Por: Reuven Doron
Enquanto ondas escuras de espíritos anticristãos e anti-semitas percorrem o segundo céu, ansiosamente tentando amarrar as nações com cordas malignas de engano, rebeldia e ira, o Espírito de Deus está preparando um “golpe antecipado”, chamando-nos a desfazer esta estratégia demoníaca através de atos de verdadeiro arrependimento e fé. Antes do grande e assombroso Dia do Senhor e do juízo final das nações, Deus está concedendo a todos os grupos étnicos uma outra oportunidade de se humilharem e voltarem a ele, dando frutos de arrependimento ao mesmo tempo que reconhecem seu pecado histórico contra Israel, e sua falha de abraçar a palavra de Deus e honrar o Corpo do Messias.
Uma dessas nações, que está se levantando como exemplo às demais, é Canadá. Uma reunião de reconciliação e cura aconteceu no mês de novembro de 2000, e a história que a originou é esta a seguir.
Em maio de 1939, o navio St. Louis zarpou de Hamburgo, na Alemanha, com destino a Havana, Cuba, com quase 1.000 refugiados judeus a bordo, fugindo da perseguição nazista. Despojados de possessões e afugentados de seus negócios, lares e pátria, seus bens mais valiosos agora eram seus vistos de entrada em Cuba, que representavam sua esperança para uma vida nova e segura.
Entretanto, devido à corrupta administração de imigração de Cuba, estes dispendiosos documentos logo se provaram inúteis. Quando o St. Louis chegou em Havana, o governo cubano se recusou a reconhecer os vistos, e a despeito de clamorosos protestos da comunidade judaica internacional, foi lhes negado asilo. Começou- se a buscar freneticamente um abrigo alternativo, mas as portas do mundo estavam fechadas.
Enquanto as nações latino-americanas e os Estados Unidos se fizeram de cegas, uma última esperança ficou no Canadá. Mas o diretor de imigração canadense, Frederick Blair afirmou: “Nenhum país poderia abrir suas portas a ponto de receber as centenas de milhares de judeus que querem sair da Europa; a linha terá de ser traçada em algum ponto!”
A linha foi traçada exatamente naquele ponto, e Canadá endureceu seu coração, apagando assim a última esperança de um abrigo seguro para os viajantes exaustos. De coração partido, rejeitados e abandonados por todos, estes judeus “forasteiros” foram obrigados a voltar para a Europa nazista, onde a maioria pereceu no holocausto.
Seguindo o princípio intercessório de 2 Crônicas 7.14: “Se meu povo…”, Deus despertou a igreja canadense para se arrepender do seu silêncio em 1939, a fim de poder visitar a nação, e abençoá-la com sua presença como exemplo para as outras nações. Uma campanha nacional foi desenvolvida por todas as igrejas canadenses desde o ano passado, resultando em arrependimento sincero e profundo e um genuíno desejo por reconciliação com os irmãos judeus rejeitados.
Enquanto se oferecia arrependimento a Deus pelo pecado raiz de anti-semitismo, os cristãos canadenses puderam testemunhar num paralelo espantoso e imediato, como o Primeiro Ministro Jean Chrétien se tornou o primeiro chefe de estado canadense a visitar um campo de concentração nazista (Aus- chwitz). Lá ele pronunciou uma proclamação entre lágrimas de “nunca mais”, e depois seguiu para uma visita oficial a Israel.
Nos dias 4 e 5 de novembro passado, uma reunião histórica foi realizada em Otawa, Canadá, com vinte e cinco sobreviventes do navio St. Louis, e vinte dos seus cônjuges. Cristãos canadenses representando todas as regiões da nação deram boas vindas aos sobreviventes depois de sessenta e um anos de culpa e silêncio, oferecendo-lhes seus corações e pedindo perdão. Líderes chaves do governo canadense e da comunidade judaica participaram, e eu também, como representante dos judeus messiânicos de Israel.
Como se pode imaginar, estes sobreviventes, a maioria dos quais são idosos e frágeis, tiveram de passar por uma batalha de alma nos meses anteriores, enquanto os líderes cristãos canadenses os procuravam e com mansidão tentavam convencê-los da credibilidade e sinceridade do seu propósito. Para a maioria deles, a igreja cristã era na melhor das hipóteses uma comunidade distante e indiferente, e na pior delas um dos culpados da sua perseguição nazista. Entretanto, durante os meses anteriores à reunião, depois de vários contatos com estes cristãos genuínos, estes sofridos e idosos judeus passaram de ceticismo a este estranho fenômeno cristão, para uma verdadeira expectativa positiva.
Há um remanescente no Canadá, cada vez maior, que espera em Deus que a igreja lá se torne um lugar de sua habitação, a fim de poder cumprir com seu destino. E viram que o arrependimento deste pecado fundamental do anti-semitismo é uma das chaves para caminhar nesta direção.
Pela primeira vez na história da igreja do Senhor Jesus, de acordo com meu conhecimento, uma representação nacional do Corpo do Messias assumiu responsabilidade coletiva pela falha daquele país em andar junto com o povo judeu na sua dolorosa jornada de volta para o plano de Deus. Nunca houve um arrependimento demonstrado de tantos para um grupo tão pequeno, e nunca se buscou reconciliação e a obteve nesse nível.
Obviamente, não foi um processo simples. Como se pode espremer sessenta e um anos de vergonha e rejeição em um final de semana? Somente pela ajuda de Deus. A história do navio foi contada, ouvida e acreditada. O pecado nacional foi reconhecido e houve arrependimento por parte de autoridades civis e religiosas. O Espírito de graça e compaixão estava sobre nós todos, conduzindo o milagre, até que o perdão fosse concedido e plenamente expresso e os corações fossem reconciliados.
Alguém perguntou: “Por que estamos fazendo tudo isso?” E a resposta foi: “Por causa das crianças, para o mundo de amanhã. Para que os pecados dos pais não tragam a maldição de vergonha e culpa sobre as crianças do Canadá, enquanto crescem e procuram servir ao Senhor. E para que o peso de amargura e rejeição não persiga as crianças judias ao viverem o legado deixado pelos sobreviventes do St. Louis.”
A seguir alguns trechos de uma carta de Helen & Jules Wallerstein, sobreviventes do St. Louis, e participantes da reunião de reconciliação:
Queridos amigos,
Meu marido e eu precisamos elogiar a todos que fizeram do final de semana de 4 e 5 de novembro um doe mais memoráveis que já tivemos. Estávamos, (principalmente eu) muito reservados sobre ir a este evento. Há tantos fatores envolvidos. Mas achamos que todos estavam sinceros, amorosos e desejosos de ajudar o povo judeu. Deram-nos esperança que sinceridade e amor ainda existem.
A reunião do sábado à tarde continuou a inspirar em nós admiraçao por vocês. Seus sentimentos de complexidade em tratar de Deus, e buscar por uma resposta… vocês definitivamente têm um chamado de Deus. Sinceramente oramos para que suas palavras alcancem uma multidão de pessoas, e que haja fruto.
Simpatizamos com o povo do Canadá e seus sentimentos de culpa por não ter deixado o St. Louis atracar no seu território. Perdoamos a nova geração. Não são responsáveis pelos pecados e atos de seus antepassados. Muitas pessoas pereceram porque não houve suficiente preocupação por parte dos países sobre o destino do povo judeu, ate mesmo por parte da minha amada pátria, os Estados Unidos.
A reunião final do domingo à noite mal pode se descrever. Quando entramos, ao som do shofar (trombeta hebraica feita de chifre de carneiro), tocando seu som penetrante, e vimos as pessoas de ambos os lados do auditório, parecia que tivesse umas mil pessoas, quando na realidade só havia 360. Os aplausos me deram arrepios dos dedos dos pés ate o couro cabeludo.
Ficamos esmagados. As lágrimas correram pelas faces.
Jules ficou estático. Pensei: ‘Meu Deus, este povo realmente se importa.’ Nos fez sentir humildes além da capacidade de expressar. As palavras pronunciadas pelos dois representantes do clero, e pelos dois índios nativos, trouxeram mais lágrimas. Seu país precisa de cura, e sinceramente esperamos que este maravilhoso início de jornada possa ajudar.
Conforme entendemos a palavra de Deus, este evento poderá trazer dois resultados:
1. Enquanto Deus continua a falar com as nações, chamando-as a si mesmo e dando oportunidade antes da vinda do juízo final, a restauração do “elo judaico” é uma parte essencial deste chamado. Arrependimento e reconciliação com o povo judeu precisa acontecer se quisermos o genuíno derramamento do Espírito de Deus a nível nacional, curando e reavivando as famílias da terra. Creio que este acontecimento, embora só tenha ocorrido em um país e de forma embrionária, pode ser uma porta que outras nações podem encontrar e entrar a fim de obter favor divino antes dos juízos vindouros.
2. Cada vez que um pecado histórico contra a nação dos judeus é reconhecido, e que houver arrependimento dele, e cada vez que o povo judeu perdoa seus opressores, uma grande pedra de tropeço está sendo retirada do caminho que levará ao encontro inevitável com seu Messias. Todas as nações atuais que existem há mais de um século, abrigam algumas sementes anti-semíticas e sentimentos antagônicos e zombadores em relação à nação dos hebreus. Oro para que a igreja em muitas nações receba esta revelação e desperte seu povo ao chamado de Deus para arrependimento e reconciliação com a primeira nação de Deus.