21 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Avivamento Coletivo: Como Acontece

Por: Henry Blackaby

Arrependimento Coletivo

Na nossa passagem de 1 Samuel, diz que depois da casa de Israel ter suspirado pelo Senhor durante vinte anos, “falou Samuel a toda a casa de Israel…” (1 Sm 7.3).

Observemos o caráter coletivo do que estava acontecendo. Renovação e despertamento individuais nunca substituirão avivamento e arrependimento coletivos. Somos um povo de aliança; somos um povo que forma um só corpo; somos um povo que pertence a Deus e uns aos outros. Vemos isto em toda a Bíblia, inclusive no Pentecostes. O Pentecostes não aconteceu apenas a indivíduos. Veio para toda a igreja. A congregação se reuniu com um coração e uma alma. É assim que Deus age.

Por isto Samuel falou a toda a casa de Israel. E a passagem continua mostrando como Samuel ordenou que o povo voltasse ao Senhor, deixasse todos os outros deuses, e se arrependesse como um só povo diante de Deus.

Diz também que os filisteus subiram para lutar contra Israel, e que Israel ficou com medo. É uma boa idéia, quando os filisteus se reúnem contra nós, que declaremos juntos: “Temos pecado”. Não digamos que Brasília está em pecado, nem que Hollywood está em pecado, ou que os homossexuais estão pecando. O povo de Deus precisa clamar em uníssono: “Nós temos pecado contra Deus!”

Deixe a santa presença de Deus mostrar o que o tem ofendido tanto. Fique lá até que Deus fale. Não diga simplesmente: “Deus quer que confessemos que pecamos. Não sabemos onde erramos, mas é a coisa ‘evangélica’ para se fazer, então vamos chegar e orar: ‘Senhor, pecamos contra ti’.”

Deus diz: “Agora comece a enumerar seus pecados”.

“Senhor, não sei se cometi algum pecado.”

“Bem”, ele diz, “então fique aqui até que eu lhe diga o que fez. E quando eu terminar, você saberá que pecou e saberá a relação entre a condição da sua terra e o pecado do povo de Deus.” Pois a condição da nação depende diretamente do relacionamento do povo de Deus com Deus.

Foi isto que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001. A minha convicção é que Deus estava dizendo ao seu povo: “Vocês pecaram, e estou começando a retirar minha cerca de proteção sobre sua terra”. Mas os únicos que não entenderam esta mensagem foram justamente os cristãos. Achamos que o problema não está conosco, entretanto o pecado corre solto no nosso meio. As igrejas estão cheias de divórcio, relacionamentos quebrados, engano, infidelidade na liderança – e muitas outras coisas. E quando algo acontece, perguntamos como os anciãos de Israel: “Por que Deus permitiu que isto acontecesse?”

Deus responde: “Vocês estão fazendo a pergunta certa, mas não permanecem na minha presença até receber a resposta. Foram vocês que pecaram.”

Então, Samuel levantou-se depois do povo ficar vinte anos suspirando por Deus, e disse-lhes: “Se quiserem voltar a Deus – não à atividade, mas a um relacionamento – e se corresponderem a Deus com todo seu coração, e o servirem, ele cuidará dos filisteus.”

“Então, disseram os filhos de Israel a Samuel: Não cesses de clamar ao Senhor, nosso Deus, por nós, para que nos livre da mão dos filisteus. Tomou, pois, Samuel um cordeiro que ainda mamava e o sacrificou em holocausto ao Senhor; clamou Samuel ao Senhor por Israel, e o Senhor lhe respondeu” (1 Sm 7.8,9).

Observe a seqüência. Muitos querem clamar a Deus por um avivamento, mas não querem fazer o pré-requisito. Não queremos oferecer um sacrifício pelo pecado a Deus em nosso próprio favor antes de começar a clamar em oração. É necessário ter um coração limpo e uma vida limpa. Você conhece a passagem: “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16). E Samuel era uma pessoa justa, por causa da importância que deu à sua própria purificação.

Tinha algo em jogo aqui? Sim, a sobrevivência do povo de Deus estava em jogo! E dependia de uma pessoa. Graças a Deus, que o povo havia observado a Samuel, e sabia que seu relacionamento com Deus era confiável.

Quero lhe perguntar uma coisa: No meio de uma crise séria, seu histórico no meio do povo é tal que você seria a primeira pessoa a quem procurariam por causa do seu relacionamento com Deus? Viriam, não para você conduzir uma reunião, mas para clamar a Deus para sua sobrevivência?

Samuel ofereceu um holocausto, clamou a Deus, e este lhe respondeu. Toda a sobrevivência do povo de Deus dependia daquela oração.

O Problema dos Inimigos

Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para armar a batalha contra Israel. A Bíblia diz: “Os filisteus chegaram à peleja contra Israel; mas trovejou o Senhor aquele dia com grande estampido sobre os filisteus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados diante dos filhos de Israel” (1 Sm 7.10).

Deus tem milhares de meios de resolver o problema dos inimigos. Ele sabe exatamente o que fazer para derrotá-los. Mas ele precisa de alguém para orar eficazmente, para que quando o inimigo vier, ele possa realmente agir para derrotá-lo.

“Saindo de Mispa os homens de Israel, perseguiram os filisteus e os derrotaram até abaixo de Bete-Car” (v. 11).

Depois disto talvez alguns tenham contado vantagem: “Veja só o que fizemos!” Nunca haverá uma vitória verdadeira em que possamos dizer: “Veja o que fizemos”. Primeiro haverá um clamor de vinte anos, sentindo falta de Deus. Não sabemos por que Deus parece não estar ouvindo. Depois Deus levanta alguém. Sabemos pela sua vida e pelo seu histórico que é alguém que conhece a Deus. Deus ouve seu clamor, e imediatamente resolve o problema do inimigo.

Sempre tentamos resolver primeiro o que fazer com o inimigo. Mas Deus sabe o que fazer sobre isto. Não levaria uma semana para Deus derrotar todos os inimigos do seu povo. Mas antes ele precisa levar o povo a um relacionamento consigo mesmo, de tal forma que quando derrotar os inimigos, toda a glória possa ser dada a ele.

Precisamos de um Samuel

Precisamos de líderes que saibam o que fazer quando o povo de Deus confessar: “Nós pecamos!” Precisamos de alguém que saiba como conduzir o povo de Deus ao arrependimento coletivo, e que o faça de tal forma que seja reconhecido por Deus e pelos homens.

Depois que os filhos de Israel perseguiram os filisteus, Samuel tomou uma pedra, “e lhe chamou Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor. Assim, os filisteus foram abatidos e nunca mais vieram ao território de Israel, porquanto foi a mão do Senhor contra eles todos os dias de Samuel” (vv. 12,13).

Algumas pessoas dizem: “Precisamos pedir a Deus que nos envie um profeta”. Mas o profeta é sempre o último recurso de Deus antes do juízo. Ele usa vários meios para trazer seu povo de volta a um relacionamento consigo mesmo. Seu último recurso é enviar o profeta. Se não ouvirem o profeta, está tudo acabado para aquele povo.

Se quiser pedir que Deus mande um profeta, é melhor preparar-se para se arrepender. O profeta será destemido. Virá da presença de Deus e trará uma palavra para seu povo. Naquele momento saberão o que é estar diante de um Deus santo. Verão seu pecado, e precisarão de alguém para conduzi-los para longe do pecado.

Tenho ouvido muitos pastores, quando se encontram frente a frente com a santidade de Deus, dizerem: “Não poderia pregar isto na minha igreja. Seria expulso!”

E eu digo: “Por que você acha que Deus o colocou ali?”

Estamos muito mais preocupados com as opiniões dos homens do que com a Palavra de Deus. O povo de Deus não terá chance alguma se não houver pastores que crêem em Deus e não têm medo de ninguém a não ser do próprio Deus. E que o conhecem o suficiente para saber que Deus não está brincando com suas palavras.

Deus falaria às igrejas hoje o mesmo que disse a igreja de Éfeso: “Suas atividades religiosas são maravilhosas, mas tenho algo contra vocês. Deixaram seu primeiro amor. Lembrem de onde caíram, arrependam-se e voltem, ou estará tudo acabado. Removerei seu candeeiro.”

Ele pode fazer isto com uma denominação, com um ministério, com uma igreja, com uma família, com um pastor, com qualquer pessoa!

Foi por isto que o profeta Samuel clamou a Deus: “Oh Deus, oh Deus, o Senhor pode perdoar os seus pecados?” E clamou ao povo: “Vocês precisam voltar para Deus”. Ele pediu para reunir todo o povo. Todos precisavam ouvir, todos precisavam se arrepender. Precisamos hoje nos arrepender coletivamente, como um corpo, diante de Deus. Não é suficiente três membros do conselho se arrependerem; todo o conselho precisa se arrepender. Não é suficiente um membro da equipe, um professor da Escola Dominical, se acertar diante de Deus. É necessário que todo o grupo, toda a igreja, se reúna diante de Deus e clame a ele sob a direção da Palavra de Deus e de servos fiéis, dizendo: “Pecamos! Vocês podem orar por nós para que Deus nos perdoe, volte a estar conosco, e derrote os inimigos que vierem contra nós?”

O Que Devemos Fazer?

Durante todo meu ministério tenho feito isto. Quando não via a presença manifesta de Deus agindo na nossa igreja, eu ia diante dele e depois diante da igreja e dizia: “Pecamos. É por isto que Deus não está se manifestando a nós”.

Quando nos arrependíamos, Deus começava a fazer grandes obras entre nós. Como pastor, de três em três meses eu ficava sozinho com Deus e perguntava onde as portas do inferno estavam caindo diante da igreja. Quando ele edifica a igreja, podemos ver evidência das portas do inferno sendo derrubadas. Se isto não está acontecendo, ou Deus não edificou a igreja, ou estamos muito longe dele, e a primeira ordem do dia é voltar a ele de todo nosso coração, e fazê-lo coletivamente. E era isto que fazíamos.

O que acontece quando Deus vem frente a frente com um pastor, e este pastor sou eu? Senti como Samuel. “Oh Deus, se tu não ouvires minha oração, teu povo não sobreviverá. Não podem sobreviver no seu pecado e ser abençoados. O que posso trazer da tua Palavra que os façam voltar a ti, amar-te em santidade, e servir a ti somente com todo seu coração?”

Semana após semana Deus trabalhava na minha vida, pois eu não tinha direito de compartilhar com o povo o que não estava se encarnando na minha própria vida. Houve tempos em que me sentia arrasado.

Deus ainda tem me dado esta palavra para seu povo. “Voltem a Deus com todo seu coração. Não digam que está tudo bem quando não há evidência da manifesta presença de Deus em sua vida, em sua família, ou em sua igreja.”

Fico a perguntar a mim mesmo: “Será que sei o que está em teu coração, ó Deus? Ou será que estou apenas repetindo clichês que estão em moda no meio do povo cristão?”

Não há palavra autêntica que não venha diretamente do coração de Deus. Você saberá quando sua mensagem vier do coração de Deus. Você será o primeiro a saber. E nunca mais será o mesmo. É impossível trazer uma mensagem de Deus e continuar o mesmo. A mudança precisa acontecer em sua vida, e depois a verá acontecer com o povo de Deus.

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