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Contemplando a Glória de Cristo

Charles H. Spurgeon (1834-1892)

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai(Jo 1.14).

Ah! Contemplar a glória de Cristo! Esse é um exercício da alma, um exercício redentor, um exercício bendito, um exercício eterno: você tem algum interesse nisso? Você poderá responder: “Mas como podemos contemplar a glória de Cristo?” Ora, com os olhos da fé.

Meus irmãos, que glória podemos contemplar por meio da fé! Em primeiro lugar, pela fé podemos contemplar a glória da complexidade da pessoa de Cristo. Conhecemos e cremos que ele é a Palavra eterna, verdadeiramente o Filho do Pai; pela fé o contemplamos, sabemos que ele habita com o Pai desde que o mundo é mundo, o amado da alma de seu Pai. Nós o temos visto e notamos que seus atos remontam da antiguidade, mesmo da eternidade; nós o vemos pesando as nuvens, medindo os canais das grandes profundezas, planejando os céus e repartindo os mares; nós o vemos com linha e prumo, realizando todas as coisas segundo sua sabedoria e de acordo com o propósito do conselho de sua vontade, pois “sem ele, nada do que foi feito existiria” (Jo 1.3).

Nós o vemos como o próprio Deus, assentado no trono de seu Pai; acreditamos que o mar ruge somente quando ele assim ordena, que a terra e todas as criaturas que nela existem obedecem a seu glorioso querer. Eis que em suas mãos repousam, hoje, as chaves dos céus, da morte e do inferno! Não temos nenhuma dúvida sobre a sua divindade, pois temos visto e sabemos que ele é “Deus verdadeiro de Deus verdadeiro” (conforme o Credo Niceno). “Cristo… o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente. Amém” (Rm 9.5).

Nós também o vemos como homem. Entendemos que a substância da qual ele é feito veio de sua mãe, osso de nossos ossos, carne de nossa carne; é homem na sua fragilidade, mas não por carregar em si qualquer culpa; homem fraco, sofredor, faminto, sedento, moribundo, mas sem uma única mancha ou falha – puro, o imaculado Cordeiro de Deus.

Nós o contemplamos na glória dessa complexa pessoa – não como um Deus que se deteriorou e tornou-se homem, não um homem exaltado como Deus, mas Deus, o próprio Deus, e genuinamente homem; Deus, em toda a sua divindade, homem, em toda a sua humanidade, e o adoramos exatamente assim. Nós o vemos no esplendor de uma beleza que ultrapassa tudo o que a terra pode nos apresentar, ou tudo o que o céu pode oferecer. Quem na terra pode se comparar a Jesus? Qual habitante dos céus podemos desejar além dele?

Seu amor e seu sacrifício de si mesmo

Além disso, contemplamos sua glória, não somente em sua pessoa, mas no motivo pelo qual ele assumiu essa grande tarefa. O motivo foi amor – amor por criaturas desprezíveis, amor por aqueles que jamais poderiam retribuí-lo, amor até por aqueles que crucificariam o Senhor da glória. Falamos como se tivéssemos visto esse amor resplandecendo como uma joia sobre um pano de fundo escuro: “Há uma glória nesse amor que jamais será encontrada em outro lugar”.

Temos também contemplado a glória do seu sacrifício de si mesmo. Precisamos considerar o fato de ele ter renunciado a tudo por nós, o fato de ter renunciado sua coroa, seu cetro; ele abriu mão de seus mantos reais, do esplendor da sua realeza, deixou a casa de seu Pai, os palácios, a honra – para se tornar um homem, não apenas um homem, mas um homem pobre, um homem aflito e desprezado; mas não apenas isso, ele foi obediente até à morte, e morte de Cruz.

Conhecemos a história da humanidade, mas nunca vimos sacrifício que se comparasse ao de Jesus. Ele nunca deu lugar ao egoísmo e nunca precisou, portanto, lutar contra ele. Ele não pertencia a si mesmo; sua história inteira poderia se resumir a: “Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo!” (Mt 27.42)

Cristo glorioso! Embora tenhas sido rejeitado pelos homens, nós temos contemplado a tua glória.

Sua resistência e perseverança

Temos contemplado, ainda, a glória da sua resistência.  Ele é tentado em todas as áreas, sem cair em nenhuma delas. A glória do mundo está a seus pés, mas, ao invés disso, ele escolhe a nossa salvação no lugar das glórias terrenas. Ele considerou a desonra que foi se colocar em nosso lugar uma riqueza maior do que os tesouros do Egito.

Nós o vemos sendo zombado, sem nunca se inflamar; foi cuspido, sem nunca revidar com a mesma moeda, sem proferir nem mesmo uma palavra de repúdio. Nós o vemos sendo desprezado, sem nunca procurar se defender; é acusado, e fica em silêncio diante do tribunal. Ele se entregou de tal forma que suportou tudo, fosse o que fosse.

Muitas águas não poderiam apagar esse amor, nem os rios afogá-lo. Embora todas as riquezas do mundo lhe tivessem sido oferecidas para que renunciasse seu amor (por nós), ele as desprezou inteiramente. Qual mártir alguma vez se igualou ao Salvador? Quem suportou o que ele passou? Quem enfrentou tal oposição de pecadores contra si como ele o fez?

Grande Deus, ó Jesus – pois realmente tu és o Grande Deus –, não há outro semelhante a ti na onipotência da tua resistência. Temos visto tua glória, mesmo quando habitaste entre os homens.

E temos visto sua glória, também, na grande e santa perseverança que teve até o final; uma vez que, tendo amado os seus que estavam no mundo, ele os amou até o fim: assumiu sua missão e seguiu em frente, sem pausar, até que pôde dizer: “Está consumado” (Jo 19.30). Então morreu, mas não antes de completar tudo.

Contemple a perseverança de Cristo. Por amor a Sião, ele não descansa, e por amor a Jerusalém, ele não se cala – noite e dia, até que chegue a hora de Deus revelar sua resplandecente glória e justiça, como uma lâmpada incandescente.

Seu triunfo final

E assim contemplamos também sua glória em seu derradeiro triunfo. Sim, irmãos, pela fé vemos o exato momento em que o sol escureceu, em que a terra tremeu e as rochas despedaçaram; vemos Cristo ofuscar as glórias do mundo, nós o vemos quebrantar corações de pedra e ordenar aos mortos que se levantem. Nós o temos visto, no momento da sua morte, perseguir o príncipe do inferno com raios e trovões, impelindo-o às sombras das profundezas; nós o vimos, enfim, agarrar o tirano com suas mãos e acorrentá-lo à roda de sua carruagem. Nossa fé o vê cavalgar pelas colinas eternas, levar cativo o cativeiro, vemos os portões totalmente abertos enquanto os anjos diziam: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória” (Sl 24.7).

Pela fé nos unimos ao triunfo e expandimos a caravana; ouvimos a saudação do espírito aperfeiçoado dos justos; acima de tudo, ouvimos a voz de Deus: “Muito bem, concluíste a vontade de teu Pai”. Nós o vemos subir em augusta majestade ao trono que é seu lugar definitivo, e o vemos sentado à mão direita do Pai, enquanto dos céus e da terra se ouve um longo canto de louvor: “Aleluia, aleluia, aleluia! O Senhor Deus onipotente reina!”

Não, nossa fé foi além de meras questões do passado. Nós contemplamos sua glória, nós o vemos enquanto suas ovelhas são trazidas, uma a uma, e sua oração é ouvida: “Pai, quero que os que me deste estejam comigo onde eu estou” (Jo 17.24). Nós o vemos partir, dia a dia, na carruagem da salvação, distribuindo com ambas as mãos suas misericórdias entre os pobres filhos dos homens, e clamamos a ele: “Prende a espada à cintura, ó poderoso!” (Sl 45.3).

Tantas vezes dizemos, em nossas orações: Vem, ó Jesus, os céus te obedecem, a terra se abala diante de tua presença, o inferno treme diante de ti, os demônios desfalecem. Vem, prende tua flecha na corda de teu arco e ergue tua lança reluzente. Quem, quem se colocará em teu curso ou quem permanece em tua presença? Como a palha no vento serão levados, e como as sobras diante da chama serão totalmente consumidos.

Podemos vislumbrar o grande final de todas as coisas e, pela fé, vemos a segunda vinda. Contemplamos sua glória, a glória do unigênito do Pai.

Vemos sua vinda:

Mas não com a mesma
Humildade com que veio,
Cordeiro passivo diante de inimigos,
Um homem cansado e aflito

Vemos sua vinda –

Com uma forma temível,
Um arco-íris como coroa e tempestade como manto;
Em asas de querubim, em asas de vento,
Designado Juiz de toda a humanidade!

Por fim, vemos o juízo; e vemos a terra cambalear, incapaz de suportar o esplendor do seu triunfo; ouvimos as lamentações de seus inimigos; nós os vemos derreter como cera exposta às chamas, completamente consumidos, como a gordura de carneiros sobre seu altar.

Finalmente, pela fé, vemos o desfecho, quando ele então entregará o reino a Deus, nosso Pai; insisto para que ouçamos a palavra definitiva de toda a história (da humanidade) num grito de absoluta vitória:

Eis os estandartes de Jeová recolhidos,
Espada embainhada: Ele fala e acontece!
E os reinos deste mundo
São os reinos de seu Filho.

Então o desfecho: sob seu cajado,
O último inimigo do homem cairá;
Aleluia! Cristo em Deus,
Deus em Cristo é tudo em todos.

– Resumido de um sermão.


 

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