Por: Arthur Wallis
“Quais são as perspectivas de haver um avivamento?” perguntei a um idoso servo de Deus. “Elas são tão brilhantes quanto as promessas de Deus,” foi a pronta resposta. Não poderia ter havido uma resposta mais verdadeira.
Nós sabemos que, nos últimos dias, haverá aqueles que falarão da esperança da volta de Cristo assim: “Onde está a promessa?” (II Pedro 3:4).
Mesmo assim, hoje, existem aqueles que questionam a expectativa de um avivamento porque não conseguem ver uma base para tal esperança na Palavra de Deus. “Onde,” eles nos perguntariam, “está a promessa de avivamento?”
Se, porém, estiverem certos em sugerir que não há tal promessa, então devem explicar por que, através dos séculos da história da igreja, o povo de Deus tem sido levado e movido a suplicar com Ele para fazer o que Ele realmente nunca prometeu fazer, e por que Ele fez isto tantas vezes em resposta às suas inflamadas orações. Mas será que não existe uma promessa?
Promessas de Avivamento no Velho Testamento
Vamos tomar o familiar capítulo 35 de Isaías como exemplo:
“O deserto e os lugares secos se alegrarão disto; e o ermo exultará e florescerá como a rosa. Abundantemente florescerá e também regozijará de alegria e exultará; a glória do Líbano se lhe deu, a excelência do Carmelo e Sarom, eles verão a glória do Senhor, a excelência do nosso Deus. Confortai as mãos fracas e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Esforçai-vos, não temais; eis que o vosso Deus virá com vingança, com recompensa de Deus; ele virá, e vos salvará. Então os olhos dos cegos serão abertos e os ouvidos dos surdos se abrirão. Então os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará; porque águas arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. E a terra seca se transformará em tanques, e a terra sedenta em mananciais de águas” (versos 1-7).
Pode ser alegado, entretanto, que estas profecias do Velho Testamento se referem à nação de Israel, e que já tiveram seu cumprimento em outra dispensação que não a da igreja. Não contestamos que esta seja a aplicação básica de muitas das passagens, mas nós, certamente, cometemos um grande erro quando confinamos promessas tão gloriosas aos seus cumprimentos imediatos e literais. Deus nunca quis que limitássemos Sua palavra desta maneira, restringindo Suas preciosas promessas a compartimentos dispensacionais, pois Ele mesmo não o faz.
Quando o Espírito de Deus torna estas promessas do Velho Testamento vivas nos corações de Seus filhos, e dá-lhes fé para se apropriarem delas em oração e as declararem diante de Sua face, até que Ele responda do céu com avivamento, quem somos nós para sugerir que isto é uma aplicação errada das promessas de Deus para Israel? Os resultados são evidência conclusiva de que Deus não pensa assim. “Porque derramarei água sobre o sedento e rios sobre a terra seca” (Is 44:3) foi uma das promessas constantemente reivindicadas no Despertamento de Lewis (1949-1953), e Deus respondeu a suas súplicas. Tem sido assim em quase todo avivamento.
Promessas no Novo Testamento
A promessa de avivamento, entretanto, não está confinada ao Velho Testamento. O versículo citado: “Porque derramarei água sobre o sedento e rios sobre a terra seca” tem seu correspondente neo-testamentário: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba…quem crê em mim, como diz a
Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (João 7:37-38). O ensinamento em ambas as passagens é o mesmo, e este é exatamente o princípio do avivamento: a sede pessoal – saciada pela água do Espírito – resultando em um transbordar de bênçãos para outros.
Em seguida há o depoimento de Pedro no dia de Pentecostes: “Nos últimos dias, disse Deus, Eu derramarei do Meu Espírito sobre toda a came”(Atos 2:17), onde ele correlaciona a profecia de Joel com a era da Igreja. Há, mais adiante, as palavras de Pedro no seu discurso na entrada do Templo: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que da presença do Senhor venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus” (Atos 3:19-20).
A ordem colocada aqui é importante. Primeiramente, arrependimento e volta para Deus, em segundo lugar, períodos de refrigério da Sua presença, e em terceiro lugar, a volta de Cristo. Aqui está a promessa de avivamento: ‘tempos de refrigério,”antes da volta de Cristo, e tão certa quanto a promessa da própria volta Dele…
Primeira e Última Chuvas Citadas Pelo Apóstolo Pedro
Há muitas referências nas Escrituras à longa “estação seca”na Palestina que começa em abril e dura até outubro, deixando o chão ressecado e os poços quase sem água. Somente aqueles que já experimentaram esta “estiagem” no Oriente podem entender o grande desejo pela chuva vindoura que enche o coração de todos os habitantes da região. Quão vívidas são as palavras de Davi neste sentido: “A minha alma tem sede de ti, meu corpo te almeja, numa terra árida, exausta, sem água” (Salmo 63:1; vertambém Isaías 32:2; 35:7).
Esperança de Avivamento
A estação chuvosa geralmente começa no fim de outubro com chuvas leves que amaciam a terra (SI 65:10), e depois continua com chuvas intermitentes e pesadas que, freqüentemente, duram por dois ou três dias, durante novembro e dezembro. Estas chuvas pesadas eram chamadas nas Escrituras de “as primeiras chuvas” ou “chuva temporã (hebraico yoreh ou moreh). O lavrador depende das primeiras chuvas para tornar o solo rochoso apropriado para arar a terra e semeá-la.
Um nativo da Palestina escreveu desta maneira: “Quando as chuvas vêm em quantidade suficiente, deve-se começar a arar. Talvez se tenha que arar enfrentando chuva de pedra e neve, temporal e tempestade, mas arar é necessário, pois se não arare semear com as primeiras chuvas, não dará para ceifar depois das últimas chuvas” (Pv 20:4; Ec 11:4) (Samuel Schor).
Quando estas chuvas pesadas terminam, chuvas menores ainda continuam intermitentemente. “Em nenhum período durante o inverno, cessa de chover totalmente” (Dicionário de Smith). Com a aproximação da colheita, entretanto, a chuva pesada volta para inchar o grão e o fruto a fim de prepará- los para o tempo da colheita. Isto era conhecido como “as últimas chuvas,” ou “chuva serôdia” significando a chuva da colheita, a qual era muito parecida com “a chuva temporã,” pois ambas são descritas pela palavra geshem, significando chuva abundante.
Temamos agora ao Senhor nosso Deus, que nos dá a seu tempo a chuva, (geshem) a primeira e a última, que nos conserva as semanas determinadas da sega” (Jr 5:24; ver também Joel 2:23-24; Oséias 6:3).
Vemos aqui, que as primeiras e últimas chuvas são diferenciadas dos diversos outros tipos de chuva citados nas Escrituras (ao todo são usadas dez paJavras hebraicas diferentes) pelo próprio significado dos seus nomes, e pela descrição geshem ou “chuvas abundantes,” que caem copiosamente abundante. Também está claro que as primeiras e últimas chuvas não podiam ser esperadas para qualquer hora, pois tinham sua estações determinadas. Finalmente, ambas estavam relacionadas com a colheita ansiosamente aguardada, pois sem estas chuvas não haveria nem semeadura nem colheita.
Claramente, a semelhança entre esta estação chuvosa de Canaã e a era da igreja é impressionante. Assim como aquela estação era anunciada pelas chuvas preliminares que logo dariam lugar às chuvas abundantes da chuva temporã, assim também nos ministérios de João Batista (quando “saiam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão” Mt 3:5), de Cristo (quando “numerosas multidões da Galiléia, Decápolis, Jerusalém, Judéia e dalém do Jordão O seguiam” Mt 4:25), podemos ver um mover distinto do Espírito que dizia a todos aqueles que estavam procurando a consolação de Israel que a estação seca tinha acabado, e que uma nova e gloriosa estação de chuva estava chegando.
No começo de Seu ministério o Senhor disse: “Maiores coisas do que estas verás” (João 1:50), e no final dele disse: “E outras obras maiores do que estas fareis” (João 14:12). A chuva temporã estava próxima, e o Pentecoste marcou o seu início. “Nos últimos dias, disse Deus, Eu derramarei do Meu Espírito.” O derramamento continuou através daquele primeiro século, gradualmente diminuindo em poder e freqüência à medida que o tempo passava e a fé e a espiritualidade declinavam.
Entretanto, através dos séculos seguintes da idade medival escura, as chuvas continuaram aqui e ali, de vez em quando. Registros históricos como a Igreja Peregrina de Broadbent mostram que em tempo algum, nem mesmo nas épocas mais escuras, as chuvas de bênçãos cessaram inteiramente, embora derramamentos mais poderosos de avivamento tenham sido poucos e distantes entre si. Depois da Reforma tem havido derramamentos mais distintos e freqüentes.
As últimas chuvas vêm em preparação para o dia da colheita. É a última época da estação chuvosa antes da colheita final. Mas quando e o que é a colheita? Na parábola do joio o Senhor explicou que “a ceifa é a consumação do século” quando “o Filho do homem enviar os Seus anjos que ajuntarão do Seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade” (Mt 13:39,41). Será o dia em que a palavra será dada Àquele “semelhante a filho de homem” sentado sobre uma nuvem branca: ‘Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de ceifar.” Ele, então, passará a sua foice (ou seja, os anjos; Mt 13:39,41) sobre a terra,” e a terra será ceifada (Ap 14:14-16). Nas Escrituras, a colheita está claramente associada à vinda de Cristo no final dos tempos.
Já foi demonstrado que esta era da Igreja é o tempo das chuvas. Podemos considerar o Pentecoste como o início da chuva temporã, pois foi durante aquelas primeiras e poderosas efusões do Espírito, que o evangelho foi espalhado pelo mundo civilizado e o solo preparado para a colheita final. Antes que chegue o final dos tempos com a volta pessoal de Cristo e o tempo da ceifa, devemos esperar a chuva serôdia da promessa, ou as chuvas da colheita.
Como pode vir o dia da ceifa antes deste período final de derramamento do Espírito, tão vital para a maturidade final da colheita espiritual? Assim como a estação chuvosa de Canaã terminava com o mesmo tipo de chuva que ocorria no início, o geshem ou chuva pesada, da mesma forma devemos esperar, antes da vinda de Cristo, uma período de poderosos derramamentos que ofuscará tudo o que a Igreja já experimentou desde a Reforma, e cujas características e poder somente poderão ser comparados com os da chuva temporã do início da Igreja.
Tiago não deixa dúvidas quando diz: “Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes, e fortalecei os vossos corações, pois a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:7-8).
Estamos ansiosos pelo dia da ceifa? Aguardamos impacientes pela vinda do Senhor? É como se o apóstolo quisesse acalmar os nossos espíritos irrequietos, e exortasse-nos a ser pacientes, lembrando-nos que o Lavrador celestial esteve esperando por longas estações, esperando pelo cumprimento dos Seus propósitos, aguardando pelo precioso fruto da terra no tempo da colheita. Devemos ser imitadores do “Deus da paciência,” que esta esperando há muito mais tempo do que nós.
O Lavrador sabe, e aqueles que trabalham como servo Dele também o deveriam saber, que antes que o dia da colheita final possa raiar na vinda do Senhor, o fruto da terra tem que receber as primeiras e últimas chuvas. Se nós, hoje, podemos olhar para trás e ver as primeiras chuvas, ainda temos que olhar para frente em direção às últimas chuvas, a época final dos tempos, antes do dia da colheita.
Deixando de lado, por um momento, o testemunho das Escrituras neste ponto, uma pessoa só precisa olhar sem preconceitos para a seara do reino de Deus e a condição espiritual daquilo que está crescento dentro dos campos para se convencer da absoluta necessidade das últimas chuvas do Espírito antes que o fruto da terra possa estar maduro para a colheita.
Se conseguimos mostrar que na Palavra de Deus há uma promessa de reavivamento para nós hoje, se há alguma evidência de que estamos, nos propósitos de Deus, caminhando em direção às últimas chuvas, então demos ouvidos à Palavra de Deus para Israel, e façamos o que Israel ainda fará um dia: “Pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias, ao Senhor, que faz as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro (geshem) (Zc 10:1)
Derrama Teu Espírito mais uma vez, querido Senhor;
Nosso clamor sobe a Ti pela “chuva serôdia”: Une o Teu povo em “um só coração,” E dias Pentecostais virão novamente!
E. M. Grimes
Reimpresso de O Dia Do Teu Poder, de Arthur Wallis, com permissão da Cityhill Publishing.