22 de dezembro de 2024

Ler é sagrado!

Fundamentos Para o Avivamento

No século dezenove, o Espírito Santo agiu ampla e profundamente na Escócia em conjunção com o ministério de um jovem, dedicado e talentoso pastor, Robert Murray McCheyne. Um livro com suas cartas e mensagens foi compilado por um contemporâneo, Dr. Andrew Bonar, e depois de sucessivas edições, continua a ser fonte de inspiração e sondagens de coração para inúmeras pessoas entre o povo de Deus.

Há princípios divinos nos tratamentos de Deus com seu povo, e nesta questão de avivamento em particular. Alguns desses princípios podem ser observados no começo do ministério de McCheyne, antes do despertamento. Uma das áreas que podemos observar foi a questão da disciplina na igreja, assunto em que há muita divergência de opinião e prática entre as igrejas hoje. Ou existe uma negligência quase completa da disciplina, ou, em alguns poucos casos, encontramos uma punição rígida incoerente com o espírito de Cristo, de corrigir e restaurar.

Sobre isto, McCheyne escreveu: “No princípio do meu ministério, eu era totalmente ignorante da vasta importância de disciplina na igreja. Pensei que o meu grande e único trabalho fosse orar e pregar. Considerei que as almas fossem tão preciosas, e o tempo tão curto, que dediquei todo meu tempo e cuidado e força para ministrar na palavra e na doutrina. Quando casos de disciplina eram apresentados diante de mim e dos presbíteros, eu sentia uma certa repugnância. Era um dever do qual me retraía; e posso dizer que quase me afugentou completamente da obra do ministério.

“Mas aprouve a Deus, que ensina seus servos de forma bem diferente da forma como o homem ensina, abençoar alguns casos de disciplina, trazendo a conversão manifesta e inquestionável das pessoas que foram tratadas; e desta hora em diante uma nova luz penetrou minha mente: vi que se a pregação é uma ordenança de Deus, também o é a disciplina na igreja.

“Agora estou profundamente convicto que ambos são de Deus, e são duas chaves que Cristo confiou a nós. A primeira é a chave da doutrina, por meio da qual destrancamos os tesouros da Bíblia; a segunda é a chave da disciplina, por meio da qual abrimos ou fechamos o caminho para as ordenanças da fé que selam nossas almas. Ambas são dons de Cristo, e nenhuma das duas pode ser ignorada sem conseqüências sérias.”

A coerência cristã no caminhar diário por parte do pastor e dos líderes da igreja é indispensável para trazer convicção do Espírito Santo sobre os pecadores. McCheyne tomava muito cuidado para ser coerente, pois sabia que uma palavra impensada, uma crítica severa, ou um assunto de contenda desnecessária poderia ser uma pedra de tropeço para seu povo.

Dr. Bonar disse: “Devemos não só falar fielmente ao povo nos nossos sermões, mas viver fielmente diante deles também. Talvez descubramos que a razão por que tantos que pregam o evangelho em todos seus aspectos, e com muito fervor, não recebem a aprovação de Deus dando fruto de almas convertidas, se encontre na falta de graça que se manifesta nestes momentos descontraídos da vida.

“Aos que me honram, honrarei,” Deus disse em 1 Samuel 2.30. Sabe-se há muito que as pessoas toleram facilmente que se pregue contra seus pecados o quanto quiser, desde que depois da pregação não seja duro com elas, e que fale como elas falam, e viva como elas vivem. McCheyne, pelo contrário, não agia assim, como podiam testemunhar todos que o conheciam.”

O anseio de McCheyne pelo avivamento foi expresso intensamente numa carta para o Rev. W. C. Burns, que posteriormente foi usado por Deus em avivamentos:

“Tudo que vejo no mundo, e todo dia quando estudo a Bíblia, me faz orar com mais fervor para que Deus inicie e realize uma obra profunda, pura, ampla, e permanente na Escócia. Se não for uma obra profunda e pura, só terminará em confusão, entristecendo o Espírito Santo de Deus pelas suas irregularidades e incoerências; Cristo não receberá glória, e o povo em geral ficará endurecido, enchendo suas bocas com reprovação.

“Se não for uma obra ampla, nosso Deus não receberá uma grande coroa desta geração. E se não for permanente, será uma prova da sua impureza, e isto transformará todas nossas esperanças em vergonha.

“Estou cada vez mais convicto de que, se quisermos ser instrumentos de Deus em tal obra, teremos de ser purificados de toda impureza de carne e espírito. Ó clame por santidade pessoal, constante intimidade com Deus pelo sangue do Cordeiro! Deleite-se na sua luz, recline-se nos braços de amor, encha-se com seu Espírito; senão, todo sucesso no ministério só resultará na sua eterna confusão.

“Você sabe o quanto sempre insisti nisso com você. É porque também sinto a necessidade, eu mesmo. Tome cuidado, caro amigo. Não considere nenhum pecado trivial; lembre que terá conseqüências eternas. Ah, se tivéssemos o coração de Brainerd por santidade total – para ser santo como Deus é santo, puro como Cristo é puro, perfeito como nosso Pai no céu é perfeito! Ó que corpo maldito de pecado carregamos, que nos obriga a quebrar os princípios maravilhosos do evangelho! Como seríamos mais úteis, se estivéssemos mais livres do orgulho, da exaltação própria, da vaidade pessoal, e do pecado secreto, que só nosso coração conhece! Ó pecados desprezíveis, que destroem nossa paz, e arruinam almas!”

Quando o avivamento começou a cair do céu como chuva suave do céu, o jovem pastor falou novamente da sua oração para que a obra fosse pura e permanente.

“Ainda estou tão ansioso para que a obra de Deus seja pura, e sem mistura com erros e ilusões satânicas; e por isto quando oro pelo avivamento da obra de Deus, sempre acrescento que seja puro e permanente. Vi duas pessoas despertadas depois que cheguei de viagem, sem o uso de praticamente qualquer meio externo. Se forem confirmadas como conversões genuínas, creio que nunca duvidarei da possibilidade de qualquer outra.”

McCheyne estava sempre apreensivo para que o povo de Deus jamais deixasse contendas e disputas derrotar a obra do Espírito. “Que não haja contenda entre vocês,” ele dizia. “Que todos procurem estar no lugar mais baixo aos seus pés, ou no lugar mais perto, inclinando sua cabeça de forma mais completa no seu peito. Que toda conversa, meditação, e leitura, os conduzam ao Cordeiro de Deus. Satanás deseja desviar suas mentes para perguntas e fábulas, que geram discussões.

“Mas o Espírito glorifica Jesus; atrai para Jesus; leva-o a apegar-se ao Senhor Jesus com inteiro propósito de coração. Busque santidade pessoal. Foi para este fim que a graça de Deus lhe apareceu. (Ver Tito 2.11,12). Foi por isto que Cristo morreu; foi por isto que o escolheu; foi por isto que o converteu, para fazê-lo, junto com todos, pessoas santas, cartas vivas de Cristo, monumentos daquilo que Deus pode fazer no coração do pecador.

“Você sabe o que é a verdadeira santidade. É Cristo em vós, a esperança da glória. Que ele habite em você, e assim todas suas características brilharão no seu coração e rosto. Ó que sejamos como Jesus! Isto é o céu, esteja onde for. Acho que poderia ser feliz entre demônios, se tão somente o velho homem estivesse totalmente morto em mim, e eu estivesse totalmente conformado à semelhança de Cristo! Mas graças a Deus, não teremos que passar por semelhante prova, pois não só seremos semelhantes a Jesus, mas estaremos com ele para contemplar sua glória!”

O avivamento pelo qual McCheyne orou e se preparou veio durante sua ausência. O Rev. W. C. Burns o estava substituindo, e escreveu a respeito do poderoso mover do Espírito de Deus:

“Foi como uma enchente represada, rompendo todos os obstáculos. Lágrimas corriam de muitos olhos, e alguns caíam no chão, gemendo e clamando por misericórdia. Daquela noite em diante, houve reuniões diariamente por muitas semanas; e a natureza extraordinária da obra exigia cultos extraordinários. A cidade inteira foi abalada. Muitos crentes duvidaram; os ímpios se enfureciam; mas a Palavra de Deus crescia poderosamente e prevalecia. Houve casos em que famílias inteiras foram afetadas ao mesmo tempo. Outros homens de Deus na região apressaram-se para auxiliar na obra.

“Quando McCheyne chegou da sua viagem pela Europa, a bênção continuava. Ele viu tantas evidências do avivamento pelo qual orou, que seu coração se regozijou. Não sentiu nenhuma inveja porque outro instrumento recebeu a honra no lugar onde ele mesmo lutara com tantas lágrimas e provações. Com magnanimidade cristã genuína, regozijou-se que a obra do Senhor fora realizada, sem se importar por meio de quem.”

Estes são fundamentos de avivamento que devem ser reconhecidos e lançados por pastores e obreiros: oração, arrependimento, sondagem de coração, e coerência de vida dentro e fora da igreja.

Reproduzido com permissão da Alliance Life, (fevereiro de 1967), publicação oficial da Aliança Cristã e Missionária.

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