MARTINHO LUTERO
Nos cultos domésticos, a família (Lutero, a esposa e os filhos) rodeava um harmônio com o qual louvavam a Deus juntos. O reformador lia o Livro que traduzira para o povo, e, depois, todos louvavam a Deus e oravam até sentir a presença divina entre eles.
Ao meditar sobre as Escrituras, muitas vezes esquecia-se das refeições. Quando estava escrevendo o comentário sobre o Salmo 23, passou três dias no quarto comendo somente pão e sal. A esposa precisou chamar um serralheiro, e quebrar a fechadura, e acharam-no escrevendo, mergulhado em pensamentos e esquecido de tudo o que o rodeava.
Lutero também tinha o costume de orar durante horas a fio. Dizia que, se não passasse duas horas orando de manhã, receava que Satanás ganhasse a vitória sobre ele durante o dia. Certo biógrafo escreveu a seu respeito: “O tempo que ele passa em oração produz o tempo para tudo o que faz. O tempo que passa com a Palavra vivificante enche-lhe o coração até transbordar em sermões, correspondência e ensinamentos”.
De todos os livros que escreveu, o favorito de Lutero era o Catecismo menor, de 1529, que, com perguntas e respostas simples, explicava os Dez Mandamentos, o Credo dos Apóstolos e a Oração do Senhor, além de alguns princípios para a vida cristã à luz do seu entendimento do evangelho. No prefácio ao Catecismo maior, ele escreveu:
Faço como criança a quem se ensina o Catecismo: de manhã, e quando quer que tenha tempo, leio e profiro, palavra por palavra, o Pai-Nosso, os Dez Mandamentos, o Credo, alguns salmos etc. Tenho de continuar diariamente a ler e estudar, e, ainda assim, não me saio como quisera, e devo permanecer criança e aluno do Catecismo. Também me fico prazerosamente assim. […] Existe multiforme proveito e fruto em ler e exercitá-lo todos os dias em pensamento e recitação. E o Espírito Santo está presente com esse ler, recitar e meditar, e concede luz e devoção sempre nova e mais abundante, de tal forma que a coisa de dia em dia melhora em saber e é recebida com apreço cada vez maior.
Fonte: Heróis da Fé, Orlando Boyer, CPAD; Gigantes da Fé, Franklin Ferreira, Editora Vida.
JONATHAN EDWARDS
Em seu momento devocional diário, Edwards ia para um bosque a cavalo e caminhava sozinho, meditando. Anotava suas idéias em pedaços de papel e, para não perdê-los, pendurava-os no casaco. Ao voltar para casa, o casaco parecia mais um tabuleiro de xadrez, e Sarah, a esposa dele, ajudava-o a tirar as anotações.
Durante toda a vida, Edwards anotou extensamente em cadernos, papéis soltos e folhas inseridas em livros. Em uma de suas bíblias, costurou uma folha em branco entre todas as páginas, a fim de poder registrar notas e comentários sobre a leitura bíblica.
Alguém deu o seguinte testemunho a respeito dele: “Sua constante e solene comunhão com Deus, em secreto, fazia com que o rosto brilhasse, e sua aparência, seu semblante e comportamento eram acompanhados de seriedade, gravidade e solenidade”.
Fontes: Christian History (revista do grupo Christianity Today) e Heróis da Fé, Orlando Boyer, CPAD.
C. S. LEWIS
Lewis era muito modesto com relação à vida devocional. Ele gostava de dizer: “Não sou como os místicos, aqueles que sobem a montanha para orar. Sou alguém que está no sopé da montanha. Eu não estou muito alto nem lá embaixo. Vivo no meio da montanha, como um cristão normal”.
Lewis achava que a submissão à vontade de Deus era mais importante do que fazer grandes façanhas na oração. Ele aconselhava: “Não seja dramático em sua vida de oração”. Ele meditava e orava ao redor do parque depois de dar aulas na universidade. Também delineou a força de atração do que chamava de “doce desejo e alegria”, a saber, o sabor da presença de Deus na vida diária, que atinge o coração como se fosse um golpe, quando a pessoa experimenta e desfruta das coisas, revelando-se, em última análise, com um anelo não-satisfeito por quaisquer realidades ou relacionamentos criados, mas amenizado somente na entrega de si mesmo, no amor do Criador, em Cristo.
Conforme Lewis sabia, diferentes estímulos disparam esse desejo em diferentes pessoas. Quanto a si mesmo, ele falava sobre “o cheiro de uma fogueira, o sonido de patos selvagens que passam voando baixo, o ruído das ondas na praia”. Ao lado de diversos escritores do passado, que tinham um discernimento muito mais profundo sobre essas questões do que as pessoas de hoje, Lewis via o amor a Deus elevando-nos até ele, enquanto o contemplamos e o desejamos, em lugar de arrastar Deus para baixo, ao nosso nível, como muitos tendem a fazer hoje em dia.
Fonte: Gigantes da Fé, Franklin Ferreira, Editora Vida
RICHARD FOSTER
“A carência de densidade espiritual verdadeira conduziu-me, quase instintivamente, aos mestres devocionais da fé cristã – Agostinho de Hipona, Francisco de Assis, Juliana de Norwich e muitos outros. Por algum motivo, eu tinha a sensação de que esses antigos autores viviam e respiravam a substância espiritual que os novos amigos de nossa pequena comunidade buscavam tão desesperadamente.
“Obviamente, eu já tivera contato com as obras desses autores no ambiente acadêmico, mas havia sido uma leitura distanciada, cerebral. Lia-os agora com olhos diferentes, pois lidava no dia-a-dia com necessidades humanas dolorosas que dilaceram a alma e rasgam as entranhas. Esses “santos”, como às vezes os chamamos, conheciam Deus de um jeito que eu evidentemente não conhecia. Cristo fazia parte da experiência deles como uma realidade capaz de definir os rumos da própria vida. Possuíam uma visão ardorosa de Deus que os cegava para todos os comprometimentos concorrentes. Eles experimentavam a vida edificada sobre a Rocha.
“Não importava o que eu estivesse lendo na época – A Prática da Presença de Deus, do Irmão Lourenço; Castelo Interior, de Teresa de Ávila, Journal (Diário), de John Woolman, The Knowledge of the Holy (O Conhecimento do Santo), de A. W. Tozer: eles conheciam Deus de maneiras que excediam em muito qualquer coisa que eu houvesse experimentado – ou desejasse experimentar. Contudo, à medida que me deixava embeber com as histórias desses homens e mulheres em cuja vida ardia o fogo do amor divino, comecei a desejar esse tipo de vida para mim. E esse desejo levou à busca, que levou à descoberta. E o que encontrei me apaziguou, levou-me a regiões mais profundas e solidificou minha fé…”
“A maneira pela qual Bill (pastor luterano) me ensinou a respeito de oração foi orando – oração vivida: honesta, sincera, que sonda a alma de intenso contentamento. Fazíamos isso e, com o tempo, começamos a experimentar o “doce abandonar-se na Divindade”, para usar as palavras de Madame Guyon. Para ser honesto, havia nisso bastante da sensação e do aroma que emanavam das experiências dos mestres devocionais que eu estava lendo.”
Fonte: Celebração da Disciplina, Richard Foster, Editora Vida.
GEORGE MULLER
“Já faz pelo menos dez anos que eu tenho um hábito: todos os dias, assim que me visto de manhã, passo algum tempo em oração. No entanto, percebi que o mais importante é voltar-me para a leitura da Palavra de Deus, acompanhada de meditação, para que meu coração seja consolado, encorajado, advertido, reprovado, instruído.
“A primeira coisa que faço, depois de pedir, em poucas palavras, a bênção de Deus, é começar a meditar na Palavra de Deus, procurando-a em cada versículo. Meu objetivo não é extrair dela a bênção, nem beneficiar o ministério público da Palavra, nem pregar sobre o que meditei, mas buscar alimento para minha própria alma.
“Descobri que o resultado, quase sempre, é que, após alguns minutos, minha alma é levada à confissão, ao agradecimento, à intercessão ou à súplica, de modo que, embora não esteja orando, no sentido estrito do termo, e, sim, meditando, acabo, quase de imediato, voltando-me à oração.
“Quando, dessa maneira, permaneço por algum tempo em confissão, intercessão, súplica ou agradecimento, prossigo lendo o versículo. Transformo tudo, enquanto avanço, em orações por mim ou pelos outros, conforme a Palavra me guia, mas continuando a manter diante de mim o objetivo de que minha meditação é obter alimento para minha própria alma. O resultado é que meu homem interior é, quase sempre, adequadamente alimentado e fortalecido.”
Primavera de 1841, Bristol, Inglaterra
Fonte: Meditações para a Vida, Ken Gire, Textus.
HUDSON TAYLOR
O grande missionário Hudson Taylor tinha o costume de passar uma hora com Deus antes de clarear o dia. Fosse qual fosse o lugar, ou as circunstâncias em que se encontrasse, mesmo em plena pobreza na longínqua China, aproveitava essa hora para ler a Bíblia. Ao chegar aos 71 anos de idade, podia dizer que, nos últimos 40 anos, havia lido a Bíblia 40 vezes. Na ocasião, confessou: “A coisa mais difícil na vida de um missionário é perseverar em estudar a Bíblia com regularidade e oração. Satanás sempre apresenta outra coisa a fazer justamente quando devemos fazer aquilo”.
Fonte: Toda a Família, Orlando Boyer, CPAD.