Andrew Murray (1828 – 1917)
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 7.1).
Nós sabemos o que é a santidade. Apenas Deus é santo, e santidade é aquilo que Deus comunica de si mesmo. Separação, purificação e consagração não são propriamente santidade, mas apenas os passos preliminares a caminho dela. O templo era santo porque Deus habitava nele. Não é o que é oferecido a Deus que é santo, mas aquilo que Deus aceita e recebe para si, aquilo que ele toma para sua própria comunhão e uso – isso é santo.
“Eu sou o Senhor, que vos santifico”, era a promessa de Deus ao seu antigo povo, e que servia de base para sua ordem: “Sede santos” (Lv 20.7,8). Foi o ato de Deus os tomar como sua propriedade especial que fez deles um povo santo; a entrada deles na santidade de Deus, entregando-se à sua vontade, comunhão e serviço, era exatamente o propósito do chamado “Sede santos”.
É exatamente assim conosco como cristãos. Fomos feitos santos em Cristo; somos agora santos ou santificados. O nosso chamado é seguir a santidade a fim de aperfeiçoá-la, rendendo-nos ao Deus que está pronto para nos santificar completamente. É a conscientização do que Deus fez em nos tornar santos, e do que prometeu fazer para santificar-nos totalmente que nos dará coragem para aperfeiçoar a santidade.
“Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos… aperfeiçoando a nossa santidade.” Quais promessas? Elas tinham acabado de ser mencionadas no contexto anterior desta passagem: “Habitarei e andarei entre eles… serei o seu Deus… Eu vos receberei… serei vosso Pai” (2 Co 6.16,18).
Foi o fato de Deus aceitar o templo e morar ele próprio ali que o tornou santo. É a morada de Deus em nós que nos torna santos, que nos dá não apenas o motivo, mas a coragem e o poder para aperfeiçoar a santidade, para nos entregar de tal maneira que ele nos possua perfeita e inteiramente. É Deus sendo um pai para nós, gerando sua própria vida, seu próprio Filho dentro de nós, formando Cristo em nós, até que o Filho e o Pai façam sua morada em nós, que nos dará confiança para acreditar que é possível aperfeiçoar a santidade, e que nos revelará o segredo de sua realização. “Tendo, pois, ó amados, tais promessas”, isto é, conhecendo-as, vivendo nelas, reivindicando-as e obtendo-as, poderemos “aperfeiçoar a nossa santidade”.
Essa fé é o poder secreto do crescimento da vida interior de perfeita santidade. Mas existem obstáculos que impedem esse crescimento e que precisam ser vigiados e removidos. “Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.”
Toda contaminação, exterior ou interior, em conduta ou sentimento, na vida física ou espiritual, deve ser lavada e jogada fora. Purificação no sangue de Cristo, purificação pela Palavra, purificação pela faca de poda ou pelo fogo – de qualquer maneira ou por qualquer meio – o importante é ser purificado. No temor do Senhor, todo pecado deve ser cortado e expulso; tudo o que é duvidoso ou contaminador deve ser posto de lado; alma, corpo e espírito devem ser preservados íntegros e irrepreensíveis. Assim, purificando-nos de toda contaminação, aperfeiçoaremos a santidade: o espírito de santidade encherá o templo de Deus com sua santa presença e poder.
Amados, tendo estas promessas, aperfeiçoemos a santidade. Perfeitamente santo! Perfeito em santidade! Vamos nos render a esses pensamentos, a esses desejos, a essas promessas do nosso Deus. Começando com a base de um coração de criança, prosseguindo firmemente no caminho da perfeição, apegando-se a um Salvador perfeito, vivendo em comunhão com um Deus cujo caminho e obra são perfeitos, não tenhamos medo de chegar a Deus com seu próprio mandamento como nossa oração: “Santidade perfeita, ó meu Senhor!”. Ele sabe o que quer dizer com isso, e nós também saberemos se perseverarmos em conhecê-lo.
“Senhor, tenho um chamado à perfeita santidade. Venho a ti para buscá-la; por isso, torna-me tão perfeitamente santo quanto um pecador redimido pode ser na Terra.”
Que este seja o espírito da nossa oração diária: desejo andar diante de Deus com um coração perfeito – perfeito em Cristo Jesus e no caminho da perfeita santidade. Eu desejo chegar hoje tão perto da perfeição quanto me for possível pela graça divina. “Aperfeiçoar a santidade” será, no poder do Espírito de Deus, o meu objetivo.
– Retirado do livro Sê Perfeito, de Andrew Murray.