Por Henry Blackaby e Claude V. King
Somos pessoas que “fazem”. Sempre queremos estar fazendo alguma coisa. Por isso, a ideia de fazer a vontade de Deus empolga muita gente. De vez em quando, ouvimos alguém dizer: “Não fique aí parado; faça alguma coisa”. O problema é que a maioria das pessoas e das igrejas está tão ocupada tentando ajudar Deus a executar seus propósitos, que ele não consegue manter a atenção delas por tempo suficiente para mostrar-lhes o que ele realmente quer que façam. Geralmente nos desgastamos realizando coisas que, no fim, têm muito pouco valor para o Reino.
Creio que Deus está clamando e gritando para nós: “Não encham o tempo de vocês fazendo ‘alguma coisa’ só para não ficarem parados. Parem um pouco! Estabeleçam um relacionamento de amor comigo. Procurem conhecer-me. Ajustem sua vida a mim. Deixem-me amá-los e revelar-me à medida que faço minha obra por seu intermédio”. Chegará um tempo em que ele nos chamará a “fazer”, mas não podemos pular o relacionamento. O relacionamento com Deus precisa vir primeiro.
Jesus disse: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Você crê nele? Sem ele, você nada pode fazer. Isso é sério. Se você está num período infrutífero hoje, pode ser que esteja tentando fazer sozinho coisas que Deus não iniciou.
Observe o que Jesus disse a respeito daqueles que ficaram exaustos tentando fazer as coisas com o próprio esforço: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30).
Um jugo é um instrumento feito para que dois bois trabalhem juntos. O convite de Jesus é para que você entre com ele no jugo em que ele já está – ou seja, que se envolva na obra dele (obra de Deus). Quando você atua onde ele já está atuando, ele realiza sua obra com você e por seu intermédio de tal forma que o jugo se torne suave, e o fardo, leve.
Deus está interessado em um relacionamento de amor
O plano de Deus é ter um relacionamento de amor com você. Temos problemas quando pedimos que ele nos diga se devemos ser um empresário cristão, um diretor de música, um diretor de escola, um pastor ou um missionário. Ou quando queremos saber se ele nos quer em nosso próprio país, no Japão ou no Canadá. Normalmente, Deus não dá uma tarefa permanente e deixa você lá para sempre. Sim, você pode ser colocado em um trabalho no mesmo lugar por um longo período; mesmo assim, porém, receberá tarefas específicas de Deus todos os dias.
Ele chama você para um relacionamento em que ele é o Senhor – em que você deve se dispor a fazer e ser qualquer coisa que ele escolher. Se fizer isso, Deus poderá levá-lo a fazer e ser coisas que você jamais imaginou. Porém, se não segui-lo como Senhor, você poderá ficar preso a um trabalho ou a uma tarefa e perder aquilo que Deus queria fazer por seu intermédio. Já ouvi pessoas dizendo coisas do tipo: “Deus me chamou para ser… Por isso, essa outra coisa não pode ser da vontade dele”. Ou: “Meu dom espiritual é… Por isso, esse ministério não pode ser a vontade de Deus para mim”.
Deus nunca lhe dará uma tarefa sem, ao mesmo tempo, capacitá-lo para concluí-la. É exatamente isso que constitui um dom espiritual: a capacitação espiritual para executar uma tarefa dada por Deus.
Entretanto, você não deve concentrar a atenção em seus talentos, habilidades e interesses para descobrir a vontade de Deus. Já ouvi muitas pessoas dizerem: “Eu realmente gostaria de fazer tal coisa; portanto, essa deve ser a vontade de Deus para mim”. Esse tipo de resposta procede de um coração centrado em si mesmo. Ao invés disso, devemos centralizar-nos em Deus.
Um coração centrado no Senhor tem uma resposta mais ou menos assim: “Senhor, farei qualquer coisa que teu reino exigir de mim. Aonde quer que o Senhor deseje que eu vá, eu irei. Sejam quais forem as circunstâncias, estou disposto a seguir-te. Se o Senhor quiser suprir uma necessidade por meu intermédio, sou teu servo; farei qualquer coisa que for necessária”.
O fazendeiro era meu mapa
Durante 12 anos, fui pastor em Saskatoon, no Canadá. Certo dia, um fazendeiro me disse: “Henry, venha visitar-me na minha fazenda”.
Ele explicou o caminho mais ou menos assim: “Ande meio quilômetro depois que sair da cidade e verá um grande celeiro vermelho à esquerda. Entre na outra estrada e vire à esquerda. Siga nessa estrada por um quilômetro e verá uma árvore. Entre à direita e ande uns seis quilômetros e então verá uma rocha grande…” Anotei todas as instruções e um dia fui lá!
Na outra vez em que fui à casa do fazendeiro, ele estava comigo no carro. Uma vez que havia mais de um caminho para se chegar à sua casa, ele poderia ter-me levado pelo caminho que quisesse. Dessa vez, não precisei das explicações que havia anotado. Veja, ele era o meu “mapa”. O que eu tinha de fazer? Tinha apenas de prestar atenção ao que ele falava. Toda vez que ele dizia: “Vire”, eu fazia exatamente conforme o que dissera. Ele me levou por um caminho pelo qual eu nunca havia passado antes. Provavelmente, eu não conseguiria refazer o caminho sozinho. O fazendeiro era o meu “mapa”; ele conhecia o caminho.
Jesus é o seu caminho
Geralmente, as pessoas fazem as seguintes perguntas quando querem conhecer e fazer a vontade de Deus: “Senhor, o que queres que eu faça? Quando o Senhor quer que eu faça? Como devo fazer? Onde devo fazer? Qual será o resultado?”
Não é assim que quase sempre fazemos? Queremos que Deus nos dê um “mapa” detalhado. Dizemos: “Senhor, se me disseres para onde estás me dirigindo, eu poderei preparar meu rumo e caminhar para lá”.
Mas ele diz: “Você não precisa definir seu destino final agora. O que você deve fazer é seguir-me, um dia de cada vez”. Precisamos chegar ao ponto de respondermos a Deus assim: “Senhor, dize-me apenas o que devo fazer, um passo por vez, e eu te seguirei”.
Quem é que realmente sabe o caminho para você realizar o propósito de Deus para sua vida? Deus! Jesus disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6).
• Ele não disse: “Vou mostrar-lhe o caminho”.
• Ele não disse: “Vou dar-lhe um mapa”.
• Ele não disse: “Vou dizer-lhe a direção a seguir”.
• Ele disse: “Eu sou O caminho”. Jesus conhece o caminho; ele é o seu caminho.
Se você fizer tudo o que Jesus lhe fala, um dia de cada vez, sempre estará bem no centro de onde Deus quer que você esteja. Você consegue confiar em Deus para guiá-lo dessa forma? Talvez, você ache que devemos esperar até que ele nos dê todos os detalhes antes de começar a dar passos práticos para segui-lo. Mas esse não é o padrão que vemos na vida de Jesus ou nas Escrituras.
Deus gostaria muito mais que sua resposta fosse esta: “Sim, estou pronto a seguir Jesus, um dia de cada vez, pois assim estarei bem no centro de sua vontade para minha vida”. Quando você chega ao ponto de confiar em Jesus para guiá-lo passo a passo, você começa a experimentar uma nova liberdade. Se não confiar que Jesus o guiará dessa forma, o que acontecerá quando não souber o caminho a seguir? Ficará preocupado cada vez que tiver de enfrentar uma encruzilhada. Pode ficar paralisado, não conseguindo tomar uma decisão. Deus não planejou esse tipo de vida para você.
Descobri, por experiência própria, que posso entregar o controle e a direção da minha vida para Deus. Depois, só preciso prestar atenção e cuidar de cada instrução que ele me dá, um dia de cada vez. Ele me dá mais do que o suficiente para preencher cada dia com sentido e propósito. Se eu fizer tudo o que ele diz, estarei no centro de sua vontade quando ele quiser usar-me para uma tarefa especial.
Abrão seguiu um dia de cada vez
Abraão é um bom exemplo desse princípio. Quando Deus o chamou, apenas disse: “Sai da tua terra” (Gn 12.1). Quantos detalhes Deus lhe deu? Somente isto: “Vai para a terra que te mostrarei”. Foi tudo o que ele pediu que Abraão fizesse. Deus prometeu fazer o resto. Você teria coragem de seguir a direção de Deus para sua vida com tão poucos detalhes?
Deus também chamou muitas outras pessoas, assim como fez com Abraão, apenas para o seguirem. Dificilmente, ele lhe dará muitos detalhes de seu plano antes de você começar a caminhar em obediência; é mais provável que o chame para segui-lo, um dia de cada vez.
Em alguns casos, Deus dava mais detalhes do que em outros. Moisés, por exemplo, recebeu uma descrição maior de tarefa do que a maioria dos outros. Porém, em todos os casos, os indivíduos tiveram de permanecer próximos a Deus para receber direção diária. Para Moisés e os filhos de Israel, Deus dava direção diária por meio da nuvem durante o dia e do fogo durante a noite.
Para Pedro, André, Tiago, João (Mt 4.18-20,21-22), Mateus (Mt 9.9) e Paulo (At 9.1-20), Deus deu pouquíssimos detalhes sobre a tarefa que receberiam. Basicamente, ele disse: “Apenas me siga e eu lhe mostrarei”. O que ele quer de você é isto: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal” (Mt 6.33,34).
Texto extraído do capítulo 3 do livro Experiências com Deus, por Henry T. Blackaby e Claude V. King, publicado no Brasil pela Bompastor Editora, Rua Pedro Vicente, 90, São Paulo, SP, 01109010. Contato com a Bompastor Editora pelo telefone (11) 3346 2000 ou pelo site www.bompastor.com.br. Usado com permissão.
Nota: Em breve, a Bompastor Editora lançará uma nova edição, revisada, deste livro. Aguarde!