não há outro caminho para a vida e para a paz interior senão o caminho da Cruz”. Nenhum outro caminho tem capacidade de gerar em nós um grau tão elevado do amor e da presença amparadora de Jesus!

Isso ficou particularmente evidente na vida do apóstolo Paulo. Poucas pessoas chegaram perto do grau de angústia e dor que ele experimentou. “Somos o lixo do mundo e a escória de todos” (1 Co 4.13). Ele estava sempre carregando no corpo a morte de Jesus. Pobreza, perseguição, enfermidades, o ódio que sofreu por parte dos judeus religiosos – essas eram as águas profundas que ele foi chamado a atravessar muitas vezes.

Mas em tudo isso ele foi mais que vencedor por meio daquele que o amou. Jesus estava mais perto dele do que as águas geladas. É certo que ele sofreu por Cristo, mas Cristo sofreu juntamente com ele. Seu Senhor estava ao seu lado, quem então poderia ser contra ele? O espírito de Paulo parecia transbordar um otimismo divino quando ele proclamou que nem vida, nem morte, nem altura nem profundidade o separariam do amor de Deus.

Não tema o sofrimento ou a dor. Não se permita encolher de medo quando Jesus o conduzir para um lugar sombrio. Ele entra conosco na fornalha aquecida sete vezes mais e não permite que as chamas nos queimem.

Também há sofrimentos piores do que os que nos atingem na esfera física, mas Jesus está sempre ao nosso lado, com a coroa da vida para adornar a cabeça daquele que vencer. Não lamentemos os sofrimentos, a falta de compaixão dos amigos ou familiares, nem permitamos que pessoas critiquem o nosso Divino Amado; na verdade, alegremo-nos por ele nos ter confiado dor e limitações para que seu poder possa repousar mais ricamente sobre nós. “Sentinela, sê fiel até a morte em teu posto.” O Primeiro e o Último está contigo. Ele passou pela morte para a vida plena; e tu também passarás!

Os milhares de enfermos vindos de todas as partes da Galileia revelaram o poder de Jesus para realizar curas, e essa capacidade teria permanecido desconhecida se aquelas pessoas não tivessem se aglomerado ao redor dele. O leproso revelou a pureza de Jesus; o paralítico, sua energia; o morto, seu poder de dar a vida. Da mesma forma, cada prova e cada tristeza que surgem em nosso caminho permitem que ele revele a cada um de nós – e aos principados e potestades nas regiões celestiais – um novo aspecto desse maravilhoso Ser, que é o suprimento que precisamos durante nossas enfermidades.

Em momentos de sede 

Momentos de sede fornecem oportunidades para um conhecimento mais íntimo de Jesus (Ap 21.6,7). Se, naquele dia memorável, a mulher de Sicar não tivesse sede, ela não teria visitado o poço ao meio-dia; e se não fosse a sede por satisfação interior, os homens jamais teriam cantado com Davi: “Assim como a corça anseia pelas águas correntes, também minha alma anseia por ti, ó Deus!” (Sl 42.1). Se fôssemos capazes de suprir nossas próprias necessidades, nunca saberíamos o que Cristo pode ser. Deus permite que sintamos fome e sede a fim de aprendermos a não confiar em nossa própria capacidade para nos satisfazer, mas no Deus vivo, que nos concede amplamente todas as coisas para delas desfrutarmos.

Ah, bendita ausência de autossuficiência! Nunca seremos plenos, nunca poderemos dispensar a fonte que está em Cristo! Mas, à medida que nossa natureza se desenvolve, conforme surgirem novos anseios, quando um abismo chamar outro abismo, conheceremos cada vez mais a plena suficiência do Senhor como Caminho, Verdade e Vida.

 

F. B. Meyer foi um pastor e evangelista batista inglês, contemporâneo e amigo de D. L. Moody. Meyer escreveu mais de 40 livros.

Resumido do livro F. B. Meyer de F. B. Meyer. Direitos autorais 1950 de Fleming H. Revell Company. Publicado por Baker Book House, uma divisão de Baker Publishing Group. Usado com permissão.


 

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