Por Conselho Editorial
Um dos grandes desafios para qualquer cristão – e para a igreja como um todo – é trazer a fé da esfera teórica e abstrata para a vida prática. É da nossa falha em fazer isso que resultam todas as “dicotomias” que caracterizam os cristãos hoje, ou seja, estas divisões artificiais entre a nossa vida com Deus e nossa vida no mundo, entre a forma de nos relacionarmos com pessoas “de dentro” e pessoas “de fora”, entre a parte do nosso tempo que pertence a Deus e a parte que pertence a nós mesmos – e assim por diante.
Entre todos os aspectos que constituem a vida “secular” de uma pessoa, como vida familiar, lazer e outras rotinas cotidianas, nenhum ocupa tanto espaço na vida de um adulto quanto o trabalho. Se não pudermos resgatar o tempo, a energia e a motivação que dedicamos ao trabalho e usá-los em prol do Reino de Deus, verdadeiramente estaremos desperdiçando “as melhores horas dos melhores dias de nossa vida” (veja “Trabalho e Espiritualidade” na página 6).
Não se trata apenas de deixar Deus corrigir atitudes erradas, que não condizem com a vida de um cristão e que resultam neste testemunho dúbio, ou até mesmo vergonhoso, que temos dado com tanta freqüência nos meios em que vivemos. Isso não passa de um pré-requisito.
É uma questão, isto sim, de unir toda nossa vida em torno de um só propósito. É ter olhos “bons” ou “singelos” (o sentido desta palavra no original em Mateus 6.22 é de uma trança formada pelo entrelaçamento de vários fios ou cordas menores). É dedicar todo o nosso tempo, todo o foco da nossa vida em uma única direção.
Para isso, não é necessário largar tudo, eliminar o secular da nossa vida e viver somente para o “ministério”. Aliás, poucas pessoas são chamadas para fazer isso. E, muitas vezes, o desafio maior é aprender a dedicar tudo ao Senhor enquanto continuamos, com responsabilidade e fidelidade, a desempenhar todas as funções da nossa vida “normal”.
A grande descoberta é que, para o cristão, não existe mais o secular. Não existem mais compartimentos espirituais, pessoais, profissionais ou particulares. Se quisermos viver o cristianismo na prática, precisaremos pegar todos os fios da nossa vida e entrelaçá-los em uma só trança.
Para quem você está trabalhando? Para quem está vivendo?