Eu estava completamente relaxado, deitado na cama com a luz apagada ouvindo apenas a brisa que passava pela árvore do lado de fora da janela. De repente, a porta do quarto se abriu com força e entrou alguém de preto, com uma faca na mão e uma lanterna apontando para o meu rosto, me cegando. Eu gritei apavorado, pois não havia nada que eu pudesse fazer. Quando meu irmão levantou e acendeu a luz do quarto, ficamos lá rindo histericamente. “Agora é a minha vez”, disse Brian, me entregando a faca e a lanterna. “Espere um longo tempo antes de você vir”, disse Brian. “Fique completamente relaxado e tente dormir”, eu disse ao apagar a lanterna e fechar a porta do quarto. Após quinze minutos de silêncio, invadi o quarto e repetimos a cena de assassinato. A cada vez que brincávamos de vítima indefesa, sempre encontrávamos uma forma mais excitante de fazer. Essa era uma brincadeira que eu e meu irmão, dois solteiros entediados, fizemos por quase vinte anos que vivemos juntos em Hollywood, para passar o tempo. Depois compramos uma arma de bolinhas e passamos a quebrar copos, pratos, canecas no apartamento e buscávamos sempre novas opções. Mais tarde percebemos que estávamos nos divertindo com o medo, que é a arma mais poderosa do inferno contra as pessoas, e usávamos isso como uma forma barata de descarregar adrenalina. O que nos surpreendia eram o poder e emoção provocados em nós quando encenávamos tudo aquilo em um ambiente controlado. Nós éramos capazes de transmitir algo verdadeiramente terrível numa área que não nos dizia nada a respeito.
Eu creio que é exatamente o que temos feito com o amor. A coisa que aceitamos como “amor”, me faz lembrar alguns documentários sobre países distantes onde pessoas miseráveis comem larvas, baratas, achando isso uma delicia. Em outros países, as pessoas comem algumas coisas estranhas porque gostam. Elas acreditam que isso é um paladar especial. Quando as pessoas chamam as pragas que nos causam doenças de guloseimas, passam a desejar isso como um alimento normal. E este é o tipo de engano que temos a cerca do amor. Trocamos o verdadeiro amor por larvas e baratas e não percebemos que fizemos isso.
Somos pessoas que tem prazer na maldade, e a maioria de nós nunca experimentou um relacionamento livre da maldade. De fato, isso é o que exerce mais atração em muitos relacionamentos. Já ouvi centenas de mulheres descrevendo o inexplicável magnetismo que as atrai para homens maus, rebeldes e raivosos. Elas oram e oram para Deus revelar o perfeito homem para elas quando não sentem nenhuma atração por este tipo de homem. O coração delas deseja larvas e baratas. Se um casal ainda sente luxúria um pelo outro após muitos anos, consideramos que eles têm uma vida sexual saudável. Mas, na realidade, amor e luxúria são sentimentos opostos. O amor dá e vem do coração; a luxúria toma e vem da carne. As maiorias das pessoas não conseguem explicar a diferença entre os dois porque o mecanismo parece o mesmo. Um casal com luxúria eventualmente perde o interesse um pelo outro, enquanto um casal que se ama nunca perde o interesse. A luxúria traz prazer para si mesmo e o amor quer dar prazer ao outro. Se não conseguimos separar a maldade do amor, vamos sempre unir os dois.
Percebemos o amor de Deus dessa mesma forma e é por isso que somos ensinados a dar para que possamos receber alguma coisa de Deus. “Semear com fé é uma prática tão irreverente e não percebemos que provoca uma ferida mortal em nossos corações”. Dar para receber é egoísmo puro e simples. Quando estamos amando vemos em cada momento que não apenas adotamos o mal, mas também nos alegramos com a sua presença. A religião tem prazer em apresentar um Deus maldoso. Quando oramos para Deus saquear o perverso em nosso favor, estamos declarando que Deus é um ladrão. Outras pessoas oram para que aconteçam um desastre ou tragédia ao não crente para que eles percebam o quanto precisam de Deus. Pessoas que oram desta forma acreditam que Deus tem o mesmo coração do diabo. Isso é uma idiotice e não expressa o coração de Deus. Também ouvimos pessoas citando a escritura “a vingança é minha; eu vou restituir, diz o Senhor”. Talvez você já tenha dito isso quando alguém te deixou raivoso e você queria que a pessoa concertasse a situação, imaginando que Deus iria fazer isso em teu favor. Acreditamos que Deus é como um líder mafioso que detona os que não querem andar na linha. Transformamos Deus num pitbull que ataca qualquer um que nos pareça meio atravessado. Esteja certo acerca disso: isso é diabólico e não tem nada haver com amor.
Desta mentalidade vem muitos ensinamentos terríveis sugerindo que Deus nos causará algo ruim para chamar nossa atenção ou nos trazer seriedade com nossa fé. Muitas pessoas olham para o céu quando algo ruim acontece, e perguntam: “Por que, Deus?” Fazemos parte de uma religião que usa a tática do medo para que as pessoas se convertam. Uma dessas táticas é a ideia do arrebatamento dos crentes, onde muitas pessoas serão deixadas para trás se não estiverem prontas quando Jesus voltar. Isto fica em nossa cabeça como uma ameaça e insinuação de que o Pai nos abandonaria se não estivéssemos prontos. Esta é uma das táticas mais malignas usadas hoje em dia promovidas por um sistema religioso que não apenas tem prazer na maldade como também usa isto para um suposto crescimento espiritual. Os cristãos que tem medo da volta de Jesus estão sendo conduzidos por uma igreja negligente.
Outro sintoma do nosso prazer no mal está no fato de as pessoas testemunharem das maldades que faziam antes de encontrar a Deus. Eles creem que quanto pior for o passado, maior glória ele receberão na salvação. Eu posso imaginar uma filho de Deus escutando estas histórias e pensando que nunca seria chamado publicamente para falar ao menos que tivesse uma longa lista de maldades que tivesse feito. Quão mais sujo tenha sido o seu passado, mais solicitado você será no mundo cristão. O amor não tem prazer no mal, mas os cristãos têm. Por causa disso, milhares de pessoas estão apavoradas suspeitando que Deus possa destruir seu sustento ou família para provar alguma coisa.
Deus não se deleita com a maldade
Quando usamos o medo para converter pessoas ou fazê-las seguir as regras, nós estamos tendo parte com a maldade. Deus não tem prazer em usar o mal para manipular os seus filhos em relação à salvação ou arrependimento. Em vez disso, a bondade de Deus é que conduz as pessoas ao arrependimento. Ele não vai intimidar ninguém a fazer o que Ele quer, e certamente não se alegra com orações que sugerem que Ele usaria alguma forma de maldade. Há um poder no amor que pode amolecer o mais duro coração e trazer da morte para a vida. A razão pela qual recorremos ao medo e maldade é porque não cremos que o amor seja suficiente. Nunca encontramos o amor autêntico e somos ignorantes a cerca do seu poder.
Ameaçar com o inferno nunca deve ser o argumento para atrair pessoas a Deus, pois traz medo e condenação. Só uma pessoa sem amor poderia pensar desta forma. A Bíblia diz que é o Espírito Santo quem nos atrai para Deus. Se uma pessoa falasse com os nossos filhos que poderíamos abandoná-los se eles não nos obedecessem, não ficaríamos furiosos? Isso é impensável, mas é uma prática comum no meio cristão. Deus não se alegra quando as pessoas creem que Ele pode deixar um de seus filhos ou destruir seus negócios se não entregarem suas vidas a Ele. Deus não criou o homem para salvar sua alma do inferno, ele criou homens e mulheres para terem relacionamentos entre si e com ele. O medo torna isso impossível. Deus age através das tragédias da vida, mas contrário ao ensinamento moderno, ele nunca será o causador delas. Sua promessa é que, no meio das dificuldades, ele estaria lá para nos confortar e curar. Mesmo quando as dificuldades foram causadas por nossos próprios atos. Deus nunca se alegra com a idéia de que as pessoas recebem o que merecem. Ele está nos salvando daquilo que merecemos.
Se um viciando invade sua casa e rouba sua televisão para comprar drogas, a exata “vingança” de Deus está em livrar o homem das drogas e libertá-lo para viver sua vida no conhecimento do amor. A vingança de Deus nunca é contra a pessoa; é contra o mal. Deus tem prazer em perdoar. Nossa batalha não é contra carne e o sangue e muito menos a de Deus.
Nada do nosso passado de maldade glorifica a Deus. Deus deseja o que é verdadeiro, santo, puro, amoroso e de boa reputação. Ele prefere que você fale sobre o que você tem com ele agora do que o que você foi ao passado. Infelizmente milhares de pessoas não tem nada pra contar sobre Deus agora porque estão aterrorizadas com ele ou acreditam em coisas falsas a cerca dele. Não precisamos tentar vender uma boa imagem de Deus. Ele pode fazer isso por si mesmo. O que aconteceria se antes de casar, eu enviasse um amigo para falar com minha esposa que se ela não casasse comigo eu ficaria muito desapontado e arruinaria com a vida dela? Ela concordaria em casar comigo por causa do medo, mas nunca entregaria seu coração. Deus quer pessoas que o amem por ele mesmo e não para escapar do inferno. Ele nunca vai ameaçar nossa família ou saúde para ter um relacionamento com ele. Quando ganhamos pessoas com o poder do medo, as tornarmos “filhos do inferno” e não filhos de Deus. Usar o medo só prova que não temos uma experiência pessoal com a bondade que é maior que a nossa crença na maldade do inferno.
Ao contrário de muitos ensinos populares, Deus nunca saqueia pessoas ou rouba do perverso. Ele abençoa a eles. Quando ouvimos histórias que mostra Deus fazendo isto, não está representando a verdade de seu coração. Ele nunca faz isso. Ele ama o ateu da mesma forma que te ama. Ele enviou seu filho para morrer por todo mundo. Cristo morreu pelos pecadores. Ele nunca os saqueia. Há muitos anos atrás eu estava no parque com minhas filhas, assistindo elas rolarem na areia e subirem nos brinquedos. Chegando a hora de ir embora, gritei para elas e acenei com as mãos. Minha filha mais velha continuou brincando. Após chamar várias vezes, fui andando para o carro e disse “te vejo mais tarde, Landin! Estamos indo embora”. Não me esqueço da expressão de horror com que ela pulou do brinquedo e correu em minha direção. Quantos pais abandonariam seus filhos nesta situação? Muito menos o Senhor, que me lembra em todo tempo de pessoas que querem me fazer acreditar que o Pai celestial poderia me abandonar se eu não me comportar exatamente como ele quer. Eu nunca mais fiz isso com minhas filhas.
Todo o Novo Testamento se refere ao arrebatamento para encorajar os cristãos a desejá-lo. Nunca foi usado para apavorar as pessoas e levá-las ao arrependimento. Imagine você estando com as pessoas que mais ama no mundo no dia mais feliz de sua vida. E um pouco antes de você encontrar estas pessoas, vem alguém e te informa que elas estão escondidas no armário porque tem medo de sua vinda. Você gostaria de vir para elas? Até entendermos o que Deus é, é o que estamos fazendo com ele. Imagine se você não tivesse amigos na escola. Todas as crianças rindo de você e até mesmo os professores te humilhando diante da classe. Então, no meio de tudo isso, você se lembra: “meu pai vem me buscar hoje e vai me fazer tudo o que é de bom”. Isto é o que Deus espera de nós para sentir a cerca dele.
Você precisa saber que se você abriu o seu coração para Deus, você está salvo. Nada que você fizer te deixará mais preparado. Você está indo com ele quando ele vier porque você é seu filho. Nada que você fizer motivará a Deus em deixá-lo para trás. Não permita que ninguém te fale algo diferente. O arrebatamento nunca deve ser usado contra você; seu propósito é de te encorajar.
A natureza do amor é de se expandir. Todas as coisas de Deus se expandem. Viver juntos sem a promessa de absoluta segurança requer um intencional constrangimento de coração. Como o amor vem do coração, relacionamentos inseguros impedem o coração de se expandir até que finalmente ele morre. Como o peixe que só cresce até o tamanho do tanque onde foi colocado, se você não acredita que seu relacionamento com Deus é seguro, seu relacionamento com ele não pode crescer. Sem uma aliança inquebrável, você meramente “vive junto” com Deus, e seu desenvolvimento espiritual será atrofiado. Segurança é liberdade, e abre o espaço que todo relacionamento precisa para crescer. Você tem isso em Deus.
O ponto inicial de todo verdadeiro relacionamento é o entendimento que jamais seremos abandonados – nossa experiência com o amor jamais será tirada por nenhuma razão. Infelizmente, milhões de cristãos não cruzaram a linha inicial, pois foram convencidos que podem perder o amor e a aceitação de Deus. Meu amigo, você precisa crer num amor incondicional se quiser um verdadeiro relacionamento com Deus. Que outro tipo de segurança existe se não for total e absoluta? Qualquer coisa menor que isso não é segurança. Nós passamos isso aos filhos mesmo sem palavras – e por que Deus, que nos criou, não faria o mesmo, como nosso “Pai”? O amor é o autor de alianças eternas. Quando você realmente ama alguém incondicionalmente e com todo seu coração, você vê coisas na pessoa que ela mesma não consegue ver. Nosso próximo capítulo mostra outra coisa que só o amor pode nos mostrar.
Tradução livre e resumida do cap. 12 de Misunderstood God – The lies religion tells about God (O Deus mal compreendido – As mentiras que a religião conta sobre Deus), de Darin Hufford.
Respostas de 8
ezequiel – olha isso http://www.esextante.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=7571&sid=2
Pelo comentário, parece ser o mesmo livro, mas com título bem diferente do original. Perguntei ao Darin Hufford se haveria uma tradução ao português, e ele não soube me dizer. Vamos aproveitar para orar por ele, pois está muito mal no hospital, atacado pela bactéria super resistente MRSA.
Que palavra maravilhosa! A igreja de hoje precisa de revelação do amor de Deus se não, confunde as coisas. Muito bom livro, vamos orar por Darin Hufford.
Enoque, comprei ontem o livro citado pelo Ângelo, e parece ser o mesmo Misunderstood God, só que a tradução do título não foi fiel ao original. Vou aguardar chegar pra ver se é o mesmo.
Ezequiel, a paz do senhor Jesus! Tem como confirmar se o livro lançado pela editora sextante é o mesmo ? Abraços !!
é sim, recebi 4 exemplares hoje.
Preciso lê-lo. Previsões de quando vai ser traduzido ao português?
Quando conversei com o autor sobre esta tradução, ele gostou da ideia e pediu que mandasse para a fanpage dele também. Mas não sabíamos que a editora já negociava para lançar o livro em português, que saiu com o nome “Mais perto de Deus”.