12 de março de 2025

Ler é sagrado!

Cheio do Espírito de Cristo

A.B. Simpson (1843 – 1919)

“…mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). “…e nele […] tendes a vossa plenitude…” (Cl 2.10).

A expressão enfática em ambos os versículos é “cheio, pleno”. A palavra grega usada significa encher plenamente, encher de forma tão completa que não restará espaço vazio. Esse é o pensamento que, com a assistência do Espírito Santo, desejamos comunicar nesta mensagem. Não significa ter uma porção do Espírito Santo e conhecer bastante coisa a respeito de Cristo; significa ser inteiramente cheio e possuído pelo Espírito Santo, totalmente imerso na vida e plenitude de Jesus.

Estar perfeitamente cheio constitui a própria essência da bênção perfeita. Uma mina de água meio cheia nunca se tornará uma nascente. Um rio meio cheio nunca se tornará uma fonte de energia hídrica. Um coração meio cheio nunca conhecerá “a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento” (Fp 4.7) e o poder que flui do mais íntimo do ser, como “rios de água viva” (Jo 7.38).

A natureza dessa plenitude

O estar cheio por completo está ligado a uma Pessoa viva. Não podemos nos encher de uma influência; não nos enchemos de uma sensação; não nos tornamos cheios de um conjunto de ideias e verdades; não somos cheios de uma bênção. Somos cheios de uma Pessoa.

Isso é estranho e impressionante. É totalmente diferente de todos os outros ensinamentos e religiões. Os sistemas humanos de filosofia e religião lidam principalmente com verdades intelectuais, condições morais ou atos externos. A filosofia grega consistia em um sistema de ideias; o confucionismo é um sistema de moral; o judaísmo é um sistema de leis e cerimônias; o cristianismo se concentra inteiramente em uma pessoa viva, e sua essência é a habitação em nós do próprio Cristo. Ele não foi somente o Cabeça e Fundador do cristianismo, mas é eternamente o coração vivo e a substância dele; e o Espírito Santo é simplesmente o agente e o canal através do qual o Senhor entra, toma posse e age no coração consagrado que lhe foi entregue.

Isso reduz a vida cristã a uma grande simplicidade. Não precisamos buscar um enchimento em tais e tais compartimentos, por meio de variadas experiências, ideias ou influências diferentes. Pelo contrário, devemos receber Jesus no centro do nosso ser, com sua vida e plenitude pessoal; então ele naturalmente passará a fluir e encher toda parte do nosso ser e a viver sua própria vida em todas as diversas experiências e atividades de nossa multifacetada vida.

Devemos então, amados, entender que Deus não nos fez seres independentemente poderosos e perfeitos, mas simplesmente capacitados para recebê-lo, uma casa adequada para conter sua plenitude, um solo apto para receber sua semente viva e seus riachos fertilizantes a fim de produzirmos, juntos com ele, os frutos da graça.

Por outro lado, devemos entender que Deus constituiu Cristo e o Espírito Santo, que é o Espírito de Cristo, para atender e satisfazer perfeitamente as capacidades e possibilidades de nosso ser, de modo que, embora não sejamos nada sem ele, sua vida e graça igualmente dependam de nós para seu pleno desenvolvimento.

Deus derramou toda a sua plenitude sobre seu Filho encarnado, de modo que “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). O Espírito Santo, assim, tornou-se o grande reservatório e sistema de distribuição, através de quem a plenitude do Senhor flui para nós, e não há nada que Deus exija de um homem, ou que o homem possa precisar nas mais diversificadas demandas da vida, que Cristo não possa suprir plenamente. Podemos ter uma provisão precisa para toda e qualquer necessidade simplesmente recebendo a Pessoa dele.

Esse é o significado da bela expressão: “Pois todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.16-17). Todos os outros sistemas nos forneceram apenas noções de coisas, mandamentos ou leis que nos são exigidos. Mas Cristo traz o poder de realizá-los, e ele é a própria realidade e substância em nosso coração e vida. Ele é a expressão perfeita daquilo que o homem foi projetado por Deus para ser.

Contudo, ele é mais do que um modelo ou uma referência, manifestando o que devemos ser e exigindo o mesmo padrão de nós. Ele também é o cabeça e progenitor da vida que ele manifesta, gerando-a em cada um de nós quando a transfere de seu próprio ser, e, reproduzindo-se em nós pelo poder de sua própria vida, e depois alimentando e nutrindo essa vida a partir de seu ser por intermédio do Espírito Santo.

A Pessoa de Cristo, portanto, é a própria substância e suporte da vida que ele requer de nós.

Cristo é a verdadeira plenitude de cada parte da nossa vida. A ideia de preenchimento implica universalidade e completude naquela esfera em que somos preenchidos. Não estaremos preenchidos a menos que todas as partes estejam cheias. E é exatamente isso o que Cristo se propõe a fazer em nossa salvação plena.

Ele preenche todos os requisitos de nossa salvação, todas as condições envolvidas em conexão com nossa redenção, reconciliação, justificação. Ele simplesmente toma a acusação contra nós e a preenche com sua preciosa expiação, e em seu próprio sangue escreve: “Resolvido para sempre”. Ele toma a lei quebrada e o triste e humilhante registro de nossas falhas, omissões e transgressões, e os preenche com sua perfeita justiça, e sobre o nosso registro escreve: “Cristo é o fim da lei para a justificação de todo aquele que crê” (Rm 10.4); “…que nos deu gratuitamente no Amado” (Ef 1.6); “Daquele que não tinha pecado Deus fez um sacrifício pelo pecado em nosso favor, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21).

E assim “nele, a cabeça de todo principado e poder, tendes a vossa plenitude” (Cl 2.10). “Pois com uma só oferta aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hb 10.14), e somos tão plenamente salvos como se jamais tivéssemos cometido pecado.

Agora, amados, é importante perceber que tudo está consumado; desde o ponto de partida, entramos na plenitude de Cristo, reconhecendo que fomos totalmente justificados e salvos para sempre de todos os pecados e transgressões do passado por meio da completa redenção em Jesus Cristo. A falta de plenitude em nossa experiência subsequente se deve, em grande parte, a dúvidas e limitações que nos permitimos aceitar. A obra de Cristo para nossa redenção foi concluída e, quando a aceitamos, é uma salvação completa e eterna.

Outra vez, Cristo preenche a mais profunda necessidade de santificação. Ele nos concedeu isso por meio de sua expiação e dos recursos de sua graça. Tudo está incluído nele, e somente por ele devemos receber esse presente gratuito e perfeito. “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual, da parte de Deus, se tornou … santificação …” (1 Co 1.30).

A santificação é a morte da natureza pecadora? Bem, essa natureza nossa já foi crucificada com Jesus, resta-nos entregá-la ao Senhor sem reservas e esse “eu” será confinado. Ele o matará e o sepultará para sempre. A santificação é uma nova vida de pureza, justiça, paz e alegria no Espírito Santo? Ainda mais enfaticamente, o próprio Cristo deve ser nossa vida, nossa paz, nossa pureza e nossa alegria plena e transbordante.

Novamente, ele é a plenitude da vida mais íntima do nosso coração. Não há lugar tão sagrado para nós como o das nossas afeições, nenhuma área é tão reivindicada pelo grande adversário de nossas almas e tão impossível de regular pela nossa própria força e vontade. Mas Cristo nos dará seu coração, bem como o seu Espírito, e amará em nós com o amor que ama o Senhor nosso Deus de todo o coração, alma, forças e entendimento (Lc 10.27), e que ama o outro assim como ele nos amou (Jo 13.34; 15.12). Ah, que bênção é termos alguém que realmente preencherá todas as exigências delicadas, infinitamente difíceis e variadas das sensibilidades e afeições, que carregam consigo um mundo de possibilidades, tanto para o bem-estar como para a infelicidade nossa ou do próximo.

Além disso, Cristo preencherá todas as necessidades de nossa vida intelectual. Nunca conheceremos toda a riqueza de poder e efetividade espiritual de nossa capacidade mental até que nos tornemos vasos da vida restauradora do Senhor e até que nosso cérebro esteja depositado a seus pés como incensários que devem manter o fogo sagrado. Ele pensará por meio de nós, lembrará dentro de nós, julgará em nós, atribuirá definição e clareza às nossas concepções da verdade, nos dará a língua de fogo, a ilustração que ilumina e derrete, o sotaque e o tom de persuasão e simpatia, poder para se expressar e se manifestar com rapidez, e todo o equipamento necessário para nos tornar um obreiro “que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

Evidentemente, isso não ocorrerá sem atenção diligente e fiel ao seu sábio e santo ensino, enquanto somos levados, por meio da obra do Senhor, a perceber nossas falhas e seu pleno propósito para nós. Precisamos aprender com Deus, e o ensino às vezes é muito gradual e até lento; mas “Ele vos conduzirá em toda a verdade” (Jo 16.13) e “O SENHOR cumprirá seu propósito para comigo” (Sl 138.8), a saber, a nossa educação e preparação para sua obra e vontade; e a mente que o Espírito Santo vivifica e usa alcançará resultados para Deus dos quais o esplendor da capacidade do homem e a erudição do seu aprendizado nunca conseguirão chegar perto.

Mais ainda, ele preencherá as necessidades de nosso corpo, pois por meio da ressurreição dos mortos, o corpo de Jesus foi feito uma fonte perpétua de energia física, suficiente para cada membro de seu corpo, a igreja, e adaptado a cada função física e cada teste que se apresentam na pressão da vida humana. A fonte de vida nele é mais do que suficiente para a experiência de um mundo onde cada passo é assediado com os elementos de doença, sofrimento e perigo físico. Cristo é a vida real para um corpo redimido, e seu Espírito Santo é capaz de vivificar nossos corpos mortais, pois habita em nós para nos proporcionar vigor sobrenatural diretamente de nosso exaltado Salvador.

Outra vez, Cristo preencherá com providências todas as situações e todas as necessidades que surgirem nas vocações e nas circunstâncias de nossa vida diária. Devemos reconhecer cada providência, cada provisão e direção como vinda da parte dele, provando em cada situação a plena suficiência divina e mostrando novos rumos para nossos passos. Ah, se tivéssemos fé para ver Deus em todos os detalhes, na maneira como ele nos supre a cada dia, cada capítulo da história de nossa vida seria uma nova história sobre o poder do amor celestial de transformar trevas em luz, dificuldade em triunfo, tristeza em alegria e o terreno em celestial. Em nós, Cristo poderia manifestar sua graça e poder a inúmeras testemunhas que nunca ouviram a respeito dele de um púlpito nem leram a história de sua graça, a não ser por meio de vidas humanas transformadas para que pudessem assim contemplá-lo.

Em suma, Cristo completará nossa capacidade para felicidade. Ele é a plenitude da nossa paz e alegria. Ele é a verdadeira porção para cada coração que ele criou; e, totalmente repletos dele, não haverá espaço para preocupação ou medo.

Finalmente, Cristo satisfará a necessidade fundamental da qual dependem todas as experiências de sua plenitude, ou seja, a fé para recebê-lo. Isso também é a vida de Cristo em nós, e nosso maior papel na vida de fé é abandonar até mesmo nossos esforços mais elevados e determinados de confiar em Deus, aventurando-nos corajosamente para receber a própria fé de Deus, reivindicando que “tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23).

Ser cheio de Cristo significa mais do que experimentar a vida divina em todos os aspectos; acima de tudo, é vivê-la em todos os momentos, continuamente. Significa estar com ele em cada momento de nossa existência consciente – e permanecer em sua plenitude. Ele não é um reservatório, mas uma fonte. É uma vida contínua, ativa, que flui de fora para dentro e de dentro para fora; se não extrairmos nosso suprimento continuamente da fonte viva, ficaremos estagnados ou vazios. Portanto, não significa exatamente que estaremos cheios, mas que continuaremos a nos encher perpetuamente.

É verdade que vivemos experiências periódicas de elevação espiritual que fazem parte do plano de Deus para nossa vida em Cristo, momentos certamente projetados para nos elevar a uma união mais profunda e permanente com ele. Existem as experiências de Pentecostes e de Pentecostes sucessivos, os grandes derramamentos e movimentos, os quais têm seu lugar vital na jornada espiritual.

No entanto, o contínuo receber, a cada respirar e a cada momento, entre longos intervalos e experiências mais marcantes, é essencial para a firmeza e saúde espiritual. Deus quer que estejamos atentos para quando ele quiser se comunicar conosco e abertos a todas as “mais excelentes dádivas do céu, com o orvalho e as águas do abismo embaixo; com os excelentes frutos do sol e as colheitas fartas de cada mês […] com as coisas excelentes da terra e com sua plenitude” (Dt 33.13-16). As vidas conectadas a ele descobrirão que todo momento de existência e que toda parte de nosso ser podem ser usados para servir a Deus e para desfrutar suas bênçãos.

Os efeitos do preenchimento divino

O segredo da santidade. Há uma medida da vida do Espírito Santo em cada coração regenerado. Entretanto, somente quando todo o nosso ser é preenchido com seu amor e dedicado para sua glória é que somos totalmente santificados. Essa plenitude divina exclui e afasta o poder do pecado e do egoísmo, assim como a nuvem sobre o tabernáculo não deixava espaço algum para Moisés no seu interior.

Você gostaria de viver continuamente em pureza de coração, de pensamento, de sentimento e estar em total conformidade com a vontade de Deus? “Enchei-vos do Espírito”; “Pois todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça”. Que o rio celestial flua para cada canal de irrigação e para cada canteiro e horta, até que todas as graças de nossa vida cristã sejam providas com sua natureza e floresçam como o jardim do Senhor. Permaneçamos nele e ele habitará em nós, produzindo todo o fruto do Espírito.

O segredo da felicidade. Um coração meio cheio só possui o suficiente para torná-lo consciente do que lhe falta. Quando os animais estão satisfeitos, o rebanho se deita nos pastos verdejantes. “Eu vos tenho dito essas coisas para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja plena” (Jo 15.11).

O segredo do poder. A corrente elétrica pode preencher um pequeno fio de tal forma que tenha energia para movimentar as grandes engrenagens da fábrica, e as comportas do riacho da aldeia produzam energia suficiente para operar dezenas de usinas ao longo das margens do rio. Isso só ocorrerá se o rio estiver transbordando. Somente corações plenos realizam uma obra eficaz para Deus. Somente aquilo que está transbordando consegue alcançar e abençoar outros.

As condições para ser preenchido

Ele prometeu saciar os famintos. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5.6). Sem dúvida, muitos que leem esse versículo anseiam por essa experiência e pensam com desânimo como falham em obter essa saciedade. Querido amigo, esse desejo profundo é o início da bênção que você busca, e o Espírito Santo já está preparando seu coração para a resposta ao seu clamor.

Nenhuma alma encontra a plenitude de Jesus tão rapidamente quanto a que está mais profundamente consciente de seu fracasso e de suas necessidades. Agradeça a Deus por esse intenso desejo que não o deixará descansar até que alcance a bênção. Siga a fome, porque ela o levará ao trono da graça, e ali espere, chore e receba, até que possa dizer que está: “saciado de favores e tem fartura da bênção do SENHOR” (Dt 33.23).

O esvaziado sempre será preenchido. Aos famintos encheu de bens, e de mãos vazias mandou embora os ricos” (Lc 1.53). “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino do céu” (Mt 5.3). “…nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Co 6.10). Esse é o paradoxo da graça. Nunca seremos cheios se não tivermos espaço para Deus. Toda grande bênção começa com um grande sacrifício, uma grande separação, uma grande privação. … e nos tirou de lá para … nos dar a terra” (Dt 6.23).

Abraão deixou que Ló fizesse sua escolha antes de receber sua herança por completo. Isaque teve de ser oferecido no Monte Moriá antes que Deus o escolhesse como a sede de seu futuro templo. Moisés teve de abrir mão das honras e perspectivas de sua nobreza egípcia antes de receber sua grande comissão, o duradouro legado do trabalho de sua vida. O coração deve ser esvaziado de si mesmo e do mundo antes que possa ser cheio de Jesus e do Espírito Santo.

Provavelmente, cada um de nós já está tão cheio quanto é possível, porque os lugares que Deus não preencheu ainda estão abarrotados com outras coisas, e não cabe aquilo que Deus deseja dar. Estamos dispostos a ser esvaziados? Fazei muitos poços neste vale”, ordenou o profeta, porque mesmo sem chuva “este vale se encherá de água” (2 Rs 3.16-17).

Estamos no vale da humilhação? Abrimos ali poços profundos de necessidade e de consciente insuficiência? Se pudermos dizer: “Não sou suficiente”, seremos capazes de acrescentar: “Minha suficiência vem de Deus”. Já nos esvaziamos da velha obstinação que nos sujeita ao espírito deste mundo e ao pecado, além de toda a carga da nossa própria força, fé e experiência religiosa, abrindo espaço para que Cristo seja nosso Tudo em todos? Será que temos o hábito de nos afastar de nós mesmos em toda situação, permitindo que Deus assuma a responsabilidade e forneça a proficiência? E nesse espírito de autorrenúncia e absoluta dependência estamos ficando cada vez mais ricos de algumas coisas e mais pobres de outras?

O coração aberto será preenchido. “…abre bem a tua boca, e eu a encherei” (Sl 81.10). Sabemos o que acontece quando as flores fecham ou abrem suas pétalas para a luz do sol, o orvalho e a chuva refrescante. O coração tem suscetibilidades e sensibilidades receptivas, mas muitas vezes está tão tenso pela incredulidade, dúvida, medo e autoconsciência que não consegue absorver o amor que Deus está esperando para derramar.

Parece não haver saída para o embrutecido coração humano; até mesmo o amor de Deus tem motivos para exclamar: “Quantas vezes eu quis ajuntar teus filhos, como a galinha ajunta seus filhotes debaixo das asas, e não quiseste!” (Mt 23.37). Conheci um homem que ficou meses à beira da morte porque não conseguia engolir mais do que um único grão de comida ou absorver algumas gotinhas de água. A laringe espiritual de muitos cristãos está igualmente ressequida, e milhões estão morrendo de fome em meio à abundância, porque seus corações não estão abertos para receber Deus. Precisa haver confiança, entrega, amor que se aproxima e recebe, fé que aceita e recebe e quietude de espírito que permanece aberta até ser totalmente preenchida.

Outra vez, somos cheios quando esperamos no Senhor em oração e, especialmente, em oração contínua e perseverante. Foi depois de terem esperado no Senhor que todos foram cheios do Espírito Santo. A oração não é apenas pedir, mas também receber. Muitos de nós não esperamos tempo suficiente diante do Senhor para sermos cheios. Você pode tomar seu café da manhã em meia hora, mas não será cheio do Espírito Santo rápido assim. Precisa haver períodos especiais de espera no Senhor para esse propósito, e devemos permanecer no Senhor de forma incessante para um sereno reabastecimento, momento a momento.

Por vezes, poderá ser como grandes tempestades de chuva que inundam o rio, em outros momentos, como a umidade do ar e o orvalho na manhã. Aquele que esperar em Deus pelo pleno batismo de seu Espírito Santo em ânimo adequado e em total entrega e confiança jamais ficará desapontado; certamente sairemos dessas experiências revigorados e transbordantes do amor e da vida de Deus, e veremos que ações especiais de poder e bênção seguirão esses momentos, tanto em nossa própria vida quanto na vida dos outros.

Servir a Deus e a outros talvez seja a condição mais eficaz para receber continuamente a plenitude do Espírito. À medida que nos doamos para abençoar, Deus derramará sobre nós para nos encher.

É sempre possível saber quando a igreja de Deus não está cheia do Espírito. O agir do Espírito na vida de alguns cristãos é tão débil e intermitente que dificilmente seria capaz de matar a sede sequer de um necessitado.

Amados, continuemos a derramar mais da bênção de Deus sobre os outros e vejamos se ele não nos inundará mais abundantemente com o fluir de sua graça. Sejamos mais práticos nessa questão. Toda bênção que recebemos de Deus é algo sagrado, e só continuará fluindo para nós se for usada para ele. A salvação não é propriedade nossa; pertence também a cada pessoa na face da terra que está caminhando para a morte, e que ainda não teve a oportunidade de aceitar Jesus.

Nossa santificação e o grande segredo da plenitude de Jesus são um depósito sagrado para ser dividido com aqueles que ainda não receberam a plenitude de Deus. Se não deixarmos essa luz brilhar, ela certamente se tornará obscura e não seremos capazes de contar a história de nossa bênção. Nossa cura pertence a alguém que esteja em sofrimento. Cada uma de nossas experiências é exatamente o que alguma outra pessoa precisa, e nos capacitará a atender às necessidades de algum irmão se formos fiéis às oportunidades da providência de Deus.

Ah, quão clara uma verdade se torna para nós quando a compartilhamos com outros! Ah, quão real é o batismo do Espírito Santo quando nos ajoelhamos ao lado de alguém para compartilhá-lo com ele! Ah, como as correntes da cura que vêm de Cristo fluem através de nossa própria carne quando apresentamos a verdade a um pobre sofredor! Ah, como a alegria de nossa salvação aumenta quando a vemos brotar no coração daquele que acabou de chegar à fonte! Ah, como Deus anseia compartilhar da plenitude com cada pessoa que tiver espaço suficiente para recebê-la e disposição para compartilhar!

Portanto, assim como recebemos da plenitude de Deus, vamos passá-la adiante, sorvendo as águas vivas enquanto fluem por nossas mãos, até conseguirmos compreender a grandeza e bem-aventurança da grande promessa do Senhor: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim” (Jo 7.37-38).

– Extraído de A Larger Christian Life de A. B. Simpson.

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