Purim — Passado e Presente
Asher Intrater
Muitos dos livros proféticos têm um certo padrão. Na primeira metade do livro, o escritor profetiza sobre eventos históricos em sua vida. Na segunda metade, as profecias transitam para uma dimensão futura mais universal. A história se repete. Precisamos aprender o que aconteceu historicamente para entender o que vai acontecer na nossa geração.
O plano do mal narrado em Ester não mudou muito: matar todo o povo de Deus. Hamã queria matar todos os judeus porque odiava Mordecai. Ele realmente não se importava com os judeus, ele só queria matar a família de Mordecai em um ataque de vingança e ciúmes. Mordecai é uma imagem do Messias Yeshua. Hamã é uma imagem de Satanás que odeia Yeshua e quer impedir que Seu reino venha à Terra.
A guerra em Israel não é primariamente sobre Gaza. O Hamas chama a guerra de “O Dilúvio de Al Aqsa”. Seu plano é inundar Israel, matar todos os judeus, tomar o Monte do Templo, declarar um Estado islâmico e começar a governar o mundo. Eles querem dizer o que dizem. A história caminha para esse dilúvio e precisamos nos preparar para isso.
- Vamos entender a guerra espiritual que está acontecendo ao nosso redor.
- Vamos nos tornar mais como Mordecai e Ester, permanecendo na fé e na intercessão.
- Vamos ver a situação mudar de derrota para vitória, uma reversão divina.
Foi o que aconteceu na época da história do Purim. Vamos orar e jejuar por um avanço no tempo do Purim este mês.
Apesar de todas as probabilidades contra nós, vamos acreditar que este desastre global se transforme milagrosamente em uma vitória global para o Reino de Deus. Este é o momento de se levantar, de lutar, de acreditar.
As Chaves de Rute e Ester
Uma transição
O surgimento da igreja subterrânea da China nos últimos 30 anos mudou drasticamente a estrutura e a composição da ecclesia internacional com seu grande número, a experiência com perseguição, a fé na intervenção sobrenatural, a história oriental, a ênfase nas igrejas domésticas e a visão da “volta a Jerusalém”. Graças à sua cultura “família-ancestral”, eles também trazem uma visão única da ordem da “família estendida” para o Corpo Internacional do Messias. Sua presença mudou nossa eclesiologia (compreensão do significado e da forma da igreja internacional).
Líderes chineses e internacionais, coordenados por David Demian, trouxeram milhares de cristãos para adorar ao Senhor em Jerusalém em novembro de 2014 – inspirados por Zacarias 8.22: “Virão muitos povos e poderosas nações buscar em Jerusalém ao Senhor…”.
David Demian é um árabe egípcio e havia uma ampla representação não apenas de igrejas do leste asiático e igrejas ocidentais, mas também de cristãos árabes. Naquela conferência, e nos subsequentes “Encontros Globais”, líderes judeus messiânicos de Israel subiram ao palco para honrar nossos irmãos e irmãs cristãos árabes e se ajoelharam em arrependimento por nossos próprios pecados de orgulho e infidelidade. O resultado foi bastante chocante. Os cristãos árabes ficaram profundamente tocados pela demonstração de amor e humildade, quase atordoados ao se verem abençoados pelos judeus messiânicos.
Um voto de Rute
David respondeu liderando toda a comunidade internacional ali representada (incluindo chineses e árabes) em um voto de aliança de “Rute” ao povo judeu, em que
“O teu povo é o meu povo” (Rute 1.16).
Senti que este momento era um ponto de virada histórico. Até agora, aqueles que tinham um “chamado de Rute” eram vistos apenas como cristãos minoritários a quem o Senhor havia tocado com um amor especial e lealdade ao povo judeu.
Por causa do envolvimento de cristãos chineses e árabes nesse compromisso de aliança, uma mudança espiritual está ocorrendo. O “chamado de Rute” não deve ser a exceção, mas a regra; não algo incomum, mas a norma; não a minoria, mas a maioria. Rute deve representar um retrato de TODOS os verdadeiros cristãos.
Nova Perspectiva
Isso dá uma nova perspectiva sobre o que chamaríamos de “Eclesiologia de Rute”: a Igreja Internacional Ecclesia está essencialmente ligada a Israel. Essa conexão vem pela aliança com o Deus de Israel através do Messias de Israel (Efésios 2.12, 19). A conexão entre Israel e a Igreja está redefinindo ambos quanto ao seu significado bíblico original: A essência da identidade de Israel é uma nação piedosa que se estende espiritualmente às outras nações através da Igreja; e a Igreja é essencialmente um corpo espiritual internacional enraizado em Israel como seu ponto de origem. A identidade da Igreja está ligada a Israel; e a identidade de Israel está ligada à Igreja.
Dan Juster chamou isso de “a dupla restauração de Israel e da Igreja”. Vincula a Israel-ologia e a Eclesiologia em um só. Cremos que esta é a visão original dos apóstolos em relação a Israel e à Igreja. Nos nossos dias, esta visão apostólica da “eclesiologia” está sendo restaurada. O “Remanescente” judaico messiânico desempenha um papel de uma ponte, sendo a Igreja dentro de Israel e Israel dentro da Igreja.
Hoje e Amanhã
Uma visão restauracionista da eclesiologia também tem um efeito sobre a escatologia (estudo do Fim dos Tempos). A eclesiologia afeta a escatologia. A eclesiologia restauracionista deve levar a uma escatologia restauracionista. A maneira como vemos Israel e a Igreja hoje afeta como vemos as profecias do Fim dos Tempos sendo cumpridas amanhã. Se Israel e a Igreja estão conectados um ao outro em sua origem, eles estarão conectados um ao outro em seu destino.
Essa identidade compartilhada afeta como vemos a vinda do reino de Deus. Poderíamos dizer: “Israel mais a Igreja é igual ao Reino de Deus.” ou “a relação entre Israel e a Igreja dá origem ao Reino de Deus na Terra”.
Os livros de Rute e Ester descrevem eventos históricos reais, mas também podem ser vistos como parábolas com significado profético. Rute contém uma mensagem sobre a relação entre Israel e a Igreja. É o que chamamos de “Eclesiologia de Rute”. De maneira semelhante, o livro de Ester contém uma mensagem sobre o Fim dos Tempos. Chamamos isso de “Escatologia de Ester”.
As histórias de vida dessas duas mulheres contêm o mistério desdobrado de Israel e da Igreja e das profecias do Fim dos Tempos.
Padrão Genocida
Ester pode ser vista como um símbolo da Igreja, a noiva do Messias. Ela está compartilhando intimidade, graça e beleza com seu marido, o Rei. Mas aí ocorre uma crise. Ester é chamada ao reino
“para um tempo como este” (Ester 4.14).
E que “tempo” é esse? É um momento de crise internacional sem precedentes. E que crise é essa? Uma tentativa de matar todos os judeus.
A tentativa de matar os judeus acontece não apenas nas mãos de Hamã (Ester 3.6), mas também do Faraó (Êxodo 1.16), Herodes (Mateus 2.16) e no Fim dos Tempos (Ezequiel 38-39, Zacarias 13-14). A guerra espiritual acaba culminando em uma tentativa de matar os judeus. Podemos ver essa tendência genocida tanto no nazismo quanto na Jihad Islâmica. No fim dos tempos, uma tentativa de matar os judeus poderia muito bem atingir todos os cristãos que acreditam em Yeshua como o Rei dos Judeus ou se veem alinhados com a nação de Israel.
Curiosamente, a descrição de Hamã em Ester 3.7; 8.1; 9.10,24 é “Tsorer”, que é a palavra normalmente usada no hebraico moderno para “Anticristo” e a raiz da palavra do Antigo Testamento para a “Tribulação”. Hamã pode ser visto como uma figura do Anticristo nesta parábola do Fim dos Tempos da Tribulação vindoura.
Ester é advertida por Mordecai em uma mensagem profética da urgência de interceder junto ao rei em favor dos judeus durante esta crise mundial. Ela está inicialmente relutante em ouvir o que parece ser uma mensagem excessivamente intensa e negativa. Ela até tenta arranjar desculpas para evitar seu próprio envolvimento na crise, mas Mordecai é persistente em mostrar-lhe a necessidade de seu papel na intercessão.
O aviso exige uma resposta
Há anos que vozes apostólicas e proféticas tentam alertar para a iminente crise e tribulações. Muitos crentes parecem desinteressados. Outros ainda foram ensinados que não terão participação nesta crise porque já terão sido arrebatados para o céu. A gente não vê dessa forma. Por esta razão, organizamos anualmente um “jejum de Ester” com cristãos árabes locais e judeus messiânicos aqui em Israel, transmitido ao vivo para parceiros e guerreiros de oração em todo o mundo (Ester 4.16).
Muitos não compreenderam a urgência dessa visão no “modelo Ester” do fim dos tempos. Talvez soe muito intenso, muito negativo, muito judeu.
A Boa Nova
No entanto, a história tem um final feliz! Depois de um tempo extremamente difícil de intercessão, tribulação e guerra espiritual, há uma intervenção súbita e milagrosa de Deus que afeta o mundo inteiro. O decreto assassino é cancelado. As forças do mal são destruídas (9.17). A história muda. Um grande avivamento acontece. Muitos “se unem” aos judeus (Ester 9.27).
Finalmente, os justos tomam posse do governo sobre todas as nações (8.2, 9.3, 10.3). Todas as pessoas são felizes. A paz abunda e as festas são celebradas. Esta é uma bela imagem do reino de Deus na terra. O Purim é um tempo de muita alegria. Vamos nos unir neste chamado de Ester e Mordecai por uma batalha espiritual para conquistar a vitória no fim dos tempos.