Por: W. C. Moore
Jesus nunca pregou um evangelho fácil, um jeito suave de alcançar salvação, sem muita exigência. Antes de sermos salvos, vivíamos para agradar a nós mesmos. Depois da conversão, deixamos nossos próprios caminhos e procuramos agradar a Deus.
“Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6.24). “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão” (Lc 13.24). Este último versículo foi uma resposta à pergunta: “Senhor, são poucos os que são salvos?” (Lc 13.23).
Não é difícil alguém se converter quando ele vem com toda a sinceridade para o Senhor e está disposto a abandonar o pecado e a entregar, com confiança total, sua vida e tudo o que tem para o Senhor. Porém, é essencial que haja essa sinceridade e coração confiante antes que uma pessoa possa ser salva.
É muito fácil uma pessoa ser salva quando ela está disposta a entregar a si mesmo e a tudo que possui, sem reservas, para o Senhor e a confiar nele para sua salvação. Contudo, sem essa entrega, é um engano pensar que, só por causa de consentimento intelectual a certas verdades da Bíblia, alguém possa se considerar salvo.
Muita gente fala em “crer” no Senhor Jesus Cristo quando, na verdade, nunca se arrependeram de seus pecados. Uma simples aceitação mental das verdades da Bíblia nunca salvou alguém e nunca salvará. Até os demônios fazem muito mais do que isso – creem “e tremem” (Tg 2.19), no entanto, não estão salvos.
Jesus colocou o arrepender-se antes do crer. “Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15). Depois da sua ressurreição, ele ainda recomendou que “se pregasse arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações” (Lc 24.47).
Paulo seguiu as ordens do seu Senhor, “testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20.21).
Os cristãos também, quando pecam, devem se arrepender. Jesus, o Filho de Deus, o Cabeça da Igreja, falando dos céus para uma igreja muito zelosa e fortemente ortodoxa, ordena arrependimento: “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas” (Ap 2.4-5).
Multidões enganadas
Que muitos já estão perigosamente enganados e assim continuarão num estado de quase impensável ilusão até o próprio dia do juízo – isso está revelado nas palavras chocantes do Filho de Deus:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade (Mt 7.21-23).
Jesus veio para salvar seu povo dos pecados deles (Mt 1.21), não nos pecados deles.
Vance Havner, avivalista norte-americano, escreveu: “Os grandes avivamentos do passado foram acompanhados por pregações contra o pecado – exortando para que houvesse convicção, arrependimento, tristeza segundo Deus, confissão e abandono do pecado, restituição, retorno às primeiras obras, retorno às Escrituras, à oração, ao testemunho e à vida santificada”.
E. E. Shelhamer, escrevendo em Shallow Revivals (Avivamentos Rasos), proclamou uma forte advertência que é extremamente apropriada hoje em dia, quando existe um mal-entendido generalizado sobre o que a salvação realmente é:
Não admira que Wesley tenha exclamado: “Que terrível é quando os embaixadores de Deus se transformam em agentes do diabo! Quando aqueles que são comissionados para ensinar aos homens o caminho do céu ensinam, de fato, o caminho para o inferno. Se alguém perguntar: ‘Por que, quem faria isso?’, eu responderei: ‘Milhares de homens, sábios e honrados, todos aqueles, de qualquer denominação, que encorajam o orgulhoso, o leviano, o amante do mundo e dos prazeres, o injusto ou cruel, o maldoso, o despreocupado, o insensível – a pensar que está no caminho do céu’. Estes são falsos profetas no verdadeiro sentido da palavra. São traidores de ambos – de Deus e dos homens.”
Admoestando a todos
Paulo não deixou de admoestar a cada um “noite e dia… com lágrimas” (At 20.31). “E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos aos homens” (2 Co 5.11). Não há suficiente temor do Senhor hoje em dia, nem no púlpito, nem nos bancos da igreja, nem entre os cristãos professos e nem entre os pecadores contumazes que não professam coisa alguma.
Deus é, de fato, santo, justo e bom, misericordioso e gentil, mas ele odeia o pecado. O fato de dar aos seres humanos oportunidade para se arrependerem, em hipótese alguma, implica que terríveis juízos não virão sobre aqueles – todos aqueles – que desprezam a sua misericórdia.
É uma coisa terrível pisar aos pés o sangue do Filho de Deus e ignorar a misericórdia do Todo Poderoso.
É impossível “proclamar plenamente” o Evangelho (Rm 15.19) e “anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27) – sem admoestar os homens a respeito do juízo futuro! Até Felix ficou amedrontado quando Paulo esteve “dissertando acerca da justiça, do domínio próprio e do juízo vindouro” (At 24.24-25).
Todo aquele que fica acalentando os cristãos para que tenham um sono espiritual ainda mais profundo não é um discípulo de Cristo – pelo contrário, é um lobo com pele de cordeiro (Mt 7.15). Jesus disse: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai” (Lc 22.46). E, em outra ocasião: “Acautelai-vos por vós mesmos… Vigiai, pois, a todo tempo, orando” (Lc 21.34,36).
A menos que queiramos ser castigados e ter a nossa sorte lançada com os hipócritas, onde há choro e ranger de dentes (Mt 24.51), precisamos levar a sério a advertência do nosso Senhor e “vigiar” – ficar alertas, acordados, espiritualmente despertos – e “ficar… apercebidos” para a Segunda Vinda de Jesus! (Mt 24.42-50)
A coisa mínima que Deus quer que façamos é mais importante do que tudo o mais no mundo! É melhor perder qualquer coisa do que nos tornarmos descuidados e deixar de estar apercebido por ocasião da vinda do Senhor. “Porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24.44).
Alguns poderiam argumentar que Jesus fez essas admoestações para os seus discípulos somente naquela época, mas Jesus é, também, o Cabeça da Igreja (Ef 5.23). “A igreja está sujeita a Cristo” (Ef 5.24). Ele ordenou aos seus discípulos que ensinassem todas as nações a guardar todas as coisas que lhes tinha ordenado (Mt 28.18-20).
Jesus é o Mediador do Novo Testamento (Nova Aliança), sob o qual vivemos hoje, assim como Moisés foi o mediador da Velha Aliança (Hb 8.8,13; 9.11-15).
Jesus disse que quando o Espírito Santo viesse, ele convenceria “o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). Haverá convicção de pecado quando o Espírito Santo estiver agindo livremente em nosso meio.
Deus não nos instruiu a ir por aí tentando tornar a situação mais agradável e confortável para as pessoas, de tal maneira que ficassem contentes e mais encorajados a satisfazer a si mesmos. “Ai dos que andam à vontade em Sião”, disse o Senhor em Amós 6.1.
Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Pense bem no que significa seguir a Jesus. Será que ele estava procurando tirar todo o proveito possível da vida? Será que procurava satisfazer a si mesmo?
“Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3.2). “Exortai-vos mutuamente cada dia” (Hb 3.13). “O reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mt 11.12).
“Aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Hoje em dia, muitos estão enganados, realmente imaginando que podem simplesmente concordar mentalmente com a verdade da Bíblia e, então, viver aberta e flagrantemente em pecado e ainda ir para o céu quando morrerem!
Ao homem rico, no inferno, foi dito: “Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos” (Lc 16.25).
A não ser que você se arrependa dos seus pecados, com certeza você colherá o que semeou! Abandonemos a vida centrada em nós mesmos e no pecado agora, arrependamo-nos e clamemos diante de Deus, antes que seja tarde demais para o perdão, em nome de Jesus.
Jesus disse: “…o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (Jo 6.37).
“Para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição, e amaldiçoarei as vossas bênçãos” (Ml 2.1-2).
W. C. Moore (1890-1980) foi fundador, junto com sua esposa, Sarah F. Moore, deste jornal em inglês, The Herald of His Coming, em 1941.
Respostas de 2
Vivemos verdadeiramente um tempo de desprezo à santidade de Deus e indiferença ao temor devido a Ele.
Que nosso Pai derrame poderosamente de seu Espírito para voltarmos à sobriedade em Jesus !
Abandonar o pecado! Penso que esta mensagem é urgente para os crentes de hoje; a impressão que dá é que muitos estão flertando com o pecado quando deveriam fugir dele!
O Sr. Jesus diz: quem dentre vós me convence de pecado?
Parece que esta geração quer converter o pecado, quando deveria fugir dele. O pecado nos faz pecadores! Não tentemos negociar com o pecado…Arrependidos, fujamos do pecado agora, para os braços de Jesus que nos livra da ira vindoura!