Por Henry H. Halley
Todos devemos amar a Bíblia
É a Palavra de Deus. Ela tem a solução da vida. Ela nos fala do melhor Amigo que a humanidade já teve, o mais nobre, o mais terno, o mais verdadeiro Homem que já pisou na Terra.
É a mais linda história que já se contou. É a melhor diretriz da conduta humana que já se conheceu. Traz um sentido, um fulgor, uma alegria, uma vitória, um destino e uma glória à vida, que em nenhuma outra parte são revelados.
Nada há na História, ou na literatura, que de forma alguma se compare com as singelas narrativas do Homem da Galiléia, que ocupou dias e noites ministrando aos que sofriam e ensinando aos homens como serem benévolos, e depois morreu pelo pecado, ressuscitou para a vida que jamais acaba, e promete segurança e felicidade eternas a todos quantos se chegam a ele.
A maioria das pessoas reflete seriamente, pelo menos uma vez ou outra, sobre o fim da sua vida, ou de todas as coisas. Não adianta sorrir desdenhosamente, passar adiante desse assunto: ESSE DIA HÁ DE VIR. E O QUE ACONTECERÁ ENTÃO? A Bíblia dá a resposta. É uma resposta inequívoca. Há um Deus. Há um céu. Há um inferno. Há um Salvador. Haverá um dia de juízo. Feliz do homem que, enquanto vivo, fizer suas pazes com o Cristo da Bíblia e se preparar para esse epílogo.
Como pode uma pessoa sensata deixar de entusiasmar-se com Cristo e com a Bíblia que de Cristo lhe fala? Todos devemos amar a Bíblia. Todos. TODOS.
Negligência
Todavia, a negligência generalizada da Bíblia por parte de igrejas e de pessoas que freqüentam igrejas é, simplesmente, de estarrecer. Conversamos sobre a Bíblia, defendemos a Bíblia, louvamos a Bíblia, exaltamos a Bíblia. No entanto, muitos membros de igreja raramente lançam um olhar à Bíblia – de fato, ficariam envergonhados se alguém os visse lendo-a. E os líderes da igreja em geral não parecem fazer um esforço sério para levar o povo a ler a Bíblia.
Procuramos saber tudo no mundo. Lemos jornais, revistas, novelas e toda sorte de livros, ouvimos o rádio e assistimos à televisão. No entanto, a maioria de nós nem sequer sabe os nomes dos livros da Bíblia. Que vergonha! Que vergonha!
A Ação da Bíblia em Nossas Vidas
O contato direto de cada pessoa com a Palavra de Deus é o principal meio de crescimento cristão. Todos os líderes de poder espiritual, da história do cristianismo, têm sido leitores devotados da Bíblia.
A Bíblia é o livro de que vivemos. A leitura da Bíblia é o meio de aprendermos e de conservarmos nítidas, em nossas mentes, as IDÉIAS que modelam nossa vida. Nossa vida é o produto de nossos pensamentos. Para vivermos certo, precisamos pensar certo.
Os pensamentos exercem poder em nossa vida pela FREQÜÊNCIA com que ocupam nossas mentes. Devemos ler a Bíblia freqüente e regularmente, de sorte que os pensamentos de Deus possam ocupar freqüente e regularmente nossas mentes; dessa forma, podem vir a tornar-se pensamentos nossos, e nossas idéias podem vir a conformar-se com as idéias de Deus; podemos ser transformados na imagem de Deus e, assim, capacitados a fazer eterna companhia ao nosso Criador.
Podemos, com efeito, absorver a verdade cristã, em certo grau, assistindo aos cultos, ouvindo sermões, lições bíblicas, testemunhos e lendo literatura cristã.
Todavia, por mais que essas coisas sejam boas e úteis, fornecem-nos a verdade divina em SEGUNDA MÃO, aguada, porque chega a nós através de canais humanos e, até certo ponto, glosada com idéias e tradições humanas.
Estas coisas não podem tomar o lugar da leitura individual da PRÓPRIA BÍBLIA, da fundamentação, por nós mesmos, de nossa fé, esperança e vida, diretamente na Palavra de Deus, ao invés de ser naquilo que os homens dizem acerca dessa Palavra.
Hábito Fundamental
Não queremos dizer que devemos cultuar a Bíblia como se fosse um fetiche, mas adoramos o Deus e o Salvador de quem a Bíblia nos fala. E, porque amamos o nosso Deus e Salvador, amamos, terna e devotadamente, o Livro que dele procedeu e dele se ocupa.
Nem queremos dizer que o hábito de ler a Bíblia é em si uma virtude, porque é possível lê-la sem aplicar seus ensinos à vida, havendo, mesmo, os que a lêem e ainda são mesquinhos, desonestos e nada cristãos. São, contudo, exceções.
Em regra, a leitura bíblica, quando feita com as devidas disposições de espírito, é hábito que dá lugar a todas as virtudes cristãs, sendo a mais eficiente força formadora do caráter que se conhece.
Nossa atitude para com a Bíblia é um índice muito seguro de nossa atitude para com Cristo. Se amamos uma pessoa, gostamos de ler a seu respeito, não é fato?
O simples fato de considerar nossa leitura bíblica como ato de devoção a Cristo mudaria completamente nossa atitude em relação a ela. Ora, a Bíblia é o livro que nos fala de Cristo. É possível, então, amar a Cristo e ao mesmo tempo ser indiferente à sua Palavra? É POSSÍVEL?
Conselhos para Leitura Bíblica
Leia a Bíblia com a mente aberta. Não tente forçar todas as suas passagens, amoldando-as a suas doutrinas prediletas. Nem veja, em suas passagens, idéias que lá não se encontram, nem mesmo para servirem de apoio a um sermão. Mas tente descobrir, cândida e honestamente, os principais ensinos e lições de cada passagem. A Bíblia é mui capaz de cuidar de si mesma, se lhe dermos oportunidade.
Leia a Bíblia com reflexão. Lendo a Bíblia, precisamos vigiar-nos, rigorosamente, para que nossos pensamentos não divaguem, tornando a leitura perfunctória e sem sentido.
Arme-se de um lápis. É bom, à medida que lermos, ir marcando passagens de que gostarmos; e, de vez em quando, passando em revista as páginas lidas, ler de novo as passagens marcadas. Com o tempo, uma Bíblia, assim bem marcada, tornar-se-nos-á muito preciosa, enquanto se aproxima o dia de nos encontrarmos com o seu Autor.
Uma leitura habitual, sistemática da Bíblia é o melhor tipo de leitura. Leitura ocasional ou espasmódica não significa muito. A menos que sigamos determinado método e o observemos com resolução firme, o resultado será não lermos muito da Bíblia. Nossa vida interior, como nosso físico, precisa de alimento diário.
Um tempo certo cada dia, qualquer que seja o plano de leitura a adotar, deve ser reservado para isso. De outro modo, seremos capazes de negligenciá-lo.
É bom que seja a primeira coisa, de manhã, se nossa rotina de trabalho o permite. Ou podemos escolher um outro horário que nos seja mais adaptado à nossa disponibilidade e inclinações. O importante é que o observemos, rigorosamente, não desanimando, se, uma ou outra vez, essa rotina for interrompida por alguma coisa alheia à nossa vontade.
Aos domingos, podemos dedicar-nos mais à nossa leitura bíblica, visto ser o dia do Senhor, reservado à sua Palavra.
Decore versículos favoritos. Decore-os, por inteiro, repetindo, muitas vezes, esses versículos, que são a sua vida: algumas vezes, estando sozinho; ou, à noite, para que o ajude a adormecer nos Braços Eternos.
O hábito de fazer os pensamentos de Deus atravessar, muitas vezes, a nossa mente fará que esta se conforme com a mente divina; e, à medida que se dá essa conformação, toda nossa vida será transformada na imagem de Deus. Esse é um dos melhores auxílios espirituais de que podemos dispor.
Planos de leitura bíblica. Existem muitos planos. O importante é ter um que abrange a Bíblia toda, com razoável freqüência, porque toda ela é a Palavra de Deus. É uma história só, uma estrutura literária de profunda e admirável unidade, centralizada em Cristo. CRISTO é o âmago e o ponto culminante da Bíblia. Tudo quanto foi escrito antes dele, de um ou outro modo, é uma antecipação de sua Pessoa. Tudo quanto vem depois, tem a função de interpretá-lo. A Bíblia toda pode, com muita propriedade, ser chamada a história de Cristo. O Antigo Testamento prepara o caminho para sua chegada. Os quatro Evangelhos contam a história de sua vida terrena. As Epístolas expõem a sua doutrina. O Apocalipse revela o seu triunfo.
Quantas vezes? Uma vez por ano, pensamos, todo o Antigo Testamento, e duas vezes o Novo, seria um bom plano MÍNIMO a ser observado para as pessoas em geral. Tal plano significaria uma média de 4 ou 5 capítulos por dia, e requereria, mais ou menos, uma média de 15 ou 20 minutos diários. Não há tempo para isso? Não nos enganemos. PODEMOS achar tempo para aquilo que DESEJAMOS fazer.
Extraído e adaptado do Manual Bíblico de Henry H. Halley, p. 715-719, Editora Vida, www.editoravida.com.br.