23 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Dupla Cidadania

Asher Intrater

A nossa família tem uma certa bênção em ter “dupla cidadania” tanto em Israel como nos Estados Unidos. Isso tem vários benefícios. Temos passaportes de ambas as nações, podemos votar em ambas as nações e temos permanência legal nos dois países.

Há também algumas desvantagens, como dupla declaração de imposto de renda, duplo endereço, nomes, identidades, e assim por diante. Há cultura, língua, visão de mundo, padrão social e padrão de comportamento diferentes em cada uma delas.

Algumas vezes sentimos que temos o melhor dos dois mundos; outras vezes, sentimos que temos o pior de ambos.

Mas aqui escrevo sobre dupla cidadania espiritual: o céu e a terra. Uso a cidadania dos EUA versus a israelita apenas como exemplo para mostrar o paradoxo de fazer parte de dois mundos.

Atos 22.28 – Respondeu-lhe o comandante: A mim me custou grande soma de dinheiro este título de cidadão. Disse Paulo: Pois eu o tenho por direito de nascimento.

A palavra para cidadania aqui é politeia. É usada apenas duas vezes dessa forma no Novo Testamento. É a raiz de várias palavras, como “politica” ou “polis” – que significa “cidade”. Aqui, ela significa cidadania civil comum em uma nação estabelecida.

Na segunda vez, Paulo a usa para descrever o pertencimento à antiga comunidade da aliança israelita.

Efésios 2.12 – Naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.

A palavra “comunidade” aqui é novamente politeia. Paulo comparou a ideia de cidadania política romana a um nível mais elevado de cidadãos da nação de Israel, incluídos nessa comunidade bíblica da aliança.

No versículo 12, ele diz que todos os gentios foram excluídos dessa comunidade. Mas depois, no versículo 19, ele diz que através da fé em Yeshua como Messias, Rei de Israel, qualquer crente em qualquer nação pode tornar-se parte da nação da aliança, com direitos de cidadania iguais.

Paulo não quer dizer que isso seja uma substituição da Israel étnica. Ele está ampliando o conceito a um Israel maior, que abraça múltiplas nacionalidades como parte do povo de Deus. Uma comunidade é uma extensão da nação de origem. É uma descrição muito apropriada.

Efésios 2.19 – Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus.

Aqui Paulo eleva a ideia um degrau mais alto na escada. A palavra para “concidadãos” é sumpolites. Acrescenta o prefixo “sum” ou “sym” à mesma palavra para cidadão ou cidadania. Esse é um duplo upgrade.

Primeiro, oferece uma posição igual para todos os seres humanos na antiga nação israelita da aliança. Em segundo lugar, refere-se a todos os santos, crentes de qualquer origem étnica, judeus ou gentios, para fazerem parte da família de Deus.

Isto não é apenas uma co-cidadania em Israel; isto é uma co-filiação à própria casa de Deus. Saltamos da cidadania política romana para a cidadania da aliança israelita e para a família de Deus.

Há ainda um outro “upgrade” na sua posição de cidadania. Esta é realmente “de primeira classe”.

Filipenses 3.20 – Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.

Espiritualmente, somos cidadãos do céu. A palavra aqui para cidadania é politeuma, o que significa não só a posição de cidadania, mas também um tipo de comportamento que vai de encontro a essa posição. Temos um nível de cidadania mais elevado e espera-se de nós que vivamos como tal.

Devemos refletir um nível mais elevado de interação social e valores morais que seria apropriado para alguém que tivesse um passaporte e privilégios de voto no céu.

Vamos resumir esta “escada” de cidadania:

  1. Política nacional
  2. Israelita da aliança
  3. Ekklesia internacional
  4. Divina celestial

Estas múltiplas dimensões de cidadania afetam a forma como vemos a situação política em qualquer nação.  Somos todos parte do conflito político nas nossas próprias nações. Os governos estão em tumulto em todo o mundo. No entanto, olhamos para esses conflitos de uma perspectiva espiritual mais elevada.

Nós nos submetemos aos nossos governos (Romanos 13.1). Oramos por nossos governos (1 Timóteo 2.2). Proclamamos que os governos deste mundo serão um dia tomados pelo reino do Messias (Apocalipse 11.15). Damos o que é de César a César e a Deus o que é de Deus (Mateus 22.21). Por fim, a nossa mensagem do evangelho é proclamar um rei melhor de um mundo melhor que ainda está por vir.

Que Deus nos dê graça e sabedoria para sairmos deste paradoxo da nossa dupla cidadania terrena e celestial!

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