Ao ler Jeremias esses dias, continuo a ficar impressionado como esse homem sofreu! Seus ouvintes nunca atendiam a palavra do Senhor que vinha de sua boca. Às vezes se opunham a ele violentamente, colocando-o na prisão. Outras vezes vinham com humildade, suplicando que ele lhes trouxesse uma palavra de Deus de orientação sobre o que deveriam fazer. Mas em todas as ocasiões faziam o contrário do que ele lhes falava. E o pior de tudo é que ele nunca foi permitido por Deus ficar com as pessoas que seriam abençoadas. Ele sempre teve que acompanhar os amaldiçoados!
Uma coisa nova, porém, chamou minha atenção de forma especial nesses dias. Durante muitos anos, Jeremias profetizou que os filhos de Israel que fossem levados em cativeiro à Babilônia seriam abençoados e que os que ficassem em Israel seriam amaldiçoados. Sua visão de dois cestos de figos, um com figos muito bons e outro com figos muito ruins, ilustra isso de forma muito clara. Os figos bons seriam os que estavam cativos na Babilônia e os ruins seriam os que não foram para lá (Jr 24). Quando suas profecias foram cumpridas e os caldeus queimaram Jerusalém, adivinha com quem Jeremias ficou? Com os figos ruins, é lógico!
Pois bem, Deus já havia dito que esse pessoal iria se dar mal. Por que Jeremias tinha de ficar com eles? É aí que entra um aspecto da natureza de Deus que eu nunca tinha observado na história de Jeremias. O povo ficou atemorizado pelo fato de Ismael ter assassinado os soldados caldeus e Gedalias, o príncipe que o rei da Babilônia tinha deixado para governar a terra, pensando que Nabucodonozor ficaria muito irado e viria para os destruir. Foram, então, a Jeremias pedir uma orientação de Deus. Depois de dez dias, Jeremias ouviu a palavra do Senhor e lhes disse que ficassem na terra de Israel e Deus os abençoaria. Entretanto, se fossem ao Egito, seriam destruídos.
Ora, Deus já não dissera há muitos anos e repetidas vezes que eles seriam amaldiçoados e virariam provérbio e escárnio entre todos os povos? Como agora está oferecendo uma oportunidade para serem abençoados?
Infelizmente, porém, o padrão da vida de Jeremias se repete e o povo que viera tão humildemente ouvir a palavra do Senhor de sua boca não atendeu seu alerta. Desceram ao Egito em rebeldia contra o Senhor e Jeremias foi com eles.
Agora, então, a sentença de Deus deve ser definitiva e não é possível saber por que Jeremias tinha de acompanhá-los. Mas, não! Mesmo diante de tal quadro escuro, deprimente e aparentemente irreversível, eis Jeremias novamente a lhes exortar para deixarem a idolatria e o culto à rainha do céu (Jr 44)! Aparentemente, ainda havia esperança! Se buscassem ao Senhor e abandonassem a idolatria, o Senhor poderia ainda abençoá-los, mesmo diante de tanta desobediência passada.
Apesar do povo, mais uma vez, não lhe atenderem, e perseverarem na idolatria, percebo aqui uma grande lição sobre a natureza de Deus. Deus não é fatalista! Às vezes ele fala coisas terríveis e aparentemente impossíveis de serem mudadas, mas se isso causar uma reação de arrependimento e contrição no coração dos seus ouvintes, ele pode mudar de ideia!
Deus não é como Jonas, que ficou bravo porque suas profecias de destruição de Nínive não foram cumpridas. Deus não tem prazer no cumprimento de seus juízos sobre nós! O que mais lhe traz prazer é ver uma reação positiva no coração do homem. Até o último momento, ele mandou Jeremias ficar com o povo rebelde na tentativa de produzir esse resultado em seus corações.
É verdade que chega um momento em que o juízo se torna irreversível. Mas nós nunca podemos saber exatamente quando esse momento chegou. Devemos, como Davi, que jejuou até o último momento por seu filho, fruto do pecado com Batseba, confiar na grande misericórdia de Deus e nunca considerar que não possa mudar de ideia!
Diante disso, querido leitor, minha exortação é que você se desprenda da atitude fatalista de olhar para seus erros do passado. Olhe para cima, para Deus, para sua grande misericórdia; e para frente, para as decisões que ainda o esperam. Creia que, mesmo depois de terríveis atos de fracasso e rebeldia, Deus ainda pode encontrar em você uma pessoa que corresponde positivamente ao seu amor e bondade!
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A lição contída no texto acima mexe muito comigo. Pois houve um periodo na minha vida, que olhando para os meus pecados e minha incapacidade de mudar, eu disse ao Senhor que mesmo indo para o inferno eu me manteria eternamente grato por tê-lo conhecido, e saber que sua Igreja seria restaurada. Então pedi perdão, pois julgava que se Esaú não achou lugar de arrependimento, mesmo buscando com lágrimas, muito menos eu o acharia.
Deus porém me respondeu: nada frustrará o meu plano na sua vida, ainda assim, eu permaneci rebelde por muito tempo e ele veio atrás de mim até vencer a minha resistência toda e o seu amor me quebrantou e me destruiu por dentro. Hoje tudo que eu quero agora, é que o Senhor me castigue e prove o quanto for necessário, para destruir toda a minha natureza adâmica, a fim de que só o seu filho Jesus exista em mim.
Hoje entendo que Deus não desistiu de mim, e não compreendo a grandeza eterna desse amor de um Deus Justo e Santo e sendo assim aguardo com fé e muito temor o cumprimento de suas promessas e todo o seu propósito na terra, pois sei que ele não suporta a iniquidade, e Santificará o seu povo para a sua vinda a sua casa de pedras vivas.
Que o Senhor todo poderoso continue aumentando o espírito de revelação no decorrer do ministério de vocês em Americana, Monte Mor, Sorocaba e em todo o lugar que ele vos enviar, dando sempre sua direção clara e o fluir de seu espírito, bem como de sua palavra.
Oi Luiz! Gostei muito do seu comentário! É difícil encontrar pessoas que compreendem o grande amor de Deus e ao mesmo tempo a sua justiça e ira contra o pecado. A verdadeira compreensão disso nos leva à adoração genuína!